Juventus vence e espanta de vez o fantasma do rebaixamento

Juventus sofreu, mas venceu o União Barbarense

O Juventus conseguiu espantar de vez o fantasma do rebaixamento no Campeonato Paulista da Série A-2. Em partida realizada na tarde desta quarta-feira, dia 30, na Rua Javari, o Moleque Travesso venceu o União Agrícola Barbarense, por 1 a 0. O resultado fez com que o clube da capital fosse a 24 pontos na competição, se afastando da degola definitivamente.

A equipe da casa começou o jogo pressionando o adversário e se lançou ao ataque em busca do resultado, mas desperdiçou as oportunidades criadas. O União Barbarense tentava segurar o empate, já que está no G8 da competição. Com isso, a primeira etapa terminou com o placar de 0 a 0.

Já no segundo tempo, as duas equipes procuravam se movimentar priorizando o sistema ofensivo. Na pressão dos visitantes, o goleiro juventino André Dias foi um dos destaques, fazendo duas boas defesas. O adversário até chegou abrir o marcador, mas o gol foi anulado por impedimento.

No primeiro tempo, houve poucas chances para ambas as equipes

O susto fez com que o time grená apostasse mais incisivamente no contra-ataque, também criando duas grandes chances de alterar o placar, porém barradas pelo arqueiro rival. Mas foi em cobrança de falta, que aos 43 minutos, Thiago Ferreira acertou a meta do Barbarense, anotando o único gol da partida e decretando a vitória grená.

Com o triunfo, a equipe juventina chegou aos 24 pontos, escapando de vez da zona do rebaixamento. E no próximo domingo, 3 de abril, pela última rodada da primeira fase da A-2, o Juventus enfrenta o Bragantino, às 10 horas, no Estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista.

Já a equipe de Santa Bárbara do Oeste, mesmo com a derrota, ocupa a oitava colocação na competição, a última entre os que passam para a próxima fase, com 27 pontos. O União Barbarense faz no próximo domingo, dia 3, o jogo que define o seu futuro na competição contra o Votuporanguense, em casa.

Juventinos comemoram gol salvador

Ficha Técnica

JUVENTUS 1 X 0 UNIÃO BARBARENSE

Data: 30 de março de 2016
Local: Rua Javari, São Paulo-SP
Público: 752 pagantes.
Renda: R$ 8.950,00
Árbitro: Norberto Luciano Santos da Silveira
Assistentes: Orlando Coelho Junior e Leandro Almeida dos Santos

Cartões Amarelos: União Barbarense: Felipe Recife, Murilo, Juan Melgarejo.

Gol: Juventus: Thiago Ferreira 43' 2T

JUVENTUS: André Dias; Rafael Ferro, André Astorga, Vitor Salinas e Paulo Victor; Felipe Nunes, Derli, Alessandro (Diego Borges) e Nathan (Thiago Ferreira); Felipe Alves e Douglas - Técnico: Ailton Silva.

UNIÃO BARBARENSE: Murilo; Juan Melgarejo, Vinicius, Leomar e Sávio (Felipe Pará); Everton Dé, Felipe Recife (Marlon), Fabio Baiano, Alisson Costa e Braian Samudio; Romarinho (Thomas) - Técnico: Cléber Gaúcho.

* Fotos: Ale Vianna / CA Juventus

O alemão FC Sankt Pauli e os fãs brasileiros


O FC Sankt Pauli é um clube alemão da cidade de Hamburgo. Conhecido como Os Piratas, o clube e sua torcida são conhecidos por defender causas das minorias, respeitando todas as pessoas, não importando sua etnia, religião e gênero, e tambeém fazer campanhas de benfeitorias para a população de países carentes.

Com tudo isso, o St. Pauli é um time que tem admiradores em todo o mundo. No Brasil não é diferente. Existe um blog, o FC St. Pauli Brasil, que acabou virando o grande veículo de comunicação sobre o clube em português e acaba reunindo os fãs da agremiação.

O Curioso do Futebol bateu um papo com a criadora do site, a secretária Luciana Leal ou, simplesmente, Lou Leal (38 anos), que falou sobre como nasceu esse interesse sobre o St. Pauli e como foi criado o site e a relação com os outros fãs do clube no país, tornando-se um fã clube informal.


O Curioso do Futebol: Antes de mais nada, percebe-se que seu gosto por futebol vai além do St. Pauli. Como começou isso? 

Lou Leal: Na verdade, comecei a olhar mais para futebol depois que conheci o St. Pauli em 2007. Até então, eu dizia que torcia para o São Paulo FC, mas sem acompanhar jogos efetivamente, não que isso tenha mudado (risos). Depois de alguns anos, comecei a acompanhar mais de perto futebol e gostar mais do assunto porque os meus amigos são loucos por futebol. A influência me fez bem.


OCDF: E a relação com o St. Pauli, como iniciou?

LL: Um ex-namorado alemão que era super fã do time, me proporcionou o primeiro contato com o clube. 

Lou Leal com a bandeira do St. Pauli

OCDF: Quem foram as pessoas que montaram o site e, consequentemente, o fã clube com você? 

LL: O St. Pauli Brasil ainda não é um fã clube oficial, é apenas um blog que acabou se tornando um canal para as pessoas que gostam do time se aproximarem e poder trocar idéias sobre o FC St. Pauli aqui no Brasil, através da página e do grupo. Estou montando uma estrutura para transformarmos em FC oficial, mas ainda não tenho data para isso acontecer, espero que em breve.

No momento faço sozinha a página, mas tenho alguns amigos que me ajudam na moderação do grupo e tenho outro amigo que mora em Hamburgo, o David, que faz um link entre o que acontece por lá e algumas pessoas ligadas ao clube e eu.


OCDF: Qual a relação do site com o clube? Há contato e trocas de informações e material?

LL: A relação que temos é de fã. Tenho contato com torcedores de vários países, com fã clubes de outros países e como já mencionei anteriormente, tenho um amigo em Hamburgo que faz um link entre algumas pessoas do clube, mas para troca de informações ou material.


OCDF: Sei, por exemplo, que vocês já participaram de uma partida, no Rio de Janeiro, durante a Copa, com os torcedores do St. Pauli da Alemanha (abordado no especial da Copa do Mundo no blog). Além desse jogo, quais os eventos que o FC já realizou por aqui? 

LL: Isso não foi um evento oficial e nem foi o St. Pauli Brasil. Na época da Copa do Mundo, alguns torcedores da Alemanha, junto com o ex-jogador Marcel Eger, vieram ao Brasil com um projeto para mostrar um circuito diferente e menos comercial ao da Copa, e jogar futebol em alguns lugares como Rio Grande do Norte, Bahia e Rio de Janeiro, juntamente com pessoas ligadas a projetos sociais. Antes da vinda eles até convidaram pessoas que quisessem participar dos jogos, como foi o caso do Paulo Batista, que falou sobre isso no seu especial da Copa do Mundo.

Eu não tenho conhecimento de nenhum evento que o St. Pauli tenha organizado por aqui, além desse, que não era algo ligado ao clube.


OCDF: Você já foi a algum jogo do St. Pauli? Se sim, como foi? Se não, há planos para realizar isto? 

LL: Ainda não fui, mas esse ano irei com certeza.

Em defesa do respeito da diferença de gênero


OCDF: Como vocês acompanham os jogos da equipe? Quando há transmissão pela televisão, chegam a se reunir para assistir? 

LL: Só conseguimos acompanhar os jogos pela internet e pelo horário que acontecem, sempre de manhã cedo, fica complicado reunir as pessoas para assistirem aos jogos. Mas sempre fazemos um ‘live chat’ no grupo quando há jogos.

Costumamos criar um post sobre o jogo e conforme vamos assistindo, vamos deixando comentários e etc. É sempre divertido. Às vezes, conseguimos juntar vários torcedores, em outras um. Às vezes nenhum (risos).


OCDF: Obrigado pela reportagem e caso queira acrescentar algo, fique a vontade.

LL: Parabéns pela página e pelo espaço. É muito legal ver que a cada dia mais e mais pessoas se interessam pelo FC St. Pauli, que não é apenas um time de futebol. Eu vejo o clube como o propagador de mensagens que vão além do esporte. Ele usa o futebol para transmitir uma mensagem de luta pelo respeito a todas as pessoas, não importando gênero, raça, credo, etc.

Visitem os meios de comunicação do St. Pauli Brasil:

Site: http://fcstpaulibrasil.blogspot.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/FcStPauliBrasil/

Em 1985, golaço de Zico e vitória no Defensores Del Chaco por 2 a 0

Zico fez um belíssimo gol

A Seleção Brasileira entra hoje no gramado do Estádio Defensores Del Chaco, em Assunção, no Paraguai, para enfrentar os donos da casa pela sexta rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo Rússia 2018. A última vitória do time canarinho por um qualificatório de Mundial na capital paraguaia foi em 1985.

O Brasil não vinha bem naquele ano e após algumas derrotas em amistosos, o técnico Evaristo de Macedo foi demitido do cargo à vésperas da estreia nas Eliminatórias. Para o seu lugar, a Confederação Brasileira de Futebol trouxe novamente Telê Santana.

Telê Santana era o treinador

A mudança deu resultado. Na estreia, o Brasil derrotou a Bolívia, em Santa Cruz de La Sierra, por 2 a 0, com gols de Casagrande e Miguel Noro, contra. A vitória deu ânimo ao grupo, e a Seleção ainda derrotou o Chile, por 3 a 1, em amistoso, antes de entrar em campo no Defensores Del Chaco, no dia 23 de junho de 1985, para enfrentar o Paraguai.

O principal estádio da capital paraguaia estava lotado, mas a Seleção Brasileira não se intimidou. Ainda no primeiro tempo, Renato Gaúcho fez bela jogada pela direita e alçou a bola na área. Casagrande subiu mais que toda a defesa local e abriu o marcador.

Paraguaios tentaram catimbar

O gol deu tranquilidade aos brasileiros, que tiveram muitas chances para ampliar o marcador ainda no primeiro tempo, com Zico, em chute de fora da área, e Oscar, que arriscou um lance de calcanhar. A verdade é que as triangulações entre Zico, Renato Gaúcho, Sócrates, Leandro e Casagrande deixavam os paraguaios atônitos. Porém, o jogo foi para o intervalo com o placar de 'apenas' 1 a 0 para o Brasil.

Na segunda etapa, o Paraguai voltou melhor e foi em busca do empate. Neste momento da partida, o goleiro Carlos foi muito importante, fazendo boas defesas e garantindo a vantagem brasileira no placar. Porém, o craque apareceu no momento mais difícil do jogo.

Leandro, pela direita, viu Zico passando com velocidade pelo meio de campo e deu o passe para o jogador do Flamengo. O Galinho de Quintino passou um pouco da bola, mas, com um pensamento muito rápido, recuou a perna destra, levantou a redonda com a parte de fora do pé e acertou um belíssimo chute, sem chances para o goleiro Ever Almeida. Golaço! Brasil 2 a 0 no placar.

Confira os melhores momentos da partida com narração de Luciano do Valle

A torcida paraguaia ficou boquiaberta, em silêncio. Os brasileiros que estavam no estádio comemoravam muito. Eu, Victor de Andrade, na época uma criança de apenas seis anos, achei o lance espetacular e, por algum tempo, tentava repetir o lance do Galinho de Quintino nos jogos com os amigos da rua.

Aquele vitória deixou bem encaminhada a classificação brasileira para a Copa do Mundo de 1986. O Paraguai ainda conseguiu cavar um lugar na repescagem e também chegou ao Mundial, que foi ganho pela Argentina. Mas este jogo ficou marcado por ser a última vitória brasileira em Eliminatórias em território paraguaio.

Encontro vai discutir "Episódios da História do Santos Futebol Clube"

O Santos FC jogando no Congo (foto: Portal Terceiro Tempo)

O Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre Futebol e Modalidades Lúdicas (LUDENS), em parceria com a Associação dos Pesquisadores e Historiadores do Santos FC (ASSOPHIS) e com apoio da subsede do Santos na capital paulista, convidam a todos e todas para o encontro "Futebol e Política: Episódios da História do Santos Futebol Clube", que será realizado às 18 horas da quarta-feira, 30 de março de 2016, no anfiteatro do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humana da USP. 

O evento trará à comunidade acadêmica e aos apaixonados por futebol e pelo Santos, um debate sobre momentos da História do clube em que o futebol extrapolou as quatro linhas, fundindo-se com questões sociais e políticas, como a suspensão de guerras na África para disputa de um amistoso com times locais, a atuação política da torcida santista e alguns episódios de resistência que envolveram o clube durante a Ditadura Militar, apenas para citar alguns exemplos.

A mesa será mediada pelo coordenador científico do LUDENS-USP, e Professor do Departamento de História, Prof. Dr. FLÁVIO DE CAMPOS. Participarão do debate os convidados:

GUILHERME NASCIMENTO - pesquisador da História do Santos, autor do Almanaque do Santos (Magmar, 2013) e membro da ASSOPHIS; 

ODIR CUNHA - jornalista, escritor e pesquisador da História do Santos , autor de diversos livros sobre o esporte e sobre o clube, entre eles " Time dos Sonhos - A História Completa do Santos FC".

ANDRÉ CARREIRA - doutorando em História Social pela USP, membro do LUDENS e pesquisador o futebol na cidade de Santos.

Evento: Futebol e Política: Episódios da História do Santos Futebol Clube
Dia: 30 de março de 2016
Horário: 18 horas
Local: FFLCH-USP História & Geografia
Endereço: Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, São Paulo

Maracanã, Romário e a passagem 'carimbada' para a Copa de 94

Romário comemora o segundo gol na partida

Nesta sexta-feira santa, dia 25 de março, Brasil e Uruguai se enfrentam em Recife pela quinta rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2016, que será realizada na Rússia. O Curioso do Futebol vai relembrar um confronto histórico entre essas duas seleções válido pelo qualificatório do Mundial de 1994.

Em 1993, a Seleção Brasileira era tratada com desconfiança pela torcida. Depois de uma Copa América claudicante, onde o time, que jogou com vários desfalques e foi eliminado pela Argentina, nas quartas-de-final, por pênaltis, o Brasil não inciou bem as Eliminatórias.

Em pé: Taffarel, Ricardo Rocha, Mauro Silva, Jorginho, Ricardo Gomes e Branco.
Agachados: Dunga, Bebeto, Raí, Romário e Zinho.

A competição havia mudado de formato, se comparado aos anteriores. Ao invés de três times por chave, o qualificatório Sul-Americano para a Copa de 1994 tinha um grupo com cinco equipes, que classificavam dois para o Mundial, e um com quatro, onde um ia para a Copa diretamente e o segundo jogaria uma repescagem contra o campeão da Oceania.

O Brasil caiu no grupo de cinco seleções, ao lado de Equador, Bolívia, Venezuela e Uruguai. A maioria apontou que os canarinhos e a celeste seriam os favoritos. Ledo engano! O Brasil teve muitas dificuldades no primeiro turno, onde empatou com o Equador (0 a 0), perdeu da Bolívia (2 a 0 - a primeira derrota brasileira na história das Eliminatórias), venceu a Venezuela (5 a 1) e no Centenário, empatou com o Uruguai em 1 a 1.

Passando por um jogador uruguaio

No segundo turno, jogando em casa, o Brasil se recuperou. Venceu o Equador, em um jogo complicado, por 2 a 0, e depois uma bela goleada, em Recife, contra a Bolívia, por 6 a 0, e outra sobre a Venezuela, 4 a 0. O Uruguai também vinha claudicante na Eliminatória e, com isso, quem chegou à última rodada liderando o grupo era a Bolívia. E Brasil e Uruguai se enfrentariam no Maracanã, em confronto direto por uma vaga na Copa.

Enquanto rolava o qualificatório para o Mundial, Romário, que estava brigado com a Comissão Técnica da Seleção Brasileira por não ter aceitado ficar no banco em um amistoso contra a Alemanha, simplesmente arrebentava em seus primeiros jogos pelo Barcelona. Se você lembra do 'Baixinho' em final de carreira no Brasil, com sua técnica apurada e faro de gol implacável, imagine-o com tudo isso e mais uma velocidade de arranque fora do comum. Ele fazia gols de todas as formas imagináveis e era difícil um zagueiro pará-lo.

Romário atendeu todas as expectativas

A torcida, principalmente no Rio de Janeiro, pedia a presença dele na Seleção. Ao mesmo tempo, Müller se contundiu. Parreira, que era o técnico brasileiro, chamou Zagallo, também da comissão, e disse: "não tem jeito. Ele está jogando demais. Vou convocá-lo". E Romário foi chamado para o importante jogo do Brasil naquela Eliminatória. Havia o risco de a Seleção ficar, pela primeira vez, fora de uma Copa. E isso seria vergonhoso no meio do futebol.

A partida foi realizada no dia 19 de setembro de 1993 e o Maracanã estava abarrotado, com mais de 100 mil pessoas. Apesar de também ir mal nas Eliminatórias, uma vitória botava o Uruguai na Copa e tiraria o Brasil. A Celeste tinha uma bela equipe, com o goleiro Siboldi, Ruben Sosa, Fonseca, Bengochea e o grande craque Enzo Francescoli, o 'El Príncipe'. A tarefa do Brasil não seria muito fácil.

Romário driblando Siboldi e marcando o segundo gol

Enquanto a Bolívia arrancava um empate contra o Equador, fora de casa, garantindo seu passaporte para o Mundial dos Estados Unidos, Brasil e Uruguai faziam uma partida espetacular no Maraca. Romário, com a camisa 11, já mostrava todo o seu arsenal de jogadas. Meteu caneta em marcador, deu suas famosas arrancadas, tabelava com Bebeto e mandou até bola no travessão. Porém, os chutes que iam no gol paravam na mão de Siboldi, que parecia um paredão. Com isso, a partida foi para o intervalo com o placar de 0 a 0.

O empate colocava o Brasil na Copa do Mundo. Porém, um contra-ataque uruguaio poderia por tudo a perder. A partida continuava com domínio brasileiro, mas Siboldi defendia tudo. Até que aos 28 minutos, Jorginho lançou Bebeto pela direita que cruzou e achou um baixinho de 1,68 m que, de cabeça, balançou as redes. Sim, era ele, o pequeno gigante Romário. Brasil 1 a 0.


Melhores momentos da partida

O Maracanã explodiu de alegria, pois além de o Brasil dominar o jogo, o Uruguai não conseguia esboçar uma reação. E o grand-finale veio aos 38 minutos. A Celeste foi para o tudo ou nada, tentando o empate, e deixou espaços para o meio de campo e ataque brasileiros. Mauro Silva enfiou uma bola para Romário com perfeição. O Baixinho saiu na cara do goleiro Siboldi, jogou a redonda de um lado e correu para o outro e tentou dar o drible da vaca. Quando viu que não ia dar certo, ele desviou o caminho, foi em direção da bola, ganhou do arqueiro uruguaio (o que prova que seu arranque era muito veloz) e finalizou para as redes. Brasil 2 a 0 e mais festa no Estádio Mário Filho.

O Brasil carimbava seu passaporte para o Mundial e o Uruguai ficava de fora. Na Copa do Mundo, todos sabem o que aconteceu. Romário foi a peça principal na conquista da taça, que não vinha para o Brasil a 24 anos. Mas, mesmo sendo o principal jogador nos Estados Unidos, o Baixinho sempre falou que aquele Brasil 2, Uruguai 0, de 1993, foi a sua melhor atuação como atleta.

6 a 0! Sereias da Vila foram implacáveis com a Lusa

Sereias dominaram a partida

Depois de um empate inesperado no fim de semana contra o Juventus, as Sereias da Vila, equipe de Futebol Feminino do Santos FC, voltaram a vencer na Copa Ouro de Futebol Feminino, torneio organizado pela Associação Paulista de Futebol (APF), e de forma implacável: 6 a 0 contra a Portuguesa, em partida realizada na manhã desta quinta-feira, 24 de março, no CT Meninos da Vila, na Baixada Santista. O resultado garantiu o Alvinegro na final do torneio.

Na competição, as Sereias estrearam com vitória contra o Centro Olímpico, por 3 a 0, e depois empataram em 1 a 1 com o Juventus. Já a Lusa estreou vencendo a equipe da Moóca, 4 a 1, e foi derrotada pelo Centro Olímpico por 1 a 0. Quem vencesse, estaria na decisão da Copa Ouro. O Santos jogava pelo empate.

Tcheury marcando primeiro gol da partida

Logo no início da partida, as Sereias mostraram que queriam apresentar um futebol melhor do que na última partida e dominaram as ações, com muito toque de bola. A Lusa sentia a saída de algumas jogadoras do elenco, que acabaram indo para outras equipes que irão disputar o Campeonato Paulista. Ainda no começo, Ketlen caiu dentro da área, em lance duvidoso, mas a árbitra Fernanda dos Santos Ignácio nada marcou.

O Santos mostrava tanta superioridade que o gol era uma questão de tempo. E ele saiu aos 25 minutos. Em boa trama no meio de campo, Tcheury saiu sozinha na cara da goleira Gabi e teve tranquilidade para finalizar. Santos 1 a 0. As Sereias não tiraram o pé e chegaram e novamente Tcheury, aos 34, fez o segundo, após bela jogada de Giovana pela direita, a bola sobrou para a atacante, que não perdoou.

Giovana fazia belas jogadas pela direita

Com 2 a 0 no placar, foi a vez de outra avante santista, Ketlen, marcar duas vezes. Aos 37, Chai caiu pela direita e, de canhota, cruzou na cabeça da atacante alvinegra: 3 a 0 para o Santos. Seis minutos depois, a volante Sandrinha fez jogada pela esquerda e, com a perna destra, achou Ketlen sozinha, que testou para as redes.

Antes de terminar o primeiro tempo, Lucélia, atacante da Lusa, e Calan, a zagueira das Sereias, tiveram um entrevero e ambas as atletas receberam cartão amarelo. Com isso, o jogo foi para o intervalo com o placar de 4 a 0 para as Sereias.

Durante a pausa, tive uma boa conversa com Alexandre Prieto, Pedro Ernesto Guerra Azevedo, assessor de imprensa e fotógrafo do Santos FC, e Edson de Lima, gestor esportivo, que conheci pessoalmente durante o jogo.

Na segunda etapa, o Santos continuou dominando

Voltando à partida, as Sereias da Vila não diminuíram o ritmo. Logo no início, Karen, que entrou no intervalo no lugar de Moretti, acertou um belo chute de fora da área, que obrigou Michelle, que substituiu Gabi, a fazer uma grande defesa. A Lusa não reagia e, assim como no primeiro tempo, pouco conseguia atacar.

A partida deu uma esfriada e o técnico das Sereias, Caio Couto, que novamente sofreu protestos de membros torcida organizada do Santos, mudou praticamente toda a equipe para fazer novos testes. Com as jogadoras do banco querendo mostrar serviço, o Alvinegro praiano voltou a atacar de forma contundente.

Sexto gol do Santos

O Santos chegou ao quinto gol aos 34 minutos. Cida recebeu na intermediária e arriscou o chute de longa distância, a bola desviou na zaga da Lusa e 'matou' a goleira Michelle. Em seguida, Karen acertou um tirombaço no travessão.

As Sereias conseguiram marcar mais um tento com um pênalti meio 'mandrake' marcado pela árbitra Fernanda dos Santos Ignácio. Erikinha, que não tinha nada a ver com a marcação, bateu com perfeição, aos 45 minutos, e deu números finais à partida: Santos 6, Portuguesa 0.

A volante Brenda, de apenas 15 anos, e a meia argentina Laura

Apesar da derrota, vale destacar duas jogadoras da Portuguesa que estavam no banco de reservas e entraram durante a partida. A primeira é a volante Brenda, de apenas 15 anos, que é considerada uma das grandes jóias do Futebol Feminino brasileiro. A outra é a atacante Laura Villanueva. Nascida na cidade de Mar del Plata, na Argentina, ela veio para o Brasil a trabalho, fez um testa na Lusa, passou e hoje faz parte do elenco da equipe.

Com a vitória, o Santos se garantiu na final da competição e vai enfrentar o Centro Olímpico, que venceu o Juventus nesta quinta-feira, por 1 a 0, com gol de Marjorie, aos 31 minutos do segundo tempo, em partida realizada em São Paulo. A data e local da decisão ainda serão confirmadas pela Associação Paulista de Futebol.

Final: Santos 6 a 0

Ficha Técnica

SANTOS 6 X 0 PORTUGUESA

Data: 24 de março de 2016
Local: CT Meninos da Vila

Árbitra: Fernanda dos Santos Ignácio
Assistentes: Gilmar Alves dos Santos e Luana Dias dos Santos

Cartões Amarelos: Calan (Santos) e Lucelia (Portuguesa)

Gols: Tcheury, aos 25' e 34' e Ketlen, aos 37' e 43' do 1T. Cida, aos 34', e Erikinha (pênalti), aos 45' 2T. Todos para o Santos.

SANTOS FC: Dani (Patricia); Giovana (Katiuscia), Calan (Camila), Auinã (Carol Arruda) e Dani Silva (Natane); Kelly, Sandrinha (Cida), Moretti (Karen) e Chai (Rosane); Tcheury (Erikinha) e Ketlen (Raquel) - Técnico: Caio Couto.

PORTUGUESA: Gabi (Michelle); Naty, Edna, Dani e Nathalia (Kris); Nega, Karolzinha (Brenda), Flávia (Laura), Thais (Baiana) e Giulliana; Lucélia (Marina) - Técnico: Prisco Palumbo.

Vasco da Gama e a carta em defesa dos negros em 1924

A equipe campeã de 1923

Fundado em 21 de agosto de 1898, o Clube de Regatas Vasco da Gama demorou para entrar no futebol. Criou o departamento da modalidade apenas na década de 20, entrando na Segunda Divisão do Campeonato Carioca da Liga Metropolitana de Desportes Terrestres (LMDT).

Formado, a princípio, por portugueses que moravam na então capital do Brasil, o Vasco foi agregando a seu quadro associativo pessoas de qualquer nível social e origem étnica, ao contrário da maioria dos clubes até aquele momento. E isso não foi diferente com sua equipe de futebol, que em 1922 ganhou a Segunda Divisão do campeonato.

Em 1923, o Gigante da Colina enfrentaria os grandes do futebol carioca até então: América, Botafogo, Flamengo e Fluminense. Com um time que não se importava com a origem e cor de seus atletas, além de treinamento físico e alimentação especial, o Vasco conquistou título de campeão Carioca de 1923, o que revoltou as outras agremiações.

O sucesso do Vasco, que aceitava todos não importando cor, etnia ou classe social, e que vinha da segunda divisão, fez com que América, Botafogo, Flamengo e Fluminense deixassem a LMDT e criassem a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). Na nova associação, os jogadores só poderiam ser inscritos apenas se comprovassem que tinham 'empregos bons' ou que estavam estudando, algo raro para quem era das classes sociais mais baixas ou negros naquela época.

Jornal noticiando o título de 1923

A medida era clara: evitar os confrontos contra o Vasco, que com seus métodos estava tornando a equipe praticamente imbatível. No contexto das novas regras propostas pela recém criada associação, a agremiação teria que afastar doze jogadores, pois não cumpririam a regra da nova liga. O clube até chegou a se filiar na nova liga, mas vendo que o regulamento visava prejudicar o clube e os jogadores negros, o então presidente do Vasco, José Augusto Prestes, divulgou a seguinte carta:
Rio de Janeiro, 7 de abril de 1924
Ofício no. 261
Exmo. Sr. Arnaldo Guinle, M.D. presidente da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos.
As resoluções divulgadas hoje pela imprensa, tomadas em reunião de ontem pelos altos poderes da Associação a que V. Exa. tão dignamente preside, colocam o Club de Regatas Vasco da Gama em tal situação de inferioridade que absolutamente não pode ser justificada nem pela deficiência do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa sede, nem pela condição modesta de grande número dos nossos associados.
Os privilégios concedidos aos cinco clubes fundadores da AMEA e a forma como será exercido o direito de discussão e voto, e as futuras classificações, obriga-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.
Quanto a condição de eliminarmos doze (12) jogadores das nossas equipes, resolve por unanimidade a diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama, não a dever aceitar, por não se conformar com o processo por que foi feita a investigação das posições sociais desses nossos con-sócios, investigações levadas a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.
Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno da nossa parte sacrificar ao desejo de filiar-se a AMEA alguns dos que lutaram para que tivéssemos entre outras vitórias a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923.
São esses doze jogadores jovens quase todos brasileiros no começo de sua carreira, e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu nem sob o pavilhão que eles com tanta galhardia cobriram de glórias.
Nestes termos, sentimos ter de comunicar a V. Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA.
Queira V. Exa. aceitar os protestos de consideração e estima de quem tem a honra de se subscrever de V. Exa. Att. Obrigado.
Dr. José Augusto Prestes
Presidente
Vídeo sobre os campeões de 1923

Com a missiva, o Vasco se excluía da nova liga, por não concordar de deixar os doze atletas de fora. O clube disputou, em 1924, do torneio da LMDT, junto com outras agremiações que não conseguiam se enquadrar no regulamento da nova liga, como Bonsucesso e Villa Isabel. O Gigante da Colina conquistou o caneco com tranquilidade.

Em 1925, um acordo entre a equipe cruz-maltina e a nova associação, AMEA, trazia de volta o Vasco ao campeonato disputado pelos grandes. É verdade que antes deste acontecimento, clubes coo Ponte Preta e Bangu já tinham utilizado jogadores afrodescendentes, mas o clube com seus atletas negros, mulatos e pobres tornava aquele gesto de resistência um divisor de águas na questão do preconceito racial dentro do nosso futebol, já que estava sendo o primeiro a defendê-los publicamente.

Aumentou de novo! Série D terá 68 clubes em 2016


No dia 15 de março, terça-feira da semana passada, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) havia anunciado que o Campeonato Brasileiro da Série D de 2016 seria ampliado de 40 para 48 equipes. Pois bem, nesta terça, dia 22, uma semana após o primeiro anúncio, a CBF mudou tudo novamente: agora serão 68 que jogarão o quarto estágio do futebol nacional neste ano.

A nova alteração veio depois de protestos das federações de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Goiás, Bahia, Mato Grosso, Maranhão, Paraíba, Distrito Federal, Amazonas, Sergipe, Acre, Piauí, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Tocantins, Amapá, Rondônia e Roraima, que não haviam sido contempladas com uma nova vaga. Com a mudança, a distribuição das equipes será a seguinte:

4 - São Paulo.
3 - Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Goiás e Bahia.
2 - Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Pará, Mato Grosso,
Maranhão, Paraíba, Distrito Federal, Amazonas, Sergipe, Acre, Piauí,
Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Tocantins, Amapá, Rondônia e Roraima.

De acordo com a CBF, a mudança tem como objetivo de atender a demanda dos times por um calendário anual de atividades. Porém, para O Curioso do Futebol e outros jornalistas, a mudança não vai de encontro com a intenção divulgada devido à fórmula da competição.

O regulamento prevê que na primeira Fase, a Série D será regionalizada, dividida em 17 grupos de quatro equipes. Classificam-se para a Segunda Fase os primeiros colocados de cada grupo e os 15 melhores segundos lugares. A partir desta etapa, os confrontos serão no modelo mata-mata, em jogos de ida e volta. Em breve, serão divulgados a tabela e os documentos técnicos do torneio.

Para O Curioso do Futebol, o problema nem é o aumento de clubes e sim a formação do regulamento. O melhor seria diminuir a quantidade de grupos, aumentando o número de equipes neles e, com isso, garantindo um maior número de partidas para cada clube que estiver no torneio. E vocês, o que acham?

Futebol por e para as mulheres é com o ~dibradoras


Apesar de as mulheres cada vez mais terem espaço no Futebol, alguns setores da modalidade ainda têm preconceito com a presença feminina no esporte, infelizmente. Porém, há vários grupos que lutam contra isso e um dos mais importantes é o ~dibradoras, que faz um excelente trabalho, através da internet, para a inserção das mulheres no esporte bretão.

Formado por Angélica Souza (30 anos), publicitária e palmeirense, Júlia Vergueiro (26), internacionalista e são paulina, Nayara Perone (28), designer e corintiana, Renata Mendonça (26), jornalista e são paulina, e Roberta Cardoso, a Nina (33), jornalista e são paulina, o ~dibradoras faz um trabalho interessante, agindo em várias plataformas da rede mundial de computadores: site, podcast, Facebook e Twitter.

O trabalho chamou a atenção de muita gente e, atualmente, o ~dibradoras expandiu seu trabalho para outras modalidades esportivas. Para conhecer mais a ação do grupo, O Curioso do Futebol bateu um papo com a Nina Cardoso, que você pode conferir abaixo.

As formadoras do ~dibradoras

O Curioso do Futebol: Quem teve a ideia de criar o ~dibradoras e como foi o início? Em qual plataforma vocês começaram?

Nina: Angélica, Júlia e Nayara se conheceram jogando futebol. Renata e Nina conheceram as outras três por meio de um grupo de discussão de futebol que todas elas participam no Facebook.

A ideia de criar o projeto ~dibradoras surgiu porque todas nós, como apaixonadas por esporte, sentíamos falta de uma cobertura esportiva que incluísse a mulher. A cobertura tradicional da mídia esportiva adota uma abordagem pensando apenas no público masculino heterossexual. Toda e qualquer abordagem da mulher na mídia esportiva é sempre pelo lado da "musa", da "gata", das "fotos sensuais das esposas dos jogadores", etc. A gente queria fazer algo diferente, queria falar de futebol também para mulheres que acompanham esse esporte, queria falar de modalidades femininas, que nunca são abordadas na imprensa. Por isso começamos com o projeto. Temos o site, a página no facebook, twitter, instagram, um podcast na rádio Central 3 - onde sempre levamos convidadas mulheres (atletas, ex-atletas, gestoras, dirigentes, etc) - e um canal no Youtube, onde também divulgamos vídeos falando sobre mulheres no esporte. 

Começamos pelo site, facebook, twitter e instagram (as redes sociais básicas). O podcast semanal na Central3 surgiu na sequência e depois partimos para os vídeos no Youtube. 

Interessante vídeo sobre a questão de intitular as atletas de musas

OCDF: Quem hoje faz parte do ~dibradoras?

N: Além das cinco co-fundadoras (NR: citadas na abertura da entrevista), que administram a marca. Contamos com algumas colaboradoras que nos escrevem textos e ajudam no desenvolvimento de pautas. São elas: Maria Guimarães, redatora publicitária, Gabriela Abrunheiro, jornalista, Maiara Beckrich, internacionalista, e Thaissa Cordeiro, estudante de RP, que é a nossa correspondente de Manaus.

Em dia de gravação no Pacaembu

OCDF: Vocês, atualmente, atuam em várias plataformas (podcast, vídeos, site, facebook...) qual a importância deles para o trabalho?

N: Todos eles, em conjunto, acabam complementando nossas ideias e bandeiras que levantamos. O conteúdo é nosso forte e pelo podcast conseguimos criar muita matéria exclusiva (a cada semana recebemos uma convidada no programa e falamos sobre diversos temas: machismo, mulheres dirigentes, jogadoras de futebol, vôlei, handebol, futsal, basquete judô, ex-atletas e por aí vai).

No Youtube, nosso conteúdo é mais descontraído, onde nos posicionamos sobre alguns temas e tentamos discorrer sobre ele em até 5 minutos.

Vídeo "Agora é que são elas"

OCDF: Algo que acho muito interessante no trabalho do ~dibradoras é que vocês não abordam apenas o Futebol Feminino competitivo. Há o incentivo para que as mulheres (seja de qual idade) pratiquem o futebol, nas famosas peladas, inclusive em equipes mistas e que homens aceitem isso. Fale um pouco sobre este assunto, até por vocês sempre participarem destes jogos.

N: Bom, apesar de falarmos da mulher em geral no meio esportivo, o futebol feminino é nosso principal mote. Todas nós amamos o futebol e já praticamos – algumas seguem jogando até hoje – e por ser uma modalidade ainda tão carente de apoio e respeito, levamos sempre o futebol feminino em primeiro lugar.

Além de incentivar pela importância da prática esportiva (saúde, bem estar, companheirismo, liderança, espírito de grupo), o futebol, para nós, é uma resistência! É uma causa que apoiamos e incentivamos para que outras garotas ocupem esse espaço e não tenham que provar que jogam bem ou que entendem do jogo. A relação entre mulher e futebol tem que ser natural, assim como acontece para os homens.

Com a ex-jogadora e atual dirigente Michael Jackson

OCDF: Outro trabalho interessante é o incentivo para que mulheres frequentem os estádios e que os homens respeitem-nas (o que deveria ser óbvio, mas infelizmente, ainda não é 100%). Como as mulheres recebem esses incentivos? E os homens, estão apoiando a iniciativa?

N: Sim, nós também incentivamos a presença das mulheres nos estádios, exigindo seu espaço e produtos para que possam comprar. As torcedoras ficam muito felizes quando levantamos essa causa e cobramos mais atenção para elas, pedindo camisetas femininas dos clubes, por exemplo. Isso é o mínimo que os clubes podem oferecer e ainda assim ficam devendo. Fizemos um texto sobre isso: http://dibradoras.com.br/por-que-os-clubes-de-futebol-ainda-ignoram-o-publico-feminino/

As torcedoras pedem nosso posicionamento e endossam o coro. Os homens, em sua maioria, também apoiam e ficam indignados com certas diferenças de tratamento (muitos nem fazem ideia do quanto é difícil encontrar uma camisa feminina, por exemplo).

Vídeo "Respeita"

OCDF: Falando do Futebol Feminino competitivo, o que vocês acham do atual estágio da modalidade no País e da organização e nível dos campeonatos locais?

N: Muita coisa já melhorou, mas ainda é preciso de mais investimento e apoio. Muitos casos bizarros acontecem em jogos do Brasileiro, Paulista e até mesmo da Libertadores. Falta de ambulância, arbitragem, campo em péssimo estado ou com grama sintética, falta espaço para que as meninas possam se trocar antes do jogo e por aí vai. Falta total de estrutura e respeito!

O nível do jogo em si tem melhorado. Não vemos mais muitas goleadas como antes, que mostravam o desnível das equipes. As partidas são bem mais competitivas e cheias de rivalidade.

O que falta mesmo é mais incentivo na base por parte da CBF e fomentar a prática nas escolas, entre as crianças. A CBF é a responsável por vender seu “produto” e atrair mais parceiros. Depois, as marcas também precisam se interessar e a mídia deve informar o público sobre os jogos e atletas.

Com a zagueira Aline Pellegrino

OCDF: Neste ano, teremos os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. O que vocês esperam do torneio de Futebol Feminino do evento? Acham que pode haver alguma surpresa? E, na opinião de vocês, como será o desempenho da Seleção Brasileira na competição?

N: O nível do futebol feminino nessa edição olímpica, acredito, será de nível altíssimo. A Copa do Mundo do ano passado foi fantástica e não espero nada menor do que isso. Temos ótimas seleções como favoritas (EUA e Alemanha) e outras que estão se tornando potência na modalidade, como a França. Também temos o Canadá e a Suécia que são países com uma cultura muito forte de futebol feminino. Daqui da América Latina, temos o Brasil e a Colômbia, apenas.

A seleção brasileira melhorou muito fisicamente com a criação da seleção permanente. As meninas estão ótimas no preparo físico, aguentam bem a correia e os encontrões do jogo, mas taticamente ainda peca muito. A Marta é ainda nossa grande referência e quando ela está bem marcada e não consegue jogar, o time sente bastante.

A equipe do Vadão fez muitos amistosos ano passado e recentemente disputou a Copa Algarve (perdeu na final pro Canadá), mas ainda falta mais organização e um esquema tático que funcione. Difícil não acreditar nelas, mas o caminho para o ouro vai ser bem complicado.

Vídeo "Pergunta pro seu pai"

OCDF: Para finalizar, deixo o espaço aberto para vocês acrescentarem algo.

N: Nosso projeto surgiu da necessidade de falar mais sobre a presença feminina no esporte brasileiro. As mulheres sofreram muitas proibições ao longo de sua história na sociedade e essa nova geração não aceita mais certos tipos de imposições que nos limitem. As mulheres – antes tão competitivas entre si – estão mais unidas do que nunca, buscando seu espaço na sociedade e seus direitos como cidadãs.
O esporte é a ferramenta mais eficaz na hora de ensinar valores para alguém e nós acreditamos muito na força da prática esportiva como elemento fundamental no desenvolvimento do ser humano.

Com a 'Magic' Paula

Conheça os links de trabalho de ~dibradoras:

Instagram: @dibradoras

Venezuela vence Brasil e conquista o bi do Sul-Americano Feminino Sub-17

Venezuela levantou a taça da competição (foto: Conmebol.com)

A Venezuela confirmou o favoritismo e conquistou o bi-campeonato do Sul-Americano Feminino Sub-17, ao derrotar a Seleção Brasileira por 1 a 0, na tarde deste domingo. A partida foi realizada no Estádio Metropolitano de Lara, em Barquisimeto, na própria Venezuela. Na preliminar o Paraguai venceu a Colômbia por 2 a 1 e se juntou à venezuelanas e brasileiras como as seleções da América do Sul classificadas para o Mundial da categoria.

Venezuela e Brasil entraram em campo já classificados para o Mundial, buscando apenas o título. Com o estádio com cerca de 40 mil pessoas, um recorde para a categoria, o Brasil foi bem na etapa inicial. Aos 16 minutos, a primeira chance do jogo: Kerolin finalizou no canto, mas a goleira Nayluisa desviou com o pé direito. A arqueira venezuelana voltou a aparecer aos 23, quando defendeu um belo chute de longa distância disparado por Jaqueline. O empate favorecia a equipe da casa.

Comemoração das venezuelanas (foto: Conmebol.com)

Aos 36, foi a vez de Nycole quase abrir o placar. A camisa 9 recebeu de Jaqueline e tentou encobrir a goleira adversária, mas errou por pouco. A Venezuela tentou alçar algumas bolas na área, mas nada que chegasse a assustar Kemelli.

O segundo tempo mal começou e, logo aos 4 minutos, a Venezuela inaugurou o placar. Olimar lançou Deyna Castellanos dentro da área. A centroavante fintou e arrematou para o gol. Com vantagem no marcador, a Seleção Vinotinto segurou o resultado. O Brasil precisava virar o placar para sair com o título. Aos 26, Micaely quase empatou o jogo, mas Nayluisa impediu.

No fim da partida, a Canarinho chegou a ensaiar uma pressão maior pela igualdade no marcador, mas as donas da casa seguraram e levantaram a torcida, que lotou as arquibancadas do Metropolitano de Lara, conquistando o título.

Paraguaias comemorando a classificação (foto: Yéssica Tillería/APF)

Paraguai no Mundial - As paraguaias garantiram o terceiro lugar na competição e, por consequência, a última vaga da América do Sul no Mundial da categoria, ao bater a Colômbia, de virada, por 2 a 1, na preliminar. As colombianas saíram na frente, com Manuela Vanegas. Depois, o Paraguai empatou, aos 34 da primeira etapa, em pênalti bem cobrado por Jessica Martinez.

O Paraguai conseguiu virar o marcador logo em seguida, com Jessica Martinez, novamente. Depois, a Albiceleste conseguiu segurar o ímpeto das colombianas no segundo tempo, garantindo a vitória e a vaga no Mundial, que será realizado entre os meses de setembro e outubro, na Jordânia.

Sereias empatam com Juventus pela Copa Ouro

Sereias continuam na liderança da competição

As Sereias da Vila conquistaram um bom resultado atuando pela segunda rodada da Copa Ouro de Futebol Feminino. O Santos FC empatou com o Juventus (SP) em 1 a 1, neste sábado, na sede social do Juventus, em São Paulo. Com este resultado, o Alvinegro Praiano joga por um empate contra a Lusa para chegar à final da competição.

Os dois gols da partida foram marcados apenas no segundo tempo. O Peixe saiu na frente, com um gol de falta da lateral Dani Silva aos 27 minutos. O time da Capital empatou aos 34 minutos com Beatriz. Como o Centro Olímpico bateu a Portuguesa por 1 a 0, as Sereias da Vila seguem líder do quadrangular com quatro pontos. O Centro Olímpico soma três ao lado da Lusa. O Juventus tem apenas um ponto. O técnico Caio Couto viu dificuldades das meninas ao atuarem no gramado sintético.

“Encontramos muitas dificuldades, campo pequeno, bola muito rápida por conta da grama sintética. O adversário se aproveitou disso, usando uma linha de quatro no campo defensivo, buscando um erro nosso. Estávamos vencendo a partida, mas em um erro nosso permitimos o empate do adversário. Tivemos algumas boas oportunidades, mas as meninas sentiram um pouco a pressão aqui e não conseguimos um resultado melhor.”, falou o treinador santista.

O próximo compromisso do Peixe será contra a Lusa, na quinta-feira (24), às 10 horas, no CT Rei Pelé.

* Com informações da Assessoria de Imprensa do Santos FC. Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/SFC

Brasil vence Colômbia e garante vaga no Mundial Feminino Sub-17

Brasileiras comemoram a classificação

O Brasil garantiu sua classificação para o Campeonato Mundial Feminino Sub-17, que será realizado entre os meses de setembro e outubro, na Jordânia, ao vencer a Colômbia por 2 a 0, na quinta-feira, dia 17, em jogo válido pelo quadrangular final do Sul-Americano da categoria. Os gols foram marcados por Kerolin, aos 23 do primeiro tempo, e Nycole, aos 31 do segundo. A partida foi realizada no Estádio Metropolitano de Lara, em Barquisimeto, na Venezuela.

O primeiro tempo foi de domínio absoluto da Seleção Brasileira. A equipe começou pressionando a Colômbia em seu campo de defesa. A marcação alta da equipe gerou oportunidades para a Seleção, que conseguiu levar perigo em diversas oportunidades de bola parada. Em uma delas, a zagueira Thais finalizou de pé direito. Apesar de passar pela goleira colombiana, o chute parou na cabeçada da zagueira adversária. Com dribles curtos no meio-campo, o Brasil começou a abrir a defesa colombiana. Nycole chegou a driblar duas adversárias, mas teve o chute afastado pela defesa.

Com tamanha pressão, o gol brasileiro não demorou a sair. Depois de jogada pelo lado esquerdo, a atacante Kerolin finalizou forte no canto da meta colombiana, abrindo o placar para o Brasil, que carregou a vantagem para o intervalo.

A equipe que foi a campo

Sob forte calor na Venezuela, o jogo ficou mais cadenciado no segundo tempo. Com tranquilidade, a Seleção soube controlar o jogo até ampliar o placar, com a Nycole. A atacante recebeu lançamento em profundidade e deu um tapa de esquerda na saída da goleira para fazer o segundo gol brasileiro no jogo.

Outro jogo - A Venezuela também garantiu vaga no Mundial ao golear o Paraguai por 6 a 2, em partida realizada logo após o jogo do Brasil. No domingo, será realizada a última rodada da competição. Na preliminar, Colômbia e Paraguai decidem a última vaga sul-americana do Mundial. Em seguida, venezuelanas e brasileiras fazem o jogo que define quem será o campeão. As donas da casa jogam pelo empate.

Grandes surpresas da Champions League - O Nottingham Forest bicampeão

Por Lucas Paes*

A equipe bi-campeã europeia

Dando sequência à série sobre as surpresas da Uefa Champions League, chegamos ao Nottigham Forest bi-campeão europeu nas temporadas 1978/1979 e 1979/1980. Em questão de tamanho, o time foi, provavelmente, a maior zebra da história da Liga dos Campeões, pois ao contrário de times como o Steua Bucaresti (que veremos mais a frente), o Forest conquistou dois títulos continentais na seqüência e, até hoje, só ganhou uma taça na sua liga doméstica. É, realmente, algo surpreendente.

Ninguém esperava que o Forest chegasse tão longe. Os ingleses começaram a montar seu time histórico com a chegada do treinador Brian Clough. Ele já havia chegado com o Derby, arquirrival do Forest, à semifinal da Copa dos Campeões e foi para Nottigham com a missão de colocar o time na primeira divisão inglesa. A missão foi conseguida na temporada 1976/1977, com o terceiro lugar na Segunda Divisão (atrás do Wolverhampton e, vejam só, do Chelsea). Mas as aspirações para a temporada de 1977/1978 eram de luta contra o descenso e nada mais.

Só que o Forest faria mais, faria muito mais do que brigar contra o descenso. Com uma campanha avassaladora, foram 25 vitórias (incluindo um 4 a 0 sobre o United em Old Trafford), 14 empates e apenas 3 derrotas em 42 jogos, a equipe garantiu uma vantagem de sete pontos sobre o Liverpool, vice campeão, e levantou a taça do Campeonato Inglês. O sonho estava apenas começando para o Forest, que também ganhou a Copa da Liga e a Supercopa naquele ano com nomes de destaque, como Peter Shilton e Viv Anderson.

O técnico Brian Clough

A temporada seguinte traria ao Forest um desafio ainda maior: o da Liga dos Campeões (Copa dos Campeões da Europa, na época), enfrentando logo de cara o atual bi-campeão Liverpool. Ninguém esperava que o Forest durasse na competição pois, naquela época, a Champions era eliminatória durante toda a competição.

Na estreia, o Forest enfrentou o Liverpool no City Ground e, para surpresa geral, venceu por 2 a 0, com gols de Birtles e Barret. Na segunda partida, o empate por 0 a 0 em Anfield daria inicio à maior surpresa da história da competição.

Na fase seguinte, o Forest pegou o AEK Atenas e não tomou conhecimento dos gregos. Vitórias por 2 a 1 (McGovern, Birtles; Konstatinou para os gregos), em Atenas, e 5 a 1 no City Ground (Needham, Woodcock, Anderson e Birtles, duas vezes) garantiram o time nas quartas de final, onde o adversário seria o Grasshoper da Suiça.

Levantando a taça continental

Na primeira partida contra os suíços, vitória por 4 a 1 no City Ground (Birtles, Robertson, Gemmill e Lloyd; Sulser para os suíços) e empate por 1 a 1 na Suiça (O’Neill para o Forrest e Sulser, de novo, para os suiços). Já a semifinal reservaria um encontro contra o Colônia, da então Alemanha Ocidental, e o empate por 3 a 3 no City Ground (Birtles, Bowyer, Robertson; Van Gool, Muller e Okudera para os alemães) levou muita gente a pensar que o sonho do Forrest acabaria ali.

Pois o sonho não acabou. Com gol de Bowyer, o Forest venceu o Colônia e foi enfrentar na final o Malmö, da Suécia, outra grande surpresa da história da competição. E o gol do título veio de um estreante, devido as regras da UEFA, Francis, que havia chegado ao Forrest em dezembro, só pode jogar a final. O destino reservou o gol decisivo a ele e a história estava escrita.

O time ainda ganhou a Copa da Liga Inglesa e a Supercopa da UEFA, diante do Barcelona da Espanha. O titulo do Campeonato Inglês voltou para o Liverpool, mas a conquista continental garantiu ao Forest mais uma disputa de Liga dos Campeões. O bi campeonato era considerado fantasia na época. Pois a fantasia se tornaria real.

Semifinal contra o Ajax

Na temporada de 1979/1980, o Forest estreou na competição diante do Oster, da Suécia, no City Ground e venceu por 2 a 0 (Bowyer marcou os tentos). Na volta, o empate por 1 a 1 (Woodcock; Nordgren para os suecos) mantinha o sonho do bi vivo e a segunda fase reservava um confronto contra os romenos do Arges Pistesti.

No primeiro jogo, em casa, o Forest abriu vantagem com outro 2 a 0 (Woodcock, Birtles) e depois ganhou também fora de casa por 2 a 1 (Bowyer, Birtles; Barbulescu para os Romenos). As quartas reservariam a primeira derrota do time na história da Liga dos Campeões, contra o Dynamo Berlin, da Alemanha Oriental.

No primeiro jogo, os alemães fizeram 1 a 0 em pleno City Ground, com um gol de Riediger. O resultado obrigaria o Forest a vencer em plena Berlim Oriental, uma tarefa que o Forest faria com incrível facilidade. Francis, o mesmo autor do gol do titulo europeu do ano anterior, deu show e marcou duas vezes, Robertson marcou outro de pênalti e os ingleses venciam por 3 a 0 antes do intervalo. O gol de Terletzki não foi suficiente para tirar os ingleses das semifinais, e ai viria problema grande: o Ajax, berço do carrossel holandês.

Final contra o Hamburgo

Nas semifinais o Forest começou vencendo por 2 a 0 no City Ground (Francis, Robertson). A derrota por 1 a 0 em Amsterdã (Lerby) não foi suficiente para tirar a vaga da equipe de Nottingham na segunda final seguida da Copa dos Campeões. O adversário seria o Hamburgo da Alemanha, do craque Felix Magath, que seria campeão pouco tempo depois.

Pois o segundo titulo seguido veio com um gol de Robertson, aos 20 minutos de jogo. O Forest garantiu o segundo titulo da Copa dos Campeões da Europa e fechou um ciclo de glórias jamais repetido na história do clube. Uma história que o futebol europeu nunca mais esquecerá (quem sabe algo parecido possa estar sendo construído pelo Leicester? Só o tempo irá dizer).

Na temporada seguinte, o sonho do tri acabou logo na primeira fase com duas derrotas para o CSKA Sofia. Porém, o time de Clough jamais será esquecido. O treinador foi eternizado por uma estátua na cidade de Nottingham e o time foi eternizado na história do futebol, junto como alguns de seus jogadores, como Peter Shilton, o goleiro que mais jogou pela seleção inglesa, e Liv Anderson, o primeiro jogador negro da seleção da terra da rainha.

* Lucas Paes é estudante de jornalismo e torce para o Santos FC.
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