Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

O Ninho do Urubu
A Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio no Ninho do Urubu divulgou nota de repúdio após a Justiça do Rio de Janeiro absolver, nesta terça-feira (21), sete acusados pela tragédia que matou dez jovens atletas da base do Flamengo, em 2019. Outros quatro réus já haviam sido absolvidos ao longo do processo. Eles respondiam por incêndio culposo e lesão corporal grave. Ainda cabe recurso.
A decisão, assinada pelo juiz Tiago Fernandes Barros, da 36ª Vara Criminal da Capital, considerou a ação improcedente. Na nota, a associação afirma que a absolvição representa uma grave falha do sistema de justiça e “nega o caráter pedagógico que decisões desse porte devem carregar”, destacando que o episódio reforça a necessidade de vigilância social e de fortalecimento dos mecanismos de fiscalização e responsabilidade em estruturas destinadas à formação de jovens atletas.
A advogada Paula Wolf, representante do atleta Jorge Eduardo — um dos três sobreviventes feridos — lamentou o resultado judicial e ressaltou a continuidade da mobilização por justiça.
“É um resultado que causa indignação, tristeza. Não apenas às famílias que perderam seus filhos, irmãos e netos, mas a todos que acreditavam — e seguem acreditando — na necessidade de identificar e punir os responsáveis por uma tragédia que poderia e deveria ter sido evitada. A sensação é de impunidade. É o gosto amargo de ver vidas tão jovens e talentosas se perderem sem que ninguém seja considerado pessoalmente responsável.”

O Ministério Público do Rio de Janeiro, que havia pedido em maio a condenação de todos os réus após ouvir mais de 40 testemunhas, informou que irá recorrer da decisão.
Relembre o caso - O incêndio atingiu, na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, os contêineres que serviam como alojamento no Ninho do Urubu, Centro de Treinamento do Flamengo, na zona oeste do Rio. Vinte e seis adolescentes dormiam no local quando as chamas começaram, após um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado. Dez atletas morreram e três ficaram feridos. Após longas negociações e disputas judiciais, o clube firmou acordos de indenização com as famílias das vítimas.
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