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20 vezes Liverpool - Com enorme festa, Reds atropelam o Tottenham e conquistam o título inglês

Por Lucas Paes 
Foto: Divulgação/Liverpool FC 

Enorme festa em Liverpool 

O que se anunciava desde o começo de 2025 finalmente está confirmado. Pela 20ª vez em sua história, o Liverpool é campeão inglês, a segunda vez na era Premier League. A equipe do estreante Arne Slot, campeão em sua primeira temporada, goleou o Tottenham num abarrotado Anfield por 5 a 1, de virada, no início da tarde deste domingo, dia 27 e garantiu a conquista do título com 4 jogos de antecedência. O Tottenham até ofereceu resistência no início, mas sucumbiu diante de uma pressão insuportável do time vermelho, empurrado pelos torcedores em sua casa.

O Liverpool chegou precisando apenas de um empate para garantir a taça. Os Reds conquistaram essa condição após vencerem o Leicester fora de casa no último jogo, num triunfo sofrido pelo placar mínimo diante dos Foxes, já rebaixados. O gol veio do contestado Alexander Arnold, cujo a situação de permanência ou não ainda está indefinida diante de sua possível e provável ida ao Real Madrid. As coisas ficaram mais confortáveis quando o Arsenal empatou em seu estádio contra o Crystal Palace, inclusive apenas segurando esse empate graças a uma intervenção salvadora de um zagueiro quando o time visitante venceria o jogo. 

Mesmo com a condição favorável, o Liverpool começou o jogo meio devagar e acabou tomando um susto aos 13 minutos, num belíssimo gol de cabeça de Solanke que botou os Spurs na frente. Porém, a alegria visitante durou pouco, já que Diaz pouco depois empatou o jogo em um lance que inclusive teve de ser checado pelo VAR. A partir daí, o Tottenham foi amassado no resto do primeiro tempo. MacAllister, craque argentino, marcou um belíssimo gol de fora da área para virar o jogo e ainda deu tempo de Gakpo voltar as redes antes do fim do primeiro tempo.

Na etapa final, a pressão foi ainda maior. O time da casa veio com tudo e só não fez o quarto logo cedo pois Gakpo, de frente para o goleiro optou por tentar dar o gol para Salah, que cercado por três defensores não chegou na bola. A pressão continuou. Aos 17', o esperado gol do melhor jogador do time e talvez do melhor do mundo atualmente veio: em rápido contra ataque, Szoboszlai serviu Salah, que soltou um canudo no cantinho de Vicário para ampliar. Pouco depois, o quinto veio em um gol contra de Udogie. 


Aos poucos a festa foi se consumando. Até bexigas foram parar dentro de campo. Os minutos finais foram de menos pressão, mas o domínio do Liverpool ainda era enorme. Slot inclusive colocou quatro atacantes no fim do jogo. Ao fim dos 90 minutos, foi apenas o início de uma festa que deve continuar pelas próximas semanas. O Liverpool é novamente, agora empatado com o Manchester United, o maior campeão do Campeonato Inglês. 

A taça será levantada pelos Reds apenas na última rodada, diante do Crystal Palace, em Anfield. A equipe ainda enfrentará Chelsea, Arsenal, Brighton e, claro, o Palace na sequência deste final de temporada e só o tempo dirá com que tipo de foco. O Tottenham vira suas atenções para a Liga Europa, grande objetivo da temporada, onde ainda pode ser campeão. Slot é o primeiro treinador holandês campeão da Premier League.

Jurgen Klopp foi muito além do que as palavras podem descrever no Liverpool

Por Lucas Paes
Foto: Divulgação/Liverpool FC

Klopp claramente sentia a despedida em Anfield

 O domingo do dia 19 de maio de 2024 fica marcado como uma das datas mais tristes da história do futebol inglês e do futebol mundial. Nesta tarde inglesa e brasileira, a Premier League se despediu de Jurgen Klopp, que treinou o Liverpool em sua última partida nesta vitória/empate/derrota para o Wolverhampton por X a X. Diante de um Anfield Road lotado, o jogo ficou em segundo plano para as lindas e justas homenagens de despedida a um sujeito que é quase um Bill Shankly da era moderna. Um ser humano que virou a personalidade estampada do Liverpool.

Jurgen chegou a Anfield num cenário devastado, numa situação parecida, guardada as várias devidas proporções, ao que Shankly enfrentara no início dos anos 1960, quando pegou um clube na segunda divisão com problemas estruturais graves. Se não estava na segunda divisão, os Reds que receberam Klopp em 2015 eram um clube com falhas estruturais agudas comparados aos rivais, com um elenco que não estava sequer próximo da envergadura da instituição. Era um trabalho de reconstrução, de, como tão sabiamente descreveu o alemão, transformar os desacreditados em otimistas. 

Ao seu estilo, Klopp foi conquistando uma das torcidas mais fiéis, fanáticas e também mais machucadas do futebol. A sua primeira temporada já mostrou o lado que seus times sempre tinham de colocar o coração no jogo, o que ocorreu principalmente e notavelmente nas vitórias de 5 a 4 sobre o Norwich, num jogo normal de Premier League que foi um cartão de visitas do que estava por vir e na classificação diante do Borussia Dortmund na Europa League com uma vitória por 4 a 3 que foi uma prévia de noites épicas continentais.

O título não veio, a campanha terminou em dor na final, mas os alicerces estavam sendo firmados. Aos poucos, Klopp deu ao time a cara que tornaria a melhor equipe do mundo dali a alguns anos. Chegou Mané, Firmino se acertou, chegou, já com uma classificação de Liga dos Campeões obtidas, Mohamed Salah, que seria o grande nome ofensivo da era Klopp e se tornaria um dos maiores da história do clube. Em meio ao épico da Liga dos Campeões da temporada 2017/2018, Coutinho foi embota, mas abriu espaço para Van Dijk. A dura derrota na final para o Real Madrid abriu a porta para Alisson e assim se formou a espinha dorsal de um dos maiores times da história do futebol.

A partir da temporada 2018/2019, vencer o Liverpool virou uma tarefa para pouquíssimos privilegiados. Na Premier League, incríveis 97 pontos não foram suficientes para o título, mas o território continental, estrada tão conhecida pelo clube, virou um caminho quase tranquilo. Uma vitória diante do Bayern dentro da Alemanha começou um mata-mata que passou por uma classificação tranquila diante do Porto e um épico diante do Barcelona, uma das maiores viradas da história, que tornou o título quase protocolar diante do Tottenham. A primeira taça foi só a Liga dos Campeões.

No ano seguinte, a Premier League veio com os Reds liderando de ponta a ponta, numa campanha que parecia uma espécie de resposta na força do ódio ao City. A Liga passou perto de novo em 2022, numa temporada que quase virou um épico de uma quadrupla, mas que terminou com duas enormes tristezas ao final da Premier League e da Liga dos Campeões. As dores também foram parte da era Klopp e elas engrandeceram esses nove anos tanto quanto as vitórias. A própria temporada de despedida foi cheia de tristezas.

Porque boa parte do que Klopp foi, é e sempre será também tem a ver com as dores que vieram nesses anos. As derrotas em finais, as duas temporadas abaixo em 2020/2021 e 2022/2023, as feridas dolorosas que tornaram tão especiais os momentos de alegria e que mostraram que Klopp era também um ser humano. Derrotas que são também normais no cotidiano de um time gigante, que são o tipo de decepção que uma instituição da envergadura do Liverpool tem que possuir, a dor de um vice-campeonato e não a decepcionante e latejante rotina do ostracismo.

O citado "ser humano" Klopp é na verdade o grande motivo deste sujeito ser tão amado por tanta gente, até não torcedora do Liverpool. Jurgen tem um carisma quase incompreensível num futebol tão pasteurizado, um genuíno ar de alguém que você adoraria sentar para um churrasco. Um sujeito que mostra em todas as atitudes o seu enorme coração, seja no claro modo como conquista seus atletas, na forma como deixa suas posições humanitárias claras. Jurgen Klopp é descrito por muitos como um ser humano melhor que um treinador de futebol e ele é um dos melhores treinadores do planeta.

Anfield se despediu de Klopp com muitas homenagens e lágrimas e tamanhas honrarias só são conquistadas pelos gigantes. O alemão foi uma espécie de Bill Shankly dos nossos tempos, um respiro de sentimento num futebol tão frio e matemático e foi um privilégio assistir seu time jogar, foi um privilégio torcer para que seus times vencessem. Foi uma incrível jornada que valeu cada segundo vivido. Ao fim disso tudo, só posso, assim como tantos, usar uma frase simples em seu idioma natal para resumir algo que as palavras não são suficientes para descrever: Danke, Jurgen! 


A história da famosa e polêmica comemoração de Robbie Fowler no Liverpool

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo

Fowler "cheirando a linha" de fundo de Anfield Road

Completando seus 49 anos neste dia 9 de abril, o ex-atacante Robbie Fowler, que ganhou o singelo apelido de Deus da torcida do Liverpool, é um dos melhores e mais célebres atacantes formados pela categoria de base dos Reds. Nascido na cidade de origem dos Beatles, o atacante é até hoje um dos grandes artilheiros da história vermelha, mas ficou muito conhecido no mundo todo por uma comemoração de gol que ganhou fama e até hoje é a primeira foto que aparece em pesquisas sobre o atacante, quando ele fingiu "cheirar" a linha de Anfield Road.

Fowler subiu das categorias de base de Kirkby na temporada 1993/1994 e já marcou gol logo em sua estreia, em uma partida diante do Fulham na Copa da Liga. Um verdadeiro fenômeno da função de camisa 9, Fowler já marcou 18 gols logo em sua temporada de estreia pelos Reds e no biênio seguinte já era o principal jogador da equipe que vivia o início de um dos períodos mais complicados de sua gigantesca história. O curioso era que Fowler era torcedor do Everton na infância.

A história da comemoração polêmica de Fowler cheirando a linha data de 1999, mais especificamente no dia 3 de abril daquele ano, no duelo diante do Everton, mas tem origens muito anteriores. A geração do Liverpool que formou no meio dos anos 1990 uma das melhores linhas ofensivas do futebol inglês, com Redknapp, Fowler, McManaman e mais tarde Michael Owen ficou conhecida como "Spice Boys" devido ao envolvimento de Fowler com a Spice Girl Emma Burton, só que o termo foi usado pejorativamente para se referir ao tridente pela sua suposta afeição a bagunça no extracampo. 

E o fato é que de certa forma, os jogadores Reds também não fugiam da fama que adquiriram. Em 1996, na final da FA Cup diante do Manchester United, os Spice Boys chegaram a campo vestindo ternos estilizados da Empório Armani (e acabaram perdendo o jogo). O comportamento desses jogadores se explicava muito pela ascensão salarial que a fundação da Premier League e de maiores patrocínios ao campeonato inglês rendeu. Jovens e no auge da forma física, os craques vermelhos aproveitavam também a vida fora de campo.

Haviam diversos tipos de notícias sobre o comportamento dos jogadores, principalmente do trio Fowler, McMaman e Redknapp. Dizia-se que o lema do vestiário era: "ganhando, empatando ou perdendo, ao bar para beber (depois do jogo). Além de métodos de apostas para ver quem pagava a primeira rodada, viagens para casas noturnas após jogos e, é claro, envolvimento com modelos, cantoras e mulheres de um alto escalão, que, segundo contava-se na época, antes não eram acessíveis ao futebolistas.


Nesse contexto de vida noturna e festas, a torcida do Everton provocava Fowler dizendo que o jogador do Liverpool era usuário de cocaína e foi nesse contexto que Fowler fez sua comemoração famosa, num clássico diante dos Toffees em 1999, no Anfield Road. O Liverpool venceria o jogo por 3 a 2 e Fowler comemorou seu primeiro gol, de pênalti, cheirando a linha de fundo na frente do setor visitante onde estavam os torcedores do Everton. 

Na época, ele ficou suspenso por quatro jogos devido a esse gesto, mas anos depois disse não se arrepender da celebração, pois silenciou as provocações dos torcedores rivais. Fowler permaneceria no Liverpool até 1999, quando foi negociado com o Leeds após a chegada de Houlier. Retornaria a Anfield em 2006, já em fim de carreira, sendo um reserva de luxo de um time que tinha uma boa linha ofensiva. É até hoje um dos maiores ídolos da torcida Red, não a toa sendo apelidado de Deus.

Último confronto entre Klopp e Guardiola na Premier League entregou tudo o que se esperava

Por Lucas Paes
Foto: Getty Images

Lance perigoso na partida

O domingo do dia 10 de março de 2024 marcou o fim de um dos maiores confrontos entre treinadores dentro da Premier League e talvez tenha marcado o último jogo entre os dois na história do esporte. Num Anfield abarrotado, Klopp e Guardiola entregaram tudo o que poderíamos esperar no duelo entre Liverpool e Manchester City pela Premier League. Um deleite de futebol intenso, técnico e de polêmicas típicas de um clássico entre dois postulantes ao título, com Klopp mostrando toda sua maestria ao fazer um time desfalcado simplesmente engolir o City na maior parte do jogo. 

O jogo valia muito para ambos os envolvidos e, para quem no fim das contas sorriu a toa com o resultado, o Arsenal. City e Liverpool duelavam diretamente pela liderança da Premier League, num confronto que poderia praticamente matar quem perdesse e que poderia deixar tudo maravilhoso para o time de Arteta em caso de empate. A história, porém, foi muito mais do que só esse aspecto.

Diante da fortaleza vermelha abarrotada, palco perfeito para os comandados de Klopp, quem não se intimidou e começou melhor foi o Manchester City, que pressionou no início, obrigou Kelleher a trabalhar e esfriou um pouco a insana torcida vermelha. Curiosamente, o Liverpool até chega a marcar um gol bem anulado num dos momentos que escapou, mas sofreu muito nos primeiros 15 minutos. A partir dali, porém, passou a dominar as ações, encurralar o time azul e, curiosamente, quando fazia isso, levou um gol de Stones numa jogada de escanteio com bobeira de marcação vermelha.

Só que a partir daí o jogo virou um atropelo vermelho. O time de Klopp passou a não deixar mais o City de Guardiola jogar como gostaria e o duelo ficou claramente incômodo para o time, que agradeceu aos céus por sair do primeiro tempo em vantagem, já que Szoboslai e Darwin perderam boas chances de empatar o duelo. O City assustou em algumas escapadas, mas na verdade estava pouco a vontade em campo. 

O panorama não mudou no segundo tempo, na verdade só piorou e muito rápido para o time do Guardiola. Sufocado desde o primeiro minuto, o City cedeu o empate aos oito minutos, numa bola mal recuada por Aké que terminou em pênalti de Ederson em Darwin Nuñez, que ainda resultou numa lesão aparentemente grave do goleiro Ederson, que saiu poucos minutos depois. MacAllister converteu o pênalti com categoria e a partir daí o Anfield desabou em cima do Manchester City, que parecia ter em campo a envergadura do time da terceira divisão de 1998 e não do multicampeão atual. 

Eram erros sucessivos, uma pressão assustadora dos Reds, que já engoliam o time de Guardiola quando Salah entrou. De Bruyne fazia uma partida muito aquém de seu talento e Haaland sequer aparecia em campo. No primeiro lance na partida, o Rei Egípcio deixou Luís Diaz sozinho e o colombiano perdeu uma chance que jamais pode ser perdida num jogo dessa magnitude. Ortega também salvou os azuis várias vezes. O Liverpool perdeu várias chances que não podem ser perdidas num jogo dessa magnitude. A verdade é que um atacante como Diogo Jota fez muita falta.

Curiosamente, num duelo de dois técnicos geniais, ambos provavelmente cometeram erros graves. Klopp tirou Darwin de um jogo onde o uruguaio não deixava a defesa citizen em paz, enquanto Guardiola simplesmente sacou De Bruyne do jogo e até passou a melhorar no meio campo, mas perdeu em criatividade. O City suportou a pressão e com o Liverpool cansado assustou, mandando duas bolas na trave, mas o lance chave do jogo ainda estava por vir. 


No último respiro da partida, a polêmica que não pode faltar num clássico desse tamanho veio. O relógio marcava quase 53 minutos do segundo tempo quando numa bola quicada na área, Doku jogou o pé numa dividida e acertou a bola, mas acertou principalmente o peito de MacAllister, num lance que, na opinião deste que vos escreve, poderia vir num livro de regras como uma definição do que é pênalti. Nem Michael Oliver marcou e nem o VAR chamou e o placar terminou empatado, para o lamento do time da casa.

O último duelo de Premier League entre Klopp e Guardiola terminou com o alemão mostrando principalmente porque esse duelo foi tão incrível. O carismático germânico fez com que um time absurdamente desfalcado fosse muito melhor que o Manchester City durante a maior parte do jogo, teve mais posse de bola, mais finalizações e deveria ter vencido o rival. O empate, porém, encerra essa história com uma igualdade digna de um confronto que valeu muito a pena para quem soube aproveitar. Quem agrade é o futebol. 

A passagem de Jari Litmanen pelo Liverpool

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo

Litmanen nos Reds

O Liverpool recentemente fez pela primeira vez em sua história um jogo onde colocou em campo 11 jogadores de 11 nacionalidades diferentes. Apesar do fato, que já ocorreu com outros times, ser inédito para o gigante vermelho, o titã inglês já teve vários jogadores de fora do Reino Unido em suas linhas, desde Grobelaar até os vários nomes atuais. Um desses foi o meia Jari Litmanen, que completa seus 53 anos neste dia 20 e foi contratado como estrela em 2001.

Ele chegou aos Reds na janela de inverno de 2001, em meio a uma temporada onde o Liverpool brigava em todas as frentes por uma quadruple (que ainda não ocorreu para o clube). A equipe estava na parte de cima da tabela da Premier League e nas fases decisivas da FA Cup, Copa da Liga e da Copa da UEFA (atual Liga Europa). Chegou ao clube vindo do Barcelona como uma grande contratação para um setor de meio e ataque que já tinha nomes como um jovem Gerrard, o ótimo Gary MacAllister, Emily Heskey e o na época craque Owen.

Estreou diante do Crystal Palace, em jogo da Copa da Liga em que ele entrou no segundo tempo e foi titular pela primeira vez numa vitória por 3 a 0 diante do Aston Villa no Villa Park, onde saiu no meio do segundo tempo. Seu primeiro gol veio em um jogo diante do Sunderland, que os Reds empataram fora de casa por 1 a 1. Acabou atuando em apenas 11 jogos naquela sua primeira temporada, marcando dois gols, perdendo boa parte do final dela devido a uma lesão. 

Sofreu muito mais na temporada 2001/2002, já que tinha enormes dificuldades para conseguir treinar e jogar devido a problemas no tornozelo. Marcou seu primeiro gol naquela temporada diante do Tottenham, em uma vitória dos Reds por 1 a 0. Fez várias participações naquela temporada, mas sofreu muito com problemas físicos, conseguindo jogar pouquíssimas vezes jogos inteiros. O próprio jogador não conseguia entender e se frustrava com seus poucos minutos em campo.


Sua última partida foi diante do Tottenham, fora de casa, pela penúltima rodada da Premier League, que terminou com o vice-campeonato dos Reds. Acabou retornando ao Ajax no início da temporada seguinte, sem conseguir se firmar de vez em Anfield. No total, segundo dados do excelente portal LFCHistory, foram 43 jogos com a camisa vermelha, com nove gols marcados e seis assistências.  

Quem perde é o futebol - Klopp deixará o Liverpool em junho de 2024

Por Lucas Paes
Foto: Paul Ellis/AFP 

Klopp deixará o Liverpool em Junho

A profissão de treinador é certamente a mais ingrata do futebol. Em qualquer crise, o primeiro local onde a bomba explode é geralmente em quem treina o time, sendo que algumas vezes a culpa mal é de quem está comandando. Porém, o futebol também já criou relações entre treinadores e clubes que são tão fortes que é até difícil separar um do outro, casos como Telê Santana e São Paulo, Alex Fergunson e Manchester United, entre outras. O futebol tomou um de seus maiores golpes na manhã desta sexta, dia 26 de janeiro de 2024: Klopp e Liverpool anunciaram que em junho terminará uma das mais bonitas relações entre um treinador e um clube, já que o alemão deixará Anfield ao fim da temporada.

Klopp chegou a Anfield em 2015 e revolucionou completamente o maior clube da Inglaterra, a exemplo do que fizera Bill Shankly nos anos 1960. O alemão pegou um clube devastado por anos de campanhas abaixo do que sua história pedia e transformou essa equipe numa das mais fortes do mundo. Mais do que isso, reestruturou também o clube ao ponto de colocar a máquina vermelha de volta ao funcionamento. O anúncio do fim da relação cai na torcida como um luto, no nível do que foi a saída do próprio Shankly.

Klopp fez história treinando o Liverpool, mesmo que a quantidade relativamente "baixa" de títulos talvez faça alguns estranharem essa frase. O Alemão cumpriu o própósito que colocou no início de sua passagem, transformou os desacreditados em torcedores crentes que as coisas poderiam dar certo, transformou o clube. Mais do que isso, foi capaz de entender como poucos o "ethos" do que é o Liverpool, seja o clube ou a cidade, conseguiu como poucos criar uma ligação quase familiar com uma torcida, ao ponto de fazerem muitos sentirem que o fim iminente de sua passagem no clube cai como a perda de um ente querido. Ele ressignificou e ao mesmo tempo se encaixou como poucos no que todo e qualquer torcedor dos Reds pensa o que é de fato "ser Liverpool".

A música que a torcida criou para o alemão, hit das arquibancadas inglesas montado em cima da clássica Ticket to Ride, dos Beatles, mostra bem o que é essa relação: "Eu estou tão feliz que Klopp é um Red, eu estou tão feliz que ele entregou o que prometia". Ao mesmo tempo, numa relação tão visceral, tão forte, é normal que haja um desgaste pessoal enorme e é completamente compreensível que um cara que dá tudo de sí no trabalho como é Jurgen esteja cansado. 


O que foi possível conhecer do ser humano Jurgen Klopp explica muito do motivo desse final de relação. O alemão é, curiosamente diferente do que muitos entendem como o jeito de alguém deste país, um sujeito de grande coração que coloca todo o seu sentimento dentro do trabalho, um homem que toma muitas decisões baseados na sua família. Recentemente, Jurgen teve o nascimento de seu primeiro neto e aos 59 anos é possível entender que ele pense que há coisas que valem mais a pena do que a carreira no futebol. Nos resta respeitar uma decisão que parece motivada por algo muito maior que o esporte.

A este sujeito que vos escreve, que jamais escondeu que o Liverpool é um dos dois clubes que gosta na Europa, a notícia caiu como uma bomba. O único pedido que faço é que, caso exista alguma justiça nesse mundo tão cruel, então que o título da Premier League fique em Anfield Road, fechando com enorme justiça a passagem mais marcante que vivi de um treinador dentro de um clube. Você foi fantástico Jurgen, responsável direto por muitos dos jogos mais especiais que vi como um fã de futebol. 

O futebol, aliás, é quem mais perderá com o fim da era Klopp. O esporte bretão verá o fim de uma das maiores relações entre um treinador e um time que este maravilhoso jogo já gestou e restará a todos nós agradecer por sermos testemunhas do sujeito que desafiou a lógica, do único capaz de parar Pep Guardiola e do homem que se descreveu como "normal One". Danke, Jurgen.

Liverpool escolhe correr riscos desnecessários no começo da temporada

Por Lucas Paes
Foto: Divulgação/Liverpool 

McAllister foi um dos reforços do Liverpool

O Liverpool era, até dois anos atrás pelo menos, uma das grandes forças do futebol europeu na briga pelos principais troféus e era considerado um dos melhores times do planeta. Os Reds já fizeram diversas campanhas históricas e conquistaram títulos sob a batuta de Klopp. A temporada 2023/2024, porém, era esperada para marcar o início de uma reconstrução do gigante vermelho, porém começa a preocupar a torcida devido a inação da equipe na janela de transferências para perder as várias perdas que o clube teve.

O time do Merseyside teve nas férias diversas perdas, algumas esperadas e outras nem tanto. Firmino, Milner, Ox e Keita já tinham construído sua história e saíram de maneira até esperada. O brasileiro até teve muitos pedidos pela permanência, mas decidiu encerrar sua história com as dignas honrarias de um gigante. Porém, a janela árabe dinamitou um já empobrecido setor de meio de campo com duas perdas completamente inesperadas: Henderson, que já seria reserva e o titular absoluto Fabinho. Chegaram apenas dois nomes e a renovação é baixa e preocupa.

Para começar a conversa, o Liverpool conta hoje em seu elenco com apenas 23 jogadores incluindo os quatro goleiros, um deles o jovem Pitaluga, de apenas 20 anos. O elenco é curto e a bem da verdade insuficiente para as necessidades do time. Preocupa pois não parece ser com esse número de jogadores que os Reds conseguirão desenvolver uma boa temporada. 

Existe um setor do time que está bem abastecido e a bem da realidade não precisa de reforços: o ataque. Na parte ofensiva, os Reds possuem nomes suficientes para fazerem a combinação que Klopp bem entender: Salah, um dos maiores da história do clube, Luís Diaz e Darwin Nuñes, com a ginga sudaca, o bom português Diego Jota, o polivalente Gakpo e ainda contará com o promissor Ben Doak, fora Szoboslai, outro reforço, que também pode jogar nas pontas. 

A defesa até tem nomes, mas preocupa por três serem bem propensos a lesões: o colosso Van Dijk, o jovem Konaté, Matip, que é ótimo, mas preocupa pelos problemas físicos e Joe Gomez, sujeito a chuvas e trovoadas, como comentava Mauro Cezar. O ideal seria trazer para o setor mais um jogador que fosse um titular constante de poucas lesões, ou mesmo um zagueiro (ou volante, como Fabinho) que pudesse atuar em mais de uma posição. As laterais possuem os já consagrados Arnold e Roberton e o bom reserva Tsimikas para a esquerda. Resta ver se Ramsay ou Bradley conseguirão ser bons reservas na direita.


O setor que mais preocupa, de maneira disparada inclusive, nos Reds, é o meio de campo. Outrora o setor mais cheio de opções do time, principalmente na temporada 2021/2022, o meio-campo agora tem desfalques assustadores, contando com o excelente, porém de físico preocupante, Thiago Âlcantara, os reforços McAllister e Szoboslai e vários jovens que terão de assumir uma responsabilidade grande, que são Tyler Morton, Stefan Bajcetic e os já mais experimentados Curtis Jones e Harvey Elliot. 

Se o time de Klopp pretende fazer uma temporada digna terá que contar com a boa vontade da FSG em abrir os cofres e trazer mais reforços. Para o meio, Lavia e André estavam na mira e o ideal seria que os dois chegassem, mas seria ideal mais um jogador experimentado, como o caro Caicedo, do Brighton. Na defesa, não deu para concorrer com o Manchester City por Gvardiol, que inclusive é declarado torcedor dos Reds, mas ainda há nomes bons no mercado. 

As movimentações do Liverpool neste final de janela, que será também o início da caminhada na Premier League serão determinantes para que se possa ver até onde o time poderá chegar na nova temporada. No momento, preocupa a falta de profundidade de um elenco que já foi um dia talvez o melhor do continente europeu (e do mundo). 

Fora da UCL, Klopp acelera renovação do Liverpool para que ano ruim não se repita

Por Lucas Paes
Foto: Divulgação/Liverpool FC

Klopp trabalha na renovação do elenco

Ficar fora da Liga dos Campeões dessa temporada parece ter sido um catalisador absurdo para a Fenway Sports Group, Jurgen Klopp e o Liverpool como um todo. Depois de contratar o argentino MCAllister, destaque do Brighton na última Premier League, os Reds agora trouxeram Szoboslai, do Leipzig e ainda miram Thuram e Lavia para a meia cancha, além de algum zagueiro. O time de Merseyside se mexe para voltar aos trilhos gloriosos.

A temporada 2022/2023 expôs várias falhas que foram ocultadas pelos resultados incríveis que o time de Klopp conquistou. O meio estava envelhecido, apesar de vasto e os jogadores já não eram mais tão intensos quanto antes. A temporada trágica terminou com os Reds ficando em quinto na Premier League, sequer passando perto de conquistas na FA Cup ou na Copa da Liga e ainda caindo nas oitavas da Liga dos Campeões. Agora, o projeto é renovar para voltar a vencer.

O mercado começou com uma enorme frustração para os torcedores do maior da Inglaterra. Jude Bellingham, que era o grande alvo, foi ao Real Madrid depois do próprio Liverpool desistir do negócio. A decisão, porém, foi um passo atrás necessário, já que apenas Jude não resolveria o problema. Com menos do que pagaria no inglês, o clube já trouxe McAllister e Szobo e segue correndo atrás de reforços para renovar completamente o meio de campo, após o ataque já ter passado por isso.

A negligência com um setor chave do jogo custou caro, mas fez a direção e os donos do Liverpool aprenderem. O meio na temporada que vem contará ainda com nomes consagrados como Fabinho, Henderson e até Thiago, mas terá também caras novas que prometem novo fôlego ao time. Além disso, na defesa também será preciso de novidades, já que Matip deve sair e Van Dijk e Konaté são então os únicos grandes zagueiros do elenco. 


Aos poucos, o Liverpool volta aos trilhos num cenário de um campeonato inglês que terá agora Manchester United e Arsenal muito mais fortes novamente e um Chelsea claramente em queda, com dinheiro e sem saber o que fazer com isso. É um meio final de janela animador que pode ficar perfeito se todos os alvos forem obtidos. Que venha mais uma grande temporada de Jurgen e cia. 

A torcida do Liverpool só tem a agradecer a Firmino, um dos maiores da história dos Reds

Por Lucas Paes
Foto: Getty Images

Firmino fez gol em sua despedida de Anfield Road

Todo ciclo se encerra e na vida até que é bom um dia tem um fim. As duras verdades do tempo são dolorosas e na manhã deste sábado, pelo menos no horário brasileiro, um dos maiores nomes da história do Liverpool e principalmente da era atual do clube se despediu da sagrada casa vermelha. Apesar do gol de Firmino, a despedida foi melancólica, já que o empate com o Aston Villa, com uma grandiosa contribuição de uma arbitragem que no mínimo foi ruim, praticamente tirou os Reds da Liga dos Campeões do ano que vem. Nada que apague o tamanho de Bobby Firmino.

Firmino foi a engrenagem mais importante do time de Jurgen Klopp, ainda que não tenha chego na época do alemão, já que o brasuca chega ainda com Brendan Rodgers no comando. Foi sob a batuta do alemão, porém, que "Bobby" virou o jogador chave de um dos times mais celebrados da história do Liverpool em todos os seus mais de 130 anos. Firmino foi o coração e a engrenagem de um time que encantou o mundo e ganhou absolutamente tudo que disputou. 

A despedida já havia sido anunciada há algum tempo. Firmino ainda era interessante quando entrava (e diante do Aston Villa não foi diferente), mas sente que o ciclo se fechou e prefere não continuar e manchar seu legado (o que não ocorreria, pois ele era o jogador mais adorado pela torcida junto a Salah). A tristeza entre os torcedores do Liverpool no mundo todo foi imensa com o anúncio de que ele não ficaria e as cenas testemunhadas em Anfield neste sábado foram digníssimas da despedida de um ídolo. 

Firmino não deixa de ser um produto do legado que Lucas Leiva criou, abrindo as portas do Brasil para os Reds, mas será também um marco de uma aceitação cultural cada vez maior dentro dos arredores de Anfield. Com ele, as portas para a América do Sul se abrem cada vez mais e certamente graças a ele o time de olheiros do Liverpool observará a América em busca de talentos como Bobby. Este é apenas um dos aspectos onde ele mudou o clube, mas o mais importante é sua idolatria, de um tamanho digno a quem defendeu como poucos essa camisa (e de quem preferiu não cuspir em sua história no clube). 

Bobby não é celebrado em Anfield a toa. Desde os idos de 2018 é uma das camisas mais vendidas dos Reds, seja na terra dos Beatles ou no resto do mundo, sua música, criada as vésperas da final da Liga dos Campeões de 2019, era e provavelmente seguirá sendo uma das mais cantadas pela torcida, como são as de Rush, Gerrard e Dalglish. O "Si Señor" era entoado pela KOP até em jogos onde o brasileiro sequer estava relacionado, numa relação de carinho que pouquíssimos puderam experimentar com a camisa vermelha e que pouquíssimos também fizeram tanto por merecer.


Firmino está no panteão. Hoje senta na mesa de nomes como Souness, Allan Kennedy, Steven Gerrard, Ian Rush e outros gigantes como uma das maiores referências da história do Liverpool. Seu mural eternizado nas ruas de Anfield Road ficará marcado como tantos outros pelos arredores do templo sagrado vermelho. Em resumo, Firmino chegou como uma promessa brasileira e saiu de Anfield como um dos maiores, celebrados por um dos maiores clubes do universo.

Este que vos escreve, também um que foi tomado pelo sentimento de amor que o Liverpool inspira, tem apenas uma palavra por tudo que este compatriota que vestia a camisa 9 fez viver nestes oito anos com a camisa do Liverpool: Obrigado! ou melhor, OBobbygado. 

Liverpool fez história 'atropelando' o Manchester United pela Premier League

Por Lucas Paes
Foto: Divulgação/Liverpool FC

Um atropelo em Anfield Road

Mesmo vivendo sua melhor fase nos últimos anos, recentemente tendo saído de um jejum de títulos incômodo, o Anfield Road segue sendo um pesadelo para o Manchester United na era Jurgen Klopp. O time de Ten Hag chegou ao North West Derby, maior clássico do futebol inglês como "favorito", vivendo melhor momento, em melhor classificação contra um Liverpool que segue tentando se encontrar (e talvez tenha se encontrado finalmente.) e saiu dele com a maior goleada da história do clássico nas costas e tendo acordado de vez o rival. O dia 5 de março entrou para a história do futebol e com isso o Liverpool está mais vivo do que nunca por conta de um 7 a 0.

Os Reds chegaram a este clássico ainda sob a sombra da goleada sofrida diante do Real Madrid na Champions League dentro de seus domínios, contra um Manchester United chegando duma recente classificação diante do Barça na Europa League. Vinha numa sequência de vitórias e de bons jogos longa, com Rashford sendo talvez o melhor jogador do mundo nos três primeiros meses de 2023. Tudo indicava que o time de Ten Hag quebraria o jejum de vitórias em Anfield, mas todo esse retrospecto foi para o espaço em 90 minutos.

O resultado em si curiosamente não foi um reflexo necessariamente do que foi o jogo. No primeiro tempo, o Liverpool até teve controle territorial, mas pouco conseguiu fazer de eficaz em relação a finalização, com as chances mais perigosas sendo duas dos Red Devils, um chute de Antony e uma cabeçada perigosíssima de Bruno Fernandes, além do gol bem anulado de Casemiro. No finalzinho do primeiro tempo, quando o placar zerado parecia claro, Robertson fez linda jogada e lançou Gakpo, que abriu a noite histórica com uma linda chapada para o gol.

Os torcedores do Manchester United passarão o resto de sua semana pensando no que aconteceu no intervalo. O time de Ten Hag voltou completamente fora de rotação. Praticamente no primeiro lance do segundo tempo, a pressão vermelha engoliu a defesa do United, com a bola batendo e rebatendo, sobrando na ponta para Elliott, que passou para Salah cruzar na cabeça de Darwin Nuñez. Pouco depois, Salah fez Lisandro Martínez parecer um armador, deixou o zagueiro sentado e cruzou para Gakpo marcar e a partir daí o jogo acabou. Os Red Devils perderam o controle mental da partida e o que veio a partir daí foi consequência natural disso.

Salah transformou o resultado em goleada em mais uma bola onde os Reds ganharam na pressão, com o Egípcio fuzilando um torpedo no travessão e na rede. Depois, no quinto gol, Nuñez teve tempo de tomar um café, escrever uma tese de mestrado, se movimentar dentro da área e fazer o gol sem ser incomodado por ninguém do time visitante. O sexto veio num lance bizarro, onde a zaga do time de Manchester foi afastar e bola rebateu em Firmino e sobrou para Salah se tornar o maior artilheiro do Liverpool na Premier League com 130 gols. Ainda deu tempo de Firmino fazer o sétimo e fechar o placar histórico.


O 7 a 0 entrou para a história do futebol inglês como a maior goleada de todos os tempos do maior clássico da Inglaterra. Curiosamente, efetivamente não muda muita coisa para ambos os lados, a não ser pelo combustível que dá aos Reds na briga pela vaga no G4, que agora dista apenas três pontos do Liverpool, que, detalhe, tem um jogo a menos que o Tottenham, quarto colocado. Tudo fica aberto novamente.

No fim das contas, a impressão que fica é que nem com um equilíbrio maior entre os times o Manchester United consegue bater de frente com seu arquirrival em condições normais. Na era Alex Fergunson, mesmo no auge do desequilíbrio entre os rivais, o time do Merseyside jamais foi goleado impiedosamente pelo time do escocês. O time de Klopp, em alguns anos, já aplicou três estraçalhadas históricas no rival, uma delas dentro de Old Trafford (e que não foi um placar maior porque o time de Klopp não quis.). Enfim, a história está escrita. 

Liverpool "ressuscita" e volta aos trilhos para tentar salvar a temporada

Por Lucas Paes
Foto: Icon Sport

Darwin marcou de novo

A temporada 2022/2023 do Liverpool é uma das mais bizarras, ou pelo menos era, do clube desde que Klopp assumiu. Num conjunto de infelicidades que parecia ser uma bola de neve, os Reds não conseguiam achar seu futebol na temporada, estavam longe de sequer brigar pela vaga na Liga dos Campeões e na verdade era justo até se preocupar com a parte debaixo da tabela. Em dois jogos, tudo mudou, o time voltou a jogar bem e agora, após vencer Everton e Newcastle, os sonhos voltaram a Anfield para salvar a temporada.

Klopp declarou em uma entrevista antes do jogo contra o Everton que após um período de descanso, quando a equipe voltou a treinar "tudo o que a caracterizava e que estava faltando estava lá". O carismático chefe do time vermelho deu a entender que todas as características que formavam a espinha dorsal do histórico escrete recente voltaram a aparecer. Diante do Everton, adversário pouco qualificado, já houve uma grande atuação, que na medida do possível foi repetida contra o Newcastle.

Não se trata de uma partida perfeita. Diante de um adversário fortíssimo, quarto colocado e que briga próximo aos postulantes ao título, o Liverpool precisou jogar muita bola e sofreu bastante. Viu Alisson se tornar o melhor do jogo, mas pressionou o suficiente para também marcar mais gols. Ficou muito clara a impressão de que Darwin Nuñez, Salah, Gakpo e seus colegas podem voltar a ser o azeitado time que emplacar números surreais de vitórias em sequência. Os garotos de Klopp já mostraram que podem passar um turno inteiro vencendo jogos em sequência com tranquilidade.

O retorno a boa forma vem no oportuno momento de um dos jogos mais importantes da temporada. Ás vésperas de um confronto diante do Real Madrid, que mesmo que não jogue a bola que já jogou continua sendo o clube que tirou o sétimo título europeu dos Reds há alguns meses, é possível observar claramente que há novamente um brilho nos olhos dos jogadores e o ímpeto implacável do time que mordia como um tubarão feroz até desmantelar seu adversário. Tudo isso será necessário para se classificar diante dos madridistas.



É inegável, porém, que demorou muito tempo para que essa retomada ocorresse. Com mais de um turno já tendo acontecido, os Reds estão distantes da briga pela taça na Premier League e neste momento terão de se contentar com a vaga na próxima Liga dos Campeões. A orelhuda, esta sim, tão querida pelos torcedores, será no fim das contas o grande sonho da temporada do maior clube inglês, que poderá transformar uma temporada terrível numa redenção caso leve a sétima taça europeia.

O tardio é melhor que o nunca, portanto agora restará ao torcedor vermelho da cidade dos Beatles fazer de Anfield um inferno nas próximas partidas para que aos poucos o implacável predador que foi o Liverpool de Klopp retorne a sua forma e possa brigar novamente pelos maiores objetivos do futebol inglês e europeu. Era essencial voltar aos trilhos para que a temporada não virasse um pesadelo e isso, pelo menos, os Reds já conseguiram. 

Um Merseyside Derby dos desesperados ocorrerá nesta segunda-feira pela Premier League

Por Lucas Paes
Foto: Getty Images

Desespero e tensão devem imperar em Anfield

Nos últimos anos, os clássicos entre Liverpool e Everton, conhecidos como Merseyside Derby, colocam frente a frente times que costumam estar em situações opostas na classificação. Enquanto os Toffees brincam com fogo nos últimos anos, conseguindo posições cada vez mais baixas na classificação, os Reds vinham de anos em sequência brigando por títulos. Mais tarde, porém, nesta segunda, dia 13, os dois times da cidade dos Beatles duelarão num clássico dos desesperados em Anfield Road.

Pelo lado do Everton, o desespero não é uma surpresa. O time azul segue uma caminhada perigosa, estreitamente próxima do abismo já há algum tempo. Temporada após temporada o time de Goodison Park despenca posições, briga mais embaixo e a luta contra o rebaixamento no biênio 2021/2022 parece não ter ensinado nada ao outrora gigante time. Sem surpresas, este ano a briga contra o descenso é ainda mais contundente e talvez não haja fuga.

Já no lado do Liverpool, o desespero é uma completa surpresa. Ninguém imaginava que depois de brigar por todos os títulos possíveis, o time Klopp voltasse tão mal. No início da temporada, os Reds garantiram a Supercopa da Inglaterra batendo o City e deram impressão de força. Só que ficou só na impressão. Como se fosse um cadáver andante aproveitando do que um dia já foi, o maior clube inglês sofre absurdos a cada jogo, não venceu ainda na Premier League em 2023 e começa a olhar com algum medo para a rabeira da tabela, por mais incrível que isso soe.

O conto dos Toffees é uma das tragédias mais anunciadas de todos os tempos. Como já citado, o time vinha caindo posições e a bem da verdade não contratou bem para a temporada 2022/2023. Perdeu seu destaque, Richarlison, para o Tottenham e não trouxe nenhum jogador de garbo parecido. A decisão de trazer Lampard ao comando também se mostrou errada e a chegada de Sean Dyche tenta dar um fôlego a um time que possuí muitas fraquezas. Só o tempo dirá se é suficiente, mas não há surpresas no drama evertoniano.

Já a tragédia do Liverpool é uma bola de neve de erros de anos que cobram um preço caro de uma vez só. A contratação de Darwin Nuñez não pode nem ser julgada do ponto de visto do campo, já que o time mal cria para que o uruguaio marque. O meio de campo cheio de jogadores que tendem a se lesionar não foi renovado e sendo o setor mais crucial do time, ele simplesmente degringolou na temporada. O resto é uma tragédia de uma bola de neve que não acaba. As laterais, outrora confiáveis, viraram avenidas inúteis, o ataque, outrora mortal, é um acúmulo de lances bizarros de todos. O gol é o único setor confiável e mesmo assim é incapaz de evitar tragédias.


O Anfield Road será palco de um clássico que poderá dar paz para um dos lados ou continuar o inferno em ambos. Seja lá qual seja o resultado final, este clássico decidirá muita coisa para a continuidade da temporada, incluindo nessa conta e sendo o principal a briga em que cada um dos rivais de Liverpool se concentrará nos últimos meses de um ano que se mostra infernal para ambos. 

Outra partida ruim mostra que o Liverpool está completamente perdido na temporada

Por Lucas Paes
Foto: Getty Images

O Liverpool apenas empatou com o time reserva do Wolves

A temporada 2021/2022 terminou com o Liverpool sendo com muita razão taxado como um dos melhores times do mundo. Apesar da frustração da perda da Premier League e da Liga dos Campeões, o time de Klopp levou um doblete de copas nacionais e jogou um futebol que encantou o planeta ao longo de todo ano. Na temporada atual, porém, o time de Anfield não se encaixou e cada vez mais está evidente que a equipe de Klopp está perdida, sem direção e correndo enorme risco de sequer ir a próxima Liga dos Campeões.

Talvez a derrocada dos Reds tenha começado antes mesmo da temporada começar. A escolha de trazer Darwin Nuñez não é de toda errada e ao contrário do que muita gente está falando, este que vos escreve não pensa que o uruguaio será um problema (pelo contrário), mas o ataque não era necessariamente o setor que mais precisava ser reforçado. Na verdade, o elenco perdeu profundidade em todos os setores, com as saídas de Origi, Minamino, Neco Williams e claro, de Sadio Mané. 

O problema não foi só esse, mas que o time também não ganhou mais profundidade e não reforçou o meio-campo, setor que conta com muitos jogadores que são "injury prone", ou seja, propensos a lesões. Além de precisar passar por uma reformulação, o time de Klopp também mostra desde o início da temporada dificuldade para conseguir ter segurança defensiva enquanto segue tentando pressionar alto como fazia antigamente. A junção disso é talvez o grande catalisador tático da tragédia que é o time vermelho na atual temporada.

Este é o contexto que tem feito do Liverpool o time frágil e perdido que se mostra. O que antes parecia um problema de encaixe tático agora virou uma bola de neve de falta de confiança, desânimo, cansaço e desfalques. O empate com o time reserva do Wolverhampton, mesmo usando um time bem completo, em Anfield Road pela FA Cup parece ser a demonstração final de que os antigos "Mentality Monsters" de Klopp terão de aprontar uma campanha de nível surreal para se recuperar e buscar apenas uma vaga na Liga dos Campeões. Talvez não haja gol de Alisson para salvar a temporada. 

Por sinal, o goleiro brasileiro, que era um dos poucos que escapava da temporada bisonha de vários jogadores vermelhos, incluindo consagrados como Van Dijk, também falhou neste último jogo, entregando a bem da verdade dois gols ao Wolverhampton. O que assusta é que não importa quem jogue, o Liverpool parece não conseguir ter segurança defensiva e letalidade ofensiva e parece que nunca os onze jogadores dentro de campo estão bem. Numa noite onde Arnold esteve inspirado, Nuñez foi bem e marcou e Salah também fez grande partida, a defesa inexistiu e Alisson falhou duas vezes. Em outras oportunidades, em tardes onde a defesa foi bem, Salah, Nuñez e todo o aparato ofensivo foram ineficientes. 


No fim das contas, o que fica claro cada vez mais é que o time de Klopp parece um navio a deriva sem direção, perdido, sendo levado pela correnteza para um local perigoso e triste. Sem um ataque eficiente, sem uma defesa, sem um mecanismo claro e, francamente, sem saber o que quer, a temporada do Liverpool tende cada vez mais ao fracasso retumbante e a reconstrução depois dele talvez seja impossível. Talvez estejamos testemunhando o fim de um dos melhores times da história do futebol europeu.

Como estava o Liverpool há 7 anos, quando Klopp assumiu o comando

Por Lucas Paes
Foto: Getty Images

Klopp em sua apresentação no Liverpool

Ainda não se sabia na época, mas o dia 8 de outubro de 2015 entraria para a história como um dos mais importantes da história do Liverpool. Naquele dia, após o fim da passagem de Brendan Rodgers pelo clube, os Reds anunciaram a chegada do alemão Jurgen Klopp, que sete anos depois é considerado um dos maiores nomes da história do clube e responsável direto pela reconstrução da grandeza do maior clube da Inglaterra. Muitos, porém, não lembram como estava o Liverpool naquele momento e como era o momento do clube.

O começo da década de 2010 foi um verdadeiro pesadelo para o Liverpool. A equipe havia passado por uma situação de quase falência na mão da dupla america Hicks & Gillet e uma batalha judicial envolvendo os americanos que queriam ficar com o clube apesar da hipótese da equipe entrar em concordata e literalmente fechar as portas. Na época, sob o comando de Roy Rodgson, os Reds flertavam inclusive com o rebaixamento. A equipe foi comprada em 15 de outubro de 2010 pelo grupo New England Sports Ventures, de John Henry.

Antes de sequer pensar em contratações, em mudanças, a NESV, que hoje é a FSG (Feenway Sports Group) precisou arrumar a casa, pagar dívidas multimilionárias do clube e restaurar uma saúde financeira. Apesar disso, apenas dois anos depois de comprar a instituição a FSG conseguiu seu primeiro sucesso, com o título da Copa da Liga. Uma conquista que, porém, se mostraria apenas uma ilha de felicidade num mar de angústia para o torcedor.

A exceção da temporada 2013/2014, quando perdeu um título inglês praticamente ganho, o Liverpool em que Klopp chegava era um time desacreditado. No dia 4 daquele mês de outubro de 2015, Brendan Rodgers havia sido demitido após um empate contra o Everton que deixava os Reds na décima posição. Klopp chegava a um time que sonhava com dias melhores e que via no alemão a esperança de transformar os dias em Melwood. Como declarou na entrevista de apresentação, o "Normal One" gostaria que os torcedores fossem de "doubters to believers", ou seja, que passassem a acreditar no clube.


A estreia de Klopp ocorreu diante do Tottenham, em White Hart Lane, com um empate sem gols. Naquele dia, os Reds entraram em campo com Mingnolet; Clyne, Skrtel, Sakho, Moreno; Lucas, Can, Milner, Coutinho, Lallana e Origi. O primeiro gol da era Klopp foi de Benteke, no jogo seguinte, um empate em casa contra o Southampton e a primeira vitória veio diante do Chelsea, em Stamford Bridge, por 3 a 1, com dois de Coutinho e um de Benteke. 

Klopp terminaria sua primeira temporada derrotado pelo City na final da Copa da Liga e pelo Sevilla na final da Europa League, numa sofrida perda por virada. Aos poucos, o alemão foi montando um time interessante e as coisas mudaram de vez a partir da temporada 2017/2018, quando o time deu show na Liga dos Campeões, mas perdeu a final para o Real Madrid. Na temporada seguinte, o título da Liga dos Campeões abriu a porteira e o resto é história, que segue sendo construída. 

Há 130 anos, o Liverpool jogava seu primeiro jogo e vencia o Rotherham Town

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo/LFCHistory

O primeiro time do Liverpool

Um dos maiores clubes da Inglaterra, o Liverpool Football Club foi fundado em 1892, se tornando o segundo time da cidade e na época com cores ainda bem diferentes do atual vermelho. O início da história dos Reds, que não eram tão Reds assim na época, porém, dentro dos campos, só ocorreu no dia 1º de setembro de 1892, em um ainda distante do que é hoje estádio de Anfield, um amistoso contra o Rotherham Town que terminou 7 a 1.

Na época, o Liverpool se preparava para a estreia na Lancashire League, que ocorreria dali a dois dias contra o Higher Walton FC. O jogo atraiu um público apenas mediano para o antigo Anfield, curiosos por ver o que o novo time da cidade, que levava o nome dela, poderia fazer na temporada que viria a começar em poucos dias.

Neste jogo, o time da casa se alinhou com Ross, Hannah, McLean, J Kelso, McQue, McBride, Wyllie, Smith, Miller, McVean, Kelvin, que era comandado por William Barclay. Segundo as reportagens da época, o jogo desde o início foi comandado pelo time do Liverpool, com McVean e Kelvin marcando os primeiros gols para abrir 2 a 0. McQue fez o terceiro de falta e ainda antes do fim do primeiro tempo Wyllie marcou duas vezes para fechar em 5 a 0.

Na etapa final, o Liverpool seguiu em cima sem dar muitas chances e espaço ao Rotterham Town. Apesar disso, o time visitante tentou pressionar buscando o gol, sem conseguir muito sucesso, com Ross atuando bem no gol. Já para a metade do segundo tempo, Miller marcou o sexto gol de um Liverpool que insistia muito em finalizações e Wyllie ainda mandou mais uma para as redes. Já no finalzinho do jogo, pouco antes do apito do juiz, Leatherbarrow fez o gol de honra dos visitantes, fechando o marcador em 7 a 1.


A vitória diante do Rotterham precedeu uma temporada onde os Reds terminariam com o título da liga de Lancashire. Na temporada seguinte, já na segunda divisão, o time do Merseyside conquistaria o título, sem conseguir, porém, se manter na primeira divisão na sua primeira tentativa. Na temporada 1896/1897, o time passaria a usar a cor vermelha que lhe caracteriza até hoje. Quatro anos depois, o primeiro título inglês. O resto, daí pra frente, é história. 

United vence, se recupera e coloca em cheque temporada do Liverpool

Por Lucas Paes
Foto: Divulgação/Manchester United



O Manchester United venceu a primeira partida na temporada e de quebra voltou a vencer clássicos contra o Liverpool. Jogando em Old Trafford, os Red Devils tiveram uma atuação incrível tanto ofensivamente quanto defensivamente, jogaram bem e venceram o rival por 2 a 1, num dia onde os papéis pareciam invertidos no Teatro dos Sonhos. A atuação do time de Klopp foi patética, fraca, muito abaixo do que o time poderia render e acende o sinal amarelo, já que a temporada está em cheque logo no início. Com este futebol, os Reds não chegarão a lugar algum.

Os dois times chegavam ao clássico cercados de uma necessidade imensa de vitória. Os Red Devils fizeram duas partidas abaixo da crítica no começo da Premier League e o Liverpool empatou dois jogos onde o time pareceu piorar a cada um deles. De quebra, o jogo ainda tinha os protestos contra os Glazers, donos do time da casa, que ameaçavam até a realização da partida. Tudo isso esquentava o caldeirão no pré-jogo, com de um lado um time que vinha de uma goleada por 4 a 0 para Brendford e outro que havia empatado em casa com o Crystal Palace.

Em campo, desde o início, o Manchester United deu um banho de bola. Abriu mão da posse de bola, mas tinha uma atitude muito mais vencedora e estava muito mais ligado em campo. Não a toa precisou de apenas 16 minutos para pular na frente, em um gol maravilhoso de Sancho, que deixou Milner, jogador que, a despeito de sua maravilhosa história em Anfield, não mostra mais condições de jogar em alto nível, a ver navios antes de tocar para as redes. O banho de bola continuou, pois o Liverpool terminou o primeiro tempo até conseguindo se recuperar em campo, mas sem oferecer perigo, exceto por um erro bizarro de Bruno Fernandes que quase termina em gol contra. Porém, vinha melhorando.

Mas, logo no começo do segundo tempo, os Red Devils deram a facada final. Aos sete minutos, Henderson, que teve outra atuação fraca, falhou feio, perdeu a bola e Rashford não perdoou. O 2 a 0 condizia com o que apresentava o time da casa, que só não fez o terceiro devido a atuação magistral de Alisson em dois lances de perigo. Do outro lado, os comandados de Klopp tocavam, tocavam, tocavam e pouco conseguiam fazer. O Livepool só entrou no jogo a partir do momento que Fabinho foi colocado na vaga de Henderson e principalmente depois de Fábio Carvalho fazer o time ter 11 em campo ao substituir Milner. A partir disso, os visitantes dominaram e marcaram com Salah, maior artilheiro do North West Derby, mas foi muito pouco.


Alguns recados estão claros após este jogo: o primeiro, é claro, é que é preciso que se respeite o Manchester United e que o trabalho de Ten Hag pode dar frutos já na primeira temporada, já que se viu outro time hoje. O segundo, do outro lado, é que o Liverpool precisa se coçar, precisa se mexer. O começo muito ruim já coloca em cheque a chance de título inglês (este que vos escreve pensa que as chances já acabaram), mas o perigo maior é que o time sequer consiga vaga na próxima Liga dos Campeões. 

Do lado de Anfield, sonhar com taças, diante do futebol que vem sendo apresentado é um devaneio e caso queira permanecer vencedora a FSG, que não tem lá a melhor imagem com a torcida, vai ter de abrir o bolso. Klopp já fez declarações de gosto a Barella e Bellingham e sinceramente, esta altura do campeonato os dois precisam chegar. Talvez seja necessário ainda a chegada de mais um ponta. As deficiências estão claras e alguns jogadores não tem mais a condição de atuarem no Liverpool.

Agora, o United visitará o Southampton em busca de afirmação, para seguir se recuperando rumo ao topo da tabela e o Liverpool recebe o Bournemounth em desespero pelos três pontos. Se a vitória não vier no próximo fim se semana, será necessária uma revolução dos lados do CT de AXA, pois não parece que os Mentality Monsters terão como continuar vencendo desta forma. 

Manchester United e Liverpool fazem clássico de necessitados pelos três pontos em Old Trafford

Por Lucas Paes
Foto: Getty Images

Salah foi o destaque do último jogo em Manchester

Na tarde desta segunda-feira, mais precisamente às 16 horas, a bola rolará em mais uma edição do North West Derby, o clássico entre Manchester United e Liverpool, considerado o maior do futebol inglês. O jogo será em Old Trafford, lugar de onde os Red Devils saíram sem vencer nos últimos três confrontos pela Premier League, sendo os últimos dois com derrotas. Porém, o confronto desta segunda, se acontecer, colocará frente a frente dois times que precisam, antes de mais nada, vencerem o jogo para afastar o péssimo início de competição.

E eu vos digito se acontecer pois há uma revolta já antiga da torcida do Manchester United com a família Glazzer, proprietária do clube. Já houveram diversos protestos ao longo dos últimos anos contra eles e o clássico pela temporada 20/21 foi adiado devido a um destes. Agora, novamente os torcedores querem impedir que o North West Derby aconteça, porém se isso ocorrer é provável que o Liverpool fique com os pontos do jogo.

Se vier a acontecer, o jogo colocará de frente dois times de início surpreendentemente ruim. Maior concorrente do Manchester City na dominação recente que o time de Guardiola aprontou em terras inglesas, o Liverpool empatou as duas primeiras partidas e não apresentou um grande futebol, além de estar severamente desfalcado. O United, por sua vez, não só perdeu os dois primeiros jogos como foi goleado pelo Brendtford na segunda rodada e alguns já começam a questionar Ten Hag. 

Basicamente, o duelo representará para os dois times uma possível resposta para a crise. Clássico é clássico e tudo muda com uma vitória num jogo desta magnitude. Se vencer, o Liverpool fica a apenas três pontos do Manchester City (o que é uma conta curiosa já que o líder é o Arsenal) e não deixa o rival se afastar. Já os Red Devils dariam uma resposta a altura vencendo o rival, que possuí um trabalho já consagrado, além de jogarem o fantasma da crise para o time de Klopp, que mesmo no início de temporada, verá a situação ficar muito ruim com três jogos sem vencer.

Existe, é claro, para os mandantes, um fator de orgulho neste jogo. Durante toda a era Alex Fergunson, onde o United viveu momento claramente superior ao arquirrival, os Reds foram pouquíssimas vezes superados por placares na casa do 3 a 0 e jamais goleados de maneira impiedosa e fácil como o time de Klopp fez nos últimos dois clássicos. No 5 a 0 em Old Trafford, a surra foi tamanha que Salah e seus colegas passaram o segundo tempo basicamente tocando a bola numa enorme roda de bobo. Além disso, o jogo anterior, numa temporada onde os Reds estavam em frangalhos, terminou com o placar de 4 a 2 numa atuação primorosa de Firmino que já devia servir de alerta, mas não serviu. Outra goleada pode acionar uma bomba no ambiente em Manchester.


Muita coisa estará em jogo nesta segunda em Old Trafford, até o risco de não acontecer nada. Mais uma vez, os olhos do mundo estarão voltados para a Premier League, num clássico que pode ser o catalisador para algum dos lados, se, é claro, a bola rolar. Para quem quiser assistir, o jogo será transmitido pela ESPN, detentora dos direitos do Campeonato Inglês no Brasil. 

A curiosa amizade entre Bill Shankly e Matt Busby

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo/BBC

Matt Busby e Bill Shankly

Apesar de serem clubes que possuem uma rivalidade histórica, com rixa imensa entre as próprias cidades nas quais estão sediados, Liverpool e Manchester United possuem alguns traços em comum ao longo da trajetória que levou os dois protagonistas do North West Derby a serem os maiores clubes da Inglaterra. Uma delas está na importância de um treinador para formatar todo o pensamento das respectivas instituições. Bill Shankly, no caso do time de Anfield e Matt Busby, no de Old Trafford, são grandes responsáveis pelo ethos do que são os dois times e curiosamente, ambos eram amigos.

Bill e Matt nasceram em locais muito próximos na Escócia, assim como outro lendário treinador que era Jack Stein e suas criações trouxeram valores semelhantes que extrapolavam o campo de jogo. Carismáticos, ambos tinham pensamentos enraizados no trabalho em equipe e em princípios trabalhistas ligados diretamente a comunidade de mineração de onde vieram. Assim, apesar de rivais no campo, tinham grande respeito e amizade fora dele.

Tanto Busby quanto Shankly usaram dessa filosofia para reconstruir os clubes dos quais marcaram a história. O trabalho do treinador Red Devil, porém, teve um elemento muito mais complicado, já que o United teve Old Trafford literalmente bombardeado na Segunda Guerra Mundial. Busby reconstruiu o clube, sobreviveu a tragédia aérea de Munique e trouxe dias de glórias a Manchester com um time de muitos garotos. Shankly, por sua vez, modernizou o Liverpool e montou o alicerce para que o clube virasse o dono do continente europeu durante o período Bob Paisley. 

Já no extra-campo, Shankly proferiu lindíssimas palavras em tributo a Busby, dizendo que ele era "o melhor treinador que havia", afirmando que era o "maior que já havia vivido" e não apenas que ele pensava isso. Tecia vários elogios a forma de trabalho do comandante Red Devil, afirmando que ele tanto sabia usar os jovens, como fez com os Busby Babes, quanto também tinha um alicerce nos experientes. 

Do outro lado, não é segredo para quem viveu o período que Busby ficou completamente arrasado com a morte de Bill Shankly. O tratamento dado aos treinadores pelos ex-clubes foi bem diferente na época, já que Busby tinha um assento na direção do United e Shankly acabou sendo afastado do dia a dia do Liverpool para que Paisley tivesse mais autoridade. Há quem diga que Bill partiu de coração partido com o clube. 


Décadas depois de ambos terem falecido, tanto Liverpool quanto Manchester United ainda sobrevivem sobre os alicerces do que os dois homens construíram. Provavelmente, enquanto existirem, os dois maiores clubes ingleses sempre serão reflexos da filosofia e das conquistas que foram construídas por esses dois gigantes. 

Em 1910, Liverpool venceu o United na inauguração do Old Trafford

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo/Manutd.com

Liverpool e United duelaram na inauguração do Old Trafford

Poucos estádios no mundo possuem a história e a trajetória do Old Trafford, casa do Manchester United. O "Teatro dos Sonhos" é uma das maiores catedrais do futebol no planeta e carrega dentro de cada pedaço de seus muros uma história incomparável em relação a outras canchas por todo o continente europeu e pelo mundo. Curiosamente, a inauguração do estádio não foi lá uma memória feliz dos Red Devils, que perderam por 4 a 3 para o Liverpool em 19 de fevereiro de 1910.

Já uma rivalidade na época, o duelo entre Manchester United e Liverpool ainda não tinha o peso que possuí hoje pois, numa era ainda tenra do futebol ambos os clubes ainda não tinham o peso que possuem para o esporte bretão nos dias atuais. Os Reds eram apenas duas vezes campeões ingleses e o United tinha um título inglês e um da FA Cup.

Foi assim que os dois times entraram em campo naquele clássico, válido pela temporada 1909/1910. Mais de 50 mil pessoas estavam presentes nas recém inauguradas arquibancadas. Aproveitando-se do ambiente e da empolgação do torcedor, os Red Devils não tomaram muito conhecimento do Liverpool e abriram rapidamente 2 a 0 na primeira etapa. Na etapa final, o time da casa ainda abriu 3 a 0 e ficou muito perto da vitória.

Porém, o Liverpool daquela temporada não seria vice-campeão nacional a toa. Em uma reação inacreditável, os Reds, que no dia estavam de branco, contaram com uma atuação espetacular do escocês Stewart para empatarem o jogo e no finalzinho tomarem a dianteira e saírem de Manchester com a vitória, que na época valia dois pontos e não três como nos dias atuais. 


Aquela vitória não se tornaria algo comum para os Reds no clássico. Ao longo da história, o Liverpool venceu o United como visitante apenas 19 vezes, um número menor do que as 28 vitórias dos Red Devils como visitante, que, para ser justo, vieram em grande parte na era Fergunson. Nesta segunda, mais um capítulo do clássico na casa dos Red Devils.

Os jogadores que atuaram por Liverpool e Manchester United na carreira

Por Lucas Paes
Foto: AP

Owen atuou nos dois clubes recentemente

Na próxima segunda-feira, Liverpool e Manchester United farão mais uma edição do clássico de maior rivalidade do futebol inglês. Os Red Devils serão mandantes do jogo em Old Trafford, onde na última partida acabaram levando a pior goleada em toda a história do North West Derby como mandantes. Ao longo dos anos, diversos grandes jogadores atuaram pelos dois times, não a toa os dois maiores da Inglaterra, mas poucos jogaram pelos dois times e menos ainda saíram de um para o outro.

Não é uma situação tão comum ao longo de toda a história do futebol inglês. Com uma rivalidade enraizada ao extremo na cultura do futebol local, de uma cisão entre as cidades que vem de muito antes do esporte bretão existir, é muito difícil que um time permitisse a um jogador ir ao rival, ou mesmo que jogadores fizessem esta opção.

O primeiro jogador a fazer o salto entre os dois rivais é de uma época onde nenhum deles ainda tinha o tamanho que possuí hoje. Tom Chorlton, defensor que atuou pelo Liverpool entre 1904 e 1912 deixou o clube do Merseyside diretamente para o Manchester United em agosto daquele ano, atuando, porém, apenas quatro vezes pelos Red Devils, passando muito longe de sequer repetir o sucesso na época de Anfield. No ano seguinte, o ponta Jackie Sheldon, que pouco tinha conseguido fazer no United, se transferiu para o Liverpool, tendo bom desempenho durante os oito anos que jogou pelos Reds.

Na década seguinte, em 1920, o centro-avante escocês Tom Miller acabou comprado pelo Manchester United depois de passar oito anos atuando pelos Reds anteriormente. Ficou apenas uma temporada em Old Trafford e fez pouco sucesso pelos Red Devils antes de deixar o clube. No ano seguinte, o bom meia-atacante Fred Hopkin, que tinha passado bem pelo United nas duas temporadas anteriores, se transferiu ao time vermelho do Merseyside para se consagrar bicampeão inglês logo nas temporadas seguintes e fazer muita história no clube.

Em 1929 aconteceu a transferência de talvez o primeiro caso onde o jogador fez muito sucesso nos dois lados. O centro-avante Tommy Reid foi muito bem em sua passagem de três anos pelos Reds antes de sair de Anfield para Old Trafford em 1929. A partir daí, o escocês viveu outros ótimos quatro anos nos Red Devils antes de se transferir ao Oldham. Aquela seria a última transferência em algum tempo entre os dois times.

Depois disso, só em 1938, o lateral Ted Savage, que havia passado muito bem pelo Liverpool entre 1931 e 1938 acabou negociado com o Manchester United, onde acabou não repetindo o sucesso obtido no rival. Naquele mesmo ano, mas já em novembro, o zagueirão Allenby Chilton, que sequer havia jogado em Anfield, foi negociado com o United e se tornou um dos maiores ídolos da história dos Red Devils, sendo campeão inglês pelo clube.

As duas últimas transferências entre os dois clubes ocorreriam nos 20 anos seguintes. Em 1944, o defensor Thomas McNulty deixaria o Manchester United para atuar pelo Liverpool, sem obter grande sucesso em nenhum dos dois clubes. Vinte anos depois, em 1964, Phil Chinsall foi o último jogador a sair diretamente de um clube para o outro, deixando o United de Matt Busby para o Liverpool de Bill Shankly, sem conseguir no Merseyside repetir o sucesso que fizera em Old Trafford. Esta foi a última vez em que um jogador saiu de um rival a outro. Gabriel Heinze quase foi do United para o Liverpool em 2007, mas a negociação acabou não acontecendo.


Porém, além destas transferências diretas, outros três casos aconteceram de jogadores que atuaram pelos dois clubes. Peter Beardsley, que se tornaria um dos pilares de um dos melhores times dos Reds no final da década de 1980, esteve no United entre 1982 e 1983 sem fazer sucesso. Na década de 1990, Paul Ince, que havia obtido sucesso gigantesco em Old Trafford entre 1989 e 1995 viveu duas boas temporadas em Anfield entre 1997 e 1999. Por fim, o último jogador a atuar nos dois clubes foi de Michael Owen, que fez muito sucesso no Liverpool e passou alguns anos no Real Madrid antes de atuar por três temporadas pelo Manchester United, sem muito sucesso, já atrapalhado pelas lesões que acabaram com sua carreira.

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