Em 1996 confusão após jogo Fluminense e Athletico termina na pior para Ricardo Pinto

Por Lucas Paes
Foto: Ivo Gonzalez/O Globo

O goleiro Ricardo Pinto foi um dos pivôs da confusão na Laranjeiras

O Fluminense viveu no final da década de 1990 o pior período de toda a sua história. sofrendo em posições da parte mais baixa da tabela, o Tricolor Carioca chegou a cair para a Série C e ainda ouve até hoje piadas com a Série B que não jogou, já que "subiu" direto da C para a A devido a toda a situação envolvendo a Copa João Havelange. Em 1996, no meio de uma briga contra o rebaixamento, um jogo contra o Athletico (na época ainda Atlético) Paranaense gerou uma confusão que teve resquícios até o fim do campeonato.

Tudo começa em um jogo nas Laranjeiras, no dia 10 de novembro, pela 20ª rodada, restando depois dele três jogos para o fim do campeonato. Com a "água batendo no pescoço", o Fluminense precisava desesperadamente da vitória diante do Furacão e o clima no estádio não era dos mais amistosos. Ex-jogador do tricolor, o goleiro Ricardo Pinto defendia o rubro-negro do Paraná e provocou bastante a já irada torcida tricolor durante o duelo. 

Desesperado, o Flu abriu o placar aos 3 minutos com Leonardo, de cabeça. Luiz Carlos empata para o Atlético, em lance que acaba causando a invasão de campo de um torcedor do Flu, que é contido pelos próprios jogadores do seu time. Logo depois, Paulo Rink vira o jogo. No segundo tempo, avançando desesperadamente, os cariocas deixam espaços e no contra-ataque, Luiz Carlos marca o terceiro. Paulo Roberto até diminui de pênalti. A torcida tricolor começa a jogar objetos no campo e o jogo é paralisado. O goleiro rubro-negro Ricardo Pinto, particularmente, sofre com a ira da torcida. No finalzinho, Leo Pecovich, goleiro tricolor, vai pra área, não acha nada e acerta um pontapé em Ricardo, mas não é expulso.

Ao fim do jogo, Ricardo provoca a torcida do Fluminense, numa atitude não muito sábia, e acaba causando uma reação menos sábia ainda da massa, que invade o campo e se inicia uma confusão generalizada. No meio da confusão, Ricardo tenta agredir torcedores e também é agredido, levando um chute na cabeça edeixando o estádio direto para o hospital, com um enorme corte. Ricardo havia jogado no Fluminense no final da década de 1980 e saiu de maneira não muito amistosa. A confusão causou perda de mandos para o Fluminense e complicou ainda mais a desesperadora briga contra o descenso. Ricardo é vitima, mas também não é inocente, sendo não muito sábio em provocar a torcida no meio de um caldeirão de tensão que eram as Laranjeiras naquele dia, ainda mais sabendo de sua história com os tricolores.

Nas últimas rodas, o Fluminense até fez o que precisaria, pois tirando uma derrota para o Flamengo logo no jogo seguinte, vence Juventude, jogando no Espirito Santo, já uma consequência da perda de mandos de campo causada pela confusão e Vitória, no Barradão. Porém, dependendo de Flamengo e Athletico, vê o seu rival carioca perder em São Januário para o Bahia por 1 a 0 e o Athletico até sair vencendo, mas relaxar e tomar a virada do Criciúma em pleno Joaquim Américo, diante de pedidos para entregar o jogo vindos de sua torcida. O Furacão perdeu Ricardo Pinto para o mata-mata do Brasileirão. Com esses resultados, o Flu acabou rebaixado.


Só que o rebaixamento não aconteceu por um caso extra-campo que gerou uma virada de mesa. Em Maio, o Jornal Nacional, da Globo, denuncia o envolvimento de Ivens Mendes, presidente da Comissão Nacional de Árbitros de Futebol e pré-candidato a deputado federal por MG, em um esquema de suborno a clubes para favorecimento da arbitragem em jogos da Copa do Brasil. Descobre-se o envolvimento de Mário Petraglia, presidente do Atlético e de Alberto Dualib, presidente do Corinthians. Obviamente isso gerou consequências para o campeonato.

Ambos os dirigentes acabaram suspensos e o rubro-negro também seria punido com suspensão de um ano, mas acaba começando o Brasileirão de 1997 com -5 pontos. Diante disso, a CBF decide cancelar o rebaixamento de 1996, salvando Fluminense e Bragantino e deixando o Brasileirão com 26 times. A virada de mesa adia o sofrimento por um ano, já que o rebaixamento vem, sem virada de mesa, em 1997. O caso Ivens Mendes, por sua vez, nunca foi bem esclarecido.
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