O dia em que Dondinho, pai de Pelé, fez 5 gols de cabeça

Foto: arquivo

Dondinho é o quinto em pé na foto do Yuracán de Itajubá

João Ramos do Nascimento nasceu dia 2 de outubro de 1917, na cidade de Campos Gerais – MG. Ao falarmos seu nome, certamente pouquíssimas pessoas saberão quem é, mas se falarmos que seu apelido era Dondinho, certamente muitos saberão que se trata do pai do maior jogador de futebol de todos os tempos, o Rei Pelé. Mas Dondinho também foi um jogador, inclusive fez algo que seu filho não fez em toda carreira, ou seja, marcou 5 gols de cabeça numa só partida, tanto é que era também chamado de “maleável”, tal era a facilidade que tinha para subir para o cabeceio.

Entregador de leite, alto e forte, ele era a estrela do time de Campos Gerais. Driblava todo time adversário e, depois, fazia gol de cabeça. Os torcedores da época garantem que Dondinho era melhor que Pelé. Até que um dia, em um jogo contra o time de Alfenas, Dondinho e a bola estavam incompatíveis. Dondinho deveria estar doente. O time local perdeu e a torcida ficou furiosa com o jogador. O presidente do clube, o padeiro Alcides, demitiu Dondinho e ele teve que deixar Campos Gerais, por causa da fúria da torcida. Foi para Três Corações, onde entrou no time do Exército e abriu seu coração. Casou e, em outubro de 1940, nasceu Edson, o Pelé. Este é o único caso em que a fúria da torcida gerou um rei.

Eram tempos de amadorismo. Raros eram os jogadores que recebiam alguns trocados para jogar. Os principais atletas do interior mineiro pipocavam de clube em clube. Defendiam uma camisa, mas eram chamados para vestir outras e iam sem problemas, por mais que houvesse rivalidade local, geralmente para disputar um ou outro jogo e depois voltar à equipe de sua cidade.

Dondinho era o maior astro. Recebia convites o tempo todo. E abria exceções em seu coração, cujo maior afeto era dividido entre o Atlético de Três Corações e o Vasco de São Lourenço. Um assédio comum era do Yuracan, de Itajubá. Na cidade, ainda hoje com menos de 100 mil habitantes, raros eram os eventos que interessavam mais do que o clássico contra o Smart. Pois em 1939 Dondinho foi chamado para disputar a grande partida local.

Na época, ele já se banhava na fama de goleador, especialmente de cabeça. Os adversários bem sabiam quão perigoso ele era. Mas não adiantou. Mal começou o jogo, ele já fez o primeiro com a testa. E depois mais um. E outro. E outro mais. E um último. Cinco gols, todos de cabeça. Dondinho assombrava. E o jogo terminou com a vitória do Yuracan por 6 a 2, com cinco gols de Dondinho e os cinco de cabeça. O próprio Dondinho gostava de se gabar do feito para Pelé. Dizia que o filho tinha feito de tudo, menos cinco gols de cabeça no mesmo jogo.


Há controvérsias sobre o placar da partida. O site oficial do Yuracan diz que foi 6 a 2. No filme "Pelé Eterno", aparece uma manchete de jornal com 6 a 3. Registros da imprensa da época e a passagem da história por gerações mantiveram a lenda viva. O próprio Dondinho gostava de se gabar do feito para Pelé. Dizia que o filho tinha feito de tudo, menos cinco gols de cabeça no mesmo jogo. O camisa 10 adotou a história. Gostava de manusear uma revista com a descrição do feito.

As reportagens que Dondinho mostrava a Pelé, a foto resgatada na cidade, a história passada de boca a boca por sete décadas, tudo isso dá respaldo a um episódio que não tem registro oficial, mas que entrou no imaginário do futebol. E com concorrência. Em Três Corações, onde Pelé nasceu, também se fala que Dondinho marcou cinco gols de cabeça. Mas com outra camisa, em outro jogo, contra outro adversário. Mas isto fica para uma outra história
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