Os 65 anos de Mauro Shampoo, o atacante símbolo do Íbis

Com informações de O Gol
Foto: divulgação

Atuando em jogo festivo pelos veteranos do Íbis

Jogador, cabeleireiro e homem. É assim, e nessa ordem, que foi intitulado o filme feito em homenagem a Mauro Shampoo, que fez história no futebol pernambucano exatamente por não ganhar nada, e muito pelo contrário: Shampoo jogou no pior time do mundo e, segundo registros, só fez um gol na carreira toda, mesmo sendo atacante. Esse é Mauro Texeira Thorpe, que completou 65 anos no sábado, dia 20 de novembro.

A família não vê o fato como um problema: "O povo ficava tirando onda, mas, por ele não jogar nada, ele ganhou fama e está aí, crescendo na vida", disse Hamyna, filha de Mauro. Antes do personagem folclórico, porém, uma história de superação.

Sofrimento nas ruas de Recife - O pai ficou cego depois de um acidente de trabalho e o menino, com a mãe e os irmãos, teve de se virar para conseguir dinheiro. Eram 14 filhos. A mãe começou a fazer pastel e Mauro ia para a praia para vender. Muitas vezes voltava sem dinheiro para casa.

Até que fugiu de casa. Morou na rua. Começou a engraxar sapatos quando criança na frente do Hotel Boa Viagem, em Recife. Dos nove aos 14 anos, assim vivia: engraxava os sapatos de dia, e de noite dormia em uma caixa de papelão na frente do hotel. Trabalhava também guardando carros.

Na mesma época, começou a jogar bola na rua, que era a sua "casa". Um comerciante que conheceu o inscreveu em um campeonato de futebol da região e ainda o chamou para trabalhar como cabeleireiro de um salão. O Mauro ia, então, virando shampoo.

O apelido veio pelo filme Shampoo, de 1975, e pela aparência parecida com o protagonista da trama, Warren Beatty. Mesmo cortando cabelos, Shampoo manteve o sonho vivo de se tornar jogador de futebol. Treinou na base do Náutico, foi dispensado, mas ganhou chance no Santo Amaro.

O pior dos piores - O Santo Amaro ficou conhecido em 1976 por levar de 14 a 0 do Sport, com dez gols de Dadá Maravilha. Mas em 1981, com Mauro Shampoo, acabou como vice-campeão da Série C do Brasileiro, perdendo a decisão para os cariocas do Olaria.

Depois da campanha, e de muitas goleadas, Shampoo se mudou para o Íbis e levou mais goleadas para sua equipe. As incríveis derrotas no Santo Amaro foram repetidas no Íbis, que logo ganhou o reconhecimento como "o pior time do mundo".

O Íbis passou três anos sem ganhar na década de 1980 e entrou para o Guiness Book como "o pior time do mundo". Segundo relatos, "tinha mais policial que torcedor nos jogos". Shampoo vestia a camisa 10, era canhoto e se comparava a Maradona, mas só conseguia chegar perto do Argentino no personagem folclórico que era.

O meia brincava sobre seu único gol na carreira pelo Íbis: "fiz só um gol pelo clube e corri para comemorar. A arquibancada estava lotada: lotada de espaço vazio. Mas corri o campo todo comemorando". Foi o ápice em campo da passagem pelo clube do coração.


O Íbis, que chegou a fazer campanhas melhores que a do Santo Amaro na época que Shampoo estava do outro lado, passou a ser o pior time não só de Pernambuco, mas do mundo. Mas tanto Shampoo quanto o clube, que sofreram na vida de tanto apanharem, aprenderam a brincar com isso.

Com o título de pior time do mundo, o Íbis ganhou fama, começou a participar de programas de TV e ficou reconhecido mundialmente. Shampoo, personagem mais carismático da equipe, pegou carona no sucesso e ganhou até um filme: "Mauro Shampoo: jogador, cabeleireiro e homem".

Mesmo depois que pendurou as chuteiras, Shampoo continuou ligado ao Íbis. Mesmo dividindo as atenções com seu trabalho como cabeleireiro, o ex-jogador continuou ajudando a divulgar o nome do "pior time do mundo". Mauro Shampoo é uma lenda do futebol brasileiro, e nos lembra que nem sempre os Deuses do Futebol alcançam o Olimpo.
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