Foto: Victor de Andrade / O Curioso do Futebol

Estádio Conde Rodolfo Crespi
A diretoria do Clube Atlético Juventus apresentou uma notícia-crime à Polícia Civil contra ex-dirigentes por suspeita de desvio de R$ 2,3 milhões que deveriam ser aplicados nas obras de conservação do Estádio Conde Rodolfo Crespi, a Rua Javari, na Mooca, zona leste de São Paulo. A denúncia foi revelada pelo portal Metrópoles.
O valor havia sido liberado há cerca de três anos pela Prefeitura de São Paulo, após a venda do potencial construtivo da sede. De acordo com documentos obtidos pelo Metrópoles, o montante teria sido utilizado para quitar supostos empréstimos contraídos pela associação, e não na reforma prevista. Após uma sindicância interna, funcionários suspeitos de envolvimento foram afastados.
Na notícia-crime, o Juventus solicitou a abertura de inquérito e pediu a “adoção das medidas investigativas cabíveis, a fim de resguardar o patrimônio moral e material do Clube Atlético Juventus e promover a responsabilização dos envolvidos”.
Em setembro, a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas apontou o descumprimento do acordo firmado com o município e propôs multa. A dívida pode ultrapassar R$ 5,3 milhões, incluindo restituição e penalidades, apesar de nenhuma obra ter sido realizada na sede.
Acordo com a Prefeitura - O estádio juventino é tombado como patrimônio histórico da cidade de São Paulo. Em 2022, o clube assinou um termo de compromisso com a Prefeitura permitindo a transferência de 4.691,98 m² de potencial construtivo, o que resultou em R$ 2.362.157,09 destinados integralmente à revitalização do estádio.
No entanto, segundo a investigação interna, a reforma não foi executada, e o dinheiro teria sido usado para quitar mútuos de ex-dirigentes.
Além disso, foi identificado que o cálculo da transferência considerou o valor de R$ 2.528,58 por m², abaixo do preço real de mercado. Especialistas afirmam que o Juventus arrecadou muito menos do que poderia — a Prefeitura estimou o valor de recompra do potencial construtivo em mais de R$ 19 milhões.
Multa e sanções administrativas - Com o descumprimento do termo, a Prefeitura propôs multa de R$ 2,9 milhões, além da devolução integral do recurso ao Fundo de Proteção do Patrimônio Cultural e Ambiental Paulistano (Funcap). A penalidade é calculada em aproximadamente R$ 118 mil por mês de atraso, desde 17 de abril de 2023.
Em nota, a pasta informou que a proposta será analisada pelo Conpresp, que, após deliberação, notificará oficialmente o clube antes das providências finais.
Investigação e afastamentos - A sindicância interna apontou uma “dupla lesão ao patrimônio do clube, com grave repercussão financeira e institucional”. Para evitar interferências, foi recomendada a suspensão preventiva de dirigentes que atuaram entre 2019 e 2020, além do afastamento de funcionários da tesouraria.
Entre os citados estão o ex-presidente Antonio Ruiz Gonsalez, o ex-presidente do Conselho Deliberativo Ivan Antipov, o ex-vice-presidente Paulo Troise Voci e o ex-diretor de futebol Raudinei Anversa Freire.

O clube também pediu o bloqueio de contas e o sequestro de valores relacionados ao termo de compromisso. O caso está na 4ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Lavagem ou Ocultação de Bens e Valores.
Posicionamentos - Os responsáveis pela sindicância afirmaram não poder comentar o caso. O atual presidente, Tadeu Deradeli, também disse que não irá se pronunciar por enquanto. O clube não respondeu oficialmente e a reportagem não localizou a defesa dos ex-dirigentes citados. O espaço permanece aberto para manifestações.
Sobre o estádio - O Estádio Conde Rodolfo Crespi, inaugurado em 1925, foi adquirido pelo Juventus em 1967. Localizado em área de cerca de 15 mil m², tem capacidade oficial para 5 mil torcedores, embora o clube registre públicos históricos maiores. O estádio foi tombado pelo Conpresp em 2019.
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