Bósnia 3 x 1 Irã - Os treze dias insanos de junho

Bósnia consegue sua primeira vitória em Copas

* por Fernando Martinez

Em quase vinte anos acompanhando in loco partidas de campeonatos que estão fora do holofote da grande mídia, sei direitinho a definição do que é um "jogo perdido". Poderia me alongar aqui a respeito disso, mas não é esse o caso. O que importa no momento é falar sobre uma das teses que sustento: podemos ter facilmente um jogo perdido numa competição nada perdida, até mesmo na Copa do Mundo.

Sim. Isso mesmo. Copa do Mundo.

É fácil o planeta inteiro prestar atenção num Alemanha x França, Brasil x Argentina ou Inglaterra x Itália, verdadeiros clássicos do futebol mundial. Agora me digam quantas pessoas realmente param qualquer coisa que estiverem fazendo para ver "clássicos" do naipe de Argélia x Irlanda do Norte, Coreia do Sul x Bolívia e Irã x Angola? Certamente um número muito menor. (*)

Equipes perfiladas para os hinos

Eu posso dizer com grande orgulho que me interesso mais por esses jogos perdidaços do que pelos grandes clássicos, e claro que esperava ansiosamente o sorteio das chaves da Copa do Mundo do Brasil para saber qual seria o jogo mais surreal da competição. No dia 6 de dezembro de 2013 tive a resposta: um estupendo Bósnia x Irã em Salvador. Não tinha como ficar de fora dessa sessão futebolística. Sério mesmo.

Sabia que o interesse geral para essa partida não seria tão grande, então comprar esse ingresso foi como tirar doce de criança. O problema mesmo seria conseguir algum voo que coubesse no meu bolso levando também em conta o meu apertado cronograma pessoal.

Depois de vários e vários plantões em todos os sites de companhias aéreas consegui milagrosamente encontrar um bilhete num valor razoável saindo de BH (no dia anterior assisti ali Inglaterra x Costa Rica) e depois saindo de Salvador para Curitiba (iria originalmente ver Rússia x Argélia, mas de última hora mudei os planos).

Pressão da Bósnia, que foi melhor durante a partida

A noite na capital mineira foi surreal e ainda na madrugada me mandei para o Nordeste brasileiro. Aterrisei em solo baiano debaixo de um verdadeiro dilúvio e antes de pegar o caminho para a Fonte Nova visitei pontos da cidade que ainda não tinha tido o prazer de conhecer.

Já que essa talvez tenha sido a única partida da Copa aonde tinham ingressos disponíveis no site da FIFA pouco antes das 13 horas, horário do pontapé inicial, armei um esquema genial com o amigo Luiz Fôlego e consegui um espacinho na beira do campo, no ãngulo da televisão. Passei ileso pela militaresca revista nos portões de entrada e logo fui para a arquibancada.

De forma inesperada para mim, um público de mais de 48 mil pessoas foi ao principal estádio da cidade para ver esse duelo simplesmente genial no Grupo F. O Irã precisava vencer e torcer por uma derrota da Nigéria contra a favorita Argentina para tentar um lugar nas oitavas. A eliminada Bósnia queria o triunfo para não sair em branco justamente na sua primeira Copa do Mundo como país independente.

Despedida da Copa do Mundo

Durante os 90 minutos foi evidente o domínio europeu e os iranianos, mesmo contando com um grande número de torcedores na Fonte Nova, não mostraram serviço. Dzeko fez o primeiro da Bósnia aos 23 minutos e Pjanic ampliou aos 14 do tempo final. Reza diminuiu aos 37 e no minuto seguinte Vrsajevic deu números finais ao confronto: Bósnia 3-1 Irã.

Essa peleja fechou a minha enorme sequência de viagens feitas durante a primeira fase da Copa do Mundo de 2014. Passei o final daquela tarde passeando pelo Dique do Tororó, vendo o maravilhoso pôr-do-sol no farol da Barra e curtindo a noite na Fan Fest realizada no mesmo local. Voltei para São Paulo durante a madrugada (ainda tinha o Bélgica x Coreia do Sul para assistir no dia seguinte, outro jogo nas quartas e a decisão do terceiro lugar) já com enorme saudade dos insanos treze dias que vivi de 13 a 25 de junho.

Com certeza foram os treze dias mais geniais da minha vida.

(*) Caso você não saiba ou não esteja lembrado, esses jogos realmente aconteceram, respectivamente nas Copas de 1986, 1994 e 2006.


* Fernando Martinez (o terceiro da esquerda para a direita), 38 anos, é jornalista, fundador do blog Jogos Perdidos (www.jogosperdidos.com), apresentador do Futebol Alternativo TV, todas as segundas, 21 horas, na AllTV (www.alltv.com.br) e tem mais 2.500 jogos vistos inloco.


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Festa em despedida de duas seleções


Bósnia dominou a partida

* por Daniel Dalence

E chegou o dia 25 de junho. E mais uma vez lá estava eu a caminho da Fonte Nova para assistir a mais um jogo pela Copa do Mundo na capital baiana. A partida era Bósnia Herzegovina e Irã, pelo Grupo F da competição.

Salvador estava com o tempo chuvoso. Como a data da partida antecedia a meu aniversário de 29 anos, fui para o evento acompanhado de minha mãe e minha namorada e talvez tenha sido o jogo que eu tenha mais me divertido em toda a Copa do Mundo.

Tivemos a ideia de ir fantasiados de árabes para o estádio. Tudo bem, eu sei que iraniano não é árabe, mas estar fantasiado era diversão garantida! Tiramos inúmeras fotos, viramos a atração antes da partida. Até um repórter da TV Globo quis tirar uma foto.

Muitos tiraram foto com Daniel Dalence e grupo

É claro que ficamos de boca fechada para ninguém notar nossa nacionalidade. Já pensou se descobrissem que éramos brasileiros? Eu não ia desiludir as várias pessoas que tiraram foto conosco. A festa da Copa foi ótima em todos os jogos, mas esta ideia de fantasia fez com que me divertisse muito.

Além de mim, havia muitas figuras no estádio, inclusive fantasiados também. A torcida da Bósnia, mesmo sabendo que seria a última partida, cantou o jogo todo como se fosse torcida de clube. Os iranianos estavam muito animados, mesmo com a pequena chance de classificação.

Sem pretensões na competição, pois já estava eliminada, a Bósnia jogou despretensiosamente e acabou se saindo melhor na partida. O Irã, mesmo sabendo que poderia se classificar, foi um time apático e acabou sendo totalmente dominado pelos europeus. No final, os bósnios venceram por 3 a 1 e conseguiram sua primeira vitória na história das Copas.

Na volta, a festa continuou e ainda as fantasias continuavam a chamar atenção. Realmente foi um dia muito feliz.


* Daniel Dalence, 29 anos, é graduado em Administração com habilitação em Marketing, mora em Salvador e torce para o Fluminense e Galícia.
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