O fiasco da Copa América é um símbolo de tudo o que o Brasil vem feito de errado

Por Lucas Paes
Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Rogério Caboclo, pelo menos por enquanto, presidente da CBF

Recentemente, os bastidores do futebol brasileiro tem sido agitados pelo burburinho e agora pela confusão causada pela decisão do governo brasileiro em sediar a Copa América de 2021. A competição organizada pela Conmebol aconteceria inicialmente na Argentina e na Colômbia, países descartados devido a problemas políticos, no caso cafetero e devido a crise sanitária nos albicelestes. Desde então, um turbilhão de justíssimas críticas ao "governo" brasileiro surgiu e recentemente vazou a informação de que muitos líderes do elenco da Seleção Brasileira não querem jogar a competição.

Num espetacular resumo e mostra clara de tudo o que o Brasil tem feito de errado na pandemia, o fiasco da Copa América escancara de vez ao mundo o fracasso brasileiro em todos os aspectos desde o início da crise do coronavírus. País cujo o governo não consegue e, com todo o respeito, não se esforçou para conter o vírus, o Brasil já é berço de duas variantes perigosíssimas, vive um ritmo de vacinação lento e cheio de problemas, a despeito da espetacular capacidade logística para vacinar e no meio de quase 500 mil mortes decide assumir uma competição que, a rigor da verdade, nem deveria acontecer para agradar sabe-se lá Deus qual interesse de sabe-se lá o Diabo qual pessoa.

Não é só o Brasil, nenhum país latino-americano tem hoje a menor condição de sediar a Copa América. Mesmo Chile e Uruguai, mais exemplares na contenção ao vírus e na vacinação, não podem se dar a esse luxo. Cabe então o questionamento do por que do Brasil, epicentro mundial da doença atualmente junto a Índia, querer receber o torneio. Em meio a tensão política levantada num país que já vive uma guerra política, os jogadores se viram incomodados por terem virado espantalhos no meio da confusão e não querem jogar, tanto por temores de segurança quanto por não quererem virar estandartes numa briga ideológica ou mesmo numa possível cortina de fumaça para a tragédia que a covid-19 tem sido no país.

Numa rápida sucessão de tragédias, existe um real risco de que, além do boicote, o time Canarinho perca seu treinador, já que rondam informações de que incomodado, Tite pedirá demissão do cargo. A completa incapacidade do governo do país em mostrar um mínimo de juízo pode pulverizar um trabalho de cinco anos onde o Brasil, a despeito de talvez não jogar bonito, era extremamente eficiente em resultados. A permanência de Adenor na casamata da Amarelinha era escolha óbvia pensando na evolução da equipe e assim foi feito. Todo este aspecto pode ser jogado fora por uma decisão completamente equivocada vinda de um país que se mostra cada vez mais incapaz de ser um estado minimamente digno. Pela primeira vez a Seleção Brasileira, único aspecto onde a "Pátria Amada" parecia se dar bem, sofre diretamente as consequências de uma decisão governamental errada.

Junto a todo este turbilhão, surgiu também uma denúncia de assédio contra o presidente da CBF, Rogério Caboclo, que, apesar de não diretamente relacionada ao fiasco da Copa América, serve para botar mais lenha na fogueira que já vira quase um incêndio completo. Nesta sexta-feira, cercado de incertezas, o time brasileiro joga diante do Equador pelas Eliminatórias, este sim, um jogo necessário para o prosseguimento do calendário do futebol. Encontra-se ai talvez a questão importante e é prudente pausar para explicar isso.

Quem tem seus pontos contra a manutenção do futebol em meio a crise pandêmica está correto, mas existe uma diferença enorme entre o prosseguimento de competições como campeonatos nacionais, campeonatos continentais como Libertadores e Liga dos Campeões e torneios necessários de seleções como as eliminatórias e a Copa América. Assim como a Eurocopa, cujo cancelamento foi sim cogitado apesar de não necessário, a Copa América é apenas um aditivo a mais não essencial no calendário do futebol mundial. Não haverá prejuízos a Copa do Mundo se a Copa América não acontecer, não haverá prejuízos ao prosseguimento do mecanismo econômico do futebol se ela não ocorrer. Portanto, o cancelamento era e deveria ter sido a prioridade.


Todas as consequências que tem ocorrido depois da decisão do governo brasileiro em sediar a Copa América, as críticas e a divergência que segue como mais um combustível para o catalisador da crise política que o país vive poderiam ter sido evitadas, mas não foram. A Copa América, numa maneira escancarada, aberta e pública mostra claramente o que muitos ainda sofrem para entender: o Brasil, na figura de seu governo e claro que numa menor proporção, também de sua população é o maior fiasco do planeta na contenção do coronavírus e está assim só e somente por escolha própria, como o fardo que carregará pela equivocada, terrível, infeliz escolha em ser sede de um torneio desnecessário, sem importância e que não deveria acontecer. Mais uma vez, o bom senso passou longe da "Pátria Amada", infelizmente, não parece que será a última.

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