As finais de Liga dos Campeões do Real Madrid

Por Lucas Paes
Foto: Getty Images

Sérgio Ramos e o vitorioso time do final da década de 2010

Existem alguns casos onde a história de um clube se confunde com a história de uma competição. O Real Madrid, provavelmente maior clube do planeta, uma das maiores instituições relacionadas ao esporte bretão na história, tem uma trajetória que se confunde com a própria Liga dos Campeões. Maior campeão com 13, sim, 13 títulos, os Merengues terão em Paris, diante do Liverpool, a oportunidade de estabelecer o dobro de conquistas do segundo maior campeão e de exorcizar o fantasma de sua última derrota em uma final continental, há 41 anos, contra os próprios Reds, em Paris. Esta é a 16ª final do clube.

As primeiras decisões do Real Madrid na Liga dos Campeões foram todas com o seu absurdo time dos anos 1950/1960. Na época, os Galácticos tinham um dos maiores esquadrões da história do futebol, com Puskas, Di Stefano e outros gigantes. Entre 1955 e 1960, o Real Madrid foi campeão por cinco vezes seguidas, até hoje um recorde indestrutível. Bateu o Stade Reims (4-3), a Fiorentina (2-0), o Milan (3-2), o Reims novamente (2-0) e por fim o Eintracht Frankfurt (7-3). O histórico madridista era bizarro em suas primeiras participações na competição.

A primeira vez em que o Real perdeu uma decisão foi na temporada 1961/1962. Naquela edição, os espanhóis tinham ainda boa parte da base campeã de absolutamente tudo que se imagina nos anos anteriores, mas tiveram pela frente o Benfica de Eusébio e Águas. Em Amsterdã, os portugueses não tomaram conhecimento do titã que estava do outro lado e venceram por 5 a 3. Em 1965, os Merengues chegaram novamente na final contra a Internazionale, mas o San Siro foi um território hostil e a Grande Inter venceu por 3 a 1. No ano seguinte, em Heysel, o Real Madrid finalmente voltou a levantar a taça, batendo o Partizan por 2 a 1. 

A partir daí, começou uma seca inacreditável para os Merengues. O outrora imparável clube branco se perdeu e só foi chegar de novo a decisão em 1981, quando enfrentou um Liverpool que chegou a decisão como favorito, já que era o melhor time do continente na época. Num jogo até anticlimático para o tamanho dos dois finalistas, sinceramente uma partida ruim, o gol de Kennedy deu o título aos Reds, continuando o incômodo jejum merengue.

O final da década de 1990 e o começo dos anos 2000 marcou o retorno do gigante as glórias. Agora com nomes como Raúl na equipe, o Madrid chegou a decisão em 1998 e bateu a Juventus, em Amsterdã, pelo placar mínimo, gol de Mihajtovic, num time que tinha o brasileiro Sávio, que aliás foi bem no Real Madrid. Em 2000, no Stade de France, outra conquista, desta vez com 3 a 0 sobre o Valência. Dois anos depois, com a mesma base, os madridistas repetiram a dose, batendo o Bayer Leverkusen com um gol histórico de Zidane na Escócia.


A época gos Galácticos, de Ronaldo, Roberto Calos, Figo e todas as outras estrelas do clube, ficou marcada pela maldição das eliminações, que foram várias, nas oitavas de final. Em 2014, já com Cristiano Ronaldo na equipe, o Real Madrid chegou outra vez a decisão, diante do Atlético de Madrid. Em Lisboa, na Luz, o gol de Godín deixou o Atleti em vantagem até os 48 minutos do segundo tempo, quando Sérgio Ramos empatou. Na prorrogação, o Real Madrid fez mais três, venceu por 4 a 1 e saiu de Lisboa com "Lá Décima".

A partir daí, o time madridista repetiu um feito que ninguém fazia desde o Bayern nos anos 1970 e ganhou três títulos seguidos. Depois da conquista do Barça do trio MSN em 2015, os Merengues conquistaram a orelhuda em 2016, batendo o Atlético de Madrid nos pênaltis depois de um empate por 1 a 1 no tempo normal em San Siro e depois vieram vitórias por 4 a 1 sobre a Juve em 2017, em Cardiff e 3 a 1 sobre o Liverpool, em Kiev. 

A final de 2022 marcará o encontro do que são possivelmente as duas grandes forças da Liga dos Campeões historicamente, independente do Milan ter mais títulos que o Liverpool. No dia 28, em Paris, estarão frente a frente duas equipes cujo a história se confunde com a da própria competição e cujo o histórico em finais é absurdamente positivo. Só o tempo dirá quem escreverá seu nome na história. 
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