Foto: divulgação
José Roberto Guimarães quando foi apresentado pelo Corinthians
Um dos maiores treinadores da história do voleibol, com três títulos olímpicos, sendo um no masculino e dois no feminino, José Roberto Guimarães, que tenta o quarto ouro em Tóquio, está completando 67 anos neste 31 de julho. Vitorioso em seu esporte, ele teve uma experiência como dirigente de futebol, entre 1999 e 2000, como gerente no Corinthians.
Para explicar a chegada de Zé Roberto no Timão, temos que falar do rival Palmeiras. Na época da parceria com a Parmalat, o homem forte do futebol nos primeiros anos era um profissional do voleibol: o também treinador José Carlos Brunoro, com sucesso na Pirelli e que chegou a passar pela Seleção. Os títulos palmeirenses do período, além de uma bela fase do vôlei, fizeram com que os clubes de futebol procurassem os profissionais da modalidade. Bebeto de Freitas, por exemplo, foi para o Atlético Mineiro, e o Corinthians apostou em José Roberto Guimarães, que na época já tinha um título olímpico, com o vôlei masculino, em 1992.
Na verdade, quem escolheu José Roberto Guimarães foi a parceira do Corinthians na época, a Hicks, Muse, Tate & Furst Incorporated, que comandaria a Corinthians Licenciamentos, empresa que criada para controlar o futebol do clube entre 1999 e 2009. "Estou me sentindo na mesma situação de quando o (Carlos Arthur) Nuzman me convidou para dirigir a seleção brasileira (em 1992)", disse Guimarães, quando foi apresentado, em maio de 1999.
José Roberto Guimarães, além de planejar o restante da temporada do Timão, que iria buscar o título da Libertadores e o bicampeonato Brasileiro, queria dar ênfase à base. "A categoria de base para mim é muito importante e conseguimos montar, na época, o time B do Corinthians", disse, em entrevista ao programa Tino Marcos Uchôa.
Ele também tinha a função de negociar atletas. "Teve um dia que cheguei para trabalhar e um dos meus adversários era o Bebeto de Freitas, que tinha função similar à minha no Atlético Mineiro e ele estava tentando levar o goleiro Dida para o Galo. O presidente do Corinthians, Alberto Dualib, me chama e pergunta se falo italiano e me manda para Itália para negociar com o Milan o empréstimo do arqueiro. No dia seguinte eu estava sentado com o Alberto Galliani (NR: empresário) e dirigentes do Milan. Mas consegui fechar a negociação", explicou o então gerente do Timão.
O Corinthians de 1999 já era um time forte, que cresceu ainda mais com a chegada da Hicks. Nomes como o do próprio Dida e do centroavante Luizão encorparam ainda mais a equipe, que na passagem de Zé Roberto ganhou o paulista em 1999 e 2001, o brasileiro de 1999, além do Mundial em 2000.
A saída do treinador foi motivada após o responsável pelo fundo de investimentos no Brasil solicitar a venda de jogadores que haviam sido contratados pela Hicks Muse, o que indicava também pelo fim da parceria, que se deu em 2002.
"No segundo ano, o Dick Law, que era o meu chefe, chegou um dia que eu tinha ido trabalhar no Parque São Jorge e ele virou para mim e disse assim, e eu não sou corintiano, mas ele virou para mim e disse: 'Zé, nós temos que começar a vender os jogadores que pertencem à parceria'. Eu falei 'Dick, você quer que eu anuncie para a torcida do Corinthians que nós vamos vender os jogadores? Você está louco, de jeito nenhum', não era esse o planejamento, nós tínhamos um planejamento de 5 anos, eu falei 'eu não vou fazer isso de jeito nenhum, já que é dessa maneira, eu vou embora, e vou ver o que vou fazer, mas eu não fico mais aqui'. Ajudei a vender o Vampeta para a Inter de Milão e aí voltei para o vôlei", completou o treinador.
Depois desta experiência no futebol, José Roberto Guimarães voltou ao voleibol, assumiu a Seleção Feminina em 2003 e conquistou o bi-campeonato Olímpico, em 2008 e 2012, e ainda está a frente da equipe, tentando mais um título, agora em Tóquio.
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