Aldridge - O ex-scouser que abriu portas e mudou a história da Real Sociedad

Por Lucas Paes
Foto: Shaun Botterill/Allsport

Aldridge atuou duas temporadas na Real Sociedad

Nascido em Liverpool, o atacante John Aldridge, que acabou optando por jogar pela Irlanda com a nacionalidade daquele país, chegou ao auge de sua carreira já mais velho, quando com 29 anos chegou ao Liverpool, onde atuou por duas temporadas. Torcedor dos Reds, o ex-jogador, que completa 58 anos neste dia 18, acabou fazendo história, se tornando o primeiro jogador não basco a atuar por um clube basco em muitos anos, quando se transferiu a Real Sociedad e defendeu a equipe entre 1989 e 1991.

As rixas entre o País-Basco e o governo central espanhol existem há muito tempo e faziam com que tanto Athletic Bilbao quanto Real Sociedad adotassem medidas que faziam com que seus clubes compusessem seus elencos com jogadores exclusivamente bascos. Aldridge quebrou esta escrita quando chegou a San Sebástian em 1989, trazido ao clube por um milhão de libras. Uma transferência que mudaria para sempre a história dos Erreala.

O começo de sua trajetória, porém, não foi fácil. Não pelo desempenho dentro de campo, já que mostraria sua capacidade artilheira vestindo azul e branco, mas pelos problemas com torcedores que não aceitavam a chegada de um jogador não basco ao clube. No seu primeiro treinamento, viu um grafite dizendo que estrangeiros não eram bem vindos ali. Os primeiros jogos foram difíceis e o próprio jogador se questionou se havia tomado uma decisão errada.

Só que o futebol, como meio de transformação e como paródia da vida que é, transforma. Os primeiros gols de Aldridge vieram diante do Barcelona, num empate de 2 a 2, um doblete. Aos poucos foi se acostumando a cidade, ao clube, ao ambiente e passou a amar aquilo. Presenteou os torcedores com gols, muitos gols, principalmente diante dos Culés, vitimas favoritas do ex-Red, com seis gols sofridos pelo centro-avante. Marcou também em uma vitória diante do Real Madrid, clube odiado pelos bascos por representar para muitos o governo central da Espanha.


Em dois anos, saiu de não desejado para o maior ídolo da torcida, o que tornou difícil sua saída ao fim do contrato. Deixou o clube pensando mais na sua família, já que suas filhas não conseguiam se adaptar em solo espanhol, os tempos eram outros. Sua despedida foi triste, de alguém que não queria ir, mas que marcou para sempre a história da Real Sociedad. Aldridge abriu portas, mudou a história do clube, que passou a aceitar estrangeiros, sendo eles não espanhóis, algo que só mudaria nos anos 2000. Sem Aldridge, não haveria Kovacevic, Sávio, Kodro, Bravo e tantos outros que passaram por lá depois dele.

Encerrou sua passagem por San Sebástian com 40 gols em 75 jogos, números bons até para os dias atuais. Retornou para sua cidade amada, Liverpool, onde jogaria pelo Tranmere Rovers, que vivia seu melhor momento naqueles anos. Em 2015, quando retornou a San Sebastián depois de tantos anos, foi recebido com festa, recebido como o ídolo que acabou virando. Aldridge é mais uma amostra de que o futebol pode e sempre poderá mudar a história e abrir portas, tudo por um simples grito de gol.

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