Alemanha 2 x 1 Argélia - Jogo emocionante classifica germânicos

Jogo foi decidido nos detalhes

* por Francisco Lucas Barros

A Copa do Mundo sempre me fez parar em frente da televisão para ver as partidas. Sou fã de futebol e sempre sonhei com o evento sendo realizado no Brasil. Quando isto se confirmou, vi que era a chance de poder ver tudo isto de perto. Para isso, me programei para poder curtir tudo.

Consegui comprar os ingressos logo no primeiro sorteio. No caso, foram três jogos em Porto Alegre e a semifinal em Belo Horizonte. Sim, eu vi o jogo dos 7 a 1. Porém, este não é o assunto deste texto. Vamos falar das oitavas de final entre os germânicos e a Argélia, que foi realizada no dia 30 de junho, no Beira-Rio, na capital gaúcha. O jogo foi espetacular!

Na época da Copa, eu estava morando em Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, perto de Porto Alegre. Para todos os jogos no Beira-Rio, eu ia de trem até o Mercado Municipal, já na Capital. Nesta sede, tinha o chamado "Caminho do Gol", que levava os torcedores até o estádio.

Passeio do Fuleco em uma de suas poucas aparições

Pelo que ouvi falar e presenciei, Porto Alegre fez o melhor esquema de chegada na cidade e ida ao estádio, onde no meio do caminho tinha a Fan Fest. Em todos os jogos, eu e amigos fizemos a mesma coisa: a partir do Mercado Municipal, caminhávamos até a Fan Fest. Víamos os jogos anteriores e, em seguida, caminhávamos até o Beira-Rio. Sempre tomando cerveja, brincando com as torcidas e tirando fotos no meio do caminho. 

Alemanha e Argélia foi um jogo foi sensacional. Os argelinos encararam de igual para igual a Alemanha. Inclusive, tiveram chances de vencer a partida no tempo normal. Já imaginaram? Toda a história da Copa seria mudada, já que a Alemanha venceu a competição no final.

Porém na prorrogação, a Alemanha matou o jogo logo no início, fazendo dois gols. Mas a Argélia foi um time guerreiro. Diminuiu o marcador e passou o segundo tempo da prorrogação rondando o gol defendido por Neuer. Por pouco, não empataram. Se fosse para os pênaltis, seria o auge para todo mundo que estava ali no estádio e torcendo para os argelinos.

Aquecimento dos argelinos

O jogo foi ótimo, mas melhor ainda foi o clima da torcida na partida, seja dentro ou fora do estádio, com todo mundo se divertindo. Eu sempre chegava cansado no estádio, pois chegava às 9 horas em Porto Alegre e as partidas eram à tarde. Então já ficava curtindo todo o movimento até o momento do jogo.

Tirei muitas fotos e brincava com o pessoal. Não cheguei a trocar camisas ou outros objetos. Porém, em algumas oportunidades, conversei sobre o futebol no país da torcida que estava jogando. Foi uma experiência única!

A minha memória mais marcante foi estar no meio da torcida da Argélia. Eu saí do meu lugar original e fui em direção a eles. Gritei, cantei, levantei bandeirão e até conversei em algo parecido com inglês. Eles rezavam o jogo todo. Sentiam a partida, a seleção e o futebol. Senti toda aquela energia e foi sensacional.


* Francisco Lucas Barros de Oliveira, o LucasA, tem 30 anos, é analista de sistemas, atualmente mora em Brasília e torce para o Clube do Remo, de Belém. O seu Twitter é o @franlucas_cisco.

França 2 x 0 Nigéria - ‘Le Bleus’ vencem e avançam para as quartas

Benzema foi um dos destaques da partida

* Por Gabriel Villarim

Para um fã de futebol, como eu, saber que terá uma Copa do Mundo em seu país, com jogos na cidade onde você mora, é uma oportunidade de realizar um sonho. Por isso, tentei por várias vezes comprar ingressos para um jogo de Brasília. Fiz parte da turma que acordava de madrugada para estar em pelo menos um jogo.

Até que no fim do mês de julho, já com a Copa no final da primeira fase, mais uma vez acordei no meio da madruga. Mas desta vez a sorte estava do meu lado. Consegui o que tanto esperava: um ingresso. O jogo seria França e Nigéria, pelas oitavas de final da competição.

Fantasiado de Obelix

Chegado o dia 30 de junho, me preparei para ir ao estádio. Como na época morava perto do Estádio Nacional Mané Garrincha, fui de carro até o estacionamento de um shopping que fica a poucos metros do local da partida e segui a pé o restante do caminho. Tudo isso ainda pela manhã, já que o jogo estava marcado para as 13 horas.

Arena lotada

A partida foi excelente! Um jogo de Copa do Mundo tem, além da qualidade técnica do jogo, que foi ótima, toda a festa dentro de fora do estádio com um clima de união entre pessoas de diversos países. Dentro de campo, a França dominou a Nigéria, que teve apenas algumas chances no contra-ataque. Porém, os ‘Le Bleus’ só conseguiram fazer os gols no final e venceram por 2 a 0.

A confraternização é tão grande que todo mundo tira foto com todo mundo. Eu mesmo tirei algumas com estrangeiros que estavam presentes. O clima é fantástico. Realmente valeu a pena ficar acordado de madrugada para conseguir um ingresso. Para mim que sou apaixonado por futebol foi muito bom estar em um jogo de Copa do Mundo. Foi um sonho realizado!


* Gabriel Villarim, 33 anos, mora em Brasília, é conselheiro tutelar e torce para o Flamengo.

Costa Rica 1 x 1 Grécia - Vi o jogo, mas não gostei!

Costarriquenhos saem para comemorar a vitória nos pênaltis

* Por Gerrá Lima

O anúncio da copa do mundo no Brasil, de cara, me deixou todo animado. Mas, com o desenrolar das coisas, a ficha caiu e ficou evidente que o evento não era para os loucos por futebol, muito menos pra classe baixa, aquela que enche a “geral” e o setor mais barato dos estádios. Dei uma desanimada. Tentei umas duas ou três vezes comprar ingressos pela internet, não consegui e desisti.

Só que Recife foi uma das sedes. E quando começou a disputa, o fuzuê em torno dos jogos realizados aqui terminou me hipnotizando.  No dia 29 de junho, data do jogo Grécia e Costa Rica, eu estava numa festa. Era por volta das 11 horas. Um amigo telefona e pergunta se eu queria ingresso para o jogo, pois ele estava com um sobrando. Aceitei na hora!

O estádio aqui de Recife, na verdade, não está localizado em Recife. Chega a ser uma situação meia bizarra. De fato, a Arena Pernambuco está na cidade de São Lourenço da Mata. Do centro da capital para lá é algo em torno de 23 Km de distância. A acessibilidade ao estádio é das piores. A estação de metrô fica distante 3 Km do estádio.

Para tentar minimizar o problema de acesso, foram disponibilizados BRTs. No meu caso, para pegar o BRT, precisei me deslocar 6 Km. Apesar de ter ido em pé no ônibus, a ida, de certa forma, foi tranquila. Afinal, tudo era festa e a gente não estava cansado.

Comemorando com a torcida

Fui ao jogo na esperança de ver a Costa Rica jogar futebol. Da Grécia eu já não esperava nada. Mas a partida foi horrível. Futebol de quarta divisão que terminou em 1 a 1 e a decisão foi para os pênaltis, que por sinal foi bem mais animada do que o jogo. Se não me engano, a Costa Rica saiu na frente e a Grécia empatou. Eu e alguns torcemos fervorosamente para o jogo ir para os pênaltis.

Conversei com poucos torcedores. A Arena Pernambuco estava lotada de espectadores e não de torcedores de futebol. A maioria estava ali somente pela festa.

Ao meu redor, havia um bando de gente que não entendia absolutamente nada do que se passa nas quatro linhas, muito menos do comportamento de quem é frequentador assíduo do cimento. Basta dizer que, uma garota ao meu lado, após eu ter mandado um sonoro “vtnc, que atacante ruim do c...”, ficou toda sem jeito, até meio constrangida. No intervalo, ela saiu do lugar e não voltou mais.

Eu já havia assistido a jogos de Copa do Mundo. Vi de perto a Copa de 1998, na França. Fui a todos os jogos do Brasil, desde as oitavas de final até a decisão contra a Seleção Francesa. Fui ao jogo Costa Rica e Grécia apenas para constar no currículo.

Até hoje procuro o que foi que a Copa do Mundo deixou para nosso futebol e não consigo encontrar. Daí, deixo a pergunta: qual o legado que a copa do mundo deixou para o Brasil?


* Geraldo Ferreira de Lima Junior, o Gerrá Lima (de boné amarelo), 47 anos, mora em Recife e torce para o Santa Cruz. Gerrá Lima é responsável pelo Blog do Santinha.

Holanda 2 x 1 México - Final de jogo de tirar o fôlego em Fortaleza

Lance do pênalti em Robben

* por Luca Laprovitera

Lembro bem até hoje do anúncio que confirma o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014. Era outubro de 2007 e este fato me contagiou uma enorme alegria. Foram sete anos de espera e tudo que eu sonhava desde o início era poder participar de alguma forma e mal eu sabia que iria participar sim. E o maior sonho daquele garoto de então 18 anos em 2007 seria realizado.

Eu nunca imaginei que precisaria de ingressos para assistir os jogos. Durante a Copa do Mundo, eu trabalhei para a Host Broadcast Services (HBS), que é uma empresa que presta serviço para a FIFA e é responsável pelas transmissões para as redes de rádios e televisões. Eu era Commentary Assistant (na tradução literal, assistente comentarista) e minha função era testar, montar e auxiliar nos equipamentos de transmissão para as emissoras. Além disso, como gosto muito de futebol, acabava ajudando alguns jornalistas, dando informações sobre jogadores e ajudando no pré-jogo.

Moro em Fortaleza e minha casa não é muito longe da Arena Castelão. Indo de carro, por conta de uma avenida que fica ao lado de onde moro, leva cerca 15 minutos sem trânsito. Eu e outros funcionários da HBS íamos sempre juntos, porque eu recebia um ticket para estacionar em um dos bolsões dedicados aos funcionários e imprensa. Como era muita gente e ficava muito engarrafado, eu sempre tinha que entrar em becos que até hoje não sei como conseguia sair. Só sei que sempre chegava bem e a tempo.

Fortaleza foi a sede da crueldade na Copa do Mundo. O Uruguai perdeu para a zebra costarriquenha; o Brasil ficou no zero contra o México, em dia de Ochoa inspirado; depois veio o tropeço da Alemanha contra Gana e a quebra do recorde do Ronaldo pelo Klose; Costa do Marfim sendo eliminada pela Grécia no último minuto; e do em um pruel com o Ma e a quebra do recorde do Ronaldo pelo Klose; Costa do Marfim sendo eliminada pela a Colômbia sendo eliminada pelo Brasil que perdia Neymar, por contusão, e Thiago Silva, pelo segundo cartão amarelo, e indo enfrentar a Alemanha em Belo Horizonte. E nesta última crueldade, todos nós sabemos o final.

Holanda 2, México 1, realizado em 29 de junho, foi um dos melhores jogos da Copa, como também mais um momento de crueldade na Arena Castelão. A Holanda, obviamente, era favorita, mas o México tinha minha simpatia. O primeiro tempo foi de pressão da seleção europeia, mas os mexicanos tiveram boas chances. Era uma partida rápida e vistosa de se ver.

Um pouco antes das equipes entrarem em campo

O México saiu na frente aos três minutos do segundo tempo, em um erro da defesa holandesa. De Vrij cortou mal e Blind deu espaço para Giovanni dos Santos abrir o placar. A torcida, que estava torcendo pelos irmãos latinos, foi a loucura. Até aquele momento, era a América Latina nas quartas.

Mas na Copa existem fantasmas e o do México era o maior, pois tinham sido cinco Copas caindo nas Oitavas-De-Final: em 1994 para a Bulgária nos pênaltis, em 1998 para a Alemanha de virada com gol aos 41 minutos do 2º tempo, em 2002 para os rivais norte americanos, e em 2006 e 2010 para a Argentina, a primeira na prorrogação e a segunda sendo goleados com gol duvidoso que mudaria o jogo.

Em 2014 não poderia ser diferente. Na minha frente estavam duas emissoras, a Azteca, com o ex-goleiro Jorge Campos, e a Telemundo, com o ex-atacante Cuauhtémoc Blanco. Campos estava nervoso, abraçava e beijava os companheiros de transmissão até que em bola cruzada na área, aos 43 mi que mudaria o jogo. ngressos para assistir nutos, a ‘redonda’ sobra para Wesley Sneijder empatar. Blanco fica desolado, Campos se desespera. Seria para eles tudo de novo? Seria o México novamente eliminado de forma traumática?

Os mexicanos ficaram nervosos em campo. Rafa Márquez caiu na armadilha de Arjen Robben, que se jogou ao primeiro bote do zagueiro de 35 anos e o árbitro marcou pênalti. Um jogador experiente como ele, com quatro Copas nas costas, não pode vacilar em um lance como este.

O desespero dos mexicanos era evidente. Campos se ajoelha no chão e Blanco segura as lágrimas até que, ao gol de Huntelaar, o desespero bate e alguns jornalistas abandonam a transmissão antes mesmo do jogo terminar. Blanco se cala e chora solitário sentado no banco, se recusa a continuar a transmissão da Telemundo. Já Campos se desespera, chora, grita, joga seu equipamento no chão e seus companheiros xingam em pleno ar. Mais uma vez traumática seria a eliminação do México. Mas essa, sem dúvidas, a mais dolorosa. 

Torcida holandesa comemorou a vitória

O clima dentro do estádio era amigável. Entre os europeus, os holandeses provavelmente estavam entre os mais simpáticos. Por outro lado, os mexicanos eram vibrantes, eram da casa, seu grito “Puto” a cada tiro de meta cobrado, em homenagem à música com o mesmo nome, da banda 'Molotov,' deixava os brasileiros presentes torcendo para eles. Era um clima sem rivalidade, de otimismo e felicidade, que ao fim, ficou na alegria radiante dos holandeses e na tristeza dos mexicanos.

Tive uma conversa inesquecível com Jorge Campos. Após o segundo gol da Holanda, alertei via rádio aos meus colegas sobre o descontrole de alguns jornalistas mexicanos que estariam jogando os equipamentos no chão e poderiam danificá-los e Campos estava na minha frente e entre os descontrolados. Depois do jogo, o ex-goleiro me parou. Ele sempre teve minha admiração, talvez não pela bola jogada e sim pela figura lendária que se tornou. Foi um papo descontraído de mais de cinco minutos sobre o México e os traumas, com um pedido de desculpas sem jeito do mexicano, claramente aceito. O papo terminou com a frase que os mexicanos mais repetem: “jugamos como nunca, perdiemos como siempre”.

A sensação de ver um jogo de Copa do Mundo é fascinante. O meu primeiro jogo na Copa, Uruguai e Costa Rica, foi algo inexplicável, lindo. Evel, lindo. o jogo na Copa, Uruguai e Costa Rica, foi algo inexplic o Holanda e México também aproveitei muito, pois sabia que seria o meu último em estádio. A cada minuto eu esperava para demorar mais, mas ao mesmo tempo queria ver o jogo. A Copa do Mundo é um sentimento meio ‘hipócrita’ de viver tudo e querer saber o final, mas sem querer chegar até lá. 


* Luca Laprovitera de Lima, 25 anos, é jornalista, mora na capital cearense e torce para o Fortaleza. Luca é responsável pelo site Opinião Sport Clube.

Colômbia 2 x 0 Uruguai - Colômbia manda Celeste de volta para casa

James Rodriguez marcando gol em Muslera

* por Gustavo Pires Couceiro

Sempre fui a estádio ver jogo de futebol. Desde garoto, principalmente as partidas da Portuguesa Santista. Mas sempre tive muita vontade de ver a Copa do Mundo. Quando anunciaram que o Brasil seria a sede do Mundial de 2014, pensei: “tenho a chance de realizar meu sonho”.

Quando começou as vendas, tentei vários jogos. Só consegui comprar pelo site, juntamente com a minha namorada, aproximadamente cinco dias antes da partida que iria assistir, isso depois de muita luta e F5 (risos)! Passávamos noites e noites tentando um ingresso para os jogos no Maracanã. Até que consegui a partida das oitavas de final entre Colômbia e Uruguai.

Para ir até o Rio de Janeiro, fiz uma longa viagem. Como estava em Campinas, peguei um ônibus até Guarulhos, cidade da minha namorada, e depois outro em direção ao à Cidade Maravilhosa, ainda no dia 25 de junho. Cheguei na cidade por volta das 5 horas e fiquei na no local da fan fest até 2 horas antes do jogo. Não podemos esquecer que no mesmo dia rolava, em Belo Horizonte, Brasil e Chile.

Uruguaios homenageando Suárez

Saindo da fan fest, fui em direção ao Maracanã. Peguei o metrô e desci muito próximo ao estádio. Juntamente com os demais torcedores, caminhei a pé até o portão de entrada ouvindo o Brasil derrotar o Chile nas penalidades.

Ali já percebi que a animação era contagiante. Todos os latino-americanos aguardavam muito esse momento. Mostrando a união dos povos, tão sonhada por San Martin e Bolívar, o povo brasileiro se juntou a argentinos, colombianos, uruguaios e demais, num só corpo e alma. Corpo esse que sempre mantinha um sorriso nos lábios e uma alegria no olhar.

Dentro do campo era total predomínio dos colombianos. Cantaram os 90 minutos para toda equipe e, principalmente, para Mondragón, jogando mais velho a atuar em uma Copa do Mundo. A idolatria dos colombianos por James Rodrigues, Cuadrado e Mondragon animavam qualquer um presente. Os uruguaios, mesmo em menor número, buscaram sempre apoiar a sua equipe e embelezaram o Maracanã com diversas manchas celestes espalhadas.

A partida foi muito animada e com um excelente futebol. O Uruguai buscou desde o começo se defender e atuar no contra golpe, enquanto que a Colômbia tomava as iniciativas e jogava com a bola nos pés. Sofrendo muito a suspensão de Luisito Suárez, fora da partida, faltava lucidez e recurso ao time uruguaio, o que sobrava no lado colombiano. Com uma pintura, que depois foi considerada o gol mais bonito da Copa, James Rodriguez abriu o marcador e o mesmo, posteriormente, decretou números finais ao jogo. Colômbia 2 a 0 e classificada.

Maracanã lotado

Durante todo o tempo, desde o pré-jogo até depois da partida, conversei com diversas pessoas, principalmente uruguaios e chilenos. Voltamos cantando o caminho todo contra as seleções europeias e provocando os cariocas (risos). Troquei uma camisa do meu time da Faculdade por uma oficial da Colômbia com uma família ao sair do estádio.

Estar em um jogo de Copa do Mundo foi mágico e emocionante. Ver o Brasil, e a América Latina, no centro do mundo é algo muito grande. Consolidar a união dos povos, através do maior esporte do mundo é um momento de êxtase para qualquer fã de futebol. Não conseguia parar de sorrir e busquei absorver e aproveitar ao máximo. Lutei muito por um ingresso e tenho certeza que guardarei esse momento para o resto da minha vida.

Fora isso, gostaria de ressaltar a organização do evento, tão criticada anteriormente, e a paixão do povo brasileiro pelo futebol. Fui com a minha camisa da Portuguesa Santista e diversas pessoas me pararam e comentaram do seu apreço e que conheciam o clube.


* Gustavo Correia Pires Couceiro (com a camisa da Briosa), 21 anos, é professor, mora em Campinas-SP e torce para a Portuguesa Santista.

Brasil 1 x 1 Chile - Prorrogação, bola na trave e pênaltis

Brasileiros comemoram a vitória nos pênaltis

* por Victor de Andrade

Minha história sobre o jogo Brasil e Chile, válido pelas oitavas da Copa do Mundo de 2014, começa quando eu estava assistindo pela televisão o jogo em que a Seleção Brasileira ganhou de Camarões. De repente, abre venda de ingressos para o jogo das oitavas entre o primeiro do Grupo A, que provavelmente seria o Brasil, e o segundo do Grupo B, que foi definido horas antes e era o Chile. Fui rápido e garanti meu ingresso para o jogo do dia 28 de junho, no Mineirão.

Na manhã do sábado, dia 28, saí de Cubatão rumo ao aeroporto de Congonhas. Chegando lá, um susto: a maioria dos voos estava atrasados, pois havia mal tempo em boa parte do país. Porém, o aeroporto de Confins estava operando normalmente, causando um enorme alívio. O embarque teve 20 minutos de atraso, mas ainda assim estava a tempo de chegar ao Mineirão com tranquilidade.

Cheguei a Confins faltando 1h40 para o apito inicial. Demorei cerca de 40 minutos para chegar ao Estádio Governador Magalhães Pinto. No caminho, conversei com muitos chilenos, que estavam confiantes em sua seleção. O Brasil era favorito, mas mostrou diversas falhas nos jogos anteriores.

Chilenos estavam confiantes

Entrando no Mineirão, havia uma bela guerra de cânticos. Os chilenos mandavam o tradicional “chi-chi-chi le-le-le”, e os brasileiros, diferentemente dos outros jogos, respondiam à altura. Eu até me espantei, pois os brasileiros que assistiam às partidas de sua seleção pareciam mais plateia do que torcida, mas naquele dia, em Belo Horizonte, a pegada estava diferente.

A partida iniciou com o Brasil tomando a iniciativa, o que deixou todos menos preocupados. Aos 18 minutos, Neymar cobra o escanteio, Thiago Silva desvia e David Luiz marca: Brasil 1 a 0. O Mineirão explode de alegria! A seleção continuou dominando o jogo, porém, aos 32, Hulk erra um passe bobo na defesa e a bola sobra para o bom atacante Alexis Sanchéz, que não perdoa e empata a partida.

No segundo tempo, o Chile dominou o meio de campo, com Vidal mandando na partida. Ele pisava na bola, dava os passes, indicava onde seus companheiros tinham que estar. O meia da Juventus de Turim era o verdadeiro maestro. Já o Brasil jogava nos contra ataques e em um desses lances, Hulk foi lançado, matou a bola no peito e errou o chute de pé direito, mas acabou enganando o goleiro Bravo e balançou as redes. Enquanto todo mundo comemorava, o árbitro inglês Howard Webb anulava o gol.

O jogo seguia com Bravo e Julio César trabalhando muito. Ambos evitaram que um dos times ficasse em vantagem no marcador. Para alívio da seleção brasileira, o meia Vidal sentiu uma contusão e foi substituído pelo atacante Pinilla.

No tempo extra, o Brasil foi melhor. Bravo fez, ao menos, duas boas defesas em chutes de Hulk. Sem Vidal no meio, o Chile perdeu o domínio na intermediária e pouco fez durante a prorrogação. Porém, teve um lance que assustou.

No final do tempo extra, o atacante Pinilla recebeu um passe na entrada da área, ajeitou a bola no pé direito, chutou forte e a redonda explodiu no travessão. Os brasileiros, atônitos, ficaram boquiabertos, inclusive eu. Os chilenos ficaram com o grito de gol preso na garganta. Com o empate persistindo, o jogo iria ser decidido na cobrança de pênaltis.

A decisão por penalidades iniciou com David Luiz fazendo 1 a 0. Julio Cesar pegou a cobrança de Pinilla. William chutou para a fora e, em seguida, o goleiro brasileiro defendeu o pênalti batido por Sánchez. Marcelo faz 2 a 0 para o Brasil, mas Aránguiz diminuiu.

Na volta, uma surpresa: Valdivia veio para São Paulo no mesmo voo

Hulk chuta o pênalti em cima do goleiro Bravo e Díaz faz para o Chile. A vantagem que o Brasil tinha foi por água abaixo. Decisão empatada. Neymar bate e faz o terceiro. A última cobrança chilena ficou para Jara, que chutou na trave e garantiu a festa no Mineirão.

Na saída, fui até a lojinha oficial da Fifa para comprar alguns suvenires para a família. Algo me dizia que aquele era meu último jogo in loco na Copa do Mundo, o que acabou acontecendo. Na saída do estádio, conversei com alguns chilenos. Até consolei alguns, dizendo que a seleção deles havia jogado muito bem. Um desses torcedores confessou: “jogamos bem, mas não ganhamos. Porém, nunca vi uma seleção brasileira com centroavantes tão ruins”.

Fui até o aeroporto de Confins e lá esperei o voo para São Paulo. Ao adentrar no avião, uma surpresa. Valdívia não voltou com a delegação chilena, preferiu ir para São Paulo. Solícito, tirou foto com todos que pediram, inclusive eu!

Cheguei no aeroporto de Congonhas e, em seguida, desci a serra. Chegando em casa, dei um abraço e um beijo em minha esposa Elis Rebouças e disse, rindo: “estou curado da hipertensão”. Porém, ainda estava com uma pulga atrás da orelha, já que a Seleção Brasileira não mostrou força suficiente para chegar ao título. É, eu estava com razão!


* Victor de Andrade, 36 anos, é jornalista, mora em Cubatão-SP e torce pela Portuguesa Santista. Victor é responsável pelo blog O Curioso do Futebol.

Um ano de Copa - Voluntário: relato de uma experiência única

Trabalho de voluntário não era apenas nos estádios

* por Rodrigo Colucci

Quando o Brasil foi escolhido para ser sede da Copa do Mundo de 2014, coloquei em minha cabeça que tinha que participar do evento de alguma forma. Pesquisei sobre oportunidades de trabalho e também sabia que havia chance de atuar como voluntário. Porém, somente em 2012, as inscrições para esse trabalho foram abertas. Logo no primeiro dia de inscrições, acessei o site da Fifa e fiz meu cadastro. Mesmo com o grande número de pessoas interessadas (mais de 100 mil), sempre tive esperanças de ser selecionado.

Fiz algumas entrevistas e fui chamado para atuar primeiramente no sorteio da Copa das Confederações, que ocorreu no Anhembi, em São Paulo. Atuei no setor de credenciamento, onde cheguei a fazer as identificações de muitas pessoas, desde funcionários da segurança e apoio até de jornalistas e personalidades famosas nacionalmente.

O setor de credenciamento foi um dos mais elogiados pela organização, pela rapidez do serviço e prestatividade dos voluntários. Também vale ressaltar que o sorteio teve um “erro”, e isso fez com que o Taiti jogasse partidas para que muitos amigos pudessem assistir. Se o sorteio tivesse sido “correto”, a seleção da Oceania não iria jogar em Minas e no Rio de Janeiro.

Trabalho também foi feito na Copa das Confederações

Após o sorteio, aconteceu a Copa das Confederações, onde a cidade de São Paulo não seria uma das sedes da competição devido o Estádio do Corinthians não estar finalizado. Então eu optei por estar atuando no Rio de Janeiro. Tinha amigos e conhecidos por lá (a grande maioria colecionadores de camisas), e consegui ficar hospedado na casa do meu grande amigo Claudio Burger, do excelente site Futrio.net, que me cedeu sua casa por quase um mês sem exigir nada em troca. Além disso, sua família também me acolheu muito bem. Tenho eterna gratidão por todos eles.

Eu inicialmente iria trabalhar no setor de Marketing, mas a área foi “extinta”, e eu também tinha pedido ao coordenador para atuar em algum outro local, devido eu ter muitas folgas, e eu queria aproveitar muito bem o evento, até pelo fato de ficar muito tempo fora de São Paulo. Então eu fui atuar no setor de hotel para auxiliar os VIP´s da Fifa. Pelo hotel, passaram grandes nomes do futebol q acompanhei nos anos 90 e 2000, como Hierro, Suker, Bebeto, Bora Milutinovic. Todos muito simpáticos e educados. Carregam com louvor a alcunha de ídolos.

Estava já no Rio quando as manifestações começaram a ter um caráter mais forte, e em alguns casos até mais agressivo. Era muito comum a Praça XV e a Av. Presidente Vargas serem interditadas por conta das manifestações. Um dia, já voltando para a casa do Claudio, fui abordado por um manifestante que veio em minha direção alucinadamente quando me viu vestido com a roupa de voluntário. Apesar de tudo, eu o enfrentei, até porque escolhi ser voluntário, ninguém havia me imposto nada, nem obrigado. Como disse acima, eu queria estar no evento de alguma forma.

Depois de inúmeros relatos de voluntários que foram hostilizados e ameaçados pelos manifestantes e por outras pessoas que eram contra o evento, fomos orientados nos uniformizarmos somente quando chegássemos ao local de trabalho. Nas poucas folgas que tive, fiz visitas a alguns clubes, como Olaria, América, Tijuca e vi dois jogos válidos pela Série C, que não parou com a Copa das Confederações: Assisti no mesmo dia Miguel Couto x Campo Grande e Condor x Esprof. Fiquei surpreso com os jogos e a estrutura de alguns times. Dificilmente os estádios que eles atuaram seriam liberados para partidas aqui em São Paulo, dada a grande exigência que é feita aqui. Fiz grandes amizades com o pessoal que trabalhou comigo, alguns daqui de SP, outros do Sul, do Nordeste e até estrangeiros.

Na Arena Corinthians

Dado o fim da competição, voltei para São Paulo e aguardei ser chamado para a Copa do Mundo. Optei por não ir para o sorteio da Copa na Costa do Sauípe por questão financeira. Também fiz várias entrevistas para a Copa, inclusive com outros idiomas, já atualizando a minha experiência no Rio de Janeiro.

Acabei sendo selecionado para atuar de novo com os VIP´s da Fifa em um hotel da Av. Paulista. Embora não fosse o que queria realmente, pois queria atuar no campo, junto com os atletas e staff, até que foi uma boa experiência, pois ali eu voltei a ver e conversar com ex-jogadores como Platini, Raí, Paulo César (ex-lateral de Flamengo, Fluminense, Taboão da Serra e outros que já me conhecia dos jogos que costumo ir), Ronaldo, Zidane, dentre outros.

A princípio iria trabalhar apenas no hotel, mas devido a complementação de quórum, em dias de jogos fui chamado junto com minha parceira Alexandra (que após isso virou uma grande amiga) a atuar também no estádio. Com isso, aproveitei e fiz mais contatos e também conheci a atmosfera de perto. Sentir o clima de jogo, as autoridades chegando, toda a logística feita para esse pessoal poder entrar no estádio sem problemas foi desafiador e também interessante.

No dia do jogo Coreia do Sul x Bélgica (que foi o único jogo que busquei ingressos para comprar de forma efetiva), estive lá e consegui o meu ingresso nos últimos instantes. Não conseguindo comprar, consegui numa última hora, graças a uma pessoa que tenho eterna gratidão. Mesmo para mim, que vejo jogos quase que toda a semana, de quaisquer competições, estar numa Copa do Mundo é o supra-sumo de tudo. No mesmo dia, ao conseguir o ingresso para a partida, também fui escalado para participar do ensaio de entrada dos times. Aquele protocolo de entrada dos jogadores com as crianças, os hinos e os cumprimentos são ensaiados à exaustão. Fiquei muito emocionado ao estar fazendo parte daquilo. Até um “cisco” caiu no olho nessa hora.

Enfim, foi um momento muito especial para mim. Estava plenamente realizado. Nem me importava em ver final, semifinal ou outro jogo. Para mim, aquilo já estava sendo o suficiente. Aquele mês foi muito proveitoso, tanto profissionalmente, como pessoalmente. Quando acabou a Copa e “voltei para a realidade”, senti estranheza, o que faz com que quisesse viver tudo de novo ou voltar no tempo.
  

* Rodrigo Colucci, 32 anos, é gestor esportivo, mora em São Paulo e torce para o São Paulo FC.

Rússia 1 x 1 Argélia - Carnaval Argelino

Laser no rosto atrapalhou Afinkeev

* Por Leonardo Bonassoli

A Copa do Mundo é um evento que sempre acompanhei nas outras edições, por ser um fã de futebol. Na época do Mundial de 2014, trabalhava na Gazeta do Povo, jornal de Curitiba, e estava como editor local do site de Esportes e de Copa do Mundo durante o evento. Por isso, fui credenciado para os jogos locais, porém como um backup, caso desse problema com algum dos repórteres escalados e também credenciados. Aconteceu que consegui liberação para ver dois jogos, o último deles este da Arena da Baixada: Rússia e Argélia, que foi realizado em 26 de junho.

Moro a uma distância mediana do estádio, mas facilmente alcançável. Um paulistano, por exemplo, talvez considerasse perto. Mas saí mais de perto, do Centro, onde trabalhava. A Arena da Baixada é extremamente central, assim como a Vila Capanema e o Couto Pereira. Se em São Paulo evitavam jogos no Pacaembu e no Parque Antárctica ao mesmo tempo, por causa de 5 km de distância, esses três estádios de Curitiba ficam em uma distância de um pouco mais de 4 Km entre Arena e Couto Pereira, com a Vila Capanema entre eles.

Argelinos fizeram a festa

Trabalhei mais cedo naquele dia e peguei o ônibus específico para a Copa do Mundo, na Praça Central de Curitiba. De graça! Curiosamente, todo o transporte coletivo de Curitiba estava de graça naquele dia, por causa de um movimento de greve de motoristas e cobradores.

Antes de falar do jogo, uma curiosidade interessante: o terreno da Arena da Baixada pertencia à família Hauer e era locado pelo Internacional, que depois virou Atlético com a fusão com o América. O terreno foi comprado lá nos anos 40 pelo governo do Estado para fazer a Escola de Agronomia e o Atlético tinha recebido uma doação no Cabral, num lugar chamado de Colônia Argelina. Atlético e governo do Estado fizeram uma permuta e foi construída lá na antiga Argelina a o Prédio de Agrárias da Universidade Federal do Paraná.

Rússia e Argélia foi uma partida movimentada, sendo uma das melhores da competição, com a Rússia saindo na frente com o Kokorin, logo aos 6 minutos, e a Argélia empatando com o Slimani aos 15 do 2º tempo, em uma falha do goleiro Afinkeev, que saiu mal do gol por causa de um laser na cara. Com isso, a Argélia acabou garantindo uma classificação inédita de fase em Copas do Mundo.

Equipes aquecendo antes do início da partida

A Rússia foi aquilo que a Rússia foi em toda a Copa: um time sem imaginação e com medo de atacar. Foi embora no final da primeira fase e ainda queimou dinheiro com o badalado técnico Fabio Capello. A Argélia foi um time agressivo e fez por merecer o resultado que valeu a classificação.

Dentro do estádio, ainda mais com o resultado, era um verdadeiro carnaval argelino. Eles deram um colorido especial ao estádio. Também deram problemas com sinalizadores. Com certeza eles estão entre os torcedores mais malucos da Copa. Vale ressaltar que o estádio, nos corredores, ainda tinha cheiro de cimento, de tão pronto em cima da hora que ficou. Isso me chamou a atenção.


Durante o jogo, como estava credenciado, fiquei na tribuna de imprensa e, nesta partida, conversei menos nas saídas que no outro que fui (Honduras 1 x 2 Equador), até pela diferença linguística ser maior. Mas ver um jogo de Copa do Mundo é algo realmente diferente, único. É ver de perto a história diante dos olhos!


* Leonardo Bonassoli, 31 anos, mora em Curitiba, é jornalista e editor online. Comanda o site Futebol Metrópole, especializado em futebol paranaense. Além disso, Leonardo foi o criador da comunidade Futebol Alternativo no Orkut (RIP), uma das mais populares da antiga rede social, durando até o último dia de funcionamento do mesmo. A comunidade foi recriada no Facebook.

Bélgica 1 x 0 Coréia do Sul - A festa compensou a partida sonolenta

Bélgica jogou 'para o gasto' e conseguiu a vitória

* por Genilton Lucas

Sempre quis estar em um jogo de Copa do Mundo. Sou fã de futebol e sempre acompanhei as partidas dos Mundiais anteriores pela televisão. Fazer parte do evento era um sonho que consegui realizar com a Copa do Mundo sendo aqui no Brasil.

Fiz as inscrições nos sorteios para a venda dos ingressos. Na segunda fase, consegui comprar entrada para o jogo Coréia do Sul e Bélgica, que foi realizado no dia 26 de junho. Estava a caminho de realizar o desejo de assistir a um jogo de Copa do Mundo.

Chegado o dia da partida, me preparei para ir. A minha viagem até a Arena Corinthians foi muito tranquila. Como eu moro em Suzano, na grande São Paulo, utilizei os trens da CPTM. Foi genial ver o pessoal nas estações de trem já no clima da Copa. Foi algo que nunca senti na vida. Demorei cerca de 30 minutos entre minha residência e o local da partida e tudo funcionou perfeitamente.

Já do lado de fora da Arena Corinthians deu para perceber o quanto é legal o clima da Copa. Muita alegria e confraternização, coisas que nunca havia visto em jogos de futebol. Sem muita fila, entrei no estádio, procurei o meu lugar e fiquei esperando o início do jogo, observando o movimento de pessoas de várias partes do mundo.


Já na parte de dentro da Arena

As seleções da Coréia do Sul e Bélgica não apresentaram um grande futebol. Para ser sincero, o dia valeu mais  por todo o clima que se faz presente em uma partida de mundial. Vários jogadores belgas foram poupados, já que a equipe já estava classificada para as oitavas. Porém, foi a própria Bélgica que comandou o jogo, mesmo jogando com um menos por causa da expulsão justa de Defour.

Os sul-coreanos pareciam abatidos pelas chances mínimas de classificação. Pareciam até que queriam que o jogo terminasse logo para voltar para casa mais cedo. Mesmo levando o jogo a ‘banho-maria’, a Bélgica garantiu a vitória com o gol de Jan Vertonghen aos 33 do segundo tempo.

Durante a partida e ao final dela, conversei com pessoas que vinham de várias regiões do país. Todos estavam felizes por estarem ali, participando de uma Copa do Mundo. A sensação de estar ali é única, principalmente por ser um Mundial no Brasil.

Acho que esse clima de Copa do Mundo vai viver para sempre dentro de quem teve a experiência de estar em pelo menos um único jogo desse Mundial. Infelizmente, tudo isso não voltará a acontecer em nosso país tão cedo. Fomos uma geração contemplada!


* Genilton Lucas da Silva, o Nilton, 31 anos, é líder de Logística, mora em Suzano-SP mas é potiguar de nascimento e torce para o Palmeiras e América de Natal.


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Lembrando do passado e curtindo o presente


O jogo não foi dos melhores, mas o clima estava ótimo

* por Sérgio Oliveira

Para falar de 2014, preciso voltar 20 anos no tempo. 

EUA , copa do mundo de 1994, minha primeira copa do mundo . Já tinha acompanhado as duas anteriores como fã, mas essa era diferente  pois estava em solo Americano no período da copa curtindo férias e senti na pele aquele clima. No auge dos meus 13 anos de idade ainda um pimpolho começando na arte do fanatismo futebolístico me recordo da festa dos holandeses nas ruas todos pintados de laranja dos pés a cabeça, ou dos brasileiros no hotel comemorando o gol nas oitavas de final contra os EUA.

Tudo melhorou quando meu tio largou a excursão para ir ver Holanda x Bélgica.

Foi ai que coloquei copa do mundo no meu CV. Infelizmente, graças minha memoria de idoso esquecido pouco lembro daquele dia, me restam apenas o guia oficial do jogo, os ingressos e as fotos. Foram 20 anos com este trunfo genial que usava contra os amigos que nunca tinham visto um jogo de copa. Tudo acabou em 2014.

Estádio lotado

20 anos depois daquele Holanda e Bélgica, poucas eram as minhas esperanças de conferir uma copa no meu país, a falta de grana para ingressos e viagens era o principal motivo.  Já estava conformado em curtir o clima na Fan Fest e pegar carona no planejamento dos amigos mais endinheirados.

Tudo mudou quando ganhei de presente do amigo Luiz Gustavo folego, um ingresso para conferir Bélgica x Coréia na Arena Corinthians . É na dificuldade que se reconhece um grande amigo e até hoje agradeço a generosidade do maior torcedor vivo do Grêmio Mauaense.

A empolgação de rever um jogo de copa 20 anos depois era muito grande. Por isso cheguei bem cedo ao itaquerão para curtir o evento, tive até tempo de sofrer com Portugal na primeira partida do dia num boteco risca faca próximo ao estádio.

Especial da Copa na FATV

Aos poucos os gringos foram chegando e na minha cabeça todo o Déjà vu de 20 anos atrás, a mente foi clareando, Os belgas alcoolizados cantando em 2014 eram uma versão mais moderna dos mesmos holandeses na rua em 1994, as pessoas das mias diversas nacionalidades com bandeiras , as mais diferentes camisas de times. Tudo que já havia conferido nos EUA estava ali, e o mais legal, no meu país, na cidade que vivi quase que toda minha vida.

O jogo em si foi o de menos, nível técnico baixo, mas era o que menos interessava. Valeu a festa dos gringos, valeu pelos vários amigos que encontrei, valeu pelas quase 20 horas que passei respirando 100% futebol, desde cedo no boteco sofrendo com Portugal até o jantar no fim de noite com os amigos no shopping Itaquera.

Quero e preciso ter essa experiência mais uma vez na vida, não importa qual seja a copa, 2018, 2022 ou tá mesmo 20130. Preciso ver uma copa pela Terceira vez, quem não teve essa oportunidade, faça como eu, comece o pé de meia e junte uma grana. Com certeza vale a pena.


* Sérgio Oliveira, 34 anos, é jornalista, apresenta o programa Futebol Alternativo TV na AllTV, mora em São Paulo e torce para a Portuguesa de Desportos.

Portugal 2 x 1 Gana - No lugar certo, na hora certa!

Apesar da vitória, os portugueses foram eliminados da Copa

* por Michelle Abilio

Sabe aquele momento que você está na hora certo e no lugar certo? Aconteceu comigo durante a Copa do Mundo.

Sou paulista, paulistana, da Vila Mariana, bairro da zona sul de São Paulo. E na Vila Mariana morei por 31 anos. Não tinha pretensão nenhuma de sair de casa e muito menos mudar de rua, bairro, cidade e estado.

Acompanhei a fase pré-Copa ansiosa e curiosa em saber como o Brasil iria se comportar diante de um dos eventos mais importantes do planeta.

Vi de perto o nascimento da Arena Corinthians, em Itaquera. Os últimos meses pré-Copa, fui ao estádio do time da zona leste quase toda semana. Mas minha ambição pela Copa do Mundo era tomar cerveja e fazer churrasco nos principais jogos da competição, nada além disso.

Na última fase da venda de ingressos, a vontade de assistir jogo bateu mais forte, e eu, acostumada em ver jogos nas arquibancadas de concreto, resolvi desembolsar uma grana e comprar o ingresso para ver o jogo e numa super arena.  Comprei o bilhete para Portugal e Gana, em Brasília, um dos poucos “bons” jogos e com bons jogadores que restavam para compras.

Um mês antes de começar a Copa, ainda não tinha passagem para a Capital Federal e nem a certeza de que assistiria a partida. Como sempre, faltava dinheiro e limite no cartão de crédito. Mas um fato inesperado na minha vida. Recebi um convite para trabalhar em Brasília e faltando dez dias para a Copa peguei minha mochila e embarquei para a capital federal.

A Copa começou e, com ela, sete jogos em Brasília. Local que eu ainda não sabia a diferença de Asa Sul e Asa Norte, que errava todo dia o caminho do serviço para a casa.

E viva a Lusa!

A capital federal foi uma das sedes da Copa que mais recebeu jogos do evento e no, clima da Copa, o quadradinho de Goiás respirava futebol e foi invadida por equatorianos, colombianos, e nos bares, gente de todas as nacionalidades, tipos, sotaques e camisas de futebol. Respirando a Copa do Mundo no quintal de casa, bateu o arrependimento pela falta de ingressos.

Uma amiga que tinha comprado todos os ingressos para Brasília, fez uma viagem de última hora e me dei o ingresso para Equador e Suíça, um dos primeiros jogos do Mundial.  O jogo terminou em 2 a 1, e com o fim da partida, começou a vontade de querer mais ingressos e assistir mais jogos no Mané Garrincha.  Foi a primeira madrugada que passei em claro tentando comprar mais e mais ingressos para o Mundial.

Minhas madrugadas acordada diante do computador rendou uma partida para as oitavas de final entre França e Nigéria. Não consegui ver o Brasil goleando Camarões na arquibancada, e ainda bem, que também não consegui ver a disputa dos terceiro lugar entre Holanda e Brasil.

Mas o jogo certo e no lugar certo e me diverti muito. Como escrevi no início do texto, estava no lugar certo e na hora certa para ver Portugal e Gana, o único que tinha comprado com antecedência. O jogo não foi o melhor do mundo, foi o último jogo da primeira fase para Portugal. Aliás, foi o último jogo de Portugal, e a equipe lusitana precisava de um resultado elástico para classificar para a próxima fase e ainda dependia de resultados das outras equipes.  Os lusos não tinham chances de passar para a próxima fase, o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, se escondeu durante todo o mundial e apareceu timidamente no Mané Garrincha.

Portugal venceu Gana por 2 a 1, com um gol contra e outro do craque desaparecido CR7. Os dois times se despediram da competição, e no grupo deles, Alemanha e Estados Unidos seguiram para as oitavas de final. Não foi o melhor jogo da minha vida, mas foi uma das melhores festas pré e pós jogos da história, aliás, da minha história futebolística.

Grande movimentação na frente do estádio em todos os jogos

Nos arredores do Mané Garrincha,  aquele espaço novo para uma nova moradora brasiliense,  com a minha camisa rubro-verde, da Portuguesa, encontrei muitos amigos de arquibancada de concreto, ali do Pari, do Canindé. Por horas, gritamos pela Portuguesa, cantamos o hino do clube em plena Copa do Mundo. Éramos uma centena, parece pouco, mas fizemos muito barulho ali na porta do lindo Manezão. Na arquibancada, cada um em canto, junto a milhares de torcedores do mundo todo, não éramos ninguém.

Mas por alguns instantes fomos uma grande torcida lusitana na porta do Mané Garrincha. Eu, uma recém-candanga reencontrando todos os amigos na porta do estádio para ver Portugal. Da porta do estádio Série B para a porta de uma Arena Copa do Mundo. (Prefiro o estádio Série B, para deixar bem claro).

E o pós-jogo foi tão bom quando o pré-jogo. Fomos lamentar a desclassificação de Portugal em um tradicional bar da cidade, viramos capa do principal jornal do DF e ainda convidei os amigos para conhecer meu apartamento recém alugado na Asa Norte.


* Michelle Abilio (com a bandeira da Lusa), 32 anos, torcedora da Portuguesa desde 1983, jornalista, mora em Brasília e assiste também os jogos do Gama. Michelle é sócia do blog Boteco da Lusa e autora do livro com o mesmo nome.
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