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A passagem de Viola no Vasco

Por Emerson Gomes
Foto: Reprodução

Viola era um atacante de muitas virtudes

Neste primeiro dia do ano, completa 54 anos o atacante Paulo César Rosa, ou simplesmente Viola. O centroavante foi ldos mais carismáticos e talentosos atacantes do futebol brasileiro no período em que esteve em atividade. Dono de grandes passagens por Corinthians e Palmeiras, o paulistano conquistou outra torcida durante sua carreira, a do Vasco, onde jogou por três anos.

Viola chegou ao Vasco no segundo semestre de 1999, após passagem pelo Santos, por onde jogou emprestado pelo Palmeiras. O atacante, que na época foi adquirido pelo Gigante da Colina junto à Parmalat, desembarcava em um elenco recheado de bons atletas, e que tinha altas expectativas, lutavam por posição com Viola atletas como Romário, Edmundo, Luizão, Guilherme e Donizete Pantera. O craque sabia que o espaço poderia não ser tão amplo mas apostou no Cruzmaltino.

O primeiro gol dele pelo novo clube veio num jogo do Brasileirão contra o Vitória, vencido pelos vascaínos por 3 a 1. Contra o Cruzeiro, naquela mesma competição, marcou dois, sendo um de bicicleta. Naquele ano, acabou fazendo 9 gols durante o torneio, onde o Vasco parou nas quartas de finais, perdendo surpreendentemente para o Vitória, em playoff de 3 partidas.

Em 2000, segue na reserva mas entra constantemente na equipe, como na final do Mundial, onde inclusive bateu e converteu seu pênalti na decisão vencida pelo Corinthians. Com boas atuações no segundo semestre Viola ajudou a equipe a conquistar a Copa João Havelange e a Copa Mercosul. Na competição continental, entrou muito bem nas finais diante do Palmeiras.


Em 2001, teve seu último ano pelo Vasco, atuando no Campeonato Carioca que acabou vencido pelo Flamengo no famoso gol de falta de Petkovic no Maracanã. Acabou deixando São Januário para retornar ao Santos. No total, marcou 26 gols em 116 jogos.

Viola passaria por outros clubes como Guarani, Gaziantepspor, Bahia, e vários outros até se despedir dos gramados em 2015, com a camisa do Taboão da Serra. O atacante vive hoje de maneira reservada, diferente dos tempos de atleta, em Barueri, cidade Paulista. 

Vasco da Gama 0x0 São Caetano: o jogo inacabado em 2000

Por Ricardo Pilotto
Foto: Arquivo

O jogo não terminou por conta da queda do alambrado

Nesta sexta-feira, dia 30, se completam 22 anos daquele que seria o segundo e último embate entre Vasco da Gama e São Caetano, pela final da Copa João Havelange de 2000. Naquela ocasião, o duelo entre cariocas e Paulistas, que já haviam empatado em 1 a 1 no jogo de ida, estava acontecendo no gramado do Estádio São Januário, mas por conta de um uma queda de alambrado, esse segundo encontro foi interrompido e remarcado apenas para janeiro do ano seguinte.

Na época, o Gigante da Colina era considerado como uma das equipes mais fortes do Brasil. No seu elenco, o Almirante contava com Juninho Pernambucano, Felipe, Junior Baiano e Romário, o maior goleador do país naquele momento. Mesmo trocando de maneira brusca o treinador Oswaldo de Oliveira pelo Joel Santana, o Vascão vivia um grande momento e vinha de uma importante conquista da Copa Sul-Americana, pouco depois de uma virada histórica para cima do Palmeiras.

Por outro lado, o Azulão, que foi vice-campeão do Módulo Amarelo, surpreendeu Fluminense, Palmeiras e Grêmio, os despachando no mata-mata. Outro quesito que chamava bastante atenção era que a sensação do futebol brasileiro atuava muito bem os jogos em que esteve na condição de visitante ao longo de toda a competição.

Isso se provou naquele que seria o jogo que decidiria o título para qualquer um dos lados. O Pequeno Gigante começou jogando melhor, tendo duas  chances claras de gol com Adhemar no mesmo lance. Na primeira bola, o ídolo caetanista parou em grande defesa de Helton, e depois da bola ainda bater na trave, ainda pegou o rebote, mas novamente parou no arqueiro vascaíno.

O panorama do Vasco piorou quando Romário sentiu uma contratura muscular e precisou ser substituído por Viola. Porém, aos 23', houve uma briga entre vascaínos e com o estádio superlotado, causou a queda de parte do alambrado que separava as arquibancadas do gramado. Nessa confusão, cerca 150 pessoas se feriram, sendo três delas de maneira grave. As ambulâncias e os médicos tiveram de entrar no gramado de São Januário para socorrer os acidentados. Um grupo de parte torcedores aproveitaram para invadir o campo, mas muitos também auxiliaram no processo de resgate.

Depois de tudo isso, ainda teve desentendimento entre as diretorias. Enquanto a parte dos mandatários do time carioca queriam o reinício da partida, o lado paulista não concordava. A Rede Globo, que estava transmitindo o jogo, também seguia a mesma linha do time do ABC, já que um recomeço atrapalharia a sua grade de programação.

Os jogadores do Vasco ainda chegaram a fazer uma volta olímpica, já que um novo empate daria a taça ao time mandante, por ter feito uma melhor campanha durante toda a competição. Para novo protesto, os diretores azulinos alegaram que os pontos deveriam ser transferidos ao time visitante e o título, já que toda a confusão foi de fato causada pela torcida cruzmaltina.


Por fim, o São Caetano deu férias para os seus atletas e não conseguiu se preparar direito para o jogo decisivo. Consequentemente, o Vasco da Gama mostrou toda a sua força atuando sobre o Azulão atuando no gramado do Maracanã, uma vez que o São Januário estava interditado, venceu por 3 a 1 no dia 18 de janeiro de 2001, e ficou com o título da Copa João Havelange de 2000.

São Caetano 1 x 1 Vasco da Gama: o jogo de ida da final da Copa João Havelange de 2000

Por Ricardo Pilotto
Foto: Arquivo

Primeiro jogo da final da Copa João Havelange foi no Parque Antártica

Nesta terça-feira, dia 27 de dezembro de 2000, se completam 22 anos do empate em 1 a 1 entre São Caetano e Vasco da Gama, pelo primeiro jogo da final da Copa João Havelange. Esta confronto entre paulista e cariocas foi realizado no antigo Estádio Parque Antártica, em São Paulo.

Por conta da grande quantidade de clubes que disputavam o torneio, o Azulão e o Gigante da Colina, que estavam localizados em Módulos diferentes, vinham de um caminho bastante longo para chegar na grande decisão. No mata-mata já da fase final, a equipe do ABC Paulista aprontou para cima de times gigantes do futebol brasileiro como Fluminense nas oitavas de final, Palmeiras nas quartas e Grêmio nas semifinais. Enquanto isso, o Vascão, que tinha um belíssimo elenco, despachou o Paraná Clube, o Bahia e o Cruzeiro.

Para esta primeira parte, o Pequeno Gigante foi com sua força máxima. Em contrapartida, clube Cruzmaltino não pôde contar com Juninho Pernambucano, um de seus principais jogadores, por conta de uma gripe.

Apesar de ter vencido alguns compromissos como visitante ao longo de toda a campanha, o São Caetano já sabia que iria precisar abrir uma boa vantagem na ida. Com isso, os jogadores da equipe paulista partiram para cima e conseguiram abrir o placar na marca dos 11' da primeira etapa, com gol de César. 

Porém, para o azar dos mandantes, não tardou muito para os cariocas conseguirem reagir ao golpe. Aos 27', Romário recebeu bela assistência de Jorginho Paulista e empatou o jogo. O confrontou continuou em aberto até o fim, mas o 1 a 1 não saiu do placar. Por ter feito melhor campanha, o Almirante poderia até empatar novamente para ficar com o troféu.


Depois deste jogo, acabaram acontecendo mais dois encontros entre São Caetano e Vasco da Gama, mas um não terminou. Isso porque, naquele que seria o segundo e último duelo da decisão, houve um acidente com o alambrado do Estádio São Januário, em 30 de dezembro, que machucou muitas pessoas e a partida foi interrompida.

O embate foi remarcado para o dia 18 de janeiro de 2001, no Maracanã, onde o Gigante da Colina bateu o Azulão, que perdeu grande parte do elenco que chegou na final, por 3 a 1, e conquistou a Copa João Havelange de 2000, que a CBF prontamente reconheceu como campeão brasileiro.

Adhemar 50 anos - O artilheiro da Copa João Havelange de 2000

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo

Adhemar comemorando gol diante do Fluminense, no Maracanã

Hoje militando nas divisões do Paulistão, o São Caetano já fez grandes apresentações à nível nacional e internacional ao longo de sua história. A primeira aparição do São Caetano no campeonato nacional veio no ano de 2000, quando foi vice-campeão da Copa João Havelange, o Brasileirão daquele ano. Naquele time, um dos destaques foi Adhemar, que completa 50 anos neste dia 27 e que foi artilheiro da competição.

Adhemar já estava há três anos no São Caetano na época daquele campeonato nacional. Devido aos diversos problemas organizacionais e até judiciais vividos na época, o Brasileirão teve seu formato alterado e naquele ano os times foram divididos em módulos, que ao final qualificariam seus melhores times para confrontos na fase final da competição. Foi nesse contexto em que Adhemar se destacou pelo Azulão. 

Adhemar foi o grande destaque do time durante a disputa do módulo amarelo da competição, quando marcou 15 gols, ajudando o São Caetano à chegar a decisão, perdida para o Paraná Clube. Apesar disso, o Azulão se classificou a fase final, onde enfrentaria os times dos outros módulos, incluindo, é claro, os times do módulo principal da competição. 

Foi a partir do mata-mata que o Azulão apareceu para o Brasil. No primeiro mata-mata, diante do Fluminense, Adhemar marcou um dos gols do empate por 3 a 3 na ida, em São Caetano do Sul e marcou o gol da vitória no jogo da volta diante dos tricolores no Maracanã, um chute fortíssimo, que virou sua marca registrada.

Nas quartas, diante do Palmeiras, outra vez marcou um gol, na vitória por 4 a 3 do Azulão dentro do Parque Antártica. Nas semifinais, foram três gols diante do Grêmio, dois na vitória por 3 a 2 na ida e um na vitória por 3 a 1 na volta, em Porto Alegre. 


Na final, o Azulão perdeu para o Vasco, naquela famosa situação da queda dos alambrados em São Januário. Adhemar terminou o campeonato com 22 gols, somando os marcados no módulo amarelo e na fase final. O bom atacante foi negociado logo em seguida com o Stuttgart, tendo ainda retornado algumas vezes ao clube, onde é ídolo e artilheiro da história, com 68 gols marcados com a camisa do Azulão.

E se o alambrado do São Januário não tivesse caído...

Por Ricardo Pilotto
Foto: Arquivo

Momento em que o alambrado caiu e deixou 150 feridos

É claro que é muito difícil e complicado a gente tentar prever com tanta exatidão, qual seria o resultado final daquele jogo decisivo entre Vasco e São Caetano, na final Copa João Havelange de 2000, se não houvesse o acidente do alambrado, ocorrido em 30 de dezembro de 2000. Neste momento, só é possível levantarmos hipóteses do que provavelmente aconteceria. Como sabemos, o futebol não é uma ciência exata e nem sempre o time que está melhor em campo sai vitorioso.

Naquele dia, foi o clube do ABC quem propôs os jogo, mesmo atuando diante de um São Januário lotado de vascaínos. Eram raras as vezes que os mandantes conseguiam incomodar a defesa azulina. Ali, o Pequeno Gigante mostrava que tinha time suficiente para bater de frente com a forte equipe que o Vasco tinha.

Quando o São Caetano conseguiu tomar conta do jogo de maneira definitiva, Romário, um dos melhores jogadores da equipe vascaína, sentiu uma lesão aos 15'. Dois minutos após o Baixinho se contundir, os comandados de Jair Picerni, que já estavam completamente instalados no campo defensivo do Vasco, acertaram nada mais nada menos do que duas bolas na trave no mesmo lance. 

Nesta jogada em que o time do ABC quase abriu o marcador, Japinha chutou cruzado e a 'pelota' ainda sofreu um leve desvio de Adhemar no meio do caminho. O goleiro cruzmaltino Helton toca na bola e ela bate trave direita. No rebote, o ídolo máximo da torcida caetanista mandou uma bomba para o gol, mas o guarda redes do time carioca conseguiu espalmar e a bola ainda bateu no travessão antes de ir para fora.

Apesar da forte pressão, o Azulão não conseguiu converter suas chances criadas em gols, mas não se desanimou. Até porque àquela altura, um tento poderia mudar o rumo do confronto. Os paulistas continuavam indo em busca de alternativas para balançar as redes do goleiro Helton e o Vasco ainda teve a certeza da lesão de Romário, o grande nome da equipe, substituído por Viola. Porém, quando o gol do clube do ABC parecia estar cada vez mais maduro, o alambrado caiu e deixou 150 feridos no São Januário. Depois disso, a bola não voltou mais a rolar. 

Agora chegamos no momento da suposição. Vamos lá! Se não tivesse acontecido o incidente, o São Caetano, pelo menos, dava indícios de que em algum momento da partida, conseguiria fazer seu primeiro gol, até porque era ele que estava jogando melhor. Imaginando que a equipe paulista conseguisse sair na frente do placar ainda no primeiro tempo, o Azulão encontraria ainda mais espaços para atacar a defesa adversária, uma vez que o clube carioca precisaria ir em busca do empate. 

Como o time do ABC gostava de aprontar para cima dos grandes times do futebol brasileiro, poderia fechar a sua campanha com chave de ouro, caso Adhemar acertasse uma cobrança de falta ou um chute de longa distância e matasse o jogo em algum momento para garantir o título brasileiro para o Azulão. Um suposto placar de 2 a 0 sobre o Cruzmaltino em pleno São Januário entraria para a história do futebol brasileiro.


Por outro lado, o Vasco poderia achar um gol a qualquer minuto em meio à toda aquela pressão do Pequeno Gigante e se garantir com o placar de 1 a 0 sofrido até o apito final. Conquistando a Copa João Havelange de um jeito bastante dramático. É sempre importante lembrar que foram apenas levantadas hipóteses do que poderia ter acontecido. Neste caso, o famoso "SE" o alambrado do São Januário não tivesse caído.

Olhando por um lado, é difícil até de imaginar como seria o decorrer da partida e de que jeito seria definida, já que ainda tinha muita coisa para acontecer até chegarmos aos 90'. A única certeza que temos é que não existiria aquela vitória do Vasco por 3 a 1 no Maracanã, em janeiro de 2001.

Tcheco no Malutrom campeão dos Módulos Verde e Branco da Copa João Havelange

Foto: arquivo

Tcheco sendo levantado pelos torcedores após a conquista do Módulo Verde da Copa João Havelange

Atualmente treinador do FC Cascavel, time sensação do Campeonato Paranaense 2021, o ex-meia Tcheco, que completa 46 anos neste 11 de abril de 2021, teve uma carreira sólida como jogador, tendo passado por grandes times do futebol brasileiro e ainda ter atuado no mundo árabe. Porém, entre 1999 e 2000, ele teve que dar "um passo atrás" e jogar em um time pequeno, mas foi onde deu o salto na carreira: o Malutrom, onde foi campeão dos módulos Verde e Branco da Copa João Havelange de 2000.

Anderson Simas Luciano, o Tcheco, nasceu em Curitiba, em 11 de abril de 1976. Começou no futsal, junto com o canhoto Ricardinho. Ambos foi para o futebol de campo e foram lançados praticamente juntos no Paraná Clube. Porém, enquanto um foi para a França, outro acabou não se firmando na Gralha Azul.

Tcheco foi perdendo espaço e acabou sendo cedido para um time menor paranaense, o Malutrom. Porém, a então recém-equipe vinha sendo a sensação do estado. Em 1999, o time foi semifinalista do Paranaense e em 2000 acabou sendo o sexto.

O quarto lugar no Estadual de 1999 tinha dado ao Malutrom vaga na Série C do Brasileiro de 2000. Porém, com o imbróglio entre Gama e CBF, o Brasileirão foi cancelado para evitar brigas jurídicas e o Clube dos 13 organizou a Copa João Havelange, com a estrutura similar das divisões nacionais, aproveitando para subir os grandes (Bahia e Fluminense, por exemplo, estariam na B), dividiu-se em módulos e o Malutrom acabou ficando no Verde, o que seria a "terceira divisão".

E foi aí que Tcheco começou a dar a volta por cima na carreira. O meia foi o maestro da grande campanha do Malutrom na competição. E foi com o apoio de paranistas, atleticanos e coxas-brancas que o clube chegou ao seu ápice em 2000, quando se sagrou campeão dos Módulos Verde e Branco da Copa João Havelange ao vencer o Uberlândia-MG, por 3 a 2, na Vila Capanema. Sete mil pessoas acompanharam a partida, apoiaram o Malutrom e soltaram o grito de “campeão” ao fim do jogo.


O feito foi alcançado depois de um empate por 1 a 1 fora de casa. Em Curitiba, o Malutrom do técnico Amaury Knevitz saiu atrás do placar, com um gol de Washington, e chegou ao empate e virou logo em seguida com Calmon e Ednelson. Mas a alegria durou apenas três minutos. Pouco tempo depois, Serginho empatou para os mineiros. Já nos minutos finais de partida, aos 43 do segundo tempo, Flávio marcou o terceiro gol e decretou o título do time paranaense.

O título no Módulo Verde dava o direito ao Malutrom de ir para o mata-mata geral. Nem a eliminação para o Cruzeiro apagou a grande campanha do time e de Tcheco. O meia se destacou e foi para o Coritiba. A partir de então, a carreira deslanchou e ele defendeu Al-Ittihad, Santos, Grêmio, Corinthians e encerrou a carreira no Coxa Branca, em 2012.

Copa João Havelange 2000 - A final que quase não acabou

Por Lucas Paes
Foto: Guilherme Pinto/Agência O Globo

Queda do alambrado de São Januário que adiou a final da Copa João Havelange

A Copa João Havelange de 2000 foi um dos episódios mais curiosos, bizarros e interessantes, tudo isso ao mesmo tempo, do futebol brasileiro. Em meio a problemas de times pedindo pontos na justiça, a CBF acabou impedida pela justiça de organizar a competição e delegou a tarefa ao antigo Clube dos 13, que cuidou da organização de um campeonato que teve 116 times e quatro módulos, encerrando com chave de ouro um século que teve diversos torneios marcados pela desordem do futebol brasuca. Em 30 de dezembro daquele ano, num São Januário superlotado, se iniciaria o segundo jogo da final entre Vasco e o surpreendente São Caetano.

O Vasco na época era uma das grandes equipes do futebol brasileiro e quiçá inclusive mundial. O Cruzmaltino tinha em seu elenco nomes como Romário, Juninho Paulista, Juninho Pernambucano, Jorginho Paulista, Euller, enfim, uma verdadeira seleção. Do outro lado, o Azulão revelava nomes como Silvio Luiz, Serginho, Adãozinho, Somália e o craque do time, Adhemar. Aquele segundo jogo ocorria depois de um acirrado e disputado empate por 1 a 1 no Parque Antártica, onde o Azulão perdeu várias chances de gol.

Só que o jogo de São Januário acabou sequer terminando. Num São Januário superlotado, em meio a uma confusão após a substituição de Romário, o alambrado do estádio caiu e o jogo foi paralisado para atendimento aos feridos, que no final foram mais de 160. Posteriormente, o duelo acabou sendo cancelado por Anthony Garotinho. Eurico Miranda queria de qualquer forma que o jogo fosse reiniciado, mas a partida acabou adiada e iniciaram-se uma série de problemas, com contratos que venceriam no final daquele ano tendo de ser estendidos e jogadores tendo que voltar das férias mais cedo para jogar a decisão, que ficou para 2001, no Maracanã.

A verdade é que o jogo decisivo poderia e deveria ter sido jogado no maraca. Segundo matérias da época, Eurico Miranda preferiu mandar o jogo em São Januário, rejeitando a ideia do governo estadual de fazer a final no "maior do mundo". Um laudo posterior atestou que a cancha vascaína tinha capacidade real para apenas 27 mil pessoas, mas naquele dia 33 mil estiveram em suas dependências.

A final então acabou ocorrendo apenas em 18 de janeiro de 2001, num Maracanã esvaziado para "apenas" 30 mil pessoas. Naquele dia, Eurico Miranda peitou diretamente a Rede Globo colocando o logo do SBT na camisa do Vasco, uma ação motivada pela indignação do dirigente vascaíno ao modo como a tragédia do alambrado foi coberta pelo jornalismo global. Não houve nenhum pagamento do SBT ou acordo tentado por parte de Eurico, foi de fato uma provocação a detentora dos direitos de transmissão da final.


Dentro de campo, apesar do Azulão necessitar da vitória e buscar o ataque, quem abriu o placar foi o Vasco, com Juninho Pernambucano, aos 30 minutos do primeiro tempo. Sete minutos depois, o time do ABC Paulista até empatou, com Adãozinho, mas logo depois Jorginho Paulista botou os donos da casa na frente de novo. No segundo tempo, antes mesmo dos caetanistas pensarem em empatar o jogo e assim ficarem com a taça, Romário fez o terceiro gol, a oito minutos e derrubou de vez o ânimo dos visitantes, que não conseguiram reverter a situação: o título foi do Cruzmaltino. 

Onze anos depois, já com o clube de São Januário tendo passado por turbulências, um rebaixamento e mostrando, pelo menos naquele momento, uma possível volta aos dias de glória, a juíza Anna Eliza Duarte Diab Jorge, da 22ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decidiu que o Vasco era inocente na queda do alambrado do seu estádio, sentenciando que a culpa era da briga entre dois torcedores que gerou a confusão toda. Inclusive, a sentença fala sobre a queda do alambrado ter salvado vidas, já que escoou a massa de pessoas. Entretanto, outras várias ações judiciais rodaram sobre o caso, relacionados a danos morais e materiais.

Tico Mineiro na Portuguesa Santista entre 2000 e 2001

Foto: arquivo pessoal

Tico Mineiro, pela Briosa, contra a Ponte Preta, em 2001

É raro ver no futebol jogadores que sejam precisos na bola aérea, usando o cabeceio, e, ao mesmo tempo, ser rápido. Porém, teve um atacante natural de Belmonte, na Bahia, mas que recebeu a alcunha do gentílico de outro estado, que tinha estas duas características: Tico Mineiro, que fez muitos gols pelos clubes onde passou, entre eles a Portuguesa Santista, entre 2000 e 2001.

Nascido em 26 de janeiro de 1976, Dilmar dos Santos Machado começou atuar profissionalmente no Democrata de Governador Valadares, time que o descobriu na Bahia, em 1994. Na época, ele era conhecido apenas como Tico. Porém, em 1996, ele foi para a Desportiva Ferroviária, do Espírito Santo, que já tinha outro jogador com o mesmo apelido. Como ele veio de um time de Minas Gerais, "recebeu um sobrenome" ao seu apelido, virando Tico Mineiro.

Tanto no Democrata, quanto na Desportiva, Tico Mineiro fazia muitos gols e como era rápido, podia atuar como centroavante ou como atacante de lado. Isso fez com que o vários clubes grandes se interessassem pelo atleta, que teve boas passagens por Atlético Mineiro e, principalmente, Botafogo e Criciúma. Porém, jogar no principal estadual do país é interessante para qualquer atleta e em 2000 desembarcou na Portuguesa Santista, contratado pela Multicargo, empresa com atividades no Porto de Santos e que passou a administrar o futebol clube.


Rápido, raçudo, fazedor de gols e com tranças no cabelo, Tico Mineiro logo caiu nas graças da torcida da Briosa. Na primeira fase do Paulistão Série A1, o time foi dirigido por Marinho Peres, ex-zagueiro que esteve na Copa do Mundo de 1974 e depois técnico de sucesso no futebol português. O atacante, naquela fase inicial, que não tinha os grandes, que disputavam o Torneio Rio-São Paulo, já fez grandes jogos pela equipe, que ficou em quarto no grupo Grupo 1, passando a outra etapa, onde teria Santos, São Paulo, Corinthians e Palmeiras.

Na segunda fase, a Briosa, que passou a ser dirigida por Muricy Ramalho, ficou no Grupo 3, ao lado de São Paulo, Guarani e União Barbarense. O grupo foi embolado, com o Tricolor e o Bugre avançando. A Briosa acabou em quarto, com 10 pontos, mas conquistou boas vitórias, como 2 a 1 sobre a Barbarense, fora de casa, e um 3 a 1 sobre o São Paulo, em pleno Ulrico Mursa. Tico, que fazia dupla de ataque com Eliel, ex-Tricolor, fez grandes jogos nesta fase.

Tico Mineiro seguiu na Portuguesa no segundo semestre. O time disputou o módulo branco da Copa João Havelange. Neste momento, o jogador virou a grande referência da equipe, que passou para a segunda fase sendo a segunda colocada no Grupo H. Na etapa seguinte, pelo Grupo 5, foi novamente a vice-líder, mas como só o primeiro avançava, a Briosa foi eliminada.

Em 2001, para o Paulistão, Tico Mineiro ganhou um novo companheiro de ataque: Zinho. E esta foi, provavelmente, a melhor dupla de jogadores de frente que a Briosa teve nos anos 2000. Os jogos em Ulrico Mursa ficavam apinhados de gente para ver os dois 'atazanarem' a vida dos defensores adversários. Faziam o verdadeiro 'pandemônio'!


Até os times grandes sofriam. O Corinthians foi derrotado por 2 a 1. Já a partida contra o São Paulo foi uma das melhores da competição! Um 4 a 4, com direito a três gols de Tico Mineiro. Vale lembrar que jogos empatados naquele Paulista levava à uma disputa curta de penalidades (três para cada lado), valendo um ponto extra. E, apesar dos três gol no tempo regulamentar, o atacante perdeu a cobrança que fez o Tricolor vencer.

Ao fim da competição, a Briosa teve resultados ruins nos últimos três jogos e como o campeonato estava equilibrado, a equipe, que brigava por uma vaga na semifinal, acabou em 11º entre os 16 clubes. Tico Mineiro foi o artilheiro do time na competição e, em seguida, acabou sendo negociado pela Multicargo e ele acabou indo para o Jeonnam Dragons, da Coreia do Sul.

Depois, ele ainda defendeu vários clubes, como Ituano, CRB, CSA, Crac, Sampaio Corrêa, Cianorte, Maranhão, entre outros. Porém, o carinho do torcedor Rubro Verde pelo atacante com tranças no cabelo, rápido e fazedor de gols ficou para sempre, tanto que em 2016, em uma partida da Briosa contra o Tanabi, pela Segunda Divisão Paulista, a Força Rubro Verde o homeageou.

1999 - O fracasso do promédio no Brasileirão

Por Lucas Paes
Foto: Reprodução/Blog Soberano


Sandro Hiroshi foi pivô da polêmica de rebaixamento em 1999

O relativamente complicado sistema de "promédio" é a forma de definir o rebaixamento utilizado por alguns campeonatos na América do Sul. O sistema leva em conta a média de pontos de uma equipe nas três últimas edições de disputa de um torneio consecutivas, podendo ser calculado em menos jogos, quando a equipe joga menos edições. O Brasil, que demorou muito para conseguir ter um sistema de rebaixamento imune a problemas e a viradas de mesa, tentou adotar tal sistema a partir do Brasileirão de 1999.

No sistema que a CBF adotaria, cairiam para a Série B os times com piores médias de pontos nos campeonatos de 1998 e 1999, usando uma média ponderada, já que o número de jogos era diferente (23 x 21). A fórmula basicamente concluía que a média de pontos se daria pela soma das médias de pontos de 1998 (o total de pontuação daquele ano dividido por 23) com a média de 1999 (o total de pontuação dividido por 21) com esse valor total sendo dividido por 2. Ou seja, sendo p = pontuação da equipe na competição, M= ((p98/23) + (p99/21)) /2.

Apesar da ideia complicada de entender, na teoria não seria uma situação tão bizarra. Porém, uma contratação acabou causando uma confusão épica no rebaixamento. O São Paulo trouxe na época o atacante Sandro Hiroshi, que havia se destacado no Paulistão pelo Rio Branco e o colocou para jogar no Brasileirão. A questão é que Sandro havia se envolvido em problemas com sua negociação quando saiu do Tocantinópolis para o Rio Branco de Americana. O jogador, que posteriormente ainda se veria envolvido em punições por adulteração de idade, ficou no centro de uma polêmica onde o Tocantinópolis reclamava que o alvinegro de Americana devia os valores pela negociação dele, alegando também que o Tigre havia inscrito o atacante sem autorização do clube anterior no Paulistão. Já o Rio Branco alegava que ele vinha como jogador de base, não precisando portanto de tal autorização. A CBF, para evitar maiores problemas, bloqueou o passe do jogador.

Ai que o imbróglio se complicou de vez. Hiroshi atuou pelo Tricolor Paulista em uma goleada por 6 a 1 sobre o Botafogo. Porém, com a decisão da CBF, o atacante não poderia ter jogado. O Botafogo então entrou com um processo na CBF pedindo os pontos do jogo, procedimento que uma portaria da CBF autorizaria em caso de escalação irregular. O Fogão venceu a causa no STJD e foi declarado vencedor do jogo. Depois disso, então, Botafogo de Ribeirão Preto, Atlético Mineiro, Coritiba, Inter, Vasco e Guarani também tentaram usar da mesma manobra, com só o Inter conseguindo a pontuação. Aliás, no caso do Inter, como o jogo havia terminado em 2 a 2, deram um ponto a mais ao Inter.  Ou seja, o colorado faria 2 pontos pelo jogo. Como a situação seria impossível em uma partida real, acabaram dando mais um ponto ao colorado, que ficou com os três pontos de uma vitória.

Ao fim da competição, pela média de pontos, acabaram rebaixados Botafogo de Ribeirão Preto, Gama, Paraná e Juventude. Sem os pontos ganhos no tribunal, porém, cairia o Botafogo do Rio de Janeiro, não o Gama. O alviverde, então, entrou com recurso contra o rebaixamento no STJD. O tribunal deu parecer favorável a CBF, mantendo o descenso do Gama. A partir daí, o Gama, juntamente a presidência do Sindicato dos Técnicos do Distrito Federal, entrou na justiça comum contra seu rebaixamento. A justiça deu ganho de causa ao alviverde, negando recursos da CBF e obrigando a mesma à incluir o Gama no Brasileirão de 2000.

Sem tempo para recorrer e com pressão externa da FIFA, a CBF então largou a organização do Brasileirão ao Clube dos 13, que criou a Copa João Havelange. Nela, os clubes foram organizados por módulos e a competição não teria rebaixamento. O Gama também entrou na justiça para ser incluído na competição, algo que inicialmente não ocorreria. No fim das contas, a confusão fez com que o campeonato de 2001 tivesse de contar com 28 clubes e acabou causando problemas para edições seguintes do Brasileirão. Uma situação que ocorreu com a Copa União foi o "super acesso" do Fluminense, campeão da Série C em 1999, que acabou voltando direto para a Série A em 2000. Daí, surge a brincadeira do "Pague a Série B!".

Talvez por essa falha ou talvez por algum planejamento que veio depois (ou talvez até pelos dois motivos) o Brasileirão passou a ser disputado por pontos corridos em 2003. Aos poucos o número de clubes foi reduzindo até chegar ao que temos hoje. Outra mudança foi que a punição por uma irregularidade na escalação passou a envolver apenas a perda de pontos do time infrator, não mais dando os pontos ao seu adversário. Tais situações foram relativamente comuns entre 2003 e 2005.

Outra das consequências foi que o sistema de pontos corridos passou a causar uma situação que a confusão dos regulamentos antigos do Campeonato Brasileiro e a falta de sintonia dos cartolas acabava evitando, que é o rebaixamento de equipes grandes. Com um regulamento mais claro e direto e que evitava situações de viradas de mesa, uma campanha ruim de um grande inevitavelmente causaria um descenso. Da enorme lista de clubes não rebaixados até 2000, sobraram hoje apenas Santos, São Paulo e Flamengo.

A situação também é um belíssimo resumo de como o futebol brasileiro era, até pouquíssimo tempo, uma verdadeira baderna. Antes dos pontos corridos, haviam mudanças de formula praticamente todos os anos, problemas com viradas de mesa, rebaixamentos e acessos ignorados, entre outras situações. A "organização" do Campeonato Brasileiro é um fato bem recente e os constantes descensos de times grandes mostram como a bagunça acabava beneficiando os grandes quando estes faziam campanhas muito aquém de seu tamanho.

Por fim, curiosamente, o mesmo jogador envolvido no caso da perda de pontos que iniciou toda essa confusão (Sandro Hiroshi) foi pego num caso de alteração de idade (no futebolês, o famoso gato) ainda naquele ano, pois as investigações de sua transferência acabaram por desmascarar o fato de que Hiroshi jogava com documentos falsos desde 1994. A suspensão de 180 dias imposta pelo caso fez com que a carreira de Hiroshi nunca decolasse de fato. O atacante só conseguiu algum sucesso na Coréia do Sul e em curtos períodos pelo São Paulo. 

Euller relembra o Vasco campeão da Copa João Havelange

Com informações do site oficial do Vasco da Gama
Foto: Arquivo Vasco da Gama

Euller era um dos atacantes do Vasco no ano 2000

O dia 18 de janeiro é muito especial para os vascaínos. Há 18 anos o Gigante da Colina conquistava a Copa João Havelange de 2000 ao vencer o São Caetano por 3 a 1, diante de 60 mil pessoas no Maracanã, com gols de Juninho Pernambucano, Jorginho Paulista e Romário. Dentro de campo, a equipe de São Januário contava com um esquadrão de respeito liderado pelo atacante, e capitão, Romário. No meio de campo, Juninho Pernambucano e Juninho Paulista, pratas da casa como Helton, Felipe e Pedrinho, além de nomes importantes como Mauro Galvão, Odvan, Jorginho e Paulo Miranda. O Site Oficial do Vasco conversou com um dos grandes destaques daquela conquista. Euller, o Filho do Vento e grande parceiro do Baixinho durante anos vitoriosos do Cruzmaltino.

"Foi um momento especial. Final de Campeonato Brasileiro e tínhamos tudo para ganhar o título. Mesmo diante das turbulências, já que estávamos de férias e tivemos que voltar. Não fizemos uma preparação adequada, mas cumprimos o objetivo. Nos preparamos e foi um título muito especial. Ser campeão brasileiro com a camisa do Vasco, com aquele time que a gente tinha. Era pra marcar a história e de fato aconteceu. É motivo de alegria, orgulho, satisfação e sempre será lembrado", relembra Euller. 

Euller chegou ao Vasco naquele ano. Mesmo diante de outras propostas, a possibilidade de fazer dupla com o Baixinho fez com que o Filho do Vento escolhesse por São Januário. E o atacante acertou em cheio. A dupla teve um entendimento quase que perfeito e junto com os Juninhos Pernambucano e Paulista chegou a fazer o quarteto de ataque da Seleção Brasileira em alguns jogos das Eliminatórias para a Copa de 2002. O atacante, que brilhou na Colina, relembrou essas histórias e falou sobre o sonho de atuar ao lado de Romário.

"Para mim foi uma satisfação muito grande fazer dupla com o Romário. Era um sonho e não pensei duas vezes quando tive a proposta para jogar no Vasco. Eu tinha comigo que minha característica daria certo com a do Romário. Quando cheguei ao Vasco não tive nenhuma prepotência em querer ser protagonista do time. Queria ser coadjuvante de um ataque que fazendo minhas jogadas, eu teria uma pessoa dentro da área para poder finalizar. Era o meu intuito. Um sonho realizado não só no Vasco, como na Seleção Brasileira, com gols dele, gol meu, do Juninho Paulista. Foi um prazer atuar ao lado do Romário, tê-lo como parceiro. Não teve um atacante que joguei, que tinha a presença de área do Baixinho. Tive outras propostas, mas a decisão de ir ao Vasco para jogar ao lado dele foi mais do que certa"

Pelo Vasco, Euller conquistou o Campeonato Brasileiro e a Copa Mercosul. Com a camisa cruzmaltina, o ex-atacante fez 83 jogos e marcou 28 gols. Acima de tudo, o Filho do Vento afirma que o maior título que ele conquistou foi o carinho da torcida e dos funcionários do clube, sem esconder o orgulho por ter vestido uma das camisa mais pesadas do mundo.

"Era um sonho jogar no Vasco da Gama. Uma camisa enorme. Clube de altíssimo nível, é um charme muito grande. São Januário... é importante para a carreira de um jogador passar por um grande clube e o Vasco é esse grande clube. É um clube que abre portas para a Seleção Brasileira. Tudo que um jogador deseja, que é jogar num grande clube, o Vasco oferece. Graças a Deus tive esse privilégio. Conquistei títulos, amigos, ajudei muitos lá dentro. Toda vez que faço uma visita ao clube, tenho a alegria de ser bem tratado por todos. Espero que esse amor, dos dois lados, continuem para sempre", finalizou.

Vasco x São Caetano - Em 2000, o jogo que não terminou

Eurico Miranda tenta acalmar os torcedores para reiniciar, em vão, a partida

Em 30 de janeiro de 2000, o Vasco da Gama entrava no gramado do Estádio São Januário para enfrentar a sensação do futebol brasileiro daquele momento, o São Caetano. O embate seria pela decisão da Copa João Havelange, que substituiu o Brasileirão daquele ano devido a um imbróglio jurídico envolvendo Gama, Botafogo e Internacional. A palavra 'seria' é porque o título não foi decidido, já que a partida não terminou.

O Vasco da Gama tinha um dos melhores times do país, com atletas do quilate de Juninho Pernambucano, Felipe, Junior Baiano e Romário, que era o grande artilheiro do país. Apesar da troca abrupta de treinador no final do ano, Oswaldo de Oliveira por Joel Santana, a equipe vinha bem e já tinha conquistado a Copa Sul-Americana, após uma virada histórica contra o Palmeiras.

Já o São Caetano era a grande surpresa na competição. Vindo do Módulo Amarelo, onde foi vice-campeão, o Azulão veio despachando os grandes, um a um, no mata mata da competição. Fluminense, Palmeiras e Grêmio foram as vítimas da sensação do futebol brasileiro e com um detalhe: a equipe do ABC Paulista fazia grandes jogos fora de casa.

Nos 23 minutos de jogo, o São Caetano teve a melhor chance

Com toda a confusão na organização da competição e os problemas jurídicos, a Copa JH, como era conhecida, se arrastou até os últimos dias de 2000. O primeiro jogo da final, no Parque Antarctica, foi no dia 27 de dezembro. O talentoso lateral esquerdo César, que foi para a Seleção Brasileira ainda como jogador do São Caetano e depois fez carreira no futebol italiano, abriu o placar para o Azulão, aos 14 minutos. Porém, aos 27', Romário, com seu faro de gol ímpar, empatou o jogo para o Vasco. E assim, a decisão iria para São Januário.

E no dia 30 de dezembro as duas equipes entraram em campo para decidir a competição. Aproveitando-se do regulamento e da capacidade oficial de seu estádio, o Vasco preteriu o Maracanã e mandou o jogo no São Januário, que estava abarrotado de gente, assim como foi na Copa Libertadores dois anos antes.

E o jogo iniciou com o incrível São Caetano tendo maior volume de jogo. Ainda no início, Adhemar teve duas chances no mesmo lance: no primeiro, Helton espalmou e a bola ainda bateu na trave. No rebote, o atacante do azulão arrematou forte, mas o goleiro vascaíno fez grande defesa, espalmando a bola para a linha de fundo.

O momento da queda do alambrado

Para piorar a situação do Vasco, Romário sentiu uma contratura muscular e foi substituído por Viola. Mas aos 23 minutos aconteceu o fato entrou na lista de tristes histórias do futebol brasileiro. Uma briga entre torcedores causou um empurra-empurra e como o estádio estava superlotado, o entrevero resultou na queda de parte do alambrado junto às arquibancadas.

Na confusão, cerca de 150 pessoas ficaram feridas, três delas com gravidade. Ambulâncias e médicos entraram no gramado de São Januário para socorrer as vítimas e uma parte da torcida também invadiu o campo, sendo que muitos ajudaram no resgate das pessoas. O clima de festa transformou em preocupação.

No meio desta história, veio a segunda confusão do dia, desta feita entre dirigentes. O então vice-Presidente do Vasco, Eurico Miranda (mas que na verdade já era o manda chuva do clube), era favorável ao reinício do jogo e a diretoria do São Caetano era contra. A Defesa Civil e a Polícia Militar do Rio de Janeiro deram pareceres favoráveis ao reinício do jogo, mas o Governador do Estado, Anthony Garotinho, determinou a suspensão da partida. Alguns comentários diziam que a Rede Globo, que transmitia o jogo, também era contra o reinício, já que atrasaria toda a sua grade de programação.

O Vasco acabou sendo o campeão no jogo remarcado

Houve então pequenos tumultos isolados causados por torcedores revoltados com a suspensão do jogo, logo contornados pela Polícia Militar. Apesar disso, a saída dos torcedores do estádio foi de forma ordeira. Para aumentar a confusão, os jogadores do Vasco deram uma volta olímpica com a taça, já que o resultado de 0 a 0 daria o título ao cruzmaltino. Já os diretores do Azulão alegavam que o título deveria ser do São Caetano, já que o mando de campo era do time carioca e a confusão foi toda com a torcida do Vasco e, por isso, os pontos da partida deveriam ser dados ao Azulão.

Porém, a direção do Clube dos 13, organizadora da competição, resolveu fazer um novo jogo no dia 18 de janeiro de 2001. Como São Januário foi interditado, a partida foi no Maracanã, com entrada gratuita e limitada a 60 mil espectadores.

Com um novo jogo, o Vasco pode contar com força máxima, inclusive Romário, que tinha sido substituído na partida cancelada. Aliás, Eurico Miranda resolveu provocar a Rede Globo, fazendo com que o cruzmaltino entrasse em campo com o logo do SBT, emissora concorrente, em suas camisas. Dizem que nem Silvio Santos sabia disso.

Reportagem sobe o jogo interrompido

O São Caetano, que já tinha dado férias a seus jogadores, não se aprontou direito para a partida e ao contrário dos 23 minutos jogados no dia 30 de dezembro e tomou um vareio de bola. Juninho Pernambucano abriu o marcador aos 30 minutos, Adãozinho empatou aos 37', mas Jorginho Paulista fez o segundo do Vasco. Na etapa final, Romário, aos 8', deu números finais à partida: 3 a 1 para o time cruzmaltino, que sagrou-se campeão da Copa João Havelange de 2000.

Fluminense 0 x 1 São Caetano - Em 2000, o 'nascimento' do Azulão para o grande público

Adhemar comemora o gol no Maracanã

Os problemas na Justiça Comum envolvendo o Gama fizeram com que o Campeonato Brasileiro não fosse disputado no ano 2000. Para burlar isto, os clubes organizaram a Copa João Havelange, no segundo semestre. O regulamento da competição lembrava os Brasileirões dos anos 70 e primeira metade da década de 80, com 117 clubes, divididos em módulos, como se fossem divisões diferentes. Porém, todos tinham chances de ser campeão.

Quatro times dos módulos inferiores puderam disputar a fase final junto com os 12 clubes da série principal. Eram eles: Paraná Clube, São Caetano, Remo e Malutrom. O São Caetano, equipe do ABC Paulista que havia conquistado a Série A-2 estadual no primeiro semestre, encararia o Fluminense, terceiro colocado do Módulo Azul, o principal da competição, pelas oitavas-de-final. Era nesse momento que a equipe de Adhemar e companhia apareceria para o cenário nacional.

No primeiro jogo, realizado no Parque Antártica, no dia 23 de novembro, o Fluminense abriu 2 a 0, com gols de Magno Alves e Roger. Porém, jogando na base da velocidade, o Azulão virou a partida com Adhemar, Ailton e Serginho. No final, o Tricolor buscou o empate, com o centroavante Agnaldo. Para se classificar, o São Caetano precisava vencer o jogo de volta, no Rio de Janeiro.

O chute de Adhemar que Murilo aceitou

No dia 26, Fluminense e São Caetano entravam no gramado do Maracanã para decidir uma vaga nas quartas-de-final da Copa João Havelange. Mais de 60 mil tricolores estavam no estádio para empurrar sua equipe rumo à classificação.

Porém, sem sentir a pressão do Maracanã cheio, o São Caetano fez um belo primeiro tempo, onde teve maior posse de bola e as melhores chances. O Fluminense, que não esperava a postura da equipe paulista, demorou para se recuperar na partida. O Azulão chegou a marcar com Vágner, mas o trio de arbitragem, comandado por Carlos Eugênio Simon, anulou o gol legal marcando impedimento.

No segundo tempo, o cenário mudou. O Tricolor passou a atacar mais, acuando o Azulão. Parecia que era questão de tempo o gol do Fluminense. Mas, aos 27 minutos, uma cobrança de falta mudou todo o panorama.

A cobrança era de longe, bem longe. Seria uma irresponsabilidade cobrar uma falta direta daquela distância, pensava quem não conhecia as divisões de acesso do futebol paulista. Mas quem tinha acompanhado a A2 daquele ano, sabia que o Azulão tinha um atacante de chute potente. Sim, era ele, Adhemar.

Pois bem, Adhemar desferiu um chute potente e venenoso, e acertou o ângulo do goleiro Murilo! O placar registrava 1 a 0 para o São Caetano. O Fluminense sentiu o golpe, não conseguia impor o seu ritmo e, com isso, o Azulão garantiu sua vaga nas quartas e o Maracanã ficou azul.

Reportagem sobre a partida

Depois desse dia, todos começaram a prestar atenção na equipe do ABC, que não se fez de rogado e eliminou Palmeiras, Grêmio e, por muito pouco, não conquistou o título em cima do Vasco. No ano seguinte, outro vice-campeonato nacional e em 2002, outra final perdida, mas desta vez da Libertadores da América. É, o São Caetano assustou muita gente no início do milênio.

Ficha Técnica

Fluminense 0 x 1 São Caetano

Data: 26/11/2000
Local: Maracanã
Público: 56.504 pessoas

Gol: Adhemar (São Caetano), aos 27 do segundo tempo.

Fluminense: Murilo; Cezar, Régis e Jorge Luís (Asprilla); Paulo César, Fabinho, Marcão, Roger (Fernando Diniz) e Jorginho; Roni (Agnaldo) e Magno Alves - Técnico: Valdir Espinoza.

São Caetano: Silvio Luiz; Japinha (Nelsinho), Daniel, Serginho e Cesar; Claudecir (Marcão), Adãozinho, Ailton (Zinho) e Esquerdinha; Adhemar e Vágner - Técnico: Jair Picerni.
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