Salah, Liverpool e as mostras de como o futebol pode ser mais que um jogo

Por Lucas Paes
Foto: Paul Ellis/AFP

Salah é hoje o principal jogador do Liverpool

Poucos jogadores no mundo são tão importantes para um clube como o egípcio Mohammed Salah é para o Liverpool. Ídolo absoluto da torcida, quase uma moderna divindade egípcia, o camisa 11 é dono da maior parte dos gols marcados pelos comandados de Klopp e não "afina" em nenhum tipo de jogo. Acima de tudo, o "Rei Egípcio", muçulmano, orgulhoso de suas origens é muito mais que um jogador, um ícone e causa um efeito social imenso contra a islamofobia e na redução dos crimes de ódio. Mais uma mostra de como o futebol pode ser e é muito mais que um jogo.

O camisa 11 dos Reds é absolutamente o jogador mais adorado pelos torcedores do clube. A música que lhe rendeu o apelido de "Egyptian King" é uma das mais cantadas nas arquibancadas de Anfield, a sua imagem aparece em cartazes, faixas, em todo o tipo de manifestação da torcida, sua camisa é uma das mais vendidas nas lojas do Liverpool por toda a Inglaterra e também nas lojas por todo o mundo. "Mo" é atualmente provavelmente o maior ídolo dos torcedores.

Muito mais que isso, o ícone vermelho quebra paradigmas e ajuda a mudar um pouco a sociedade. Recentemente, um estudo do Immigration Policy Lab foi divulgado e mostrou que o jogador ajudou a diminuir os casos de islamofobia na região do Merseyside, onde fica Liverpool. Algo que vem ocorrendo já há alguns anos desde que o camisa 11 chegou ao Liverpool. Em 2019, Merseyside registrou uma queda de quase 19 por cento nos casos de crime de ódio contra islâmicos. Além do registro de quedas nas manifestações anti-muçulmanas nas redes sociais do gigante inglês.

Essa é mais uma entre várias mostras de como o futebol pode e deveria continuar sendo usado para mudar o mundo. Num esporte cada vez mais globalizado e cosmopolita, noções ultra-nacionalistas, preconceituosas, racistas e homofóbicas seguem perdendo a cada dia o sentido diante das transformações no contexto social do jogo. O Liverpool, símbolo do futebol inglês, tem como grandes ídolos da torcida atualmente dois muçulmanos (Salah e Mané) e um brasileiro (Roberto Firmino). O Chelsea, famoso pela intolerante torcida Chelsea Headhunters, foi campeão europeu em 2012 muito graças ao marfinense Drogba. Foi campeão europeu este ano com um goleiro negro assumindo a posição e se destacando como goleiro e um time cosmopolita.


Infelizmente, nem tudo são flores. O esporte bretão ainda é palco de muitas torcidas com posicionamento abertamente neonazistas e neofascistas, nos mais diversos países. Na Itália, por exemplo, a Inter recentemente ganhou o Scudetto com Lukaku sendo o destaque do time. Infelizmente, suas torcidas organizadas ainda causam problemas por preconceito num clube que, como a própria fundação diz, é irmão do mundo.

O caso de Salah nos faz renovar a esperança de que o futebol continue sendo uma plataforma de mudança, de que continue espalhando mensagens contra todos os tipos de preconceito, que continue sendo o esporte mais inclusivo do planeta. Mais do que qualquer gol, mais do que qualquer vitória, o maior título que o esporte mais popular do planeta continuará conquistado é quebrar as barreiras do preconceito, ação por ação, país por país, pessoa por pessoa. Gol por gol.

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