A segunda e não tão feliz passagem de Otto Gloria pela Seleção Portuguesa

Foto: arquivo Federação Portuguesa de Futebol

A segunda passagem de Gloria pela Seleção Portuguesa nem de perto lembrou a campanha de 1966

Em 9 de janeiro de 2020 está completando 103 anos do nascimento do ex-treinador brasileiro Otto Gloria, que faleceu em 4 de setembro de 1986. O técnico é conhecido pelo título paulista com a Lusa, em 1973, os títulos no futebol português, a brilhante campanha com a Seleção de Portugal na Copa do Mundo de 1966, onde ficou no terceiro lugar, e a conquista da Copa Africana das Nações em 1980, dirigindo a Nigéria. Mas Otto Gloria coleciona alguns trabalhos de pouco sucesso, como a segunda passagem pelo selecionado lusitano, entre 1982 e 1983.

Otaviano Martins Gloria nasceu no Rio de Janeiro, em 9 de janeiro de 1917. Seu grande salto na carreira como treinador aconteceu em 1951, dirigindo o Vasco. Depois de um passagem pelo America, foi para Portugal em 1954 e fez grandes trabalhos. Na Europa, além da famosa campanha com a Seleção Portuguesa em 1966 e os trabalhos com os clubes lusitanos, Otto Gloria passou também por Olympique de Marselha e Atlético de Madrid.

Entre idas e vindas de Portugal e Brasil, ele trabalhou no Monterrey, no fim da década de 70, e na já citada Seleção Nigeriana, quando o título africano reacendeu um profissional que já parecia estar em fim de carreira. Assim, a Federação Portuguesa de Futebol, por causa da nostalgia da Copa de 1966 e a recém conquista, resolveu chamá-lo novamente para comandar o selecional lusitano. Otto Gloria já estava com 65 anos.

O time lusitano não tinha voltado à uma Copa do Mundo desde a passagem dele, em 1966. A reestreia do treinador brasileiro junto à Seleção Portuguesa aconteceu no dia 22 de setembro de 1982, contra a Finlândia, em Helsinki, pela Eliminatórias da Euro. E o começo foi bem, com uma vitória por 2 a 0 fora de casa. A segunda partida, em 10 de outubro, contra a Polônia, em Lisboa, também pelas Eliminatórias da Euro, também teve resultado positivo: 2 a 0 para Portugal.

A Seleção Lusitana só entraria em campo em 1983 e se o reinício de Otto Gloria foi positivo, o ano seguinte não seguiria a tendência. Portugal fez dois amistosos em fevereiro, perdendo por 3 a 0 para a França, em Guimarães, no dia 16, e vencendo a Alemanha Ocidental, então atual vice-campeã do mundo, por 1 a 0, em Lisboa. Esta seria o último triunfo de Otto Gloria comandando os portugueses.


Em 13 de abril, em Coimbra, se preparando para a volta das Eliminatórias da Euro, Portugal não passou de um empate com a Hungria, em 0 a 0. 14 dias depois, veio a partida que colocou Otto Gloria em cheque: os lusitanos sofreram uma goleada por 5 a 0 para a União Soviética, em Moscou. A gota d'água aconteceu em um amistoso no dia 8 de junho, em Coimbra, quando os portugueses sofreram outra goleada: 4 a 0 para o Brasil.

E a seleção de seu país natal acabou sendo o algoz. Reclamando da falta de colaboração dos grandes clubes do país, que muitas vezes restringiam a liberação dos jogadores, e a falta de empenho dos cartolas da Federação, que não resolviam a situação, Otto Gloria pediu demissão e deixou a Seleção Portuguesa, aquela que em passagem anterior tinha sido o seu trabalho de ouro.

Otto Gloria ainda trabalharia mais uma vez no Vasco, ainda em 1983, tentando salvar o clube, que vinha mal no Campeonato Carioca. Assim como na Seleção Portuguesa, o treinador não conseguiu impor o seu sistema e teve problemas de relacionamento com o elenco, deixando o cargo após o fim do estadual, em seu último trabalho como treinador. Em 4 de setembro de 1986, aos 69 anos de idade, não resistiria a uma insuficiência renal aguda e viria a falecer.
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