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Há 99 anos, Fluminense e Vasco se enfrentavam pela primeira vez na história

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo

Vasco venceu o clássico por 3 a 2

O futebol carioca é cheio de clássicos entre suas equipes. Enquanto Vasco e Flamengo fazem um confronto que envolve as maiores torcidas do estado, o Fla-Flu virou praticamente um sinônimo de clássico, quase como uma definição da palavra. Em 11 de março de 1923 foi jogado pela primeira vez um dos clássicos do futebol do Rio de Janeiro, quando Fluminense e Vasco fizeram a primeira partida do "Clássico dos Gigantes", como é conhecido.

É preciso lembrar que existe todo um contexto relacionado ao confronto entre Vasco e Fluminense. O Cruzmaltino, que abraçava negros e operários, como diz numa música de sua torcida, tinha no Fluzão a figura de, na época, um dos clubes que não aceitava a entrada do Vasco nas ligas que organizavam o Campeonato Carioca. Foi só naquele ano em que o clube entrou nas competições, enfrentando América, Flamengo, Fluminense e Botafogo, que só aceitavam jogadores brancos.

Este jogo, porém, foi um amistoso. O Vasco, que já fazia fama com a imprensa devido aos ótimos resultados enfrentando os times suburbanos, fazia naquele dia, no Estádio da Rua Figueira de Melo, um amistoso diante do Fluminense que representava o primeiro jogo entre os dois. Treinado pelo uruguaio Ramón Platero, o Cruzmaltino se preparava para a disputa do Campeonato Carioca, assim como o Flu. Foi nesse cenário que os dois times foram a campo.

E o Tricolor começou melhor a partida e logo abriu dois gols de vantagem, ambos os tentos marcados por Welfare, que curiosamente anos depois se tornaria treinador do Vasco. Ainda no primeiro tempo, porém, o ótimo time dos camisas negras diminui o placar com Negrito, aos 35 minutos, levando para o intervalo um placar de 2 a 1 e um segundo tempo que prometia grandes emoções no que é hoje o estádio do São Cristóvão.

Na etapa final, os Camisas Negras vieram pra cima e em poucos minutos viraram o jogo. Aos 15', Tetterolli deixou tudo igual e sete minutos depois Negrito virou o jogo e deu a vitória aos vascaínos. Era um ótimo resultado em meio a preparação para o campeonato, que ocorreria no segundo semestre. As equipes voltariam a se enfrentar no torneio, que terminou com título cruzmaltino. 


Aquele foi apenas o primeiro capítulo de uma história de quase cem anos. Agora, já ocorreram um total de 376 jogos entre Fluminense e Vasco, entre decisões, jogos do Carioca, do Brasileirão e de outras competições. São 121 vitórias tricolores, 148 alvinegras e 107 empates. O confronto mais recente terminou com vitória do Fluzão, em jogo válido pelo Campeonato Carioca. 

O primeiro Clássico dos Milhões e a vitória dos camisas negras do Vasco

Por Lucas Paes

Time do Vasco que venceu o Flamengo em 1923

Vasco e Flamengo são instituições bastante antigas, ambas fundadas antes de 1900. Porém, ambos os gigantes cariocas só começaram a ter times de futebol anos depois e o Cruzmaltino foi o último dos grandes a ter uma equipe no esporte bretão, apenas nos anos 1920. Numa época em que o futebol era elitista e destinado apenas a brancos e ricos, o Vasco trouxe em seu time jogadores operários e mulatos e negros, com o time conhecido como camisas negras. Foi com esse esquadrão que os alvinegros disputaram o primeiro clássico com o Flamengo, em 1923.

No dia 29 de abril daquele ano, flamenguistas e vascaínos entravam no Campo da Rua Paysandu, na época local onde o rubro-negro mandava seus jogos, para disputar o primeiro daquele que se tornaria um dos maiores clássicos do futebol carioca. O Flamengo, representava naquele momento a elite, contra um Vasco que por diversos motivos representava camadas mais populares, refletidas em seus jogadores, operários, trabalhadores, pobres, estando no único time que os aceitava naquele momento.

O jogo em si acabou com uma vitória até tranquila do Vasco. No primeiro tempo, conseguindo pressionar a boa equipe comandada por Ramon Platero, uruguaio que introduziu naquela época uma preparação física não vista antes. Num pênalti, o rubro-negro abriu o placar com Junqueira batendo pênalti. No segundo tempo, jogando melhor e sem dar muitas chances aos flamenguistas, os vascaínos viraram com Ceci, marcando duas vezes e Arlindo fechou o marcador, tudo isso em apenas oito minutos. Uma vitória incontestável do "team" cruzmaltino.

O triunfo causou um festejo dos torcedores e simpatizantes do Cruzmaltino, que saíram pelo Rio de Janeiro comemorando a vitória em uma festa que durou até a madrugada, segundo relatos da época e que se arrastou até a sede do Vasco da Gama na época. Toda aquela algazarra fez com que os rubro-negros ficassem mordidos. Além disso, o fato do Flamengo ser o único concorrente dos "camisas negras" pelo título carioca fez com que todas as torcidas se juntassem na torcida pelo rubro-negro no jogo do segundo turno.

No segundo turno, o Flamengo até venceu de maneira polêmica, com um gol mal anulado do Vasco no fim do jogo, que terminou 3 a 2. A vitória que causou uma festa que gerou até confusão entre remistas rubro-negros e torcedores vascaínos, mas nada adiantou pois o título ficou mesmo com os camisas negras, time que marcou e mudou a história do futebol brasileiro ao aceitar negros e operários em seu elenco, fato cantado com orgulho pela torcida alvinegra, mesmo em tempos complicados.

América de Pernambuco campeão do Troféu Nordeste de 1923

Por Victor de Andrade

Imagem rara da equipe campeã em 1923

Estamos vivendo as semifinais da Copa do Nordeste de 2017, com um clássico baiano de um lado e um pernambucano de outro. Porém, torneios inter-estaduais entre os clubes da região acontecem há muito tempo e o primeiro deles foi realizado em 1923, chamado de Troféu Nordeste, e o campeão foi um clube grande na época: o América de Pernambuco.

Fundado como João de Barros Futebol Clube, em 1914, teve o nome alterado para América no ano seguinte, por influência de Belfort Duarte. Ele, que espalhou os "Américas" em todo o Brasil, estava em Recife para tentar a fundação da Federação Nacional de Esportes, predecessora da CBD. A conversa funcionou a capital de Pernambuco ganhou o seu América.

Sim, o Alviverde era grande naqueles tempos, havia sido campeão pernambucano em 1918, 1919, 1921 e 1922 até o momento. Aliás, este último título foi o que colocou o América na disputa do Troféu Nordeste, como o representante um dos representantes do estado na competição. O outro foi o Sport.

A competição foi realizada no mês de maio, em comemoração ao Dia do Trabalho, em Alagoas. O América caiu no Grupo 1, ao lado do Botafogo Baiano, Cabo Branco da Paraíba e o CRB. No Grupo 2, a competição contava com América da Paraíba, CSA, Sport e Vitória. Sim, era o que tinha de melhor no futebol nordestino naquele longínquo 1923.

O Alviverde pernambucano estreou com uma vitória sobre o CRB, por 2 a 0. No segundo jogo, sofreu uma sonora goleada para o Botafogo, por 4 a 1, e foi para a última rodada precisando vencer o Cabo Branco para garantir a vaga nas semifinais, algo que foi conseguido com um sofrido 1 a 0.

Na fase seguinte, o time pernambucano encarou o rival Sport. Lógico que o jogo chamou a atenção de todos, já que era o grande clássico de Pernambuco. Mas quem esperava uma partida equilibrada, se enganou: o América fez uma grande partida, aplicou sonoros 6 a 2 e garantiu sua vaga na finalíssima, onde enfrentaria o CSA.

No primeiro jogo, vitória magra do Alviverde, por 1 a 0. No segundo jogo, o CSA devolveu o resultado, forçando a disputa nas penalidades. Mesmo com o apoio da torcida, o time alagoano não conseguiu deter o América: 3 a 0 nas cobranças e o título foi para Pernambuco.

O América ainda teve mais duas grandes glórias em sua história, quando foi campeão pernambucano em 1927 e 1944. Após isso, o time teve uma grande queda e hoje vive perambulando entre primeira e segunda divisões do estado. Apesar disso, é um time querido por todos em Pernambuco.
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