Estádios sem público causam conflito entre clubes, liga e governo na Holanda

Por Lucas Paes
Foto: ESPN.nl

Estádios na Holanda estão sem público novamente

Uma das maiores mudanças causadas pela pandemia da COVID-19 no planeta foram as medidas impostas para diminuir a circulação das pessoas. Isso afetou terrivelmente o futebol, que passou a ter jogos sem público, o que deixou a situação financeira de diversos clubes precária ou em crise. Em meio a ascensão da variante ômicron, alguns países voltaram a fechar os portões de seus estádios, ainda que seja uma medida bem pouco usada. Um deles, a Holanda, vive uma imensa crise entre seus times, a liga e o governo, já que há temor de um colapso financeiro do futebol local.

Já prevenindo problemas com a nova variante, a Holanda voltou a ordenar o fechamento dos estádios no mês de novembro, o que causou inclusive um jogo, ou melhor, um espetáculo do Ajax sem público na Liga dos Campeões. Porém, a maioria dos países, com exceção da Alemanha e, neste momento, da Bélgica, não adotaram o fechamento total dos estádios. Dessa vez, porém, tanto os clubes quanto a primeira e segunda divisão holandesas reagiram. 

Em uma nota oficial soltada no dia 14 de janeiro, a Eredvisie e a Erstedivisie ressaltaram que em todos os momentos seguiram as recomendações do governo, mas que "os limites foram ultrapassados". Segundo as instituições, a temporada 2020/2021, jogada quase que inteiramente diante de estádios vazios, causou um prejuízo milionário e não há mais condições dos clubes arcarem com suas despesas sem a presença de torcedores nos estádios. 

As ligas reforçaram que já "mostraram ser capazes de fazerem jogos com porcentagens de públicos reduzidas de maneira segura se necessário", executando essas ações de maneira "responsável e segura". De fato, os Países Baixos já tiveram porcentagens reduzidas de público antes de liberarem o público por completo. As ligas também reclamaram do ritmo lento em que as respostas governamentais têm sido dadas em meio a pandemia. 

A nota continua com um recado claro e direto aos órgãos de governo: "Nós não podemos mais jogar sem público. Na última temporada, isso causou uma perda de milhões de Euros e o prejuízo a longo prazo é incalculável.". Além disso, foi reforçado que a competividade no continente europeu é muito forte e que isso está afetando a qualidade do futebol europeu. Outro ponto reforçado foi o fato de que outros países mantiveram estádios parcialmente abertos, com exceção, como já dito, de Bélgica e Alemanha. 

Por fim, as duas ligas deixaram claro que "cada clube discutirá com o prefeito da cidade como as ações poderão ser coordenadas" e que "o público precisará voltar sem falta até o dia 28 de janeiro". Foi reforçado também que os clubes querem ser parte da solução e dialogar com o ministério do esporte e com o governo central do país para chegar num denominador comum. 


A situação holandesa abre os olhos do mundo para uma possibilidade que pode se estender para outros lugares. A falta de público nos estádios em um período estendido novamente poderá causar enormes prejuízos ao funcionamento das ligas e do futebol como um todo. Na verdade, a situação é muito pior no macro, já que a consequência econômica de lockdowns será terrível para o futuro, o que tem feito sim com que governos hesitem em fechamentos totais. 

Restará agora aguardar cenas dos próximos capítulos na terra da Laranja Mecâcnica. O fato é que mesmo diante da ômicron a maioria dos países manteve o público em seus jogos, sendo com porcentagem reduzida ou total. Restará saber também o quanto o resultado da ação holandesa tomará no resto do futebol mundial.  
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