"Sarrafo colocado" por Sampaoli está condenando trabalho de Jesualdo no Santos

Por Lucas Paes
Foto: Ivan Storti/SFC

Jesualdo Ferreira já está pressionado no Santos 

O Santos fez em 2019 um dos anos mais surpreendentes entre os times da Série A do Brasileirão. Cotado como no máximo time para brigar pela vaga na Libertadores, o Alvinegro Praiano fez muito mais e esteve o tempo todo encostado no Flamengo e no Palmeiras na briga pelo título, ficando com o vice-campeonato do Brasileirão. Mais do que colocações, o desempenho encantador do time de Jorge Sampaoli deu orgulho nos santistas, que sentiram muito a saída do treinador argentino, pois era possível que existisse um legado. Do pensamento de seguir com estrangeiros, veio Jesualdo Ferreira. Infelizmente, a enorme expectativa do torcedor, aliada a um desempenho abaixo no estadual tem complicado o trabalho do luso.

As inevitáveis comparações com o encantador futebol do time de Sampaoli são obviamente inevitáveis. O argentino fez com que muitos jogadores contestados fossem úteis, como Sasha e Jean Motta, além de insistir na questão do "amor pela bola" e no jogo ofensivo. Caiu nas graças do torcedor, mesmo sem vencer títulos com o Santos. Jesualdo sofre pois seu time joga em ritmo mais lento, bem menos intenso e até aqui tem sofrido muito em todos os jogos. Seja pela falta de repertório de jogadas, de intensidade ou até de vontade que aparenta em alguns jogos, sobretudo nos recentes contra Ferroviária e Ituano. Apesar de ser um estadual, é preocupante a situação do Santos.


O trabalho e desempenho de Sampaoli colocaram um "sarrafo" muito alto para qualquer treinador que viesse ao Santos em 2020. A torcida santista é exigente e gosta de um futebol bem jogado e ofensivo, coisas que o argentino trouxe para o time. Por mais que o trabalho de Jesualdo seja algo novo, não dá para evitar as comparações. O Alvinegro Praiano hoje joga pouco, não consegue criar jogadas e sofre em praticamente todos os jogos. As vésperas da Libertadores, começa a acender o sinal amarelo na Vila Belmiro, já que o futebol do time ainda parece distante do ideal.

Teoricamente, é sim cedo para analisar. A temporada ainda está no começo, mas o que assuta o torcedor santista é a falta de evolução da equipe nos últimos jogos. O futebol brasileiro, imediatista como poucos nesse mundo, já começa a incinerar o trabalho do português, algo que por mais que seja muito prematuro está longe de ser algo sem nenhuma razão. Considerando o início da Libertadores, o Peixe não tem muito tempo para se dar ao luxo de não praticar um grande futebol. Se realmente o time está se segurando para a competição continental, é a hora de mostrar isso e ser mais intenso num clássico de vida ou morte contra o Palmeiras.


Não se trata de fritar o trabalho por causa de uma derrota para o Ituano, pois até ai, o time do ano passado levou 5 a 1 do mesmo Ituano. Se trata de uma sequência, ou da falta dela. O Santos, mesmo após tomar 5 a 1 do Ituano em 2019, mostrava um bom futebol, mostrava uma evolução que, obviamente, foi percebida já no estadual. O assustador do time de 2020 é ver uma completa falta de evolução, num time que deixa a ruim impressão de que não parece ter ânimo e vontade para repetir o bom desempenho. Não se trata, também, nem de repetir, mas pelo menos mostrar algum sinal de "vida.". Se realmente partiu a ordem que o time seja menos intenso para se preservar para as batalhas continentais, é preciso que Jesualdo cobre maior intensidade de seu elenco, já que um desastre no Pacaembu pode até impedir que o português chegue "vivo" na estreia da Libertadores.

No perigoso jogo de derrubar treinadores que é o futebol brasileiro, num campeonato que por mais aspecto de "pré-temporada" que tenha consegue derrubar treinadores, é preciso que o Santos acorde para que um ano que podia ser de alegria não comece já a ficar complicado. Jesualdo precisa entender as nuances do futebol brasileiro para que seu trabalho possa ter sequência. Precisa também, urgentemente, mostrar um bom futebol, coisa que o Santos ainda está devendo em 2020. Os sonhos de noites de Libertadores podem terminar de maneira muito trágica se a chave não virar no Alvinegro Praiano.


Como um admirador do bom futebol, gosto da renovação trazida por treinadores estrangeiros ao Brasil, torço então muito para que Jesualdo seja mais um que dê certo no comando do Santos. Porém, é preciso que sábado, contra o Palmeiras, seja já um primeiro jogo da vida, uma primeira final de campeonato. Porque por mais prematuro que possa parecer e que de fato seja um fim repentino ao início de trabalho de Jesualdo, é muito mais assustador que o Santos não tenha evoluido quase nada em sete jogos no ano.
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Um comentário:

  1. Perfeita a análise. É o que também acho. Percebi na maioria dos jogos falta de vontade de alguns jogadores. Será que os salários continuam arrasados?

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