Parabéns Portuguesa Santista! 98 anos Briosa

* por Victor de Andrade

Os dois mantos da Portuguesa Santista

Associação Atlética Portuguesa, a Portuguesa Santista. Ou simplesmente Briosa, para a sua torcida, ou Burrinha, para os mais idosos, ou ainda apenas Santista, para os paulistanos e pessoal do interior. É, a nossa Briosa, de tantas tradições no futebol paulista e brasileiro, completa hoje 98 anos de fundação. Uma história de alegrias e tristezas, que me faz acompanhá-la de perto por muito tempo.

Esta minha história com "A Mais Briosa de Ulrico Mursa" começa no final da década de 80. A TV Cultura transmitia os jogos da Divisão Intermediária do Campeonato Paulista, equivalente a atual Série A2. As transmissões eram legais, falando da história dos clubes e das cidades onde eram disputadas as partidas.

Um dos primeiros times - 1917

Vários times tradicionais, alguns atualmente licenciados do futebol, jogavam a competição. Foi onde fiquei conhecendo Radium de Mococa, Paulista de Jundiaí, Taubaté, Independente de Limeira, Tanabi, entre outros. E eu, morador de Cubatão, na Baixada Santista, e ainda de família lusitana, é claro que gostava mais da equipe que era da região e ainda da colônia: a Portuguesa Santista.

Porém, a diretoria da Briosa, alegando problemas financeiros, pediu licença das competições profissionais da Federação Paulista de Futebol por alguns anos. Eu meio que 'larguei de mão' da Intermediária. Mas isto foi temporário: em 1992, a Briosa voltava aos campos e eu, com 13 anos, voltei a acompanhar a equipe rubro-verde.

Time da década de 30, com Tim e Argemiro

Eu já tinha ido assistir a vários jogos em estádios. Meu pai, santista, sempre me levava na Vila Belmiro. Mas me empolguei com a volta da Portuguesa e 'enchi a paciência' dele para me levar ao Estádio Ulrico Mursa. Até que um dia ele topou.

Realmente não lembro o dia exato e nem o horário da 'peleja'. Mas o adversário eu esqueço: era o alvinegro Palmeiras de São João da Boa Vista. Sim, eu não me enganei! Era um Palmeiras alvinegro. Chegamos cedo ao estádio, encontramos um lugar onde tinha sombra que, tempos depois, fui descobrir que era um local histórico (foi a primeira arquibancada coberta de alvenaria da América do Sul), nos acomodamos e foi só esperar o apito inicial.

Beristain saindo de campo nos braços da torcida

Eu já acompanhava bem o futebol e era fã de alguns jogadores como o grande goleiro Rodolfo Rodriguez, que fazia defesas monumentais, o artilheiro Careca e o centroavante Serginho Chulapa. Seu jeito irreverente e seus gols me 'piravam'. E adivinha quem usava a camisa verde e vermelha número 9 da Portuguesa Santista naquele dia? O próprio!

Se eu já tinha simpatia por aquele time vendo os jogos na televisão, imagine assistindo a partida no estádio, com aquele bela camisa rubro-verde e ainda com um de meus ídolos no futebol, mesmo que em fim de carreira, defendendo a equipe? Virei torcedor da Briosa na hora!

Elenco que conquistou a Fita Azul em 1959

Com o tempo, fui descobrindo a bela história que a Portuguesa Santista tem. Como foi a sua fundação, os títulos do Campeonato Santista, o grande time da segunda metade da década de 30, que contava com os selecionáveis Tim e Argemiro, e a passagem do craque argentino Beristain, no início da década de 40.

Em 1959, um excursão ao continente africano rendeu duas glórias para o nosso clube. A primeira, foi ter 'encarado' o regime do Apartheid na África do Sul, que ordenou que a equipe só podia entrar em campo sem os jogadores negros. O elenco peitou e mandou o recado: ou joga todo mundo ou não joga ninguém! E a equipe não entrou no gramado em solidariedade aos três atletas. Mas a excursão foi vitoriosa, foram 15 jogos e 15 vitórias, que renderam o título de Fita Azul do Futebol Brasileiro para o clube.

Campeã Paulista da Intermediária em 1964

Não podemos esquecer da equipe de 1964, que conquistou o título de campeã paulista da Intermediária. Samarone, que foi revelado para o futebol nesta competição, fez o gol da conquista contra a Ponte Preta, em Campinas, em um Moisés Lucarelli lotado. Isto me fez sentir mais orgulho de ser um torcedor da Briosa!

Eu também vivi muitas alegrias. Não me esqueço do acesso em 1994, da A-3 para a A-2, com o time que contava com o centroavante Bahia. Aquele time arrancou a vaga na divisão acima na última rodada. Foi muito especial!

O gol de Samarone em Campinas

E 1996, então? Uma equipe que mesclava os experientes Balu, Fernando, Paulo Robson e Célio, com os novos Claudinei, Calazans e Beto. Só um detalhe: o time quase todo era da Baixada ou tinha ligação direta com o futebol santista. Como esquecer do belíssimo gol do zagueiro Fernando, contra o São José, no Vale do Paraíba. Ele saiu da defesa, passou pelo time adversário inteiro e tocou na saída do goleiro. Um golaço! Aquele time, por muito pouco, não repetiu 1964. Conseguiu o acesso para a principal divisão do futebol paulista, mas faltou só um empatezinho em Limeira para sair com o título.

Na Série A1, mais alegrias. O time de 2000 e 2001 era avassalador. As equipes do interior não tinham chances dentro do Ulrico Mursa. O rápido ataque, formado pela dupla dos cabelos compridos, Zinho e Tico Mineiro, não deixava a torcida sem gritar gol em dia de jogo. Até os grandes passaram sufoco no nosso estádio.

O time de 1996 que quase repetiu o feito de 1964

Falando em sufoco, 2003 foi o ano! Imagino que tive a mesma sensação que os torcedores dos anos 30 tiveram. Rico e Souza estavam demais. A Briosa foi deixando adversário por adversário para trás, inclusive o Santos, que era o atual campeão brasileiro. Vencemos por 2 a 0! O time chegou na semifinal do Paulistão invicto. Isso mesmo, não tinha perdido um jogo sequer. Mas o embate contra o São Paulo foi triste. Duas derrotas e eu não tive a chance de ver a Portuguesa Santista disputar a final do Campeonato Paulista.

Em 2004, ainda chegamos na fase final do mata-mata. Também jogamos a Copa do Brasil e, depois de dois empates, fomos eliminados pelo 15 de Campo Bom pelo gol fora de casa. O técnico deles era o Mano Menezes, que depois chegaria à Seleção. Mas há algo bom nisso: de todos os times que já jogaram a Copa do Brasil na história, a Portuguesa Santista é a única que nunca perdeu na competição. Nestes anos, também era comum a Briosa jogar o Campeonato Brasileiro da Série C.

Em 2003, semifinalista do Paulistão

Depois disso, tenho que admitir que a maioria das minhas lembranças é de tristezas. Rebaixamentos atrás de rebaixamentos colocaram a Portuguesa Santista na última divisão estadual. É claro que tenho fé que vamos sair deste lugar. Mas uma coisa eu garanto: enquanto o manto rubro-verde estiver em campo, eu nunca vou abandonar o meu lugar de torcedor!

* Victor de Andrade é jornalista, redator do site O Curioso do Futebol e torcedor declarado da Portuguesa Santista.
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2 comentários:

  1. Boa Victor....tamô junto, Briosa ontem, hoje e sempre!!!

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  2. Parabens Victor , hoje dia 20 para mim e de alegria dupla , dia do Biomedico e aniversario da Briosa .

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