Zico e a Seleção Brasileira

Com informações da CBF
Foto: arquivo

Zico defendeu a Seleção Brasileira por cerca de 10 anos

"É falta na entrada da área. Adivinha quem vai bater? É o camisa 10 da Gávea...". Com esses versos, o cantor Jorge Ben Jor homenageou um dos mais brilhantes jogadores que o futebol brasileiro já criou: Zico, que está completando 68 anos neste 3 de março de 2021. Ídolo máximo do Flamengo, o Galinho de Quintino, como era conhecido, foi um dos mais talentosos craques da história da Seleção Brasileira, que defendeu por mais de dez anos.

O Galinho de Quintino - Caçula de uma família de seis irmãos, Arthur Antunes Coimbra começou a dar seus primeiros chutes na bola em seu bairro de infância. Desde pequeno, acompanhou os passos de seus irmãos mais velhos, que também foram jogadores profissionais: Nando, Antunes e Edu, que se destacou pelo América e chegou a vestir a camisa da Seleção.

Foi em Quintino Bocaiúva, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que Arthur iniciou sua trajetória com a redonda em seus pés. Ainda criança, jogou no futsal do Juventude de Quintino, um clube do bairro. De lá, foi jogar no River, em Piedade, também na Zona Norte, antes de chamar atenção do Flamengo. Em 1967, com 14 anos de idade, Zico começou sua aventura no futebol de campo nas categorias de base do Rubro-negro.

A transformação de um menino de ouro - Cercado de bastante expectativa por seu grande futebol, Zico estreou no profissional do Flamengo em 1971, aos 18 anos de idade. Mas o Galo levou certo tempo para se firmar de vez no time titular do Fla. Foi só três anos mais tarde, em 1974, que o meio-campista realmente se consolidou como o craque do clube.

Entre a estreia e esse novo status conquistado por Zico, houve um trabalho muito árduo do Galinho para se transformar fisicamente. A técnica sempre o acompanhou, mas o corpo franzino do jovem prejudicava sua transição para o futebol de campo. Por isso, Zico passou horas e horas na sala de musculação, para que conseguisse levar o seu futebol ao mais alto nível.

A fórmula deu certo e Zico deslanchou. Ainda em 1974, ganhou da Revista Placar a Bola de Ouro do Campeonato Brasileiro, dada ao melhor jogador da competição. Dois anos mais tarde, em 1976, foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira, o início de uma passagem marcada por golaços e um futebol de encher os olhos.

Ao longo de seus mais de 15 anos com a camisa do Flamengo, Zico foi campeão dos Brasileiros de 1980, 1982, 1983 e da Copa União de 1987. Conquistou também a Copa Libertadores da América e o Mundial Interclubes, em 1981, além de sete títulos do Campeonato Carioca.

As três Copas de Zico - Aos poucos, Zico conquistou espaço no grupo da Seleção Brasileira. Em 1978, fez parte da convocação de Cláudio Coutinho para a Copa do Mundo da Argentina. Logo em sua primeira partida de Mundial, o craque balançou a rede adversária. Mas acabou frustrado por uma decisão inusitada da arbitragem. No minuto final de jogo, Zicou aproveitou cobrança de escanteio para vencer a defesa da Suécia. Mas o juiz apitou o fim de jogo, alegando que o havia feito durante a viagem da bola em direção à área. Com o gol anulado, o Brasil ficou no empate por 0 a 0 com os suecos.

Disputando vaga com Jorge Mendonça, Zico não foi titular durante toda a campanha e marcou seu único gol naquele Mundial já na segunda fase, na vitória sobre o Peru, de pênalti. O Brasil deixou a Copa do Mundo sem perder uma única partida.

O destaque de Zico ficaria mais para as outras duas Copas que ele disputou com a camisa da Seleção, em 1982, na Espanha e em 1986, no México.

Uma geração inesquecível - Quatro anos depois da Copa do Mundo da Argentina, Zico chegou ao Mundial como a principal esperança de título do povo brasileiro. Craque e líder do Flamengo que acabara de conquista o Brasil, a América e o mundo, Zico assumiu a camisa 10 no Mundial da Espanha. A equipe comandada por Telê Santana ainda tinha outras craques, do quilate de Sócrates, Falcão e Júnior. Na estreia, a Seleção teve dificuldades, mas conquistou uma suada vitória por 2 a 1 sobre a União Soviética.

A estrela do Galinho brilhou de vez nos jogos seguintes. Contra a Escócia, na segunda rodada, o Brasil novamente saiu atrás no placar. Coube então a Zico, em seu melhor estilo, empatar a partida. Ele cobrou falta com maestria e marcou um golaço para abrir caminho para a virada brasileira por 4 a 1.

Fechando a primeira fase, mais um show do Galinho. Contra a Nova Zelândia, foram dois gols, um deles de voleio, no 4 a 0 do Brasil. Àquela altura,a Seleção Brasileira já entregava ao povo o que se esperava dela: futebol bonito, grandes vitórias e um show de Zico.

Na abertura da segunda fase, o Brasil teria a Argentina em um duelo cheio de rivalidade. As duas torcidas ainda carregavam as rusgas da partida em Rosário, no Mundial de 78, e os argentinos estavam reforçados pelo brilhante Diego Armando Maradona. Mas dentro de campo, o Brasil não deixou dúvidas: era o melhor time. Zico inaugurou o placar e foi seguido de Serginho Chulapa, que ampliou a vantagem. Antes dos argentinos descontarem com Ramón Diaz, Júnior fez o terceiro em uma jogada com a marca de Zico.

O Galinho enxergou a ultrapassagem do lateral por dentro da zaga argentina e deu uma enfiada milimétrica para o companheiro de Flamengo. Júnior só tirou do goleiro para marcar. Ao fim do jogo, com o triunfo, o Brasil precisaria apenas de um empate contra a Itália para avançar na Copa do Mundo. Mas quiseram os deuses do futebol que a Seleção vivesse uma das tardes mais tristes de sua história naquele 5 de julho, no Sarriá.

Com três gols de Paolo Rossi, os italianos superaram o Brasil, apesar dos esforços da Amarelinha. Zico foi duramente marcado por Claudio Gentile durante a partida. No lance em que conseguiu superar o marcador italiano, encontrou Sócrates sozinho para fazer o gol do empate em 1 a 1. A Itália voltou a ficar na frente, mas Falcão empatou em golaço de fora da área. O terceiro gol de Rossi, no entanto, sacramentou o placar e a eliminação brasileira.

Mesmo caindo antes da final, aquela Seleção Brasileira é tratada até hoje como uma das principais equipes da história da Copa do Mundo. O encanto deixado pelo time de 1982 dentro de campo gerou fãs no mundo todo.


Despedida no México - Quatro anos depois da derrota na Espanha, Zico voltaria a defender a Seleção Brasileira na Copa do Mundo do México, em 1986. Diferente do Mundial de 82, no entanto, o Galinho se recuperava de uma contusão e não conseguia disputar partidas inteiras. Ainda assim, Telê o levou para ser uma opção segura ao longo dos jogos.

Entrou no decorrer de três partidas. A última delas foi no empate em 1 a 1 com a França, pelas quartas de final. Minutos depois de entrar, achou Branco em um lançamento sensacional. O lateral foi derrubado dentro da área: pênalti. Zico assumiu a responsabilidade de bater, mas a cobrança foi defendida pelo goleiro francês. Com a igualdade, a partida seria decidida justamente na disputa por penalidades máximas. No desempate, Zico chegou a fazer sua cobrança, mas o Brasil foi derrotado pelos franceses.

Aquela seria a última partida de Copa do Mundo de Zico. O craque terminou sua trajetória com a camisa da Seleção com 66 gols em 89 jogos e apenas uma derrota, justamente a mais dolorida, contra a Itália. Mas o povo brasileiro jamais se esquecerá das tardes e noites de brilho de Zico. Um atleta fora de série, que não só jogava, como encantava.
←  Anterior Proxima  → Inicio

0 comentários:

Postar um comentário

O Curioso do Futebol

O Curioso do Futebol
Site do jornalista Victor de Andrade e colaboradores com curiosidades, histórias e outras informações do mundo do futebol. Entre em contato conosco: victorcuriosofutebol@gmail.com

Twitter

YouTube

Aceisp

Total de visualizações