Seis anos depois, Klopp transformou os desacreditados e já é um dos gigantes da história do Liverpool

Por Lucas Paes
Foto: John Powell/Liverpool FC/Getty Images

Klopp completou seis anos nos Reds

O dia 9 de outubro de 2015 é provavelmente o dia mais importante da história recente do Liverpool. Naquela data, o clube trazia para o lugar do ótimo Bredan Rodgers um carismático alemão que planejava fazer história. Jurgen Klopp chegou num clube que há pouco saíra de uma crise e que duvidava da própria capacidade de vencer. O "Normal One", como se descreveu, chegou com o objetivo de transformar os "desacreditados em crentes". Seis anos depois, a frase se tornou verdadeira, já que há pelo menos quatro anos os Reds são uma das sensações do futebol mundial.

O Liverpool é um clube cheio de particularidades em sua história e que possuí, pelo menos entre seus torcedores, uma clara identificação com a esquerda. Essa identidade trabalhadora, conectada diretamente com as raízes do clube numa cidade portuária, fez com que sujeitos como Bob Paisley, Joe Fagan e, principalmente, Bill Shankly, criassem forte identificação com os valores da instituição. Com Klopp não foi diferente, já que o alemão é um sujeito assumidamente de esquerda e identificado com os valores de união, trabalho em equipe e comunidade que o clube possuí. Uma simbiose que tinha tudo para dar certo.

Sempre comparado com Pep Guardiola, hoje claramente seu principal rival e o catalisador de suas mudanças táticas e de jogo, Klopp chegou a Anfield dizendo gostar de um estilo mais "Heavy Metal", relacionado a intensidade e loucura de seus times. As fortes emoções foram chave no Anfield em suas primeiras temporadas, onde bateu na trave na conquista de títulos como a Europa League e a Copa da Liga. Foi a partir de uma maior maturidade e maior equilíbrio que o alemão encontrou a versão mais vencedora e mortal de sua máquina vermelha, azeitada e forte como é hoje. 

A virada de chave que mostrou que aquele time estava no caminho certo foi a temporada 2017/2018. A campanha europeia do Liverpool naquele biênio foi simplesmente mágica, atropelando quase todo mundo até chegar a decisão, onde a entrada criminosa de Sérgio Ramos em Salah impediu o que seria uma vitória certa vermelha naquela decisão, onde só os ingleses jogavam até então. Como há males que vem pro bem, aquela final mostrou algumas fragilidades que foram corrigidas no mercado, com a cara aquisição de Alisson e a silenciosa e surpreendente contratação de Fabinho. A partir dali, ficou claro que a quebra do jejum nacional era questão de tempo, como ocorreu na caótica temporada 2019/2020, onde se não fosse o coronavírus, o time de Anfield provavelmente seria campeão ainda em março ou abril. 

Mas, muita história aconteceu antes da consolidação atual de Jurgen Klopp. Noites históricas que não necessariamente terminaram em taças, como certo jogo em Norwich, como um ensaio europeu em Anfield contra o Dortmund, como partidaças na Premier League de 2018/2019. Foram vários momentos que foram criando uma identificação sólida e concreta com o torcedor. Uma simbiose que permitiu a paciência, que permitiu perceber o caminho certo, que deixou claro que as coisas iriam acontecer, como aconteceram e ainda ocorrem. 

Apesar da quantidade de troféus não ser nem próxima de outros nomes tão gigantes do panteão do Liverpool, o fator identificação faz de Klopp um dos maiores nomes da história do clube. O sujeito competente o suficiente para competir com o Manchester City tendo um orçamento de transferências bem mais baixo, capaz de transformar um egípcio considerado uma promessa falha em um dos melhores jogadores do planeta, hoje talvez o melhor, capaz de fazer com que um brasileiro seja um "camisa 9" essencial mesmo sem fazer tantos gols. Capaz, acima de tudo, de entender a alma do clube que treina, de aparecer fazendo uma simbólica primeira escavação da nova arquibancada de Anfield. Todos que curtimos o futebol só teremos a dimensão do quão grande Jurgen é quando este deixar a cidade dos Beatles para um merecido descanso.
 

A famosa bandeira com o rosto de treinadores que pairava na KOP muito antes da chegada do alemão já possuí sua face, um justo tributo ao fato de que ele já está na história. São seis anos que transformaram o gigante que parecia duvidar de si mesmo num monstro assustador que apavora o futebol europeu, no enorme titã que prova dentro de campo que é ainda um dos maiores clubes do mundo, a Europa, o Mundo e por último, numa campanha que não deixou dúvidas, o país. "Doubters to Believers". Seguimos, os que gostam de futebol, agradecendo por testemunhar a história. 
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