Detroit City FC - Os 10 anos de uma das histórias mais legais do futebol nos Estados Unidos

Por Lucas Paes
Foto: Divulgação/Detroit City FC

Torcedores tremulam a bandeira do Detroit City na arquibancada

O futebol nem sempre foi muito popular nos Estados Unidos e ainda não é o maior esporte do país, o que provavelmente nunca será, mas o esporte bretão tem enfrentado um crescimento indiscutível no país e há poucos dias, um time de lá venceu a CONCACAF Champions League. Neste dia 12 de maio completa-se 10 anos de uma das histórias mais legais do futebol naquele país, que costuma ter contos interessantíssimos nas divisões "inferiores": o Detroit City FC. 

A história do "City" se confunde com um pouco da trajetória de renascimento da própria cidade de Detroit. Outrora quase uma capital mundial do comércio automotivo, a rica cidade do Michigan viveu uma decadência sinistra no começo dos anos 2000 e viu uma crise inimaginável tornar diversos bairros algo como quase uma cidade fantasma. Em 2013, já vivendo um abandono triste, ela chegou a declarar falência, sendo então controlada pelo estado de Michigan. Na época, munícipes já iniciavam projetos voluntários para recuperar a cidade.

Foi no meio desse processo de renascimento que o Detroit City FC foi fundado. A ideia da fundação do time era promover a cidade e juntar a comunidade em torno do futebol. A equipe foi inscrita na National Premier Soccer League (NPSL) e fez boas temporadas em seus primeiros anos, conquistando inclusive a conferência dos Grandes Lagos da NPSL logo em seu segundo ano de existência, em 2013. Teve ótimos desempenhos esportivos nos seus primeiros anos, mas esse não era o único objetivo.

 A maior realização do Detroit City FC em seus primeiros anos foi construir uma cultura em torno da comunidade e dos torcedores de apoio e divulgação da cidade de Detroit. Sob o lema de "Amor pelo clube, amor pela cidade", os "Rouges" cresceram a relação dentro da comunidade e foram estreitando laços. A fundação e crescimento da Northern Guard Supporters, principal torcida organizada do clube, acabou por apertar ainda mais esses laços e criar mais uma mecanismo de união entre clube e comunidade.

Nos últimos tempos, a equipe enfrentou um crescimento e profissionalização que acabaram por impulsionar vários projetos do Detroit City FC. Primeiro com a mudança para o Keyworth Stadium, em Hammtrack, cidade vizinha a Detroit, estádio histórico que foi reformado por torcedores do clube. Depois, entrando na National Independent Soccer League, a NISA, onde dominou a competição por dois anos antes de ir para a United Soccer League, a USL, algo como a segunda divisão dos EUA.

Essas mudanças permitiram ao Detroit City melhorar sua estrutura. Hoje o clube possuí uma base de formação com times de diversas categorias entre o sub-9 e o sub-23, tanto no masculino quanto no feminino, times profissionais masculinos e femininos, locais de comércio de material esportivo relacionado ao clube e também de merchandising, bares e toda uma estrutura voltada ao torcedor. Além disso, sem perder suas raízes, o clube segue contribuindo com a reconstrução da cidade de Detroit, oferecendo por vezes fundos de renda de jogos aos esforços de reconstrução da cidade ou mesmo de instituições de caridade, sejam do clube ou da torcida, como a NGS Cares.  

Dentro de campo, porém, é que o avanço mais perceptível do Detroit City tem se notado. No ano em que completa 10 anos de existência, o time enfrentou seu primeiro adversário da MLS e contou com o "inferno" do caldeirão do Keyworth Stadium para despachar o Columbus Crew na Open Cup. Na USL, a equipe faz uma campanha espetacular, a despeito das piadas feitas sobre ser um time "NISA All Stars" e é o terceiro colocado da sua conferência. Recentemente, apesar da eliminação na Open Cup pra o Louisville FC, a equipe bateu outro recorde de público no Keyworth, colocando quase 7 mil pessoas nas arquibancadas e mostrou muita qualidade, jogando melhor que o adversário durante a maior parte do jogo.

O crescimento, porém, não tem deixado com que se esqueça da mensagem principal de amor a cidade e ao clube e principalmente de que o clube sempre estará a frente da liga disputada, seja ela qual for. Com uma das histórias mais legais do futebol dos Estados Unidos, o Detroit City FC completa 10 anos olhando para o futuro e seguindo com o objetivo de levar o nome da sua cidade para o mundo. Quem gosta de futebol tem de olhar com carinho para as próximas páginas dessa bonita história. 

TRIVIA: Quem quiser acompanhar os jogos do Detroit City na USL poderá assisti-los através do Star+, plataforma de streaming dos canais ESPN.

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Seattle Sounders vence o Pumas e depois de 17 anos um time não mexicano é campeão da ConcaChampions

Por Lucas Paes
Foto: Steph Chambers/Getty Images/One Football

O Sounders é campeão da Concachampions

A história está escrita na Champions League da CONCACAF, a Confederação da América do Norte, Central e Caribe de Futebol. No maior torneio da parte de cima das Américas, o campeão volta a não ser um mexicano depois de 17 anos. Mais histórico ainda: volta a ser conquistada por uma equipe dos Estados Unidos. Diante de um público recorde no Lumens Field, na noite de quarta, dia 4, já entrando na quinta, o Seattle Sounders contou com Ruidiaz para vencer o Pumas por 3 a 0 e fazer uma festa histórica e incrível em Seattle.

A cidade do Grunge vivia um clima de final desde muito cedo e antes de entrar os torcedores da equipe verde e azul já faziam uma enorme festa nos arredores da cancha. Mais de 68 mil torcedores pintaram as arquibancadas de verde e azul, fizeram mais barulhos que os bravos vários torcedores do Pumas que foram até a chuvosa cidade americana para apoiar a boa equipe do Sounders na decisão. Lotada de estrangeiros, o time chegou até aqui com maçiço suporte de Lodeiro, Ruidiaz e do brasuca João Paulo, o grande destaque do time.

Pois não foi fácil como parecia que seria. João Paulo sentiu ainda muito cedo, enquanto o Seattle ainda dominava as ações, dominava a posse, mas não conseguia fazer gols. Foi substituído por um garoto de 16 anos. Do outro lado, o Pumas também sofria para conseguir converter suas boas jogadas pelas pontas em algo perigoso, o jogo era travado, truncado, pouco jogado e disputado, até que no finalzinho, numa bola cruzada para área após uma falta, ela sobrou nos pés de Ruidiaz, que chutou e contou com o desvio na mão do jogador do Pumas para fazer o primeiro gol e explodir o Lumen Field. 

Na etapa final, o Pumas voltou em cima, chegou a ser parado por Frei na sua chance mais perigosa em uma cabeçada, mas via o Sounders ser mais inteiro e mais seguro quando atacava. Se os mexicanos tropeçavam nos próprios erros, nas próprias pernas ou em bem posicionadas pernas dos jogadores de várias nacionalidades desse time multinacional do Seattle, o Sounders aproveitava seus pontos fortes e fazia a sua parte. Aos 35', numa lindíssima jogada de contra-ataque, Ruidíaz recebeu cara a cara com o goleiro visitante e explodiu a festa do título. A partir daí, tudo foi verde e azul, tudo foi a favor do time da casa, que aos 43', buscou o terceiro, com o ídolo Lodeiro, fechou o caixão e começou desde já a celebração.

O Sounders faz história. O novo formato da Concacaf Champions League nunca havia sido conquistado por um time dos Estados Unidos. O país tinha representantes em várias decisões, mas nunca teve um time que havia sido campeão. Pois quando deu foi com uma superioridade assustadora, com uma justiça inquestionável e com uma torcida que fez uma festa digna de um time gigante. Seattle de tantas comemorações com o Seahawks, de tantas festas no Beisebol agora comemora o futebol: a história está escrita, o Seattle Sounders é campeão da Concacaf Champions League e vai jogar o mundial. 

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A curta, porém marcante passagem de Bobby Moore no Seattle Sounders

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo/Seattle Sounders FC

Bobby Moore, com a número 9, no Sounders

Estaria completando 81 anos neste dia 12 de abril um dos maiores nomes da história do futebol inglês como um todo e, claro, da Seleção Inglesa. Campeão da Copa do Mundo de 1966, o zagueiro tem uma enorme história no esporte bretão, principalmente com a camisa do West Ham. Já no final de carreira, assim como muitos em sua época, inclusive um tal de Pelé, Moore acabou atuando nos EUA e um dos times pelos quais jogou foi o Seattle Sounders.

Considerado até hoje como a maior contratação da história do clube, que "renasceu" recentemente na MLS após um tempo jogando como uma franquia da USL entre 1994 e 2008, Moore chegou a Seattle após deixar o West Ham. Chegou a liga dos Estados Unidos como um experiente jogador que mesmo em fim de carreira podia adicionar em técnica ao time de Seattle na disputa da North American Soccer League, a NASL.

A chegada se deu muito devido a ligações que o Sounders tinha com o futebol inglês e com o West Ham mesmo na época. Histórico nome do esporte bretão europeu, Harry Redknapp era basicamente um recrutador de nomes em final de carreira na Europa para atuar pelo Seattle Sounders. Foi ele que conversou e convenceu Moore a atuar no time, algo que fez também com outros jogadores do Velho Continente na época.

O impacto do defensor no Sounders foi maior fora do que dentro de campo. Conseguiu atuar efetivamente apenas sete vezes pelo clube, fazendo boas partidas, mas não marcando nenhum gol. Deixou Seattle ainda naquele ano para atuar no futebol dinamarquês e ainda retornaria ao futebol em 1983 para atuar no Carolina Lightning. 

Moore teve uma vida pós futebol bastante agitada e inclusive se envolveu na política, sendo apoiador do Partido Conservador Britânico. Acabou falecendo devido a um câncer que virou metástase em 1993, sendo que já havia sofrido com problemas relativos a doença durante sua carreira como jogador em 1964. Tinha apenas 51 anos quando foi atuar no time dos eternos. 

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