1963 – O Clássico em que o Santos de Pelé “fugiu” do São Paulo

Por Lucas Paes

Pelé sendo expulso por Armando Marques (foto: arquivo São Paulo FC)

O Santos sempre foi conhecido por suas batalhas memoráveis, mesmo em épocas de crise. Porém, há 55 anos, um clássico entre São Paulo e Santos, disputado no Pacaembu, no dia 15 de agosto de 1963, terminou antes do tempo. Numa dessas pitorescas histórias do futebol, o Santos de Pelé e cia, de certa forma, “fugiu” de campo quando levava 4 a 1, em embate válido pela 10ª rodada do Campeonato Paulista daquele ano. Uma história de uma derrota pitoresca no registro de uma equipe que é considerada por muitos a maior de todos os tempos no futebol. 

O Santos alinhava com a parte da escalação mais famosa que já vestiu a imaculada camisa branca de Vila Belmiro. No ataque, a única ausência era de Mengálvio, que era substituído por Lima, uma alteração que passava longe de piorar a qualidade do time praiano. Naquele dia, no Pacaembu, Armando Marques comandava o Sansão. O São Paulo de Osvaldo Brandão vinha focado em uma forte defesa, que tinha inclusive Dias, famoso por ser o melhor ser humano á marcar o Rei do Futebol. 

O Santos vinha só de um titulo mundial recente e pouco depois seria bi-campeão. O Tricolor Paulista tinha elenco econômico, pois tinha feito um gasto enorme com a construção do Morumbi. O Santos não era só favorito no clássico, mas também ao quarto título seguido da competição e estava na briga. 

O abarrotado Pacaembu viu o Tricolor Paulista começar com tudo. Fausto botou o Sâo Paulo na frente com apenas cinco minutos. Abrir o placar contra o Santos de Pelé era garantia de pouca coisa e essa impressão foi reforçada pelo gol de empate do caçado Rei do Futebol, logo aos 20 minutos, que dava a impressão que o jogo ficaria parelho, correto? Não. Aquele jogo não seria algo comum. 

A marcação são-paulina era implacável e por vezes, sim, violenta. Aos poucos, Pelé e Coutinho ficavam irritados e por vezes exageravam na reclamação com Armando Marques, árbitro da partida. Enquanto isso, aos 37 do primeiro tempo, Benê recebeu excelente lançamento de Pagão e deixou tudo igual no Pacaembu. Pouco depois, Cecílio Martinez cruzou para Sabino marcar mais um. Ai começou o problema. Já insatisfeitos com a ausência de cartões para os tricolores, Pelé e Coutinho peitaram Armando Marques, que ignorou sinalização de impedimento do bandeira e foram expulsos. Verbalmente, pois na época não havia cartões. 

No intervalo já havia gente prevendo que o jogo não acabaria, porque com dois a menos, o risco do escrete santista levar uma surra histórica era enorme. O Peixe já voltou com o lateral Aparecido não fazendo jus ao seu nome, devido a uma contusão. Depois, foi Pepe quem alegou não ter condições de seguir devido a um choque com o adversário. Ainda deu tempo de Pagão, num chute muito forte, marcar o quarto.

Narração da partida histórica

Então, foi a vez de Dorval, um dos pilares do famoso ataque alvinegro, cair ao gramado alegando contusão. A partir daí, o furdunço foi generalizado, com os são paulinos tentando fazer com que o Santos desistisse de “abandonar” a partida. O jogo teria que acabar com o Peixe tendo apenas sete atletas e na época ainda não eram permitidas substituições. 

Com o final da partida, restou uma mancha na história de um dos mais gloriosos times da história do Santos FC e uma das mais curiosas histórias do clássico entre os maiores campeões internacionais do estado. Independente de qualquer polêmica com a arbitragem, a atitude santista gerou uma repercussão extremamente negativa, mas as glórias seguiriam absurdas durante toda a década de um time que entrou para a história. Do outro lado, o São Paulo só se encontraria de fato nos anos 1970, mas seguia com uma história boa para brincar com os rivais santistas.
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