Há 25 anos, ocorria a pior “batalha campal” do futebol paulista

Por Lucas Paes
Foto: arquivo

Uma verdadeira e triste batalha campal naquele 20 de agosto de 1995

Nos anos de 1994 e 1995, em meio a inter-temporada do futebol brasileiro, período na metade do ano entre os estaduais e o Brasileirão, a Federação Paulista de Futebol – FPF, criou uma competição de 16 clubes destinada aos campeões e vices da Copa SP de Juniores envolvendo 16 equipes como um atrativo. O torneio em si, uma interessante disputa entre times fortes, era legal, mas o final da edição de 1995, disputado na manhã do dia 20 de agosto daquele ano, no Pacaembu, entre Palmeiras e São Paulo, foi extremamente trágico, com a pior batalha campal da história do futebol paulista e talvez do futebol brasileiro.

A decisão em si foi um jogo bem interessante, disputado e decidido na prorrogação, que na época tinha o formato da morte súbita, ou gol de ouro, Rogério marcou logo a cinco minutos e deu o título para o Verdão, com a torcida alviverde invadindo o campo e comemorando com os são-paulinos ainda no estádio. A tragédia começava ali, já que as provocações palmeirenses causaram uma enorme briga generalizada após uma invasão dos são-paulinos.

A batalha entre “torcedores” ficou ainda mais selvagem devido aos materiais da reforma do tobogã do Pacaembu, que estavam “largados” no estádio e eram facilmente acessíveis aos brigões de ambos os lados. Somava-se a isso uma segurança insuficiente e duas torcidas com histórico terrível de violência (Mancha Verde e Independente Tricolor) e a situação ficou insustentável. A crônica de uma tragédia anunciada se confirmava. 

O saldo da trágica briga foram 102 feridos e uma morte, de um jovem de 16 anos chamado Márcio, atingido diversas vezes na cabeça. Adalberto Benedito dos Santos foi condenado a 14 anos pelo homicídio, mas não cumpriu a sentença, ficando apenas quatro anos atrás das grades, a confusão acabou por aumentar ainda mais o cerco as torcidas organizadas no estado e as consequências foram imediatas.


Tanto a Mancha Verde quanto a Independente foram banidas, em mais uma das várias medidas que só servem para ganhar popularidade, num banimento que depois se estenderia a outras organizadas, mas que, por motivos óbvios nunca foi efetivo, já que “punir o CNPJ” não funciona. Outra medida tomada, uma das mais sem sentido até ali, foi o banimento das bandeiras de mastro no estado de São Paulo, que perdura até hoje e teve o retorno vetado por Geraldo Alckimin há alguns anos. As bandeiras acabaram sendo bode expiatório para os verdadeiros motivos da confusão, que envolveram, é claro, desde os brigões até todo o falho sistema de segurança.

Longos 25 anos depois, em meio a uma pandemia que evita a patética cena dos clássicos com torcida única, pouco se aprendeu sobre a prevenção de problemas no estado de São Paulo e no Brasil. Infelizmente, acabar com a violência entre torcedores de maneira total é algo utópico, mas diminuir os casos passa por medidas que fogem muito de coisas limitadas a esfera futebolística. Reduzir a violência nos estádios passa por reduzir a violência no país, que passa por problemas que vão desde educação a impunidade e que, infelizmente, demoram décadas para gerar resultados significativos. As medidas realmente eficientes não serviriam para dar votos em uma eleição e exigem uma coragem que infelizmente parece que ninguém da classe política brasileira possui.
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