Marinho Peres no Barcelona e o problema com o serviço militar espanhol

Por Victor de Andrade
Foto: arquivo FC Barcelona

Marinho Peres não ficou mais no Barcelona pois teve problemas com o serviço militar espanhol

Johan Cruyff, Rinus Michel... toda filosofia holandesa de jogar futebol, que assombrou o mundo na Copa de 1974, realizada na Holanda, foi parar no Barcelona logo em seguida, criando uma verdadeira escola de futebol. O começo disso tudo no clube catalão teve a participação de um brasileiro logo em seu início, mas que não teve um final feliz e não foi por causa das atuações dentro de campo. Estamos falando do ex-zagueiro Marinho Peres, que hoje completa 72 anos.

Nascido em Sorocaba, Marinho Peres começou nas categorias de base do Estrada, clube atualmente extinto. Foi dispensando e acabou parando no rival citadino, o São Bento. Lá, passou a ter boas atuações e foi para a Portuguesa, em 1967. Em 1971, ele foi contratado pelo Santos e seu desempenho o levou para a Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1974, onde formou a mesma dupla de zaga dos tempos de São Bento, com Luiz Pereira, e ainda foi o capitão da equipe que terminou o torneio na quarta colocação.

Depois do Mundial, chamou a atenção de vários clubes e acabou sendo contratado pelo Barcelona. A sua contratação acabou facilitada, já que o zagueiro, por ser filho de espanhóis, tinha direito à dupla cidadania e não contaria como estrangeiro na equipe. Mas, o que parecia ser uma ajuda, acabou sendo o que o atrapalhou por lá, como vamos contar mais adiante.

Marinho Peres, logo de cara, percebeu que estava trabalhando em um esquema tático que realmente era revolucionário. Quando era marcado individualmente, Cruyff recuava e atuava como defensor, trazendo o seu marcador junto. Além disso, o craque holandês, com a anuência do treinador, incentivava os zagueiros a subirem, quando isto acontecia. "Os jogadores eram marcados homem a homem, quando ele (Cruyff) não conseguia jogar, ele recuava e via como o marcador dele se movimentava. Era um time evoluído taticamente".

Marinho Peres acabou ficando apenas uma temporada em Barcelona

Apesar de estar jogando bem pelo clube catalão, um problema apareceu. O fato de ter cidadania espanhola, o que facilitou a sua contratação, acabou virando um pesadelo para Marinho Peres e o Barcelona. Mesmo com 27 anos, foi exigido que o atleta se apresentasse do Serviço Militar Espanhol, com a ameaça de ser preso. A contratação tornou-se chacota em todo o país, principalmente entre os torcedores dos rivais Real e Atlético de Madrid, obrigando o brasileiro a fugir da Espanha e de um dos maiores clubes do mundo.

"Só podiam jogar três estrangeiros na época, depois de um ano acabei sendo motivo de gozação, porque o Barcelona tinha contratado um cara para servir o exército. O Barcelona não imaginava, senão não teria me contratado. Era uma gritaria nos estádios, não deu para ficar mais. Tive que fugir, senão iria ter de trabalhar nos navios", relembra Marinho Peres.

A saída do país foi uma verdadeira aventura. "Fui em um ônibus, cheio de gente que atravessou a fronteira na França. Me pegaram em Nice, me levaram a Paris para pegar o voo para o Brasil. São coisas da vida, que passam e nos deixam emocionado. Hoje você vê que o clube é o mais desejado do mundo, e eu tive o prazer de jogar lá. Não desfrutei na época tudo isso", conta.

Marinho Peres só voltou à Espanha em 1999, na festa de 100 anos do clube catalão, isto depois de um acordo com a justiça local. Depois de toda a aventura, Marinho Peres voltou ao Brasil, onde atuou por Internacional, Galícia, Palmeiras e America do Rio. Quando encerrou a carreira, tornou-se treinador, onde teve sucesso no futebol português.
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