Foto: Phil Noble/Reuters
Liverpool e City proporcionaram arte no Etihad
A final antecipada da Premier League neste domingo, entre os esquadrões de Manchester City e Liverpool não definiu absolutamente nada a não ser que todos nós temos de agradecer pelo privilégio que é assistir jogos entre esses dois times. Num dia onde Reds e Citizens saíram do Etihad Stadium da mesma maneira que entraram, com um empate de dois times que parecem não conseguir nem dentro de campo mostrar que um é melhor que o outro, quem ganhou foi o fã de futebol, quem ganhou foi o esporte, que se pudesse falar neste momento discursaria emocionado sobre o que estes times seguem fazendo jogo após jogo.
A disputa entre Pep Guardiola e Jurgen Klopp é algo que nunca foi visto em tamanha proporção no futebol e provavelmente não será vista de novo em nossos tempos de vida. Um empurra o outro para o nível mais alto e isso faz com que, sem sombra de dúvidas, Manchester City e Liverpool sejam hoje os dois melhores times do planeta. Qualquer pessoa que diga algo contra isso está errada, pelo menos nos próximos dias. O privilégio para todos nós é que esses dois times jogam de novo no sábado, desta vez num jogo decisivo pelas semifinais da FA Cup, a Copa da Inglaterra.
Quanto ao jogo, o retrato deste foi ao mesmo tempo parecido e ao mesmo tempo diferente do jogo de Anfield Road. Em Anfield, o City havia começado melhor, mas não aproveitou as oportunidades. Viu os Reds voltarem voando, abrirem o placar, empataram, tomaram o segundo (aquele golaço histórico de Salah) e empataram novamente. Só não tomaram o terceiro por uma perna bem esticada de Rodri. Em Etihad, o City foi melhor no primeiro tempo todo, achou um gol logo aos cinco minutos, foi ferido na primeira vez em que o time de Klopp acertou o gol com Jota, quase tomou o segundo numa bobeira histórica de Ederson, mas buscou a vantagem com Gabriel Jesus. No segundo tempo, logo veio o empate do time de Merseyside, que não virou por pouco e no finalzinho alguns centímetros separaram Mahrez do gol do título.
O título, pelo menos da Premier League, ainda pende para o lado do Manchester City. O time de Guardiola voltou a depender só de si (não dependeria se perdesse) e se não tropeçar será campeão. Porém, se cometer qualquer deslize, por mínimo que seja, provavelmente sairá sem o título do fim da temporada. A rivalidade entre esses dois times é deste nível, onde não são permitido deslizes, não é permitido nada que não beire a perfeição. Qualquer chute errado tem consequência, qualquer bola na trave tem consequência.
De certa forma, os torcedores ingleses agradecem a Pep Guardiola que não permita que o Liverpool domine completamente o campeonato como fazia nos anos 1980. Da mesma forma, torcedores ingleses devem também agradecer a Klopp por evitar que Guardiola transforme a Premier League no campeonato francês. Se não fosse pelo espanhol, o Liverpool à esta altura estaria provavelmente caminhado isolado e tranquilo para seu 21º título inglês, descontando a aberração da temporada 2020/2021. Se não fosse pelo alemão, o Manchester City provavelmente seria um espécie de PSG que toma chá e teria ganho os últimos três campeonatos e caminharia para o quarto.
Nunca dois treinadores elevaram o nível de seus times à um patamar tão alto, nem mesmo quando Guardiola duelava com Mourinho em Barça e Real Madrid. Não que Manchester City e Liverpool não tenham bons times. Pelo contrário, são em nomes os melhores do mundo mesmo, mas provavelmente sem serem adversários, quem estivesse sozinho na Inglaterra estaria gozando de um tranquilo e absoluto domínio.
Novamente, quem agradece somos nós que gostamos de futebol. No sábado, dia 16, as 11h30, novamente estes dois esquadrões estarão duelando em um jogo pela FA Cup que, mesmo que configure algumas alterações nas equipes devido ao ritmo insano de outras prioridades como Liga dos Campeões e Premier League, será no mínimo mais um interessantíssimo jogo de futebol entre dois times que, a exceção de um assustador 0 a 0 em 2018, parecem simplesmente se recusarem a protagonizar jogos ruins.
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