Há 36 anos, Ado perdia o pênalti e a chance de fazer o Bangu campeão brasileiro

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo

Ado perdeu o pênalti decisivo no jogo entre Bangu e Coritiba

O Brasileirão de 1985 teve uma das finais mais alternativas da história do futebol brasileiro. Num dia 31 de julho como hoje, o Coritiba se sagrou campeão brasileiro em cima do bom time do Bangu, numa decisão que surpreendeu o país todo, mas levou todas as torcidas do Rio ao Maracanã para torcer pelo simpático time de Castor de Andrade. Naquele dia, o meia Ado perdeu o pênalti que deu o título ao Coxa na decisão.

Coritiba e Bangu chegaram a final depois de campanhas contundentes ao longo do campeonato, com Bangu, Brasil de Pelotas e Coritiba chegando a fase final junto ao Atlético Mineiro, deixando pelo caminho times como o Flamengo. Na semifinal, o Bangu deixou o Brasil pelo caminho, enquanto o Verdão derrubou o Atlético Mineiro. A decisão, em jogo único, ocorreu no Maracanã, devido a campanha melhor do Bangu.

Os alvirrubros, porém, saíram atrás naquele dia, com um gol de Índio para os paranaenses, num Maraca tomado por 91 mil torcedores que em sua maioria eram torcedores dos gigantes cariocas. Lulinha empatou o jogo para o time "da casa", explodindo a massa de intrusos que incentivava o Bangu naquele dia. Tenso, o jogo seguiu empatado até seu final, mesmo na prorrogação, apesar da pressão do time carioca, num resultado que levou a decisão do título do Brasileirão de 1985 para os pênaltis.

Nas cinco primeiras cobranças de cada lado, uma verdadeira aula de ambos os times e gols. Na sexta, porém, o destino foi cruel com Ado, um dos maiores jogadores da história do Bangu, que chutou para fora o pênalti que o atormentaria para o resto da vida. O paraibano chorou inconsolável e se sentiu em dívida com a torcida do time, uma dívida que possivelmente Ado sinta até os dias atuais, mesmo mais de 30 anos depois do jogo.

Várias foram as entrevistas em que Ado falou sobre o ocorrido. Na época, ele pediu para ser negociado pois "não conseguiria mais encarar a torcida do Bangu". Segundo ele, em outra entrevista dada anos depois ao Sportv, o sentimento foi que "não tinha dado as pessoas o que esperavam dele". Declarou já também que "não se perdoa até hoje" pelo pênalti perdido. O erro é uma marca triste na trajetória de mais de 200 jogos dele com o Bangu, que com certeza é muito maior que o penal desperdiçado. 

Talvez o mais triste é que o meia alvirrubro fez quase tudo certo. Viu o goleiro do Coritiba cair para um lado e jogou no outro, porém o cruel destino quis que a bola fosse para fora. Ao Coxa, com o acerto de Gomes depois, a festa do título, mais importante da história do clube até hoje. Ao Bangu, uma tristeza nunca superada de um time que nunca mais conseguiu alçar um voo tão alto. O fato é que Ado se "sentia em dívida" mesmo em 2019, quando comandou o clube numa campanha histórica no Campeonato Carioca, como declarou em entrevista ao Extra. Dizendo que o desejo dele era "conquistar um título com o Bangu" e que deixava de dormir pois sentia que a "responsabilidade era sua"


O Coritiba, que não tem nada a ver com isso, até hoje lembra aquele título, sonhando com dias melhores novamente. O Verdão vê o arquirrival Athletico, antes tão distante para baixo, hoje tão distante para cima. A campanha na Série B é ótima, mas o time parece nunca conseguir se manter na Série A, enquanto o Furacão, recente campeão da Copa do Brasil e da Sul-Americana, segue incomodando no alto. No Alto da Glória, a inspiração de 1985 é o sonho de momentos mais gloriosos que parecem tão longe.

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