Pode o futebol brasileiro competir com os milhões da Europa e da Ásia?

Foto: divulgação Flamengo

O Flamengo é o melhor time brasileiro da atualidade

Há menos de 50 anos atrás, o campeonato brasileiro de futebol era unanimemente considerado um dos melhores do mundo. Hoje em dia, no entanto, o talento dos jogadores brasileiros tem se vindo a reflectir cada vez menos na qualidade dos clubes e competições do Brasil. Existem várias excepções, como a notável equipa do Flamengo que foi montada pelo técnico Jorge Jesus durante a temporada passada. Mas na sua generalidade, o futebol brasileiro tem sido afectado pelo volume financeiro das transferências de jogadores para a Europa e para a Ásia. Os grandes craques brasileiros deixaram de praticar o seu melhor futebol no Brasileirão, procurando melhores condições económicas nos grandes campeonatos europeus e, mais recentemente, junto dos clubes milionários que vão surgindo em países como a China, o Japão, ou a Arábia Saudita. 

Craques brasileiros deixam o Brasil cada vez mais cedo

Se houve um tempo em que um jogador como Pelé podia passar a maior parte de sua carreira jogando no Brasil, hoje em dia não tem nenhum grande craque da canarinha que não experimente um campeonato no estrangeiro. O mais preocupante é que, no contexto de um mercado de transferências absurdamente inflacionado, cada vez mais jovens deixam o Brasileirão de forma precoce. Robinho e Marcelo são dois óptimos exemplos, tendo saído muito cedo de seus clubes para jogar pelo Real Madrid. Mas a situação se tem adensado nos últimos anos.

O jovem atacante Reinier, que vinha brilhando no Flamengo, saiu para os gigantes de Madrid ainda antes de se ter afirmado como titular no seu clube. Algo semelhante aconteceu com outros dois jogadores do Real Madrid. Vinicius Júnior passou apenas duas temporadas na equipa principal do Flamengo, enquanto que Rodrygo precisou de pouco mais de 60 jogos para se destacar no Santos e seguir o mesmo caminho. Outros craques, como o atacante do Everton Richarlyson ou o defesa Renan Lodi também saíram muito cedo de seus clubes.

Novos mercados ameaçam o futebol sul-americano

A relação entre os clubes brasileiros e os principais campeonatos europeus já não é nova. Os melhores jogadores do Brasil estão habituados a trocar o Brasileirão pelas ligas europeias pelo menos desde a década de 90. Em Portugal, por exemplo, é comum que muitos dos plantéis dos clubes da primeira liga contem com mais jogadores brasileiros do que jogadores portugueses! Mas os últimos anos têm apresentado uma tendência que pode ser preocupante não só para o futebol no Brasil, como para todos os campeonatos da América do Sul.

Novos investimentos no futebol asiático têm "roubado" alguns dos maiores craques do Brasil, como foram os casos de Elkeson ou Renato Augusto, ambos transferidos para clubes da liga chinesa. Mas outros continentes têm vindo a se assumir como compradores competentes. No México e nos Estados Unidos os jogadores sul-americanos recebem mais do que em seus campeonatos locais, e mesmo em África está surgindo uma nova potência: o Pyramids FC, um clube egípcio fundado em 2017 que já contratou craques como o ex-Palmeiras Keno e o ex-Goiás Carlos Eduardo.

Hoje, mais do que nunca, se impõe a pergunta: se o futebol sul-americano produz alguns dos melhores jogadores do mundo, por que suas competições internas não conseguem se manter ao mesmo nível? Uma questão cada vez mais urgente e que exige reflexão.
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