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A estreia de Roberto Dias pelo São Paulo

Com informações da Gazeta Esportiva
Foto: arquivo

Roberto Dias atuando pelo Tricolor

Em um 7 de janeiro, no ano de 1943, nascia um dos maiores ídolos da história do São Paulo: Roberto Dias. E no dia 5 de maio de 1960, ele estreava pelo clube. Revelado pelas categorias de base do Tricolor, atuando pela primeira vez como profissional em um jogo contra a Portuguesa, no Pacaembu.

O duelo, válido pelo Torneio Roberto Ugolini, também conhecido como Quadrangular do Juventus, terminou com vitória da Lusa pelo placar de 2 a 0. Por outro lado, a partida acabou marcando o início da trajetória daquele que seria o principal jogador do São Paulo durante a época da construção do Estádio do Morumbi, período em que o clube acabou sofrendo com um jejum de títulos.

O ídolo, que ajudou o time a conquistar o título do Campeonato Paulista de 1970, é apontado por Pelé como um de seus maiores marcadores, entrou em campo 527 vezes com a camisa são-paulina entre 1960 e 1973, com 246 vitórias, 143 empates, 138 derrota e 78 gols marcados.


Roberto Dias ainda fez parte do elenco campeão do estadual de 1971, mas sem jogar, já que sofreu um infarto em 29 de novembro de 1970 e acabou ficando afastado do futebol por quase dois anos.

O ex-zagueiro faleceu no dia 26 de setembro de 2007, aos 64 anos, após sofrer um novo problema cardíaco no dia anterior. O São Paulo homenageou Roberto Dias ao batizar o centro de instrução de esportes aos jovens do clube social como "Centro de Orientação Desportiva Roberto Dias Branco".

Em 1960, Palmeiras conquistava a Taça Brasil

Por Fabio Rocha
Foto: arquivo

O time do Verdão que conquistou a Taça Brasil

O Palmeiras conquistou seu primeiro título da Taça Brasil em 1960, quando ainda se chamava originalmente de Taça Brasil, vencendo com tranquilidade o Fortaleza na grande final. Foi a segunda edição do torneio. Com a unifição, este troféu foi considerado Campeonato Brasileiro pela CBF.

A competição era dividida em três fases e todas em sistema de mata-mata. Na primeira fase, foram formados quatro grupos, Grupo Nordeste, Grupo Norte, Grupo Leste e Grupo Sul. Na fase seguinte, os vencedores de Nordeste e Norte se enfrentam na disputa do título da Zona Norte e os dos grupos Leste e Sul o da Zona Sul.

Na última fase, disputam os campeões das Zonas Sul e Norte, e entram mais duas equipes na competição, uma representando o estado de São Paulo e outra de Pernambuco.  Pelo Nordeste, o campeão foi o Bahia, que enfrentou o vencedor do Norte, que foi o Fortaleza. Já no Sul, o ganhador foi o Grêmio, que enfrentou o Fluminense. O Fortaleza conseguiu eliminar o Bahia e o Fluminense garantiu a vaga também, ambos passando para a semifinal da competição. 

Representando o estado de São Paulo, o Palmeiras entrou direto na semifinal, enfrentando o Fluminense. Já por Pernambuco, entrou o Santa Cruz, que jogou contra o Fortaleza. Os dois confrontos foram pegados e muito equilibrados, com os quatro times atuando muito bem. O Fortaleza eliminou o Santa Cruz após empatar o primeiro jogo, mas atuando em casa venceu o segundo jogo e garantiu a vaga para a decisão. 

Palmeiras e Fluminense foi muito equilibrado e com poucas chances de gols para os dois lados. A equipe carioca acabou conseguindo segurar o empate atuando no Pacaembu, porém o Verdão garantiu a classificação com gol no último minuto no Maracanã, indo para a grande final. 

A primeira partida ocorreu no Estádio Presidente Vargas Ceará com o mando do Fortaleza, mas quem comandou o jogo foi o Palmeiras. O Verdão teve um início de final impressionante, fazendo três gols em menos de 20 minutos, dois com Romeiro e um com Humberto. Os três gols deixava o Verdão com uma mão no título, mas no segundo tempo Benedito diminuiu para o Fortaleza, o que ainda deixou a equipe com esperança para a partida de volta. 

A grande e decisiva partida ocorreu no dia 28 de dezembro, no Pacaembu, e o Fortaleza até começou melhor, abrindo o placar aos 6 minutos com Charuto. Porém, o Verdão entrou no jogo, e aos 8 minutos empatou com Zequinha e aos 10 virou com Chinesinho. 

Mas não parou por aí, aos 12 minutos Romeiro marcou o terceiro e aos 21 Julinho Botelho marcou o quarto, o que deixou o Palmeiras com os títulos nas mãos. O Fortaleza chegou a marcar o segundo gol aos 44 minutos, novamente com Charuto. 


No segundo tempo, o Verdão manteve o ritmo e marcou aos 8 e 11 minutos com Cruz. Aos 24, Chinesinho marcou o sétimo gol, e Humberto fechou o placar aos 32 minutos. Com a vitória por 8 a 2, o Palmeiras garantiu seu primeiro título de Campeonato Brasileiro. 

A equipe campeã do Palmeiras era formada por: Valdir; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Jorge; Zequinha, Chinesinho, Julinho Botelho e Romeiro; Humberto; com o comando técnico de Osvaldo Brandão.

Há 63 anos o Bahia fazia o primeiro jogo de um time brasileiro na Libertadores

Por Fabio Rocha
Foto: arquivo

Bahia foi derrotado por 3 a 0

A principal competição internacional da América do Sul é a Libertadores, certame em que todos os clubes lutam para estar e ganhar. Atualmente, os times brasileiros estão tendo uma supremacia, mas tudo começou no dia 20 de abril de 1960, o dia que a primeira equipe do Brasil a atuar.

Em 1960 a competição estava estreando, com um outro nome e até mesmo um formato diferente. O torneio se chamava Copa dos Campeões da América, que imitava os moldes das Copas dos Campeões da Europa, que era mata-mata, e sistema de chaves de quartas, semi e finais.

Lembrando que só atuando na competição os atuais campeões nacionais, e foi por isso que o Bahia foi a primeira equipe brasileira no torneio. O time baiano teve uma grande temporada de 1959 e foi campeão nacional, ganhando a vaga.

Na época era tudo uma novidade, e as equipes não sabiam o que esperar da competição, que se tornou o principal torneio no continente. Porém, o Bahia não teve tanta sorte em seu primeiro jogo no campeonato e acabou se complicando na Libertadores.

O Bahia enfrentou o San Lorenzo no grupo, que era mata-mata, onde os dois atuavam duas vezes, com o mando de cada e quem somasse mais pontos levava, mas se empatasse nos critérios, teria mais um jogo para o desempate. A primeira partida aconteceu na Argentina, o Bahia viajou para atuar fora de casa, e não conseguiu ter um grande desempenho, pelo contrário, passou um sufoco e teve um resultado péssimo.


A equipe acabou sendo derrotada por 3 a 0 e se complicou muito na competição, não foi a estreia que todos esperavam, mas ainda tinha chance para recuperação na partida de volta. Duas semanas depois, as equipes voltaram a se enfrentar pelo jogo de volta, onde o Bahia precisava fazer o mesmo placar para ter mais um jogo ou por 4 gols de diferença para passar no saldo.

Porém, o time até fez um bom jogo, mas não foi o suficiente para conseguir a classificação. O Bahia venceu por 3 a 2, e não conseguiu passar para a próxima fase, sendo eliminado no primeiro confronto, não foi uma estreia que todos queriam.

O Santa Cruz pentacampeão sergipano em 1960

Por J. Cruz
Foto: arquivo

Em pé: treinador Edgar Barreto, Everaldo, Cinho, Piloto, Zito Aguiar, Zé dos Santos, Tarati e Firmino.
Agachados: João Enfermeiro, Teninho, Valdomiro, ABC, Geraldo, Chico, João Cego e Madureira

Quando falamos no futebol estanciano e sergipano, muitos ainda lembram do Sport Clube Santa Cruz que no final dos anos cinquenta e início dos sessenta do século passado era considerado o bicho papão do futebol sergipano, pois, ganhava para todos não só na Vila Operária (Estádio pertencente a Fábrica Santa Cruz), mas também em outras praças futebolísticas. Com uma equipe formada por excelentes jogadores, conquistou vários títulos na era do amadorismo e em 21 de maio de 1961 conquistou o primeiro campeonato sergipano na modalidade profissional, derrotando a equipe do Clube Sportivo Sergipe pelo placar de 2 a 0 com gols de Teninho (Valteno Alves dos Anjos) aos 43 minutos do primeiro tempo e de Geraldo (Geraldo José de Oliveira) aos 15 minutos do segundo tempo. (Vale destacar que naquela época o campeonato começava em agosto e terminava no ano seguinte, por isso que a final foi realizada 1961).

Esse jogo histórico foi realizado no estádio Municipal de Aracaju e o Azulão do Piauitinga entrou em campo com a seguinte formação: Augusto, Everaldo, Taraty, Zé dos Santos, Piloto, Zito, João Cego, Teninho, Valdomiro, ABC, Madureira e depois Geraldo, treinador Edgar Barreto e árbitro foi João Carlos Smith.

Vale lembrar que o time Azulão (uma referência a cor azul do uniforme) surge pela iniciativa de desportistas na maioria funcionários da Cia. Industrial de Estância (Fábrica Santa Cruz) nos idos de 1930 que tinham se separado do Estanciano FC (aqui não se trata do atual Estanciano Esporte Clube fundado em 1956) e depois encampado pelos novos proprietários da referida Fábrica, que passou a gerir as despesas da equipe.

Os anos se passaram e a equipe foi se firmando no cenário futebolístico sergipano, principalmente com a chegada de atléticas oriundos de outras localidades, principalmente de Riachuelo, que vinham para trabalhar na Fábrica Santa Cruz e consequentemente jogar no time azulão. Atletas como ABC, João Cego, Teninho e outros que se firmaram como principais jogadores e como funcionários da empresa, se tornaram famosos no ambiente futebolístico sergipano em uma época do amadorismo, que tudo se fazia por amor sem interesses financeiros. Em 1956 conquista seu primeiro título estadual e o mesmo acontece nos anos seguintes encerrando com a conquista histórica do pentacampeonato de 1960 e vice do ano seguinte em uma época que o campeonato começava em agosto e encerando-se no ano seguinte.

A partir de 1962 alguns jogadores com o profissionalismo foram deixando a equipe e outros entraram em decadência provocada pela idade e os novos atletas que chegaram ou surgiram de sua base juvenil não conseguiram manter o padrão futebolístico dos anos anteriores. O resultado foi que o Azulão do Piauitinga deixou de cantar alto na Vila Operária e em outros gramados sergipanos.

Sem conseguir se firmar como um time vencedor, em 1969 solicita licença a FSF e retorna no ano seguinte, mas sem conseguir empolgar mais sua torcida com brilhantes vitórias e conquistas de títulos e em 1980, acontece uma grande decepção: desce para a segunda divisão. Entretanto, com um esforço enorme de sua diretoria, consegue realizar uma parceria com o América do Rio de Janeiro trazendo atletas que resultou no retorno a elite do futebol sergipano.

Na década de 1980 com a inauguração do Estádio Francão (05/03/1983) aconteceram vários embates entre o Azulão e o Canarinho (Estanciano) em que a duas torcidas vibravam com o excelente nível de futebol praticado pelas as duas equipes, porém, mais uma década sem títulos.

O primeiro ano da década de 1990 foi o momento de tristeza para sua torcida e diretoria. Mesmo o time Azulão disputando o campeonato de futebol da primeira divisão, as vezes conseguindo uma boa colocação, outras vezes ficando próximo da degola, mas com dificuldades continuava competindo. Apesar do esforço de seu patrono, Dr. Jorge Leite, contratando atletas, porém, a equipe não conseguiu voltar aos tempos gloriosos da conquista do pentacampeonato. Em uma época em que o futebol passou a depender de grandes investimentos através de patrocínios e sem consegui-los, em 1990 após conseguir um terceiro lugar na classificação final do campeonato sergipano, o Esporte Clube Santa Cruz dá adeus ao futebol profissional com uma belíssima vitória por 3x1 contra a Associação Desportiva Confiança no Estádio Francão em Estância, encerrado um capítulo glorioso do futebol estanciano e por que não, sergipano.

Em 1984 o então Prefeito Municipal, Dr Carlo Magno Costa Garcia construiu uma quadra de esportes em frente à Igreja de Nossa Senhora do Amparo e o nome escolhido para o local foi o de Alcides José dos Santos (ABC), o centro avante goleador que fez parte do time azulão penta campeão. Entretanto, a homenagem também foi direcionada aos principais atletas que vestiram a camisa azul a partir de 1955 que foram: Augusto, Everaldo, Tarati, Zito, Zé dos Santos, Zezé Oião, Teninho, Valdomiro, ABC, João Cego, Rocha, o técnico Edgar Barreto e o massagista João Enfermeiro. Convém ressaltar que alguns atletas que têm o nome gravado na placa comemorativa não participaram da histórica partida realizada em 21/05/1961.

Atualmente as lembranças desse momento histórico do esporte estanciano, são os troféus que estão expostos na biblioteca “União Têxtil”, a Vila Operária e a Quadra de Esportes.


A memória coletiva sobre as conquistas do Azulão do Piauitinga está desaparecendo no tempo, passando para uma memória individual para aqueles que pesquisam o passado, pois, dos craques que fizeram parte do escrete penta campeão somente um ainda está vivo que é o propriaense Geraldo José de Oliveira. Ainda tem os familiares que não se cansam de lembrar esse passado glorioso que continua sendo um orgulho histórico estanciano que aos poucos vai se perdendo no tempo. Caso o Azulão do Piauitinga estivesse em atividade seria o momento de parabéns, felicitações e desejos de novas conquistas pelos sessenta anos da conquista do pentacampeonato sergipano em 1961!

Fonte de pesquisa: Leite, Ricardo dos Santos Silva. Jorge Leite: um homem chamado trabalho. Aracaju: Gráfica Triunfo, 2008.

Há 62 anos, o Palmeiras ganhava seu primeiro título nacional, a Taça Brasil

Por Fabio Rocha
Foto: divulgação

Comemoração do Palmeiras na conquista da Taça Brasil de 1960

Há 62 anos, o Palmeiras conquistava o seu primeiro título nacional, a Taça Brasil de 1960. O clube fez uma campanha curta, pois entrou na competição apenas na semifinal, mas conseguiu sair com o troféu após duas grandes vitórias contra a equipe do Fortaleza.

A Taça Brasil era parecida com a Copa do Brasil, pois era feita toda em um sistema de mata-mata. A competição era dividida em três partes, todas sendo eliminatórias. Na primeira fase houve uma divisão dos clubes em quatro grupos, o Grupo Nordeste, Grupo Norte, Grupo Leste e Grupo Sul.

Já na segunda fase, os vencedores dos grupos Nordeste e Norte disputaram o título de campeão da Zona Norte e os dos grupos Leste e Sul o da Zona Sul. E na fase final, houve uma disputa entre os campeões da Zona Sul e Norte e os representantes do estado de São Paulo e Pernambuco.

O campeão da Zona Norte foi o Fortaleza, que vinha fazendo uma grande campanha, e enfrentou o Santa Cruz, que entrou como o representante de Pernambuco. O time do Fortaleza se deu melhor e conseguiu ficar com a vaga para a grande decisão.

No outro lado da chave, o Fluminense foi o vencedor da Zona Sul e enfrentou o Palmeiras, que foi o representante do estado de São Paulo. As duas partidas foram muito complicadas, pois tratava-se de dois grandes times e que estavam vivendo um ótimo momento.

O primeiro jogo terminou em 0 a 0 e no segundo, o Palmeiras conseguiu uma vitória simples por 1 a 0 e garantiu a classificação para a grande final. Fortaleza e Palmeiras acabaram se enfrentando na final, mas acabou que o verdão conseguiu ter duas boas vitórias.

O primeiro jogo foi disputado no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, no dia 22 de dezembro de 1960. O verdão conseguiu fazer três gols em 20 minutos de partida e garantiu uma vitória tranquila por 3 a 1, conseguindo trazer uma grande vantagem para o confronto decisivo.

Já no jogo de volta, que ocorreu no Estádio do Pacaembu, no dia 28 de dezembro de 1960. A equipe do Fortaleza se lançou para frente e até abriu o placar aos 6 minutos, mas aos 8, 10 e 12 minutos, o Palmeiras marcou e virou a partida. O jogo acabou se transformando em um espetáculo alviverde, que garantiu o título após vencer por 8 a 2.


O time comandado por Osvaldo Brandão tinha: Valdir, Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar, Jorge; Zequinha, Chinesinho; Julinho Botelho; Romeiro; Humberto e Cruz. Era um grande time, com jogadores estrelados e que fizeram história no futebol.

Lembrando que, a Taça Brasil junto com outras competições acabaram sendo unificadas em 2010 pela CBF e passaram a contabilizar como conquistas do Campeonato Brasileiro.

Djalma Dias e seu início no America

Com informações do Trivela
Foto: arquivo

Djalma Dias com a camisa do America

Neste domingo, dia 21 de agosto, um dos grandes zagueiros da história do futebol brasileiro completaria 83 anos: Djalma Dias. O craque, que conseguiu ter um filho tão craque quanto, Djalminha, brilhou principalmente com a camisa do Palmeiras, na grande Academia, e ainda defendeu Atlético Mineiro, Santos e Botafogo. Mas seu grande início foi no America.

Nascido no Rio de Janeiro, em 21 de de agosto de 1939, já nas peladas mostrou ter "aquilo a mais" de um jogador comum. Como ele vinha de família de classe média do bairro Cidade Nova, Djalma quase foi dentista por vontade dos pais, ou engenheiro por vontade própria. Optou pela bola.

Levado por Oscar, ex-jogador do America, para o clube tijucano, entrou no time infanto-juvenil em 1956, subindo para os juvenis no ano seguinte, categoria na qual chegaria à Seleção Brasileira. Jogava de centromédio (atual volante) ou meia-armador.

No entanto, quando foi lançado no time de cima no início de 1958 pelo técnico húngaro Gyula Mandi, Djalma foi escalado como lateral. Dentro de pouco tempo e da grande rotatividade no comando do time rubro, já havia atuado em todas as posições da linha de defesa. Até ser fixado como zagueiro central por Jorge Vieira, conquistando de vez a titularidade na temporada de 1960, que acabaria entrando para a história do America.

Usando toda a técnica já demonstrada quando atuava no meio-campo, Djalma Dias tornou-se um zagueiro elegante, classudo, que se recusava a recorrer a botinadas. Foi com esse estilo que liderou a defesa americana na conquista do título carioca, atuando em 21 das 22 partidas de uma campanha surpreendente, que levou um pouco badalado time rubro ao quebrar um jejum de 25 anos e se tornar o primeiro campeão do novo estado da Guanabara.

A equipe de Jorge Vieira só perdeu um jogo (1 a 0 para o Bangu, na quinta rodada), foi campeã batendo o Fluminense por 2 a 1 de virada no último jogo e terminou o torneio com a defesa menos vazada: apenas 15 gols sofridos em 22 partidas. Djalma Dias foi eleito o melhor zagueiro do campeonato e também a revelação do ano. Ganhou destaque até na revista italiana “Il Calcio e Il Ciclismo Ilustrato”, então uma das principais do país.

No ano seguinte, o America não repetiu a grande campanha no Carioca, mas fez bom papel na Taça Brasil, chegando às semifinais. Djalma ficou de fora da primeira fase, quando os rubros não tiveram trabalho para eliminar o Fonseca, de Niterói, campeão do antigo estado do Rio de Janeiro. Mas marcou presença quando o esquadrão rubro eliminou o Cruzeiro, campeão mineiro, e o Palmeiras, então detentor do torneio, antes de cair para o Santos de Pelé.

Djalma foi novamente eleito o melhor zagueiro central do futebol carioca em 1961 e começou a ser cotado para uma vaga na Seleção Brasileira que defenderia o título na Copa do Mundo do Chile, no ano seguinte. Incluído na lista de pré-convocados para o Mundial divulgada em março, o central americano faria sua estreia pelo Brasil no dia 12 de maio, entrando no lugar de Mauro durante a vitória por 3 a 1 sobre o País de Gales no Maracanã.

Porém, na relação final dos convocados, o zagueiro central de 22 anos seria preterido por Bellini e Mauro, ambos com 31 anos e veteranos de 1958. A tristeza com a ausência do Mundial seria logo amenizada com a conquista da International Soccer League, um torneio que reunia clubes da Europa e das Américas organizado por um milionário norte-americano chamado William “Bill” Cox e que já havia sido levantado pelo Bangu dois anos antes.

A competição, também conhecida simplesmente como Torneio de Nova York, foi disputada entre o meio de julho e o início de agosto de 1962 com 12 equipes divididas em dois grupos. O America venceu sua chave de forma invicta, superando Chivas, Palermo, Hajduk Split, Dundee FC e o Reutlingen, da Alemanha Ocidental. E fez a final contra os portugueses do Belenenses, vencendo as duas partidas no estádio da Randall’s Island por 2 a 1 e 1 a 0.

Referência técnica da equipe e cobiçado por diversos clubes cariocas e paulistas, Djalma teve problemas para tentar renovar seu contrato ao voltar de Nova York e entrou em litígio com o America, que chegou a colocar seu passe à venda por um valor inviável. Ficou cerca de um mês fora do time, mas acabou aceitando um novo contrato-tampão apenas até o fim da temporada, recebendo o salário-teto do elenco. No fim do ano, foi negociado com o Palmeiras.


Depois de deixar o Palmeiras, onde brilhou, Djalma Dias ainda defendeu o Atlético-MG, em 1968, o Santos, de 1969 a 1970, onde venceu o Campeonato Paulista logo no ano de sua chegada, e o Botafogo, de 1970 a 1974.

Djalma Dias ainda chegou a atuar na Seleção Brasileira de Masters, montada por Luciano do Valle e fazia diversos amistosos pelo país exterior, além de acompanhar o início de carreira de Djalminha, então na base do Flamengo. Porém, no dia 1º de maio de 1990, faleceu aos 50 anos de idade, por parada cardiorrespiratória no Rio de Janeiro.

O Palmeiras campeão da Taça Brasil em 1960

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo

Time do Palmeiras que venceu a Taça Brasil

Independente da polêmica de quem considera ou não títulos brasileiros (oficialmente são), o Palmeiras é o maior detentor de títulos nacionais do futebol brasileiro. Tradicional, o Verdão era o principal adversário do Santos quando este tinha em suas linhas um tal de Pelé. Com o time da Academia, o Porco ganhou diversos títulos, entre eles o da Taça Brasil de 1960, que foi o primeiro dos títulos nacionais alviverdes.

A Taça Brasil tinha um funcionamento curioso, com zonas regionais que definiam os times classificados a fase semifinal, onde entravam Palmeiras e Santa Cruz, privilegiados pela campanha das seleções do estado de São Paulo e de Pernambuco no campeonato nacional de seleções estaduais. Atual campeão, o Bahia por exemplo acabou eliminado na final regional diante do Fortaleza.

Privilegiado pelo Paulistão, o Verdão entrou na competição direto nas semifinais. Teve como adversário o Fluminense, que se sentiu satisfeito após segurar o empate sem gols diante da torcida palmeirense no Pacaembu. Guerreiro, porém, o time palmeirense foi até o Maracanã e venceu o Fluzão por 1 a 0, com gol de Humberto Tozzi, se classificando para as finais.

Na outra semifinal, o confronto entre Santa Cruz e Fortaleza colocou os tricolores do Ceará na decisão. A ida foi disputada no Presidente Vargas e o Leão do Pici não foi páreo para o ótimo futebol palmeirense. O Verdão fez 3 a 0 em 19 minutos, com dois gols de Romeiro e um de Tozzi. No segundo tempo, Bené fez o gol de honra tricolor. 

Na volta, no Pacaembu, os palestrinos não tomaram conhecimento do Fortaleza. Charuto até abriu o placar para os visitantes, mas o que se viu depois foi um atropelo. Zequinha, Chinesinho, Romeiro e Juninho Botelho botaram o placar em 4 a 1. Charuto até diminuiu de novo no fim do primeiro tempo, mas a etapa final foi um show de um time só. Osvaldo Cruz, duas vezes, Chinesinho de novo e o craque Tozzi fizeram os gols da goleada por 8 a 2 do Palmeiras, que deu o primeiro título nacional ao clube.


O título de 1960 foi o primeiro dos mais de 10 títulos nacionais do Alviverde Imponente. O Verdão só voltaria ao topo do campeonato nacional no ano de 1967, quando inclusive conquistou a Taça Brasil e o Robertão no mesmo ano. 

O título do acesso paulista da Esportiva Guaratinguetá em 1960

Foto: Arquivo Histórico

A equipe da Esportiva campeã em 1960

A primeira equipe e a que mais tempo disputou competições profissionais da Federação Paulista de Futebol da cidade de Guaratinguetá está completando 105 anos de fundação neste 9 de julho de 2020. A Associação Esportiva Guaratinguetá deu muitas alegrias aos seus torcedores, inclusive chegando a aprontar para cima dos grandes do futebol do estado. Porém, em 1960, aconteceu a sua maior glória: a conquista do título do acesso do Campeonato Paulista.

A Esportiva Guaratinguetá nasceu alvinegra e, com o tempo adotou as cores pela qual ficou conhecida: o branco e o vermelho. Estreou profissionalmente em 1954, na divisão que é hoje equivalente à Série A3. Ficou de fora no ano seguinte, mas voltou em 1956, já no segundo escalão do estado. Foram quatro temporadas de aprendizado até chegar ao ano da vitória.

Em 1960, o acesso paulista foi chamado de Primeira Divisão, já que a elite era denominada como Especial. A competição foi disputada no formato de pontos corridos, em turno e returno, e a Esportiva, logo de cara, mostrou que ia brigar pelo título.

A Esportiva chegou ao último jogo, no dia 30 de outubro, na liderança. O jogo era no antigo Estádio Benedito Meirelles. O time da casa deu as cartas e Tupi, Alcino, Marucci e Lucas duas vezes construíram a goleada que deu o título: 5 a 0 sobre o XV de Jaú e o acesso à divisão especial de São Paulo estava garantido.

A equipe de Guaratinguetá foi campeã com 28 pontos. Logo atrás vieram os times de Catanduva (que empatou na última rodada, em 0 a 0) e Batatais (que venceu o último jogo por 4 a 0), que terminaram empatadas na vice-liderança, com 27 pontos.

A Esportiva jogou a elite estadual por quatro anos. Neste período, o campeonato era disputado em pontos corridos e todas as 16 equipes entre si em turno e returno para definir o campeão, com apenas um time sendo rebaixado. A equipe chegou a aprontar, como, por exemplo, ter vencido o Santos de Pelé em duas oportunidades. Porém, em 1964, veio a queda e o time voltou para a divisão de acesso.


Entre segundo escalão do futebol do estado e licenças, a Esportiva ficou no acesso até 1988, quando caiu para a terceira. Em 1994, com a reformulação das divisões, foi para a quarta. Se licenciou em 1995 e quando voltou, em 1997, estava na quinta. Parou de vez com o futebol e hoje não tem departamento profissional.

A cidade viveu outros bons momentos no futebol. O Guaratinguetá foi semifinalista do Paulistão chegou na Série B do Brasileirão. Porém, outro título de uma equipe profissional no município aconteceu apenas em 2017, quando o Manthiqueira ganhou a Segunda Divisão, equivalente ao quarto escalão do futebol paulista, já no estádio novo da cidade, o Dario Rodrigues Leite.

A primeira Libertadores do Peñarol

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo/Conmebol

Jogadores do Peñarol comemoram o título da Libertadores

O Peñarol é um dos mais tradicionais e maiores times da América do Sul (e do Mundo). Os aurinegros causavam até poucos anos atrás tremores na América do Sul quando pisavam em qualquer gramado e tiveram uma última grande aventura continental recente em 2011, quando perderam a Libertadores para o Santos. Porém, na primeira vez que a Libertadores foi disputada, em 1960, com o nome de Copa dos Campeões da América do Sul, foi o gigante uruguaio que venceu, num 19 de junho há exatos 60 anos.

A Libertadores, ou melhor, Copa dos Campeões, reunia na época os campeões de cada campeonato da América do Sul, em formato bem diferente do atual. Naquela primeira edição, foram apenas sete participantes, campeões nacionais de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Colômbia. Naquela edição ainda não jogaram peruanos, chilenos, venezuelanos e equatorianos, que entrariam, com exceção da Venezuela, no ano seguinte. Os venezuelanos só disputaram a "Liberta" pela primeira vez já em 1964.

O Peñarol abre sua campanha em jogo no dia 19 de Abril, no Centenário, contra o Jorge Wilstermann. Sem piedade, os uruguaios aplicam 7 a 1 nos bolivianos, com quatro tentos de Spencer, um de Cubilla e dois de Borges. Alcócer fez o de honra. Bastou um empate, na altitude de La Paz, no Hernando Siles, onze dias depois, para os Carboneros avançarem. Cubilla marcou o gol uruguaio no duelo, que terminou 1 a 1, com García igualando o marcador.

Na fase semifinal, um duelo complicadíssimo entre o San Lorenzo, que tinha um tel de Sanfilippo, contra os Manyas. Na ida, no Cenenário, no dia 18 de maio, Linazza abriu o placar cedo, mas viu Boggio empatar. O segundo duelo, disputadíssimo a suor e sangue, no campo do Huracán, rival do San Lorenzo, no dia 24 daquele quinto mês do ano, terminou sem gols. No duelo desempate, um jogaço no dia 29 de maio, com Spencer abrindo vantagem para os mandantes e o craque Sanfillipo empatando no apagar das luzes, mas, ainda no finalzinho do duelo, Spencer marcou de novo e fez o gol que classificou o gigante cisplatino a decisão.


A final começou a ser disputada no dia 12 de junho, entre o forte Peñarol e o bom Olímpia, que se tornaria outro gigante destas terras sudacas nas décadas seguintes. No Centenário, no dia 12 de junho, tensão, nervos a flor da pele e Spencer resolvendo, com um gol a dez minutos do fim do jogo. Na volta, disputada no Defensores del Chaco, Recalde abriu o placar para o Olímpia, logo cedo, mas viu Cubilla empatar aos 38' da etapa final e o título ir para mãos urugaias. Pioneiro no campeonato nacional, o Peñarol era também pioneiro no continente e começava uma história gloriosa.

Aquela equipe carbonera, comandada por Alberto Scalone, tinha entre seus destaques nomes de altíssimo quilate na história do futebol sul-americano. Começando desde o gol, com Maidana, passando por Willian Martinez, campeão da Copa do Mundo com a Celeste Olímpica em 1950, chegando em Cubilla, destaque do Uruguai semifinalista da Copa do Mundo 10 anos depois e, é claro, terminando no matador impiedoso Alberto Spencer, maior artilheiro da história da Libertadores, um timaço que venceu com muita justiça aquela Libertadores e que com a mesma base praticamente ainda venceria no ano seguinte em 1966. O título de 1960 foi apenas o nascer de um titã.

Santos de Pelé, Coutinho e Pepe conquistava Paris em 1960

Por Gabriel Pierin / Centro de Memória do Santos FC
Foto: arquivo

O trio de craques do Santos FC dos anos 60

O Santos venceu pela primeira vez o Torneio de Paris em 9 de junho de 1960, uma quinta-feira à noite. Com o trio Pelé, Coutinho e Pepe no auge, os santistas jogaram para um público de 40 mil pessoas que lotou o Parc des Princes e viu o Racing de Paris ser goleado por 4 a 1.

O Torneio de Paris era um dos principais eventos de pré-temporada da época. Formado com equipes de prestígio internacional, na sua edição de 1960 participaram o Santos, os franceses Stade de Reims e Racing Paris, e o CSKA Sofia, da Bulgária.


Na partida de estreia, dia 7, o Alvinegro enfrentou o Stade de Reims no Parc des Princes, em Paris. Campeã francês em 1959/60, vice-campeão europeu na temporada 1958/59 e base da Seleção da França que chegou à semifinal da Copa de 1958, o Stade contava com grandes jogadores em seu elenco, como o goleiro Dominique Colonna, o defensor Robert Jonquet e os atacantes Jean Vincent, Raymond Kopa e Roger Piantoni.

Sem dar bola para o currículo do adversário, o Santos começou avassalador. Coutinho abriu o marcador com um minuto de jogo. O segundo gol, aos cinco, foi uma obra-prima. A pintura começou com um chute de Pelé na trave. Dorval recuperou a bola na linha de fundo e tocou para Mengálvio, que tentou o drible e foi bloqueado. A bola encontrou Pelé e mais cinco defensores à sua frente. O Rei driblou um a um e tocou na saída do goleiro, para aplausos dos torcedores.

Com 2 a 0 atrás no placar, o Stade de Reims foi pra cima. Aos oito minutos o time francês diminuiu com Piantonini, mas a comemoração durou pouco. Coutinho voltou a marcar dois minutos depois. Nos acréscimos da primeira etapa, Piantonini fez outro e o Stade encostou novamente no marcador.


As equipes voltaram para o segundo tempo com a mesma disposição. Para a alegria da torcida francesa, o artilheiro Piantonini fez o terceiro e empatou o jogo. O estádio Parc des Princes foi à loucura e a pressão dos 40 mil torcedores sobre os santistas aumentou. A euforia durou até os 19 minutos, quando Coutinho desempatou. Pepe marcou mais um aos 38 minutos, fechando o marcador em 5 a 3.

Na noite de quinta-feira, 9 de junho, 40 mil torcedores lotaram o Parc des Princes para assistir à final entre Santos e Racing, que vencera o CSKA na semifinal por 2 a 0.

O Santos jogou a decisão com Laércio, Calvet (depois Getúlio), Mauro e Zé Carlos; Formiga e Zito; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe (Tite). O Racing apresentou Tailander, Tibari (Guillot), Lelong, e Marche; Marcel e Herbin; Grillet, Tocna, Ujlaki, Senac e Heutte.

A iniciativa do jogo partiu da equipe de Paris. Laércio, muito exigido nos primeiros minutos, chegou a receber atendimento médico depois de um choque com um atacante francês. A paralisação foi providencial. O time do Racing esfriou e o Santos, finalmente, entrou no jogo.


Aos 23 minutos Coutinho abriu a contagem. O atacante arriscou um chute de longa distância e a bola encontrou o ângulo direito. Pouco depois, começou a chover na Cidade Luz, dificultando a troca de passes. O Racing se recuperou do gol e voltou a ameaçar a meta santista. O africano Topka perdeu oportunidades e Laércio seguia fazendo grandes defesas.

Mais técnico, o Santos conseguiu manter a vantagem no primeiro tempo. Após o intervalo, o time voltou com mais disposição. Pelé tabelou com Coutinho e marcou aos nove minutos, ampliando a vantagem santista. Aos 15, Getúlio entrou no lugar de Calvet.

Aos 21 minutos a jogada seguia em ritmo lento pela esquerda quando Pelé jogou a bola entre as pernas do marcador, arrancou, esticou na esquerda para Pepe chutar forte e rasteiro no canto do goleiro Tailander.

Perdendo de 3 a 0, o Racing foi pra cima. Aos 28 minutos, Getúlio cometeu falta em Guillot. O mesmo francês fez a cobrança e Ujlaki desviou de cabeça, diminuindo o placar.


Aos 43 minutos Coutinho voltou a marcar. Dessa vez foi o centroavante que acelerou uma jogada depois de dar um drible na intermediária, passou a Pelé e recebeu na área, para enfiar o pé direito na bola, entre três marcadores, e fazer o quarto e último gol do Santos. Depois de brilhar na sua primeira excursão na Europa, em 1959, o Alvinegro Praiano voltava a triunfar no velho continente conquistando o prestigiado Torneio de Paris.

O Santos jogava o fino e para muitos já era o melhor do mundo, título que oficialmente só obteria no ano seguinte. O detalhe é que Coutinho, artilheiro do time no Torneio de Paris, com cinco gols, só completaria 17 anos dois dias depois da final. Pelé tinha apenas 19 anos e Pepe, o veterano do trio atacante, 25.

Há 60 anos, Guarani aplicava a maior goleada do Dérbi de Campinas

Por Mateus Bezerra / FPF
Foto: Arquivo Guarani FC

O time do Guarani que venceu a Ponte por 6 a 0 em 1960

Último confronto do Paulistão Sicredi 2020, antes da pausa devido o surto da Covid-19, o Dérbi Campineiro traz uma das maiores e mais antigas rivalidades do futebol paulista. Entre tantos capítulos que enriquecem o embate está a maior goleada da história entre os clubes, quando o Guarani venceu a Ponte Preta, por 6 a 0, há exatos 60 anos.

O primeiro encontro entre os rivais aconteceu no dia 24 de março de 1912. O clássico, que já foi disputado 196 vezes, chama atenção por conta do equilíbrio histórico entre as duas equipes. São 67 vitórias para o lado bugrino, contra 64 do Alvinegro, incluindo 64 empates. Ao todo, foram 512 gols, sendo 259 do Bugre, e 253 da Macaca.


Pela principal divisão do Campeonato Paulista, os antagonistas se enfrentaram 80 vezes. Ao contrário do histórico geral de confrontos, pelo estadual a supremacia é pontepretana. São 25 vitórias, cinco a mais que o rival, com outras 35 igualdades.

Mas, apesar da superioridade no cenário paulista, a maior goleada do confronto pertence ao Guarani. No dia 5 de junho de 1960, os clubes se enfrentaram em torneio amistoso, no Brinco de Ouro. Na ocasião, os anfitriões não fizeram cerimônia aos visitantes, emplacando uma goleada por 6 a 0. Os principais nomes daquela partida foram os atacantes Osvaldo e Benê, balançando as redes duas vezes cada um.


Ficha técnica
Guarani 6 x 0 Ponte Preta

Local: Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas;
Data: 5 de junho de 1960
Renda: Cr$ 359.325.
Juiz: Anacleto Pietrobom.

Gols: Benê 21' e Osvaldo 22' do 1ºT; Osvaldo (p) 14', Cabrita 31, Benê 33 e Paulo Leão 43' do 2ºT.

Guarani: Dimas; Ferrari e Carlão; Valter, Eraldo e Diogo; Dorival (Dido), Marim, Cabrita (Paulo Leão), Benê e Osvaldo. Técnico: Armando Renganeschi.

Ponte Preta: Valter; Darci Santos e Esmeraldo; Miltinho, Pitico e Ilzo; Alcides (Nivaldo), Paulinho (Zezinho), Nilson, Silvio e Joubert. Técnico: Gentil Cardoso.

Palmeiras - 60 anos do Supercampeão Paulista de 1959

Com informações do Palmeiras
Foto: arquivo Palmeiras

O time do Verdão que derrotou o Santos naquele 10 de janeiro de 1960

O dia 10 de janeiro de 1960 é um dos mais importantes da história do Palmeiras e marcado, também por ser a decisão de um dos campeonatos mais disputados e com mais craques em campo da história do futebol brasileiro. Nesta data, o Verdão vencia o Santos por 2 a 1, no terceiro e derradeiro jogo da final do Campeonato Paulista de 1959 e se sagrava campeão. A disputa gerou tanta expectativa que o time do Parque Antarctica ficou conhecido como o Supercampeão Paulista.

Após oito anos sem festejar um título oficial, a torcida palmeirense lotou o Estádio do Pacaembu naquele 10 de janeiro de 1960 para testemunhar a histórica vitória do Verdão sobre o Santos de Pelé, no terceiro jogo extra da decisão do Paulistão de 1959. As finais tiveram tanta qualidade técnica e equilíbrio que renderam ao torneio o apelido de Supercampeonato Paulista.

Reunindo 20 equipes da capital e do interior, o torneio foi disputado no sistema de pontos corridos, em turno e returno. Com 29 vitórias em 38 jogos, O Palmeiras acumulou grandes goleadas sobre Guarani (6x0), Comercial de São Paulo (6x1), Nacional (7x1), Comercial de Ribeirão Preto (5x1), América (4x0), Taubaté (5x0) e Ponte Preta (6x1). Além de triunfar sobre as equipes menores, os principais rivais também sofreram com a força palestrina (2 a 0 no São Paulo e 3 a 0 no Corinthians), além do show aplicado nos santistas (5x1).


Apesar da goleada sofrida, o Santos era um verdadeiro esquadrão, tendo vencido três dos últimos quatro Campeonatos Paulistas. Nesta edição, terminou os turnos com o mesmo número de pontos dos palmeirenses, forçando uma série de jogos de desempate. As forças se equivaliam tanto que os dois primeiros embates acabaram em igualdades.

No terceiro duelo, o Santos contou com a volta do atacante Pagão, desfalque nas primeiras partidas, e o reforço logo deu resultado – foi dele o passe para Pelé abrir o placar. Ainda no primeiro tempo, a defesa adversária vacilou e a bola sobrou nos pés de Julinho Botelho. O ponta-direita não perdoou e deixou tudo igual. No início da segunda etapa, Romeiro acertou uma bomba em cobrança de falta e deu números finais ao Supercampeonato de 1959. Foi o terceiro Paulistão conquistado sobre o adversário da Baixada, repetindo os feitos de 1927 (Palestra Italia 3x2 Santos) e 1947 (Palmeiras 2x1 Santos).

O Palmeiras campeão da Taça Brasil de 1960

Foto: arquivo Maurício Castro

Jogadores, torcedores e dirigentes do Verdão dando a volta olímpica

O dia 28 de dezembro de 1960 é muito importante para a história do Palmeiras. Com uma inesquecível goleada de 8 a 2 sobre o Fortaleza, no Pacaembu, o Verdão conquistava a Taça Brasil daquele ano, o seu primeiro título nacional na história. Depois, com a unificação dos títulos feita pela CBF, aquele se tornou o primeiro dos 10 Brasileirões do Alviverde.

A conquista do Campeonato Paulista de 1959 rendeu ao Palmeiras o direito de participar do Taça Brasil do ano seguinte, cuja primeira edição havia sido realizada no ano anterior. A competição reuniu 17 campeões estaduais, que se enfrentaram em sistema eliminatório de ida e volta.


A CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF), organizadora do evento, decidiu que as Seleções Estaduais que chegaram à final do Campeonato Brasileiro de Seleções de 1959 dariam ao clube de seu estado o direito de entrar diretamente nas semifinais do torneio nacional. Como a Seleção Paulista foi campeã e a Pernambucana ficou com o vice, Palmeiras e Santa Cruz foram contemplados.

O Verdão encarou o Fluminense, campeão da Chave Sul – composta pelos estados do Espírito Santo, da Guanabara, de Minas Gerais, do Paraná, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Após um empate por 0 a 0 no Pacaembu, o Alviverde mostrou que o Maracanã também é seu palco e, assim como no Mundial Interclubes de 1951, saiu vitorioso – Humberto marcou o gol da vitória por 1 a 0 aos 44 minutos do segundo tempo.


No primeiro jogo final, o Palmeiras viajou até o Ceará, onde enfrentou o time o Fortaleza. O Estádio Presidente Vargas lotado não intimidou os palmeirenses – com dois gols de Romeiro e um de Humberto, a partida já estava 3 a 0 em menos de 20 minutos. Benedito ainda descontou, mas nada que tirasse o favoritismo dos comandados de Oswaldo Brandão. Expectativas mais do que confirmadas no jogo de volta – 40 mil palestrinos abarrotaram-se no Pacaembu e assistiram a Zequinha, Chinesinho (duas vezes), Romeiro, Julinho, Cruz (duas vezes) e Humberto marcarem em um inesquecível 8 a 2. Com o título invicto, a Sociedade Esportiva Palmeiras conquistou o Brasil pela primeira vez e assegurou vaga para, em 1961, debutar na Copa Libertadores da América.

Campanha:
4 jogos (3 vitórias e 1 empate)
12 gols marcados
3 gols sofridos

A primeira vez do inesquecível ataque do Santos FC

Com informações de Gabriel Santana, do Centro de Memória e Estatística do Santos FC
Foto: Arquivo Santos FC

Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe atuaram juntos pela primeira vez em 19 de abril de 1960

O dia 19 de abril de 1960 entrou para a história do futebol mundial. Em partida válida pelo Torneio Rio-São Paulo, o Santos enfrentou a Portuguesa de Desportos, no Pacaembu, e empatou em 2 a 2, depois de terminar perdendo o primeiro tempo por 1 a 0. O público mal chegou a 800 pessoas. Mas o mais importante não foi nada disso.

Naquele jogo, aparentemente sem maiores destaques, as menos de mil pessoas presente ao Pacaembu presenciaram a estreia do quinteto que formou o melhor ataque da história do futebol, conhecido como “o ataque dos sonhos”: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

Curiosamente, nenhum dos cinco assinalou algum gol na partida. Zito e Ney Blanco, aos 20 e 22 minutos do segundo tempo, foram os responsáveis por balançar as redes do adversário, virando o jogo para o Santos, até que Odorico empatasse aos 30 minutos.

Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe começaram a partida, e Mengálvio entrou no decorrer do jogo, no lugar de Ney Blanco. O time santista, comandado pelo técnico Lula, jogou com Laércio; Feijó, Mauro e Zé Carlos; Calvet (Formiga) e Zito; Dorval, Ney (Mengálvio), Coutinho, Pelé e Pepe.

O ataque dos sonhos atuou em 97 partidas, entre o período de 1960 a1966. Juntos, os cinco craques conquistaram todos os títulos possíveis e protagonizaram espetáculos mundo afora. A última vez em que entraram em campo ocorreu em 9 de janeiro de 1966, na Costa do Marfim, quando o Santos goleou o Stad Club Abidjan por 7 a 1, com dois gols de Coutinho, dois de Pelé, dois de Pepe e um de Lima.

José Águas - Uma verdadeira lenda benfiquista

Por Lucas Paes

O confronto contra Águas não costumava terminar bem para os goleiros

O Benfica é um dos maiores clubes da Europa, ainda que seus tempos recentes façam-se haver dúvidas deste fato. Assim como os rivais do Porto, os Encarnados tem uma história que ultrapassa por muitos os limites portugueses, já que na década de 1960, os benfiquistas tiveram um dos times mais brilhantes da história do futebol mundial. O time que marcou época e revelou ao mundo Eusébio, tinha, durante parte deste tempo, um líder nato e tão perigoso e artilheiro quanto o Pantera: o atacante José Águas, que completaria 88 anos neste dia 9.

Nascido em Luanda, capital de Angola que na época era ainda então uma colônia lusitana, Águas chegou a trabalhar como datilógrafo numa empresa concessionária da Ford em Lobito, passando a jogar pelo time da firma e sendo chamado pelo Lusitano, time da cidade. Torcedor fanático do Benfica desde "miúdo", como dizem em Lisboa, acabou tendo, em 1950, a chance de enfrentar o seu time de coração num amistoso em terras africanas. O Lusitano venceu por 3 a 1, dois gols de Águas, que instantaneamente chamou a atenção dos dirigentes encarnados. Chegou a receber um convite do Porto, mas acabou acertando com seu time de coração, após um imbróglio com o serviço militar.

Chegou em Lisboa em 18 de Setembro de 1950. Estreou diante do Atlético de Portugal, num jogo que terminou empatado. Na segunda partida sua pelo clube, quatro gols numa goleada por 8 a 2 pra cima do Braga. Era apenas o início de uma das mais brilhantes histórias do ludopédio luso. Pois a relação entre o "Cabecinha D'Oiro" e o gol era intima, perfeita e invejável. Incontáveis vezes levou os torcedores encarnados a máxima vibração, seja onde fosse. Seu espírito de liderança fez com que rapidamente se tornasse o capitão encarnado. Seria ele o responsável por levantar as taças das maiores conquistas da história do alvirrubro lisboeta.

Suas atuações fizeram eco na Europa no ano de 1961. A Águia finalmente alçava voos mais longos pelo velho continente e Águas foi parte crucial da primeira conquista européia benfiquista. Foram 11 gols do matador lusitano, artilheiro da competição. Na final, diante do Barcelona de Kocsis e cia, marcou o primeiro gol da vitória por 3 a 2. Ao final do jogo, foi responsável por levantar a primeira taça européia dos encarnados.

Tinha intima relação com o gol

Nessa época, já se formava uma das duplas mais mortais que o futebol viu atuar. Chegava ao Benfica um tal de Eusébio, que ao lado de Águas fez um dos mais mortais esquadrões que o futebol já viu. Se a Liga dos Campeões escapou em 1961, ela voltou a vir em 1962. Com 6 gols de Águas na competição e outros cinco de Eusébio, a dupla consumou mais uma conquista continental para os encarnados. Na vitória por 5 a 3 sobre o Real Madrid na final, Águas marcou novamente, mas o destaque foi de seu "herdeiro" Eusébio, que marcou dois gols e acabou com os defensores espanhóis.

Aqueles eram as últimas passagens das lendas com a camisa encarnada. Em 1963, acabou não jogando a final onde o Benfica foi derrotado pelo Milan, numa opção do técnico chileno Fernando Riera. Ao fim da temporada 1962/1963, despediu-se dos encarnados com o peso de 378 gols em 379 jogos com a camisa vermelha. Naquela altura, o maior artilheiro e jogador da história do time. Seria ultrapassado nos números por Eusébio, que divide o trono da monarquia benfiquista com Águas.

Também jogou pela Seleção Portuguesa, onde marcou 11 gols em 25 jogos, numa época onde os lusos estavam longe de ser a equipe que é respeitada como é hoje. Ainda passou pelo Austria Viena antes de se aposentar, na temporada seguinte. Deixou o plano dos mortais para morar no plano dos eternos em 10 de dezembro de 2000, sendo para sempre lembrando nos corações, cérebros e sentimentos da torcida do Benfica.

A inauguração do Morumbi

Com informações do site oficial do São Paulo FC
Fotos: Arquivo SPFC

Preguinho fez o primeiro gol da história do Morumbi

O dia 2 de outubro é muito especial para o São Paulo FC. É que nesta data, no ano de 1960, foi inaugurado o Estádio do Morumbi, que depois ganharia o nome de Cícero Pompeu de Toledo, o ex-presidente do clube que idealizou o projeto. Aliás, para construir o estádio, o Tricolor fez várias campanhas e a obra durou vários anos.

Com tudo preparado, chegou a data de inauguração: 2 de outubro de 1960. O convidado para repartir a honra desta festividade, o Sporting de Lisboa, havia chegado alguns dias antes e se preparado para o confronto hospedando-se na Ilha da Madeira, o Canindé, do clube irmão: a Portuguesa.

O evento teve início com a benção do novo estádio realizada pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelo Motta e seguiu com o hasteamento das bandeiras do Brasil e de Portugal sob os acordes dos respectivos hinos nacionais. A solenidade prosseguiu ao soarem os clarins de Banda da Força Pública que deu "toque de silêncio" em homenagem póstuma ao idealizador e grande responsável pela construção do maior estádio particular do mundo, à época, o saudoso presidente Cícero Pompeu de Toledo, que nunca chegou a ver sua maior façanha concluída, falecido antes por grave doença.

A justa comoção deu lugar às salvas e hurras ao som do apito do árbitro, Sr. Olten Ayres de Abreu, que deu início a peleja internacional. São Paulo Futebol Clube contra Sporting Club de Portugal. O Tricolor, desfalcado de De Sordi e Dino Sani, contundidos, tinha na figura do capitão, o goleiro Poy, uma das principais figuras em campo. Gino e Canhoteiro também eram grandes nomes, mas o destaque e a principal honra da partida coube a outro jogador...

O estádio lotado para a inauguração

O primeiro gol da história do Morumbi nasceu no 12º minuto e foi assim narrado pela Gazeta Esportiva Ilustrada, daquela quinzena de outubro de 1960: "partindo a ação no flanco esquerdo, com Canhoteiro e Gino. Deste a bola rolou para Fernando Sátyro, isolado nas proximidades da área. O médio preferiu não cerrar, largando passe largo para a direita onde se achava deslocado Jonas, que executou um centro a meia altura. A bola foi encontrar Peixinho na pequena área envolvido por vários adversários. Enquanto estes ficavam na expectativa, o "filho de Peixe" testou baixo para as redes de Anibal".

O gol foi o único da partida festiva. Como não poderia deixar de ser, o São Paulo começou a trajetória histórica no Morumbi com vitória. Peixinho, assim chamado por ser filho do antigo jogador, também artilheiro, Peixe, afirmou à mesma Gazeta Esportiva Ilustrada: "Hoje sou o mais feliz de todos os são-paulinos. Quando vi a bola "beijar" as redes, senti vontade de chorar, rir, pular feito um doido. E acho que não era para menos. De qualquer forma, meu nome vai ficar na história do nosso grande estádio. E eu, como jogador de futebol e como são-paulino, não quero mais nada na vida!"

Poucos lembram se Arnaldo Poffo Garcia ganhou ou não ganhou mais títulos por onde passou, mas todos lembram, claro, do lance que o eternizou. Do gol histórico, o primeiro gol do Morumbi. Tanto que o estilo de gol que realizou naquele dia ficou conhecido desde então, até hoje, como a jogada "peixinho" (pular "de cabeça" em direção a bola, e assim, atirá-la para o gol).

Ademar, Poy, Gildésio, Fernando Satyro, Riberto, Victor e Serrone (roupeiro);
Peixinho, Jonas, Gino Orlando, Gonçalo e Canhoteiro

Encerrada a partida, as personagens do jogo eram somente elogios ao novo estádio e ao São Paulo Futebol Clube: Gonzalez (técnico do Sporting) - "Estou satisfeito, muito satisfeito, por ter tido a felicidade de presenciar um espetáculo assim. Parabéns ao Tricolor". Poy, feliz, disse: "Se eu parasse de jogar futebol hoje, nada teria faltado na carreira".

Laudo Natel, o sucessor de Cícero Pompeu de Toledo, que levou a cabo a construção do Gigante do Morumbi e que costuma dizer que o Morumbi foi o fruto de fé e perseverança, completou: "O público prestigiou a nossa festa dando-nos a alegria de ver o estádio quase que totalmente lotado. Quero agradecer a são-paulinos, palmeirenses, corintianos, lusos, santistas, enfim, quero agradecer a todos que hoje aqui compareceram. Eles viveram conosco estes grandes momentos da vida do São Paulo e do desporto paulista e brasileiro".

Real Madrid - O primeiro campeão mundial

Por Lucas Paes

O Real Madrid da temporada 1959/1960 - O time do primeiro título mundial 

Atual tri-campeão europeu, detentor de praticamente todos os títulos possíveis, o Real Madrid é, nos dias atuais, o maior clube de futebol do Planeta Terra. Ainda que haja quem discuta, a junção entre os títulos, projeção, poder financeiro e, é claro, história, dos madridistas é imbatível em comparação a qualquer clube. Mas o Real demorou a se tornar o titã que é hoje. O time cresceu de maneira absurda no período da ditadura Franquista, e há sim possível relação entre os dois fatos. Mas também é inegável o trabalho espetacular feito pelo presidente Santiago Bernabeu, que não a toa nomeia o sagrado estádio madrilenho. Independente de se os Blancos viraram um gigante devido ao Franquismo ou à Bernabeu, o fato é que o time dominou a Europa nos anos 1960. E na noite doa dia 4 de Setembro de 1960, o esquadrão branco conquistou o primeiro título mundial de sua história.

O brilhante time de Di Stefano, que veio aos Galácticos em polêmica transferência que também envolvia a tentativa de contratação do Barcelona, começou sua dominação européia em 1955, e ganhou em sequência as cinco primeiras edições da Copa dos Campeões da Europa (atual Champions League.). Em 1960, aconteceu a primeira edição da Libertadores da América, que consolidava um modelo já criado no Sul-Americano de clubes, que inclusive foi base para a criação da Copa dos Campeões. O campeão? O Peñarol, de Spencer, Cubilla e cia. O colosso aurinegro começava a construir sua fortaleza de gigantismo em terras sul-americanas.

Na época, o Mundial envolvia apenas os campeões da América do Sul e da Europa. Em um formato bem diferente do atual, os jogos ocorriam inclusive em ida e volta. No primeiro jogo, o Real Madrid enfrentaria o já na época pouco convidativo Estádio Centenário, caldeirão onde o Peñarol escaldou todos os adversários que encontrou pela frente na Libertadores. Uma parada duríssima para um dos maiores elencos que o futebol já teve.

A taça do primeiro mundial

O fato é que os Merengues se seguraram. Os madridistas aguentaram a pressão uruguaia, num estádio que algumas décadas antes havia visto o Uruguai levar o primeiro mundial. Spencer e cia não conseguiram furar a defesa espanhola, mas Di Stefano, Puskas, Gento e um dos mais mortais ataques que já jogou bola neste mundo também não conseguiu furar a retaguarda do Manya. Tudo estaria aberto para o Bernabeu.

Só que se o Centenário não era convidativo, o estádio madridista também não era um paraíso para as equipes adversárias. Ainda que não fosse o caldeirão que o estádio se tornaria nos anos 1980 e 1990, quando o Real Madrid tinha de fato umas das melhores torcidas europeias, o imponente colosso impunha respeito e temor em quem fosse enfrentar aquelas imaculadas camisetas brancas. Naquele dia, o futuro titã uruguaio conheceria o imperdoável ataque merengue, que trucidou os aurinegros.

Com apenas 10 minutos de jogo, o Bernabeu já pulsava com um placar onde se lia 3 a 0. Com três minutos, numa jogada coletiva que daria orgulho a lenda do Barcelona Pep Guardiola, Di Stefano abriu o placar para o Real Madrid. Um minuto depois, um cruzamento de Gento sobrou para Puskas fora da área, o húngaro bateu com violência, a bola desviou em Di Stefano e foi as redes do atordoado Peñarol. Ainda sem entender tão bem o que acontecia, o escrete aurinegro viu Puskas aumentar, em cobrança de falta que era no mínimo defensável, mas que Maidana aceitou. Ainda no primeiro tempo, Herrera transformou a vitória em goleada.

Os gols do jogo

A verdade é que o jogo estava definido quando começou o segundo tempo, e o Peñarol deixou o gramado para o intervalo com o orgulho ferido, e, parafraseando um texto do portal Impedimento, "com a envergadura de um guardanapo molhado.". Logo aos seis minutos da etapa final, Gento marcou um gol espetacular em um belíssimo toque por cobertura. Apesar de já terem ido a nocaute, os uruguaios ainda diminuíram o placar com uma boa jogada de Borges e Spencer, que terminou com gol do artilheiro equatoriano. Mas não havia mais o que fazer, pois depois de um verdadeiro baile, o Real Madrid era campeão mundial de futebol.

Seria o último suspiro daquele esquadrão, que deixaria seus áureos tempos naquela temporada. Seis anos depois, o Real Madrid ainda conquistou mais uma Copa dos Campeões e acabou sofrendo a vingança do Peñarol, naquela altura já um time fortíssimo, que ganhou os dois jogos dos Merengues e levou o título mundial. Porém, a magistral atuação dos Blancos, naquela distante noite de setembro, ajudou a propagar o mito madridista, em épocas onde não haviam muitas informações do futebol europeu pelo mundo. O título mundial de 1960, o primeiro dos absurdos seis títulos do clube da capital espanhola, plantou a semente que futuramente tornaria os "Galácticos" o time de futebol mais conhecido do Mundo. 

Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe - A primeira vez juntos

Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe: o quinteto que assombrou o mundo do futebol

Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Esta era a linha de ataque do Santos FC nos anos 60, time que assombrou o mundo, conquistou tudo o que era possível e considerado por muitos a melhor equipe da história. Aliás, falar o nome deles, nesta ordem, entra nos ouvidos dos fãs de futebol como se fosse uma música da melhor qualidade.

E o que este cinco grandes jogadores têm haver com o dia 19 de abril de 1960? Nesta data, no Estádio Municipal do Pacaembu, em São Paulo, o Peixe encarava a Portuguesa de Desportos, pelo Torneio Rio-São Paulo. Essa partida é histórica pois foi nela que jogaram juntos pela primeira vez Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, ataque esse que ficaria imortalizado no futebol mundial como sendo o “Ataque dos Sonhos”.

Também há uma outra explicação. O Santos iniciou a partida com Dorval, Ney Blanco, Coutinho, Pelé e Pepe. Na segunda etapa, Ney Blanco deu lugar a Mengálvio, escrevendo uma grande página na história do futebol mundial, fazendo com que os cinco grandes craques atuassem juntos pela primeira vez.

Os cinco novamente juntos, em 2008

Por incrível que pareça, o Santos não ganhou esta partida, que terminou com o placar de 2 a 2, e nenhum dos cinco gigantes marcaram. Nesse jogo histórico, os tentos santistas foram marcados por Zito e Ney Blanco, que deu lugar a Mengálvio durante a partida. Aliás, o Alvinegro da Vila Belmiro, dirigido por Luiz Alonso Perez, o Lula, formou com Laércio; Feijó, Mauro e Zé Carlos; Calvet (Formiga) e Zito; Dorval, Ney Blanco (Mengálvio), Coutinho, Pelé e Pepe.

A última vez em que entraram em campo juntos com a camisa santista foi no dia 09 de janeiro de 1966 na vitória por 7 a 1 diante do Stad Club Abidjan na Costa do Marfim. Esse quinteto maravilhoso jogou junto, por praticamente seis anos, em 97 partidas.

O America campeão carioca de 1960

Por Lucas Paes

América Campeão em 1960

O America, tradicional equipe da Barra da Tijuca, foi por muitos anos uma quinta força carioca. Aos poucos, porém, a equipe perdeu força e acabou não conseguindo mais fazer grandes campanhas. O Mecão possui 7 títulos estaduais, o último deles conquistado em 1960, naquele que era o primeiro campeonato do Estado da Guanabara, que existiu entre 1960 e 1975.

Depois de uma campanha excelente, vencendo 15 vezes, empatando uma partida e perdendo apenas para o Bangu, em Moça Bonita, o Diabo chegou a decisão naquele ano contra o Fluminense. Comandando por Jorge Vieira, que na época tinha apenas 26 anos, o time base era formado por Ari; Jorge, Djalma Dias, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans, Antoninho, Quarentinha e Nilo. Aquele esquadrão tinha Djalma Dias, que viraria destaque na Seleção Brasileira.

A final contra o Tricolor Carioca foi disputada no dia 18 de Dezembro, diante de quase 100 mil pessoas no Maracanã, sendo que a torcida Americana dividiu o estádio com os torcedores do Flu. Precisando de um empate para ser campeão, o time das Laranjeiras pulou na frente com Pinheiro, de pênalti. Na segunda etapa, porém, a reação rubra foi rápida e Nilo deixou tudo igual. Já no finalzinho, Jorge pegou o rebote do chute de Castilho e fez o gol do título americano.

Trechos da final contra o Fluminense

Aquela decisão teve histórias curiosas. Torcedora símbolo do Mequinha, Tia Ruth estava grávida e passou mal no estádio, sendo atendida no posto médico com recomendações de ir para a casa. O ídolo Calazans acolheu a moça e tranquilizou-a dizendo que o time sabia que tinha uma missão a cumprir. Ela ficou no estádio e viu o time ser campeão, tendo o título dedicado a ela depois do jogo pelos jogadores.

Campeão, o America se mostrou forte também em campos nacionais. Na Taça Brasil daquele ano, equivalente ao Campeonato Brasileiro, o Diabo foi até as semifinais, vendendo caro a classificação ao Santos de Pelé, Pepe e cia, tendo derrotado o Alvinegro Praiano na Vila Belmiro por 1 a 0. Mesmo com os títulos da Taça Guanabara de 1974 e do Torneio dos Campeões de 1982, nenhum time americano chegou perto do encanto causado por aquela equipe de 1960, o último grande time do América.

Jorge Vieira, treinador daquele America

Ficha Técnica
AMÉRICA 2 x 1 FLUMINENSE

Data: 18 de Dezembro de 1960
Local:  Estádio do Maracanã - Rio de Janeiro/RJ
Público: 98.099 pagantes
Renda: Cr$ 3.973.606,00
Árbitro: Wilson Lopes de Souza

Gols
Fluminense: Pinheiro aos 26' do primeiro tempo 
America: Nilo aos 4' e Jorge aos 33' do segundo tempo.

America: Ari, Jorge, Djalma Dias, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans, Antoninho (Fontoura), Quarentinha e Nilo. - Técnico: Jorge Vieira.

Fluminense: Castilho, Marinho, Pinheiro, Clóvis e Altair; Edmílson e Paulinho (Jair Francisco); Maurinho, Waldo, Telê e Escurinho. - Técnico: Zezé Moreira.
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