Patrocínio, renovações e outras situações - Sanções 'enforcam' o Chelsea

Por Lucas Paes
Foto: AFP

O Chelsea está sofrendo sanções terríveis do governo britânico

Para quem tem entre 20 e 30 anos de idade e acompanha futebol inglês desde novo, é costume ver a presença de um time azul chato de Londres que chutou a porta e se colocou entre os gigantes do futebol mundial sem pedir licença. O Chelsea cresceu absurdos após todo o investimento feito por Romam Abrahmovic e hoje é um dos gigantes ingleses. Todo esse legado e história, porém, estão sendo enforcados e vivendo um momento terrível em meio a uma ofensiva do governo inglês contra Abrahmovic, que atingiram de vez os Blues e podem destruir o clube como o conhecemos.

Nesta quinta, o governo de Boris Johnson anunciou sanções pesadas a diversos investimentos de russos no país e o Chelsea está entre eles. O clube não poderá mais operar comercialmente, sendo proibido de vender produtos, ingressos e basicamente podendo apenas sobreviver no futebol sem poder renovar contratos com jogadores (o que pode complicar as permanências de Rudiguer e Christensen). A lei da verdade, o que o governo faz parece até uma pilhagem, já que acerta a mão muito além de um bem de Roman Abrahmovic.

O russo já havia colocado o Chelsea à venda, mas a ofensiva governamental se dá para evitar até que ele receba o dinheiro desta venda (que aliás, Roman havia dito que doaria para ações humanitárias na Ucrânia). Se verdade ou não, politicamente a manobra arrisca uma perda de apoio significativa de Boris Johnson. Muito além de representar um bem de um russo, o Chelsea é uma empresa que emprega milhares de pessoas, que movimenta a economia do país e, é claro, possuí uma enorme torcida, este fato sendo reconhecido muito antes do clube sequer chegar ao topo. A ação já gera insatisfação.

Em meio a isso tudo, os Blues também perderam sua patrocinadora de camisa, a empresa Three, que pediu rompimento do contrato. Breve, mais marcas poderão e talvez farão o mesmo, enforcando o time em meio a uma temporada onde tudo navegava relativamente bem, com direito à um vice-campeonato na Copa da Liga, a uma perseguição a Liverpool e City no Campeonato Inglês e, é claro, a plena vida do time na Liga dos Campeões, onde são um dos favoritos.

A verdade é que as sanções que essencialmente impedem o funcionamento do Chelsea parecem e são mesmo um pouco exageradas. Era possível que o governo inglês permitisse a venda do clube e então tomasse o dinheiro, ou mesmo a operasse. Da forma que está fazendo, ele está apenas prejudicando um clube de futebol, seus jogadores, funcionários e torcedores que poderiam tranquilamente sobreviver sem a mão de um bilionário questionável russo. É preciso lembrar, por exemplo, que através da Chelsea Foundation o clube londrino inclusive arrumou hospedagem nos hotéis de concentração para funcionários do NHS em meio a pandemia do coronavírus e que os Blues, como qualquer time de futebol, movimentam a economia do país.

Na prática, essa situação que enforca o Chelsea atingirá também outras torcidas e pessoas que não tem tanto a ver com a história. A proibição de venda de ingressos para torcedores visitantes impedirá que fãs de diversos clubes da Premier League possam ver seus times em Stamford Bridge. O veto de venda de merchandising do clube certamente imputará numa massiva perda de empregos, que continuará à depender da sequência e da longevidade das medidas. Nada adianta uma resposta de guerra ser uma sanção se esta sanção acaba atingindo mais sua população do que a do país que teria de ser atingido.


Incomoda, e aqui vai uma dose de opinião, a pequena hipocrisia vinda do governo de Johson. Há pouquíssimos meses, este mesmo governo permitiu a família real da Arábia Saudita, acusada de matar um jornalista dentro de uma embaixada recentemente, que comprasse o Newcastle United. Este mesmo governo permite, sem problema nenhum, que os Emirados Árabes Únidos sejam donos do principal time do país hoje, sendo aquele país outro questionável governo ditatorial. É claro, é preciso entender o contexto de guerra, mas incomoda que nada foi feito contra estes dois casos tão graves quanto o do time londrino. 

Restará agora aguardar as cenas dos próximos capítulos para entender como o atual campeão europeu sobreviverá em meio a ofensiva de toda a Europa frente a Rússia e em meio ao apertar das cordas do governo inglês sobre o clube. Provavelmente, porém, é certo dizer que talvez não vejamos mais aquele time azul chatíssimo incomodando e aparecendo como protagonista nas noites de Liga dos Campeões. O futuro não parece ser azul em Londres.
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