Os 38 anos da Tragédia do Sarriá

Foto: Jornal da Tarde

Capa do Jornal da Tarde do dia seguinte demonstra a tristeza brasileira da derrota

O 5 de julho de 1982 é uma das datas mais tristes da história do futebol brasileiro. Neste dia, no Sarriá, em Barcelona, na Espanha, uma das melhores seleções da história da Canarinho foi eliminada da Copa do Mundo com uma derrota por 3 a 2 para a Itália, que se tornaria campeã do mundo. O carrasco Paolo Rossi, que marcou os três gols da "equipe da bota", deixou para trás um time que praticava um dos jogos mais bonitos que o planeta já viu. Não a toa, que esta partida acabou ficando conhecida como a "Tragédia do Sarriá".

O caminho das duas seleções até aquele jogo foi bem diferente. Aos "trancos e barrancos", a Itália, que vinha em crise, por conta do escândalo da Loteria Esportiva e briga dos jogadores com a imprensa, passou da primeira fase com três empates (0 a 0 com a Polônia e 1 a 1 com o Peru e Camarões) e na segunda fase bateu a Argentina por 2 a 1. Já o Brasil, de Zico, Sócrates, Falcão e cia, até venceu com dificuldades a União Soviética (2 a 1, de virada), mas depois deu verdadeiros bailes na Escócia (4 a 1), Nova Zelândia (4 a 0) e Argentina (3 a 1).

Apesar do favoritismo do Brasil, a história em 5 de julho de 1982 foi diferente da que todos esperavam. O jogo começou e a Itália logo tem uma oportunidade, desperdiçada por Rossi, que falha no arremate. Na segunda chance, porém, ele não desperdiçou. Cabrini cruzou e Rossi, sozinho, testou sem chances para Waldir Perez. Eram 5 minutos de jogo e a Itália saía na frente.

O Brasil precisava buscar o empate e correu atrás, encurralando a Itália no seu campo. Primeiro, Serginho desperdiçou uma oportunidade clara, cara a cara com o goleiro. Mas o Brasil seguiu atacando. Zico, em jogada individual deixou Sócrates na cara do gol. Era o empate brasileiro, logo aos 12 minutos de jogo. No 25º minuto de jogo, Cerezo tentou um passe cruzado,ainda no campo de defesa, para Oscar. Rossi se antecipa, roubou a bola e chutou. Itália na frente novamente. 

O Brasil partiu para cima, encurralando a Itália novamente. Num lance dentro da área, Gentile puxa a camisa do Zico, chegando a rasgá-la. Penalti clarissimo que o juiz não viu. De nada adiantou as reclamações brasileiras e de Zico mostrar a camisa rasgada para o árbitro. A alegação da arbitragem é que o lance já se encontrava paralisado, pois Zico estava impedido. O jogo seguiu, e o primeiro tempo terminou mesmo 2 a 1 Itália.


O Brasil começou o segundo tempo como terminou o primeiro: pressionando. Antes de conseguir empatar, desperdiou 2 oportunidades: a primeira com Facão, e a outra com Serginho. Aos 23 minutos, o Brasil conseguiu empatar. Junior saiu da lateral para o meio e passou a Falcão na entrada da área. O ídolo colorado recebeu, virou o corpo como se fosse passar para Cerezo (que entrava em velocidade puxando a marcação), mas rapidamente mudou de direção, abrindo um clarão à sua frente. Pé esquerdo na bola, pancada e caixa. A vaga era novamente do Brasil.

Porém, seis minutos depois, numa jogada de escanteio, Rossi faz o terceiro gol italiano. O relógio marcava 29' do segundo tempo, e a Itália novamente ficava em vantagem. Após o gol, O Brasil ainda teve uma chance de empatar em cabeçada que Zoff salvou em cima da linha e a Itália teve um gol mal anulado pela arbitragem. Mesmo assim, eram os italianos que estavam na semifinal.

O jogo 'acordou' Paolo Rossi na Copa. De nenhum gol nas quatro primeiras partidas, ele marcou os dois da Itália na semifinal contra a Polônia e um nos 3 a 1 sobre a Alemanha Ocidental, na grande final, que deu o título aos italianos. Já para o Brasil, ficou o consolo de um belíssimo futebol.
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Um comentário:

  1. Você esqueceu de relatar o gol de Antognoni, um gol legítimo e erradamente anulado. Se não fosse esse erro clamoroso da arbitragem, a Itália venceria por 4 x 2. O dia foi dos italianos.

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