Os guerreiros do Peixe na Batalha de Rosário de 1998

Por Victor de Andrade
Fotos: acervo Santos FC

Jogadores do Santos comemoram o título após o fim da partida: uma verdadeira batalha

Neste 21 de outubro de 2018, está completando 20 anos em que o Santos FC conquistou da Copa Conmebol. O título veio com um empate em 0 a 0 contra o Rosario Central, no Gigante de Arroyito, e aquele dia aconteceu de tudo, onde a delegação do Peixe passou diversos apuros para chegar ao estádio e chegou a até se recusar a entrar em campo.

Porém, voltamos ao início da competição. O Santos, para chegar à decisão, passou por Once Caldas, LDU Quito e Sampaio Corrê para chegar à decisão. No primeiro jogo da final, no dia 7 de outubro, na Vila Belmiro, a partida foi violenta dentro de campo. Com muita catimba e provocação, o Peixe venceu o Rosario Central por 1 a 0, gol de Claudiomiro. Porém, houve um saldo negativo na questão de disciplina: Viola e Jean (na verdade era para ser o Narciso, que agrediu um jogador argentino, mas o árbitro se enganou) levaram cartões vermelhos. Até o técnico Emerson Leão também foi expulso. Você pode conferir como foi a campanha aqui.

Aí vem o grande problema: o Santos até tinha um bom elenco naquela temporada (foi o terceiro no Brasileirão), mas por causa de negociações depois da data limite de inscrições na competição (vale lembrar que para o Campeonato Brasileiro, que acontecia paralelamente e era a prioridade, as inscrições ainda estavam abertas), uma série de jogadores contundidos (alguns titulares absolutos, como o zagueiro Argel e o meia Jorginho) e as suspensões, o Alvinegro só tinha 15 jogadores para serem relacionados para o jogo de volta, sendo que três eram goleiros.

Mas no dia 21 de outubro, a delegação do Santos passou por um grande perrengue para chegar ao Gigante de Arroyito. O ônibus que levava a equipe não conseguiu entrar no estádio e todos tiveram que fazer o resto do caminho a pé, no meio de xingamentos, cusparadas e pedras. Até tiro rolou. Com isto, o Santos se negou a entrar em campo, alegando falta de segurança e até simulou que o massagista havia sido atingido por um dos tiros.

O então presidente da Conmebol, Nicolás Leoz, querendo que o jogo, acontecesse, interviu. Conseguiu com que a polícia argentina (que no início dizia que não tinha como fazer nada) fizesse um cordão de isolamento em volta do banco do Santos e permitiu que o técnico Emerson Leão, que estava suspenso, fosse a campo.

Apesar do nervosismo, da pressão do Rosario Central e dos diversos desfalques importantes, o Santos se portou bem dentro de campo, conseguiu segurar o ímpeto do adversário e o placar de 0 a 0 deu o título ao Peixe. Conheça os 13 jogadores (11 titulares e os dois reservas que entraram no decorrer da partida) que foram os grandes guerreiros em Rosario naquele 21 de outubro de 1998:

Zetti: o mais experiente dos que estiveram em campo. Zetti, que na carreira já havia conquistado tudo quanto era competição, fez uma partida fenomenal e suas defesas garantiram o título ao Peixe. Aliás, esta foi o último troféu conquistado pelo goleiro na carreira.

Ânderson Lima: o bom lateral-direito não vivia um bom momento com a camisa do Santos e era criticado pela torcida. Porém, teve sangue frio para segurar os ataques do time argentino pelo seu setor. Depois de sua passagem pelo Santos, ele defendeu o São Paulo e fez parte de bons times do Grêmio e São Caetano.

Sandro: o zagueiro-central pernambucano era famoso por ter um chute fortíssimo de perna direita. Em vários momentos de sua passagem pelo Santos, foi titular, mas naquela fase era reserva de Argel, que não jogou, pois estava machucado. Depois do Santos, Sandro teve boa passagem pelo Botafogo e chegou a defender o Vitória.

Claudiomiro: foi naquele semestre de 1998 que Claudiomiro foi recuado por Emerson Leão de volante para zagueiro e fez uma dupla famosa com Argel, por ser muito dura. Ele acabou sendo o autor do gol do título, já que a rede não foi balançada no segundo jogo. Claudiomiro, depois, defendeu o Grêmio.

Athirson: o então jovem lateral-esquerdo foi emprestado pelo Flamengo em uma negociação envolvendo vários atletas de ambos os lados. Já mostrava muito talento e alguns defeitos, normais para um jogador da idade dele. Era a válvula de escape, pela esquerda, naquele time de Leão. Depois, voltou ao Flamengo, chegou a defender a Seleção e rodou o mundo.

Marcos Basílio: o volante era um Menino da Vila e estava procurando o seu espaço naquele elenco do Santos. Marcos Basílio não era titular da equipe, mas jogou a final por causa das contusões, suspensões e jogadores não inscritos para a competição. Quando saiu do Santos, em 2000, virou um andarilho da bola pelo Brasil e hoje é técnico nas categorias de base da Portuguesa Santista, onde faz bom trabalho.

Élder: Élder tem uma história muito parecida com a de Marcos Basílio. Não era um Menino da Vila (veio do Novorizontino, junto com Alessandro e teve uma passagem pelo Vasco) e também não estava entre os titulares absolutos daquela equipe, mas também saiu jogando naquela final. Depois rodou o Brasil, chegou a jogar na Grécia e Hungria e atualmente também é treinador das categorias de base da Portuguesa Santista, com bons resultados.

Narciso: Dos 13 jogadores que entraram em campo naquele dia, Narciso era, ao lado de Zetti, um dos jogadores mais importantes do elenco. Se fosse nos dias de hoje, ele não jogaria a final, já que Jean foi expulso injustamente no primeiro jogo, já que ele havia agredido o jogador argentino. Narciso depois teve um problema de Leucemia e teve que encurtar sua carreira e hoje é treinador.

Os titulares da batalha

Eduardo Marques: outro Menino da Vila, Eduardo Marques era um meia com potencial, já que se movimentava bastante, tinha habilidade e chutava bem de fora da área. Porém, a displicência dentro de campo (sumia algumas vezes da partida) o atrapalhava. Foi expulso naquele jogo. Foi outro que rodou o mundo da bola.

Fernandes: apesar das poucas opções de Leão, Fernandes foi a surpresa daquele time que saiu jogando contra o Rosario Central, já que dificilmente ele era titular. Fernandes foi ídolo no Figueirense, tendo defendido o clube em quatro passagens. Também passou pelo Palmeiras, onde não foi bem.

Alessandro: Revelado pelo antigo Novorizontino, o atacante, que depois recebeu o apelido de "Cambalhota", por comemorar os seus gols com piruetas, já se mostrava ser um bom atacante e foi importante naquele 1998, mas seu auge com a camisa do Santos foi no primeiro semestre de 1999, onde chegou a ser convocado para a Seleção. Depois da passagem pelo Alvinegro, Alessandro rodou o mundo e encerrou a carreira no time em que fundou, o atual Novorizontino.

Baiano: outro Menino da Vila, Baiano ainda atuava mais como volante do que como lateral-direito (posição em que seguiu em boa parte da carreira). Chegou a ser titular em alguns jogos daquele time, mas na final começou no banco de reservas e entrou no lugar de Fernandes, aos 21' do segundo tempo, para segurar o resultado. Ele, depois jogou no Vitória, Las Palmas, Palmeiras e até Boca Juniors e encerrou a carreira recentemente, no futebol de Brasília.

Adiel: mais um Menino da Vila, mas Adiel era, naquele momento, a grande joia do clube, já que havia sido campeão mundial sub-17 (no time que tinha Ronaldinho Gaúcho) em 1997. Leão gostava do futebol dele e chegou a lançá-lo como titular em alguns jogos. Entre empréstimos para times brasileiros e asiáticos, Adiel esteve no elenco campeão brasileiro de 2002 e nos últimos anos defendeu Juventus e Portuguesa Santista.
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