Os 40 anos da "Tragédia do Sarriá"

Com informações da CBF
Foto: arquivo

Paolo Rossi passando por Junior e sendo vigiado por Falcão: o italiano fez três

Um dos dias mais tristes da história do futebol brasileiro está completando 40 anos nesta terça-feira, dia 5 de julho de 2022. Em 1982, no Estádio Sarriá, campo do Espanyol, em Barcelona, a Seleção Canarinho, dirigida por Telê Santana e tinha um belo futebol de toque de bola e dribles, que encatava à todos, perdia para a Itália, por 3 a 2, e dava adeus à Copa do Mundo da Espanha. Esta eliminação é até hoje lamentada por muitos e determinou até mudanças no estilo de jogo de todo o planeta, "para o bem e para o mal".

A expectativa em torno do tetra aumentaria depois que a Seleção prosseguiu marcando muitos gols em amistosos antes da Copa do Mundo de 1982: 7 a 0 sobre o Eire, em 27 de maio, um dia antes do embarque para a Espanha. Os números da equipe sob o comando de Telê Santana eram mesmo incontestáveis: 32 jogos, 24 vitórias, seis empates e apenas duas derrotas – para a URSS em 1980 e para o Uruguai em 1981 –, com 84 gols a favor e 20 contra. Não levou gol em 14 ocasiões e só uma única vez deixara de marcar, contra o Chile, num amistoso em Santiago. E se os números já seriam suficientes para entusiasmar o mais cético dos torcedores, é sempre importante destacar que a Seleção de Telê abrigava pelo menos seis craques de primeira linha: Leandro, Júnior, Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico.

O Brasil estreou com triunfo de 2 a 1 sobre a URSS, ressentindo-se da ausência de Toninho Cerezo, suspenso, marcando seus gols nos 10 minutos finais, ambos de fora da área. O primeiro num chute colocado de Sócrates, e o segundo num petardo de Éder, depois que Falcão enganou a zaga, deixando que a bola passasse entre as suas pernas, para a conclusão do companheiro.

Seguiram-se exibições de gala e momentos de rara beleza nas vitórias de 4 a 1 sobre a Escócia e 4 a 0 sobre a Nova Zelândia, como o gol de Éder contra o time escocês, num lance em que ameaçou a pancada, para apenas cobrir com sutileza o goleiro Alan Rough. Inesquecível também o triunfo por 3 a 1 sobre a Argentina, num toma-lá-dá-cá formidável definido com o gol de Júnior – chute entre as pernas de Fillol –, levando Diego Maradona a perder a cabeça, cavando sua expulsão, após atingir Batista.

Mas quando se joga competição eliminatória, existe sempre o risco de se topar com a fatalidade, uma bruxa concebida pelos deuses do futebol, num dia de muito mau humor. E que acabou atingindo o Brasil no dia 5 de julho, diante da Itália. Seria uma exagero atribuir a derrota de 3 a 2 no Estádio Sarriá de Barcelona apenas à tal fatalidade. Após a vitória sobre os argentinos, na realidade, o excesso de confiança contagiou a todos: comissão técnica, jogadores, mídia, torcedor, levando a crônica europeia e, principalmente, o adversário a explorar a situação, com elogios e superlativos.

"Ora, os brasileiros foram perfeitos. Taticamente, fizeram uma partida sem erros, ocuparam todos os espaços do campo com um jogo objetivo e de conjunto. Estou encantado", comentou o técnico da Itália, Enzo Bearzot, velha raposa do futebol.


Bearzot recuou a sua equipe e pôs Gentile e Tardelli para bater nas canelas dos brasileiros. Mandou que Paolo Rossi se aproveitasse dos espaços que a zaga generosamente concedia, marcando os italianos à distância. Ordem cumprida à risca desde os cinco minutos do primeiro tempo, quando o “Pablito” abriu o placar num chute indefensável. O Brasil igualou em jogada trabalhada, concluída por Sócrates. Rossi fez 2 a 1 numa bobeada coletiva da defesa; e, quando Falcão estabeleceu novo empate, resultado suficiente para classificar o time de Telê, o técnico trocou Serginho por Paulo Isidoro, para fechar o meio. Mas a tática não surtiu efeito. Pior: no bate-rebate de um escanteio fortuito, os tais deuses conduziram a bola pela terceira vez aos pés de Rossi, que fez 3 a 2, decretando a inesperada derrota brasileira. Restou o consolo de que o Brasil havia apresentado o melhor futebol da Copa.
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