Há 80 anos, nascia a FPF e com ela vinha de vez a unificação do futebol paulista

Com informações da FPF
Foto: divulgação FPF

Sede da Federação Paulista de Futebol

A Federação Paulista de Futebol nasceu oficialmente com este nome em 22 de abril de 1941, há exatos 80 anos. Porém, a entidade máxima do futebol do Estado de São Paulo deriva de uma história ainda mais longa, e suas antecessoras datam de 1901, sete anos após Charles Miller desembarcar no porto de Santos trazendo as bolas e as regras do esporte.

A história da organização do futebol de São Paulo começa em 1901, quando nasce a Liga Paulista de Foot-Ball, que organiza o primeiro Campeonato Paulista, também primeira competição do país, em 1902.

Ao longo do tempo, diversas cisões, fusões e pacificações acontecem por motivos diversos. Por isso, o Campeonato Paulista teve duas edições na mesma temporada em dez dos seus quase 120 anos de história (13, 14, 15, 16, 26, 27, 28, 29, 35 e 36), organizadas por diferentes entidades.

Nos primeiros anos, uma das principais discussões era sobre a inclusão dos clubes populares e de colônias. Mais tarde, o profissionalismo no esporte passou a ser a grande questão que divide os primeiros dirigentes do futebol de São Paulo.

No ápice da polêmica, já na década de 1930, a Seleção Brasileira foi alijada de grandes nomes do futebol de São Paulo para a disputa da primeira Copa do Mundo, disputada no Uruguai, devido a conflitos entre a APEA, uma das entidades paulistas em vigor na época, e a CBD, que já comandava o futebol brasileiro. O problema persistiria na Copa do Mundo de 1934, na Itália, e embora tivesse uma geração talentosíssima, o Brasil teve participações discretas em ambas as competições.

Superada a discussão sobre o profissionalismo em 1933 -fato que gerou o encerramento das atividades do futebol do Paulistano, maior campeão paulista até então com 11 títulos-, outras divergências dividiam o Paulistão em duas ligas até 1936.

Em 14 de abril 1941, o decreto-lei 3.199 cria o Conselho Nacional de Desportos, que estabelece as bases para a organização dos esportes no Brasil, com confederações nacionais de cada modalidade, e as federações estaduais vinculadas a elas. Oito dias após a publicação do decreto-lei, a LFESP (Liga de Futebol do Estado de São Paulo) passa a se chamar Federação Paulista de Futebol em 22 de abril, fato que representa unificação definitiva do futebol em São Paulo que vigora até hoje. São considerados clubes-fundadores da FPF Ypiranga, Corinthians, Santos, Palmeiras, Jabaquara, Portuguesa Santista, Nacional, Portuguesa, Juventus, São Paulo e Comercial-SP.

Nasce a FPF - Diante das exigências do decreto-lei do governo federal, as primeiras dependências da FPF, na rua Xavier de Toledo, são acanhadas e despertam a necessidade de uma sede própria. Antes, porém, a FPF ainda funcionaria em um prédio alugado na avenida Ipiranga para, finalmente, iniciar em 1946 e inaugurar em 1950 a primeira sede própria, um prédio de 11 andares na avenida Brigadeiro Luís Antônio, 917. Em 1999, a FPF constrói sua atual sede, na Barra Funda.

Na mesma época dessa conquista patrimonial, iniciou-se no futebol de São Paulo um movimento fundamental para a força atual do Campeonato Paulista: a lei do acesso. Instituída a partir de 1949, a possibilidade de promoção e rebaixamento na competição fortaleceu todo o futebol do estado e mudou, para sempre, a história das equipes do interior, estabelecendo ainda mais o Estadual de São Paulo como o mais forte e equilibrado do país.

Embora a medida tenha desagradado alguns clubes em seus primeiros rebaixamentos, o crescimento da competição -disputada em pontos corridos- foi exponencial, aumentando o número de participantes nas próximas duas décadas, quando o futebol paulista foi base das seleções que conquistaram o tricampeonato mundial em 1958, 1962 e 1970.

Divisões inferiores e a Copinha - Diante da possibilidade de ascender no cenário estadual, diversas equipes são atraídas à disputa do Campeonato Paulista, nascendo outros níveis e divisões dentro da cadeia do Paulistão. Em 1954 acontece a primeira edição da atual Série A3, e em 1960 o equivalente à atual Segunda Divisão, quarto escalão do futebol estadual.

Em 1969, surge um dos campeonatos mais tradicionais e charmosos da história do futebol brasileiro: a Copa São Paulo de Futebol Júnior é realizada com apenas quatro equipes, mas é a primeira edição de um torneio que se tornou a principal vitrine da categoria de base do Brasil e que já foi disputada em 51 oportunidades. As primeiras edições são organizadas pela Prefeitura de São Paulo, e a FPF a assume definitivamente em 1988.

Multidões nos estádios e interior no topo - Campeonato mais competitivo do país tricampeão do mundo, o Paulistão passou a prever finais em seus regulamentos justamente quando o estádio do Morumbi estava totalmente concluído. Assim, a década de 1970 ficou marcada pelos maiores públicos da história da competição, e também pelo início da demonstração de força das equipes do interior de maneira mais acentuada.


Vice-campeão em 1976, o XV de Piracicaba -primeira equipe a conquistar o acesso décadas antes- puxou a fila e viu Guarani e Ponte Preta protagonizarem grandes embates com os clubes mais fortes da competição. Mais tarde, seriam campeões a Inter de Limeira em 1986 e o Bragantino em 1990, feitos repetidos por Ituano em 2002 e 2014, e o São Caetano em 2004.

Novo século - Acompanhando a evolução do futebol mundial e a tradição histórica do futebol de São Paulo, a FPF mantém-se em constante crescimento e no topo do que diz respeito à organização futebolística no Brasil. Novo arranjo de divisões realizado em 2004, aproximou a última divisão estadual da primeira, encurtando a distância do sonho da elite estadual e de acesso às divisões nacionais.

A partir de 2017, as três principais séries do Paulistão passariam a ter 16 times cada, tornando as competições mais disputadas e atrativas. Em 2019, os jogos de mata-mata do Paulistão passaram a contar com o VAR, o árbitro assistente de vídeo. Em 2021, o Paulistão tornou-se o primeiro Estadual do país a contar com o VAR em todos os jogos, e também a primeira entidade da América do Sul a construir sua própria Central do VAR, em sua sede, conectada por fibra óptica aos principais estádios paulistas.
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