Víctor Ugarte: Um símbolo do futebol boliviano

Por Ricardo Pilotto
Foto: arquivo

Ugarte sendo carregado por torcedores após o título sul-americano de 1963

Nesta quarta-feira, dia 5 de maio de 2021, Victor Agustín Ugarte completaria 95 anos de idade se estivesse vivo. O atacante foi tão importante que se tornou um símbolo para o futebol boliviano. Em toda a sua carreira, Víctor Agustín Ugarte se tornou o maior ídolo do futebol boliviano ao lado de Marco Etcheverry.

Após uma infância muito difícil, Ugarte iniciou sua carreira como jogador de futebol profissional com 18 anos. Em sua estreia pelo Bolívar, entrou no lugar de Roberto “El Negro” Ayllón que era jogador e se depois tornou treinador de basquete. Não demorou muito tempo para encantar toda a equipe, pois foi a partir daquele momento, que Agustín começou a mostrar toda a sua habilidade através de jogadas plásticas, dribles e gols. Esses fatores foram muito importantes para o atleta conseguir seu espaço de maneira mais rápida no elenco.

Em muitas oportunidades, Ugarte passou a cumprir várias funções em muitas partidas. Enquanto tinha como principal função fazer gols para a equipe, apoiava bastante na marcação. Também criava muitas situações de gol e tinha muita qualidade para definir suas jogadas.

Com o passar do tempo, Ugarte foi ganhando mais experiência durante a sua carreira. Chegou a se tornar uma referência para jovens que tinham o sonho de se tornarem jogador de futebol no seu país. Existia muita curiosidade de crianças que tinham curiosidade de saber como o atleta se preparava, treinava e descansava, para seguir o mesmo rumo.

No quesito profissionalismo e preparação, o atacante boliviano era o único jogador profissional do futebol boliviano. Enquanto seus companheiros de equipe tinham mais de uma profissão além de serem jogadores, Ugarte se dedicava exclusivamente a modalidade. Por isso, se tornou um atleta diferente dos outros.

Um dos episódios que consolidou o atleta como um grande ídolo do Club Bolívar, foi quando Ugarte perdeu sua avó materna, mas mesmo assim, a diretoria não permitiu que o atacante fosse ao velório, já que o time teria um clássico para jogar. Desamparado e com pouco preparo psicológico para se concentrar para o jogo, o atleta se trancou em casa e não foi para o estádio. Faltando 30 minutos para o fim do jogo e o Bolívar perdendo por dois a zero, um dos dirigentes foi buscar Ugarte em sua casa, e chegou a jogar a jogar os 15 minutos finais da partida.

Seu primeiro gol no Campeonato Sul-Americano de 1949 pela Seleção Boliviana foi contra o Brasil., time da casa Naquele mesmo ano, o Maestro Ugarte novamente abriu o placar no triunfo diante do Uruguai. Fez gol também diante do Chile por três a um e também contra Equador e Colômbia. Nesta campanha, a Bolívia terminou com a quarta melhor campanha e o atleta foi artilheiro com cinco gols na competição.

No ano seguinte, voltou ao Brasil para disputar a Copa do Mundo, a segunda da história da seleção (a terceira seria apenas em 1994, nos Estados Unidos). Apesar da expectativa, a participação boliviana foi um fracasso: em seu único jogo, levou 8 a 0 do Uruguai e Ugarte, junto com toda a equipe, voltou para casa frustrado.

Em 1953, fez um belíssimo gol na inauguração do Campeonato Sul Americano e do Estádio Nacional de Lima em jogo contra a seleção do Peru. Um ano depois, em jogo amistoso contra o Rot Weiss Essen, que era o vice-campeão alemão na época, Ugarte fez uma jogada individual vindo do meio de campo, driblou três zagueiro e acabou fazendo o gol após sair cara a cara com o goleiro do time alemão. O placar final deste jogo foi dois a dois. Ainda neste ano, o Bolívar também tirou uma invencibilidade de 30 jogos do Millonarios da Colômbia, vencendo por dois a um, com dois gols de Ugarte.

No dia 14 de janeiro de 1956, em partida diante do River Plate, mais uma vez, o atleta boliviano seria decisivo. Nesta partida, o Bolívar bateu o time argentino por sete a dois, com Ugarte contribuindo com dois gols para a vitória do time boliviano.

Depois de passar 11 anos vestindo a camisa do Bolívar, saiu do clube em 1957 e foi para a Argentina para defender as cores do San Lorenzo de Almagro da Argentina. Ficou por uma temporada no clube azulgrano e seguiu para a Colômbia para jogar pelo Once Caldas. Após sua também curta passagem de um ano pelo futebol colombiano, Ugarte voltaria a sua terra natal para sua segunda última passagem pelo Bolívar.

Ao longo de sua carreira, o atacante boliviano chegou a recusar ofertas tentadoras de clubes internacionais. Em 1952, o Boca Juniors da Argentina e o Millionarios da Colômbia chegaram a tentar a contratação do jogador. No ano seguinte, o time que seduziu Ugarte foi o Real Madrid. Mas a diretoria do time boliviano conseguiu dificultar a ida do jogador ao clube espanhol.

Campeonato Sul Americano de 1963 - Nesta memorável edição, a Bolívia foi campeã pela primeira vez. Jogando como anfitriã da competição, a seleção boliviana foi comandada por Ugarte. O jogador chamou a responsabilidade e foi o camisa 10 do time na maior façanha do futebol boliviano. Em toda a campanha, a Bolívia somou cinco vitórias e um empate em seis jogos, se sagrando campeã continental de forma invicta naquela oportunidade.

Entre as vitórias mais marcantes para a conquista do título, a seleção boliviana venceu a seleção brasileira em um jogo muito movimentado pelo placar de cinco a quatro na última rodada. Naquela oportunidade, a seleção anfitriã brigava com a seleção paraguaia pelo título. Com a vitória diante do Brasil e o empate da seleção paraguaia em jogo contra a Argentina, a Bolívia se sagrou a grande vencedora. Por ser o principal jogador daquele conjunto de jogadores que conquistaram o único título da história do futebol boliviano, Ugarte se tornou o principal jogador do futebol.

Aposentadoria - No mesmo ano da conquista, Ugarte se aposentou da seleção. Ao todo, o jogador disputou 46 partidas e fez 16 gols em todos os seus anos defendendo a seleção de seu país em 1963. No ano de 1964, durante seus últimos jogos com a camisa do Bolívar, o jogador acabou sendo penalizado pelo Juizado de Penal da Associação de Futebol de La Paz e ficou suspenso por um ano, por conta de que direção da Federação Boliviana de Futebol o sancionou por conta de doping.

Para pessoas mais próximas ao jogador, este foi o mais triste de sua carreira como jogador de futebol profissional. Enquanto estava fora, o Bolívar não fazia uma boa temporada no futebol boliviano. Se aposentou do futebol profissional no ano de 1966, com 40 anos de idade. Mesmo abandonando a carreira de jogador e trabalhando como taxista, continuou mantendo contato com a modalidade jogando bola em ruas e aldeias em La Paz.


A Morte do ídolo boliviano - Apesar de viver sozinho por um tempo de sua vida se alojando em um espaço do Edifício da Mutual de Ex-Jogadores, Ugarte passou seus últimos dias junto de suas filhas em sua casa localizada na Villa Copacabana, onde também estavam recebendo cuidados de seus filhos que estavam ajudando a tomar conta do ex-atleta

Meses após a Copa do Mundo de 1994, Ugarte teve uma complicação na vesícula biliar. Como sequelas, o ídolo boliviano teve um problema de pâncreas, e teve que ser internado no Hospital San Gabriel. Como não tinha recursos para ficar, acabou sendo transferido para o Hospital Obrero, onde teve de ficar por algumas semanas.

Após receber alta, o ex-atleta deixou o hospital muito feliz. Porém, naquele mesmo tarde voltou a mesma situação difícil de antes e voltou a ser internado, não muito tempo depois de voltar para casa. Foi então, que no dia 24 de fevereiro de 1995, Ugarte acabou sofrendo uma parada cardíaca na sala de cirurgia e acabou com a vida do mestre de 68 anos.
←  Anterior Proxima  → Inicio

0 comentários:

Postar um comentário

O Curioso do Futebol

O Curioso do Futebol
Site do jornalista Victor de Andrade e colaboradores com curiosidades, histórias e outras informações do mundo do futebol. Entre em contato conosco: victorcuriosofutebol@gmail.com

Twitter

YouTube

Aceisp

Total de visualizações