Bill Shankly - O homem que "construiu" o Liverpool como conhecemos

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo

Bill Shankly fez história e mudou a história do Liverpool

O Liverpool Football Club é, indiscutivelmente, um dos maiores times do planeta. Considerado por muitos como o maior clube da Inglaterra, os Reds são hoje uma força titânica no futebol europeu, que há menos de um dia foram a Porto e fizeram 5 a 1 sobre o time da casa sem nem fazer muita força. Se hoje o clube de Merseyside é o gigante que é, muito se deve ao tamanho que conquistou lá atrás, na época onde era dono do futebol inglês e europeu. Este gigante foi criado, formatado e consolidado pelas ideias e pensamentos de Bill Shankly, que nos deixou há 40 anos, em 29 de setembro de 1981.

Shankly chegou ao Liverpool em 1959 num clube que não era nem próximo do titã que os Reds são hoje. Na época, eles estavam há mais de uma década sem conquistar o campeonato inglês e conviviam com um amargo período na segunda divisão. Segundo o próprio escocês, o clube tinha um estádio que estava precário (não havia nem drenagem em Anfield) e um centro de treinamento em completa desordem. O primeiro aspecto em que o treinador novo mexeu foi na parte de estrutura, antes sequer de pensar no grupo de jogadores.

Existem três nomes, além de Shankly, que eram cruciais para o entendimento do que Shankly fez depois dentro das quatro linhas: Bob Paisley, Joe Fagan e Reuben Bennett. Os quatro costumavam se sentar na "Sala de chuteiras", onde os jogadores geralmente limpavam suas chuteiras, para debater aspectos táticos e técnicos do time. Essa sala virou algo lendário no imaginário do torcedor do Liverpool. Foi lá que aconteceu a maioria das reuniões da comissão técnica que transformou um time recém chegado da segunda divisão no dono do futebol inglês. 

Outro aspecto que o escocês moldou foi todo o pensamento e filosofia da instituição Liverpool Football Club. Shankly era um assumido socialista e se sentiu em casa na cidade dos Beatles, dominada pela filosofia operária e trabalhista da cidade portuária, que tinha, segundo dizia "gente como ele.". Assim, começou a se identificar com a torcida e se sentir mais a vontade para promover imensas mudanças estruturais, reformando completamente Melwood e mudando também Anfield Road.

Só depois de pensar em toda a estrutura foi que Shankly passou a mexer com o campo. Primeiro botou diversos jogadores na lista de transferências, negociando 24 jogadores em apenas um ano. Dentro de campo, mudou diversos aspectos do treinamento focando a filosofia de jogo dos Reds no "passa e movimenta", algo que foi a espinha dorsal do futebol dos Reds durante a dinastia que construíram no país. Shankly trouxe aos poucos nomes que formaram a espinha dorsal e em 1961 dois que seriam pilares da construção da dinastia vermelha: Ian St. John e Ron Yeats. Estes, somados a pratas da casa como Roger Hunt e Tommy Smith construíram a "base" do gigante vermelho atual. 

Depois de conquistar o título da segunda divisão na temporada 1961/1962, retornando os Reds para a Football League, em pouco tempo, mais especificamente já na temporada 1963/1964, Bill Shankly levou o Liverpool a seu sexto título inglês, primeira conquista da liga por ele. Depois, veio o primeiro título da FA Cup, curiosamente o maior objetivo de Shankly e segundo ele "o dia mais feliz de sua carreira". A partir daí, se construiu uma imensa história de glórias e conquistas, uma conexão ímpar entre treinador, time e torcida que poucas vezes foi igualada. Deixou Anfield em 1974, sucedido por Paisley, que conseguiu fazer ainda mais sucesso, aproveitando os alicerces construídos por Shankly.

Curiosamente, duas das maiores contribuições de Bill Shankly não tem tanto a ver com jogo, estrutura, ou nada do tipo, tem a ver com imagem. A primeira, sem dúvida algo que é um elemento quase conectado ao Liverpool hoje, é o uniforme: na primeira vez em que jogou na Liga dos Campeões, na época a Copa Européia, ele decidiu junto a Roger Hunt mexer no uniforme do time, que geralmente jogava com camisas vermelhas, shorts brancos e meias brancas, naquele dia o time jogou todo de vermelho, padrão que foi adotado primeiro em partidas continentais e depois em todas as partidas. A segunda, é simples e direta: a placa This Is Anfield, localizada no vestiário do clube. "Está aqui para mostrar aos adversários contra quem estão jogando e para mostrar aos nossos jogadores por quem estão jogando".


Bill Shankly nos deixou no dia 29 de setembro de 1981, por causa de um ataque do coração, que alguns diziam que havia sido partido pelo Liverpool, já que viveu em seus últimos anos meio afastado do clube, que temia que seu tamanho interferisse nas decisões de Paisley e da diretoria. A justa homenagem, com a construção de um portão que leva o nome de seu mentor espiritual e estrutural, só veio em 1982, mas a história não mente e não nega: se o Liverpool é o que é hoje, isso se deve ao alicerce construído por Bill Shankly. 

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