Romário e Edmundo no Vasco - “O rei, o príncipe e o bobo”

Por Fabio Rocha
Foto: arquivo

No auge da briga, Romário e Edmundo atuaram juntos pelo Vasco

Romário e Edmundo, dois dos jogadores mais famosos do futebol brasileiro por vários anos, viveram momentos de amizade com outros de grande ódio. E eles atuaram juntos em clubes em algumas oportunidades, como no Flamengo, em 1995, quando a amizade estava forte, e na segunda vez no Vasco, em 2000, onde os dois viviam às turras, e dentro de campo acabou não funcionando, com brigas de ego e um querendo mais espaço que o outro.

Tudo começa quando a Fifa confirmou que iria fazer um Mundial de Clubes no início de 2000, no Brasil, e confirmou a participação do Vasco, campeão da Libertadores de 1998, ao invés do Palmeiras, que ganhou a competição no ano seguinte. Depois de jogar por uma temporada e meia na Fiorentina, Edmundo, que tinha tido o melhor desempenho de sua carreira pelo Cruzmaltino em 1997, foi recomprado pelo clube de São Januário a peso de ouro. Em resumo, no Gigante da Colina, Animal era rei!

Porém, com o Mundial, Eurico Miranda, o grande cartola vascaíno, teve uma grande ideia: trazer novamente Romário. O Baixinho foi revelado pelo Vasco, ainda nos anos 80, ganhou o mundo e quando voltou para o Brasil, defendeu o Flamengo. Mesmo assim, o dirigente contratou o craque, que na época era desafeto de Edmundo. Para convencer o Animal, Eurico Miranda disse que Romário só jogaria o Mundial.

O Vasco emendou o Campeonato Brasileiro de 1999 com a preparação para o Mundial, que começou na primeira semana de 2000. E no início, parecia que a dupla ia dar certo, até porque em um jogo contra o Manchester United, o Maracanã, os dois fizeram um primeiro tempo infernal. O Baixinho marcou dois e o Animal fez um golaço, com um drible desconcertante em Silvestre. Com isto, o Cruzmaltino venceu por 3 a 1.

Porém, o Vasco perdeu o Mundial para o Corinthians, nos pênaltis. E depois, a situação entre os dois degrigolou. Após o torneio, Edmundo saiu de férias e, quando voltou, viu que Romário havia continuado no Vasco e ele tinha perdido espaço no clube, até a faixa de capitão. Ele começou a forçar a sua saída, deixando de ir treinar por semanas. Eurico conversou com Edmundo, disse pra ele voltar, que o negociaria e prometeu que no período em que ele estivesse no time, seria o capitão.

No dia 29 de março de 2000, em um jogo contra o Olaria, a confusão explodiu. Teve um pênalti para o Vasco, Edmundo, que era o batedor oficial, foi para a cobrança, mas Romário não o deixou bater, foi pra marca da cal e perdeu.

No intervalo, Edmundo mandou: "Quem manda é o homem lá, mas só eu que estava treinando os pênaltis. Mas quem manda é o homem. Se o homem quer que bata o príncipe, eu não tenho culpa". Terminado o duelo, Edmundo voltou aos microfones, e surgiu a pergunta: se Romário era o "príncipe" do Vasco, quem seria o "rei"? O Animal respondeu de primeira: "O Eurico". O Baixinho, aproveitou para alfinetar: "Agora a corte está toda feliz: o rei, o príncipe e o bobo", disparou.

A briga entre os dois acabou "contagiando" todo o elenco vascaíno. O Gigante da Colina continuou perdendo títulos no primeiro semestre de 2000, ficando com o vice no Rio-São Paulo, perdendo para o Palmeiras, e o Carioca, para o rival Flamengo. Os dois, naquele momento, não cabiam no mesmo espaço, e Eurico resolveu a situação.

Edmundo acabou emprestado ao Santos em julho de 2000, e Romário terminou a temporada como grande nome do Vasco. Decidiu a histórica virada sobre o Palmeiras na decisão da Mercosul, por 4 a 3, foi o goleador do time na Copa João Havelange, sendo também campeão em uma final polêmica contra o São Caetano, e terminou a temporada com 67 gols.

Animal e o Baixinho se reencontram novamente, mas dessa vez no Gigante da Colina. Começou diferente no Vasco, Edmundo já estava no clube, enquanto Romário era contratado pelo time vascaíno. A briga dentro de campo era grande, mas fora foi maior ainda. Por vaidade e ego, a dupla vivia uma amizade bastante complicada.

Além da boa temporada, o estopim para o fim da dupla no Vasco surgiu após uma entrevista de Romário. O craque comparou o gigante da colina com uma corte e se proclamou príncipe do reinado de Eurico Miranda, e deixou o papel de bobo para o Animal. Após isso, Edmundo se irritou e pediu as contas no clube.


Em entrevista ao canal “Desimpedidos” em 2018, Romário relembra e fala sobre a grande temporada da equipe. “Cara, a minha melhor fase jogando aqui no Rio de Janeiro foi com a camisa do Vasco no ano de 2000, que eu fiz, se não me engano, 75 gols em 73 jogos, ou seja, foi o ano onde me superei, e o Vasco em praticamente em todas as finais possíveis” afirma o baixinho.

Depois, os dois ainda atuariam juntos mais uma vez em 2004, pelo Fluminense, quando já não estavam mais como grandes desafetos. Após se aposentarem, chegaram a esboçar uma reaproximação, mas nas últimas semanas voltaram a trocar farpas.
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