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Zinzane bate o São Cristóvão e sai na frente na decisão do Carioca Série C

Foto: Diego Braga

Zinzane venceu por 1 a 0

O Zinzane saiu na frente na decisão da Série C do Campeonato Carioca de 2023 ao vencer o São Cristóvão, por 2 a 1, no jogo de ida da final, disputado na tarde deste domingo, dia 30, no Estádio De Los Lários, em Xerém, distrito de Duque de Caxias.

As duas equipes finalistas já conquistaram o acesso para a Série B2 deste ano. Na semifinal, o Zinzane eliminou o CAAC Brasil, vencendo os dois jogos: 1 a 0 e 5 a 0. Já o São Cristóvão passou pelo Uni Souza, empatando fora em 1 a 1 e vencendo em casa por 1 a 0.

O time mandante começou com tudo e logo aos quatro minutos, o artilheiro Castro aproveitou chute errado de Emerson que virou uma assistência e fuzilou as redes adversárias, marcando seu 11º gol na competição. Com isso, o Zinzane foi para o intervalo vencendo por 1 a 0.

Logo a um minuto do segundo tempo, Kauã fez boa jogada individual pela direita e cruzou rasteiro, na medida, para Denilson mandar para o fundo do gol e ampliar para o Zinzane. Depois, o São Cristóvão acordou e Santos, aos 28', descontou. O São Cri-Cri ainda pressionou, em busca do empate, mas a vitória ficou com os mandantes.


Com o resultado, o Zinza joga pelo empate no jogo de volta, no próximo domingo, dia 6, no Ronaldo Nazário, no Rio de Janeiro para ficar com o título. Já o time cadete precisa vencer por dous gols de diferença para ficar com a taça. Caso vença por um tento somente, a decisão irá para os pênaltis.

Fio Maravilha e o dia em que ele ajudou a 'destruir' o Flamengo pelo São Cristóvão

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo

Fio teve boa passagem pelo São Cristóvão

Completando 75 anos neste dia 19 de janeiro, o atacante Fio Maravilha foi imortalizado por uma excelente música de Jorge Benjor. O folclórico jogador foi ídolo da torcida do Flamengo nos anos 1960 e está até hoje na lista de grandes nomes que fizeram história vestindo a camisa rubro-negra. Porém, já no final da carreira, Fio foi um terror para os flamenguistas atuando pelo São Cristóvão, em um jogo do Campeonato Carioca em 1975.

O jogo foi disputado no dia 29 de março, no Maracanã. Naquele momento, o rubro-negro já havia tropeçado em uma partida contra o Bonsucesso e precisava dos pontos, o São Cristóvão esperava uma zebra para continuar vivo na disputa. Foi assim que as duas equipes entraram no gigante carioca naquele dia de março, com a maioria esperando uma vitória tranquila dos flamenguistas.

E o duelo começou muito bem para a "nação rubro-negra". Em pouco tempo, com uma bela atuação, um jovem chamado Zico já havia ajudado os rubro-negros a abrirem 2 a 0 no placar. Parecia que a vitória seria tranquila no Maraca, com um São Cristóvão e um fio, velho conhecido da torcida rubro-negra, muito apagados. Só que no apagar das luzes do primeiro tempo, Sena diminuiu o placar. A partir daí, o segundo tempo foi outro jogo. O gol veio com assistência de Fio.

Dispensado pelo Flamengo no ano anterior, por excesso de peso, Fio simplesmente abriu a defesa rubro-negra com ótimos passes, dando outras duas assistências para os gols de Sena, aos 36' do segundo tempo e de Santos, aos 44 minutos da etapa final. Do outro lado do campo, as espetaculares defesas de Renato garantiram a sobrevivência do alvinegro na partida e a vitória no apito final.


Fio ainda passou por alguns clubes até se aposentar, em 1981, no New York Eagles. Apesar de não ter números espetaculares, acabou imortalizado pela música "Fio Maravilha", que chegou inclusive a ser entoada pelos flamenguistas no Maracanã. Depois de aposentado, ficou pelos Estados Unidos, onde inclusive operou os dentes protuberantes que eram uma característica marcante do jovem Fio, o que aliás fez com que seja quase irreconhecível.

Os primeiros gols de Heleno de Freitas

Foto: ABI

Heleno saindo para comemorar o seu primeiro gol. Ainda faria mais um na partida

Heleno de Freitas é um personagem icônico na história do futebol brasileiro. Em sua volta, surgiram várias lendas, muito por causa de sua personalidade e forma de viver. Porém, o dia 28 de abril de 1940 é especial na carreira do craque, já que foi nesta data, com a camisa do Botafogo, que ele marcou seus primeiros dois gols.

No Estádio de São Januário, o Fogão encarava o São Cristóvão, pela segunda rodada do Campeonato Carioca. O time da Estrela Solitária fazia a sua estreia na competição, enquanto a equipe dos Cadetes havia sido goleado pelo Vasco, em seu primeiro jogo, por 4 a 0.

Heleno, com apenas 20 anos, começou a partida no banco de reservas e viu a equipe pressionar o São Cristóvão, mas não ter dificuldade de furar a retranca, além de não estar com a finalização em dia. Assim, o primeiro tempo da partida terminou com o placar de 0 a 0.

No segundo tempo, o craque, que estava no Botafogo desde 1939, mas teve poucas chances até então, entrou no jogo no lugar no ídolo e doutor Carvalho Leite. Heleno de Freitas 'botou fogo' na partida e abriu o marcador para a sua equipe.


O gol deu mais ânimo ao polêmico jogador, que se soltou e ainda marcou o segundo tento botafoguense. A equipe ainda teve algumas chances até o final da partida, mas o placar ficou mesmo no 2 a 0 para o Alvinegro da Estrela Solitária.

A partir deste momento, a carreira de Heleno de Freitas, que já era conhecido por ser um dos melhores jogadores no futebol de praia carioca, decolou. O Botafogo foi apenas o quarto naquele Campeonato Carioca de 1940, mas viu nascer um de seus maiores ídolos da história.

Santos inaugurando o estádio do São Cristóvão no Rio em 1916

Com informações de Gabriel Santana e Guilherme Guarche, do Centro de Memória do Santos FC

Algumas imagens da festa de inauguração (Careta, p. 20, 29/04/1916)

Em 23 de abril de 1916, antes mesmo de inaugurar o seu próprio estádio, o Santos foi convidado para fazer o seu primeiro jogo interestadual, o jogo inaugural do Estádio do São Cristóvão-RJ, o campo da Rua Figueira de Melo.

A partida, a de número 43 na história do Alvinegro Praiano, terminou empatada em 1 a 1, com Heitor "Leão" Pinheiro, do São Cristóvão, marcando o primeiro gol do estádio e o artilheiro Ary Patusca fazendo o gol santista. Nesse jogo o técnico Urbano Caldeira escalou a equipe com Benedito Soares, Américo e Cícero; Marba, Oscar e Pereira; Millon, Campos (Telesco), Ary, Alcides e Arnaldo.

Como o São Cristóvão era, oficialmente, um clube coirmão do Santos, nas arquibancadas da Vila Belmiro a diretoria santista havia colocado o escudo do time carioca, assim como nas arquibancadas de Figueira de Melo o São Cristóvão colocara o escudo santista.

Pioneiros - O Estádio da Rua Figueira de Melo foi o primeiro que o time santista inaugurou. No total, o Santos já inaugurou 21 estádios. A última vez em que isso ocorreu foi em 2014, quando o Alvinegro enfrentou o Mixto-MT, na primeira partida da Arena Pantanal.

Conhecido hoje como Estádio Ronaldo Luís Nazário de Lima (o craque brasileiro foi revelado pelo time carioca), o estádio do São Cristóvão é o mais antigo do Rio de Janeiro. Com 103 anos de história, foi o primeiro a ser inaugurado na cidade.

Os dois times de branco?! - O detalhe desse jogo é que as duas equipes jogaram a primeira etapa com camisas brancas. As camisas do Santos eram as mesmas que usou no ano anterior, em 1915, quando adotou o nome União FC para participar do Campeonato Santista. Os meiões eram pretos e na cintura havia uma faixa preta para diferenciar do time carioca, que só tem um uniforme, o de camisas brancas. No segundo tempo, o Santos usou o seu primeiro uniforme, com camisas listradas em branco e preto e calções brancos.

Leônidas da Silva - Um pioneiro no futebol brasileiro

Leônidas foi o primeiro jogador brasileiro a utilizar o marketing e expandir a sua fama
(foto: arquivo CBF)

Está completando neste 24 de janeiro de 2019, 15 anos do falecimento do grande Leônidas da Silva. Dentro de campo, fica a lembrança de um super craque, que encantou o mundo principalmente por suas atuações pela Seleção Brasileira, Bonsucesso, Peñarol, Vasco,  Flamengo e São Paulo. Já fora do gramado, ele ficou marcado pelo pioneirismo.

Leônidas foi o primeiro atleta da história do futebol brasileiro a usar o marketing e a imprensa para se popularizar. Melhor exemplo disso foi sua atuação como garoto-propaganda do chocolate Diamante Negro, nos últimos anos da década de 1930. A Lacta criou esse produto para homenagear o craque, que já tinha o apelido que deu nome ao chocolate, e usar sua fama como meio de alavancar as vendas. O gênio também fez propaganda para relógios e cigarros, e foi o primeiro ex-jogador a tornar-se comentarista esportivo de rádio no país.

O craque foi o primeiro também a aproveitar a condição de famoso jogador (negro) de futebol para conquistar as "moças de boa família". Desde a chegada do esporte bretão ao Brasil, na primeira década do século XX, até os Anos 30, os negros eram proibidos de jogar nos grandes clubes e era inadmissível que namorassem as mulheres das famílias mais tradicionais e importantes, mas sendo o Leônidas...os pais até que gostavam, dizia Mário Filho, ícone do jornalismo esportivo. Em terras tupiniquins, foi o primeiro jogador a romper essa barreira.

Em 1938, na França, o Diamante Negro tornou-se o primeiro jogador a fazer um gol de bicicleta em uma Copa do Mundo. A nota triste é que o lance foi anulado, pois o juiz desconhecia o movimento e o considerou ilegal. Apesar disso, o nome do craque segue até hoje ligado à bicicleta. Muitos o consideram o inventor dessa jogada, mas o próprio Leônidas admitia que só havia popularizado o lance acrobático, que já era praticado nas ruas.

Na Seleção - Disputou duas Copas do Mundo: 1934, quando fez o único gol brasileiro na competição (na derrota por 1 a 3 para a Espanha), e 1938, na França, quando foi o principal artilheiro, com sete gols em quatro jogos, e eleito pela imprensa europeia como o melhor jogador daquele Mundial. Naquele ano, Leônidas era jogador do Mais Querido. Só não jogou as Copas de 1942 e 1946, porque não aconteceram, devido à Segunda Guerra Mundial.

No quesito média de gols por partida, Leônidas da Silva é o maior artilheiro da história da Seleção Brasileira. Em 37 jogos, ele marcou 37 gols. Nem mesmo Pelé, com média de 0,77 gol por confronto, superou o ídolo rubro-negro.

Nuno Leal Maia - Um ator querendo ser treinador

Por Lucas Paes

Nuno Leal Maia: das telas e palcos para a beira do campo

Nuno Leal Maia é um dos mais famosos atores brasileiros. Conhecido por seus papéis em filmes e em novelas, o santista (de nascimento e de time) está completando 71 anos neste 17 de outubro de 2018. Além da carreira nas telas, tentou ser jogador e chegou a passar pelo juvenil do Santos. Mas outra ocupação que teve foi a de treinador de futebol, passando por clubes relativamente conhecidos na casamata. 

A empreitada de Nuno no banco de reservas começa em 1993, quando passou a ter a prancheta como ocupação paralela as câmeras, auxiliado pelo também ator Romeu Evaristo. Passou por quatro clubes na função, sendo eles São Cristóvão, Londrina, Matsubara e Botafogo da Paraíba. Chegou inclusive perto de conquistar títulos, já que deixou o Botafogo paraibano na reta final do campeonato de 1994, quando o time lutava pelo título, que ficou com o Sousa.

Apresentação no São Cristóvão, em 1993 (TV Globo)

Começou no São Cristóvão, em 1993. Mas ganhou destaque em seu segundo clube. Foi responsável por ótima campanha no Campeonato Paraibano de 1994, pelo Botafogo da Paraíba. Na reta final da competição, abandonou o clube em um jogo ainda em campo, após discussão com um diretor da equipe que queria que Nuno escalasse um jogador que tinha ido para a balada e faltado ao treino. Ele se recusou e deixou o clube. Curiosamente, o Bota acabou perdendo o título. 

No ano seguinte, trabalhou no Londrina. Com o Tubarão, fez uma campanha digna, terminando o estadual na oitava colocação. Perdeu apenas um jogo naquele campeonato e conseguiu empates com Paraná e Atlético Paranaense, pontos altos da campanha, segundo ele disse em entrevista ao UOL. O Tricolor, aliás, acabou campeão em 1995. Acabou deixando o clube após um racha entre o patrocinador e a diretoria.

Reportagem sobre a passagem dele no Londrina

No ano seguinte, disputou o Brasileirão da Série C pelo Matsubara. Na fase final da competição, segundo ele, o dono do clube passou a vender resultados para os adversários. Apesar disso, o time foi para cima do Corinthians de Presidente Prudente, em um jogo onde Nuno foi cobrado pelo treinador adversário por um resultado que não havia combinado. Após deixar a equipe paranaense, saiu do futebol, dizendo que este era um meio muito corrupto e decepcionado com algumas situações. 

Porém, uma das falas de Nuno Leal Maia sobre sua carreira como treinador bate com a filosofia de alguns treinamentos atuais usados no esporte bretão, já que ele dizia que repetia o exercício e o fundamento até que este fosse assimilado pelos atletas. Para se ter ideia, Pep Guardiola é bastante adepto da repetição para entendimento dos conceitos, algo que pode ser constatado no livro “Guardiola Confidencial”. Quem sabe se não tivesse continuado, ele não se tornaria um grande treinador?

Lamartine Babo e os hinos dos clubes cariocas

Por Lucas Paes

  Lamartine Babo compôs hinos para onze clubes cariocas

Lamartine Babo era um famoso compositor carioca. Famoso por compor marchinhas de carnaval como “O teu cabelo não nega”, Lamartine tem relação intima com o futebol do Rio de Janeiro. Torcedor fanático do América (em 1960, após o título carioca, ele saiu desfilado fantasiado de diabo pelo Rio de Janeiro em comemoração), foi compositor de diversos hinos dos times cariocas que são até hoje os oficiais dos clubes. 

Com uma facilidade imensa na criação de versos e melodias, Babo começou escrevendo uma marchinha para o Flamengo, em 1945, que é até hoje considerada o hino não oficial do clube. Anos depois, Heber Boscoli, do programa “Tream da Alegria”, desafiou Lamartine a escrever hinos para os 11 principais clubes do Campeonato Carioca de futebol. 

Varias são as versões de como Lamartine chegou aos 11 hinos. A mais aceita é que ele foi fechado num apartamento com comida para seis dias numa geladeira, de onde só sairia quando os hinos estivessem prontos, e escreveu todas as restantes dez músicas. Primeiro dos clubes grandes, que na época eram os quatro famosos, Fluminense, Flamengo, que já tinha a sua, Botafogo e Vasco. Além do Bangu e o América. Depois, vieram os hinos dos times de menor expressão, mas não menos importantes (Olaria, Madureira, Bonsucesso, Canto do Rio e São Cristóvão). Cada hino era lançado em LPs referentes aos clubes. 

O hino do América, time de coração de Lamatine, é considerado por muitos o mais bonito do Brasil

Os hinos fizeram tamanho sucesso que acabaram sendo considerados oficiais dos clubes. Mesmo o do Flamengo, que é o hino popular e não exatamente o oficial, é mais conhecido que o oficial, à exemplo do que acontece no Santos com a marchinha “O Leão do Mar”. No caso do Mengão, a situação é ainda mais interessante, pois a torcida santista ainda costuma entoar o hino oficial, já a torcida flamenguista não canta o hino oficial do clube nas arquibancadas (Flamengo, Flamengo, Campeão de Terra e Mar), que é pouco conhecido pelo torcedor rubro-negro. De fato, uma das poucas vezes que a torcida rubro-negra fez menção ao hino oficial foi em um mosaico no Brasileirão de 2016.

Nem só de hinos de clubes viveu Lamartine, já que também compunha marchinhas de carnaval como a já citada “O teu cabelo não nega”. A chegada do Estado Novo de Vargas e a censura as sátiras de suas marchinhas acabou tirando a graça de alguma de suas criações, mas outras permaneceram na memória do povo e são cantadas até hoje. O compositor Braguinha certa vez fraseou que existiu um carnaval antes de Lamartine e outro depois dele. 

Lamartine faleceu em 1960, devido a um infarto, deixando seus versos para os clubes cariocas marcados para a eternidade. Em 1981, a Imperatriz Leopoldinense conquistou o carnaval com um enredo homenageando o compositor, numa homenagem ao mesmo tempo divertida e emocionante.

Flamengo 12 x 2 São Cristóvão - Em 1956, a maior goleada do Maracanã


12 a 2!!! Uma sonora goleada, a maior do Maracanã

O Maracanã é um dos estádios mais importantes do futebol mundial, com várias histórias. Muitos gols bonitos e conquistas importantes aconteceram no grande templo. Também aconteceram diversas goleadas e a maior delas foi em um 27 de outubro de 1956, quando o Flamengo, então tricampeão carioca, fez 12 a 2 no São Cristóvão.

O Rubro Negro tinha uma grande equipe, com jogadores como Índio, Joel e Zagallo, mas o nome daquele time era o atacante Evaristo (sim, que como treinador 'ganhou' o sobrenome e é conhecido como Evaristo de Macedo, além de ter sido ídolo na Espanha, onde jogou por Barcelona e Real Madrid). Porém, o São Cristóvão, que havia começado mal na competição, vinha em franca recuperação e prometia dar trabalho.

O São Cristóvão prometia dar trabalho

Às 15h15 foi dado o pontapé inicial. Mal se arvorou o São Cristóvão no ataque, e logo em seguida o Flamengo abriu a contagem. Evaristo invadiu a área e bateu forte. Décio bloqueou, mas a bola sobrou para Índio chutar por elevação, encobrindo Rui. Enquanto buscava o couro no fundo das redes, o arqueiro cadete mal imaginava que repetiria tantas vezes o gesto naquela tarde. “Do jogo propriamente dito, só há a registrar-se os ‘goals’”, desculpou-se a Esporte Ilustrado aos leitores por ver sua crônica do jogo quase reduzida à mera descrição dos tentos.

No primeiro tempo, porém, o escore foi até modesto da parte do Flamengo: só aos 18 minutos as redes alvas balançariam novamente. Joel desceu pela ponta direita e centrou. Evaristo, na pequena área, arrematou de calcanhar. Aos 31, o centromédio Luís Roberto, substituto de Dequinha, apanhou uma bola espanada por Jorge e bateu de fora da área. E cinco minutos depois, Evaristo recebeu de Índio para marcar o quarto.

O time do Fla de 1956

Com a goleada já decretada, imaginava-se que o São Cristóvão se fecharia na defesa durante a segunda etapa para se poupar de algo pior. Não foi, porém, o que aconteceu. A equipe alva retornou com o mesmo desprendimento defensivo, por assim dizer, e tentando se lançar ao ataque. E veio então a enxurrada de gols rubro-negros. Logo aos sete minutos, Índio foi lançado por Joel e marcou o quinto. Dois minutos depois, o próprio Joel aproveitou o rebote de Rui e fez o sexto. E aos 16, Índio anotou mais um, o sétimo, após assistência de Evaristo.

Na tentativa de salvar um pouco a honra, o São Cristóvão descontou aos 17, depois de Nonô disputar a bola com o goleiro rubro-negro Ari. E após Evaristo fazer o oitavo gol do Flamengo no minuto seguinte, descontou pela segunda vez com Neca, cobrando pênalti de Tomires em Nonô. Mas o Flamengo cavaria mais fundo: aos 32, Paulinho recebeu de Índio e lançou o centroavante na corrida para fuzilar Rui.

Evaristo troca flâmulas com seu colega Benedito, do São Cristóvão

Desestabilizada, a defesa sancristovense conseguiu falhar até em cobrança de tiro de meta: Evaristo recolheu o chute torto de Ivan e bateu para as redes, marcando o décimo. Paulinho, aos 41, e Joel, aos 45, completariam a dúzia de tentos rubro-negros. E foi isso: com o escore de DOZE a dois a favor do Flamengo, nem houve nova saída. O lendário Mário Vianna, árbitro da partida – e ironicamente torcedor confesso do São Cristóvão – pôs ponto final num massacre que até hoje o estádio não viu igual.

Mesmo com o belo time e buscando o tetracampeonato Carioca, o Flamengo não conseguiu o intento na competição. Alguns tropeços no segundo turno fizeram com que o Rubro Negro perdesse o título para o Vasco. Já o Maracanã, depois deste dia, viu outras goleadas, até um 10 a 0, já na fase arena (da Espanha sobre o Taiti, pela Copa das Confederações de 2013), mas o 12 a 2 continua marcado na história de um dos maiores templos do futebol mundial.

Evaristo marca um de seus quatro gols em foto da “Esporte Ilustrado”

Ficha Técnica
FLAMENGO 12 X 2 SÃO CRISTÓVÃO

Data: 27 de outubro de 1956
Local: Maracanã - Rio de Janeiro-RJ
Renda: Cr$ 327.587,40.
Árbitro: Mario Vianna.

Gols
Flamengo: Índio, aos 3', Evaristo, aos 18', Luís Roberto, aos 31', Evaristo, aos 36' do primeiro tempo. Índio, aos 7', Joel, aos 9', Índio, aos 16',  Evaristo, aos 18', Índio, aos 32', Evaristo, aos 38', Paulinho, aos 41' e Joel, aos 45' do segundo tempo.
São Cristóvão: Nonô, aos 17', e Neca, de pênalti, aos 22' do segundo tempo

Flamengo: Ari; Tomires e Pavão; Milton Copolilo, Luís Roberto e Jordan; Joel, Paulinho, Índio, Evaristo e Zagalo - Técnico: Fleitas Solich.

São Cristóvão: Rui; Jorge e Ivan; Benedito, Osmindo e Décio; Paulinho, Nonô, Ademar, Neca e Olivar - Técnico: Índio.

Campeões no Rio de Janeiro em 2016


Seguindo com a série de campeões de 2016, apresentamos agora o balanço dos títulos no estado do Rio de Janeiro. A Federação de Futebol local (FFERJ) organizou treze campeonatos, sejam masculino e feminino, adultos ou de base e você agora pode conferir todos os vencedores. E aqui vai um adendo: apesar de o Vasco ter conquistado a principal competição, foi o Flamengo que gritou mais vezes campeão no Rio, com quatro conquistas.

Na Série A Profissional, o Vasco da Gama conquistou o bicampeonato estadual, derrotando o Botafogo na decisão. Na base, o Fogão conquistou o Sub-20, enquanto o Flamengo levou o Sub-17, Sub-15 e a Taça Otávio Pinto Guimarães, disputada por equipes Sub-20.

Na Série B, depois de toda confusão no tapetão por causa do Americano e a desconfiança de jogos decisivos entregues, para facilitar mais à frente, o campeão acabou sendo o Nova Iguaçu, que também conquistou o título Sub-20 da divisão. Nos campeonatos Sub-17 e Sub-15, que contavam com clubes das Séries B e C do Rio, os vencedores foram o Sampaio Corrêa e o tradicional São Cristóvão, respectivamente.

O título de campeão profissional da Série C no estado ficou na região metropolitana. O São Gonçalo EC, fundado em 2010, conquistou o título. Já no Sub-20 da divisão, a taça de campeão ficou com o Serra Macaense.

No Feminino, o Flamengo, que tem uma parceria com a Marinha do Brasil, conquistou o título ao derrotar o Vasco da Gama na decisão. Já na Copa Rio Masculina, a taça ficou na Ilha do Governador: a Portuguesa, que foi vice em 2015, deu a volta por cima e levou o caneco.

Agora é esperar 2017 para o início do campeonato mais charmoso do país.

São Cristóvão – campeão carioca de 1926

O time campeão de 1926

O São Christóvão Athletic Club, criado no bairro de mesmo nome no Rio de Janeiro, foi fundado em 5 de julho de 1909, com a finalidade de disputar os campeonatos metropolitanos de futebol. Na região também existia o clube de remo, fundado em 1898.

O clube começou a mostrar sua força em algumas competições. Em 1918, 1923 e 1924, o São Cristóvão terminou o Campeonato Carioca em terceiro lugar, quando incomodou as grandes equipes. Em 1925, o São Cristóvão terminou a competição em sexto.

Para o ano seguinte, o clube resolveu fortalecer seu elenco, mas, ainda assim, no início do Carioca de 1926, os favoritos eram Vasco, Flamengo e Fluminense. Na estreia, o São Cristóvão mostrou força e venceu o Botafogo por 6 a 3. No entanto, o time da Figueira de Melo perdeu de 6 a 2 do Fluminense na rodada seguinte, reforçando sua condição de azarão.

Aos poucos, porém, a estratégia do técnico Luís Vinhaes começou a se fazer notar. O treinador era discípulo do uruguaio Ramón Platero, campeão com o Vasco em 1923 e 1924. Ambos tinham, por princípio, impor treinamento intenso aos jogadores, com enfoque no preparo físico e na força para os padrões ao amadorismo da época. No caso de Vinhaes, ainda deve-se acrescentar o discurso motivacional apurado.

Matéria do jornal O Imparcial sobre o título

Mesmo sem resultados brilhantes, o São Cristóvão foi colhendo pontos. Venceu Vila Isabel e Vasco em jogos apertados antes de deslanchar com um acachapante 5 a 0 sobre o Flamengo. O time seguiu com sua campanha consistente e discreta, com vitórias sobre Syrio e Libanez (3 a 1), Brasil (8 a 2), América (3 a 1) e Botafogo (4 a 3), além de um empate contra o Bangu em 2 a 2.

No início do segundo turno, o São Cristóvão venceu o Fluminense por 4 a 2 e se colocou como candidato ao título. Uma derrota para o Vasco, por 3 a 2, complicou a situação, pois os cruzmaltinos já se colocavam como principal concorrente na competição.

Ainda assim, com vitórias consecutivas sobre Vila Isabel, Brasil, Syrio e Libanez e Bangu, o clube da Figueira de Melo ficou em situação confortável. A equipe tinha 27 pontos ao lado do Fluminense. O Vasco estava com 29, mas tinha duas partidas a mais e já encerrara sua participação.

Em 19 de setembro de 1926, o São Cristóvão empatou em 4 a 4 com o América e se beneficiou da derrota do Fluminense para o Flamengo. Com isso, bastaria ao Alvinegro vencer o desinteressado Rubro-Negro na partida decisiva. Os dois times já haviam se enfrentado no returno. Porém, o jogo foi interrompido quando o Flamengo ganhava por 3 a 1. Este fato deu uma nova chance ao São Cristóvão.

Galeria dos campeões

Na partida, realizada em 21 de novembro de 1926 no estádio da Rua Paysandu, o São Cristóvão sobrou em campo. Com o artilheiro Vicente em jornada inspirada, o time da Figueira de Melo fez 5 a 1 e conquistou, pela primeira, o Campeonato Carioca. Com os três gols na decisão, Vicente passou o vascaíno Russinho e ficou com a artilharia do torneio.

Mas, infelizmente, este foi o único título do São Cri-Cri no principal certame do Rio de Janeiro. Em 13 de fevereiro de 1943, o São Cristóvão Athletic Club absorveu o clube de remo do bairro, mudando o nome para São Cristóvão Futebol e Regatas.

Já na década de 1990, a agremiação ficou famosa por ter revelado para o futebol o atacante Ronaldo, um dos melhores jogadores da história do futebol brasileiro. Fora da elite a 20 anos, o clube de Figueira de Melo luta para voltar aos bons tempos.

* Com informações do Museu Virtual do Futebol.
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