Luto! Morre o "cruel, muito cruel" narrador Januário de Oliveira

Foto: reprodução

Januário de Oliveira estava com 81 anos

"Tá aí o que você queria...". Este e vários outros bordões a partir desta segunda-feira, dia 31, serão escutados em transmissões de rádio e televisão do céu. Morreu o narrador Januário de Oliveira, aos 81 anos. Ele já vinha a algum tempo lutando contra uma série de doenças.

Apesar de ter se tornado conhecido nacionalmente transmitindo o futebol do Rio de Janeiro, Januário de Oliveira nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1940. Antes de completar 18 anos, começou a trabalhar na Rádio Farroupilha, de Porto Alegre. Ainda passou pela Rádio Cultura de Bagé antes de ir para o Rio de Janeiro.

Na Cidade Maravilhosa, Januário de Oliveira trabalhou nas rádios Mauá e Nacional AM. Seu estilo irreverente, cheio de bordões, chamou a atenção da equipe de esportes da TVE do Rio de Janeiro. Januário aceitou o convite e foi narrar para a TV pública.

Januário de Oliveira fazia sucesso com suas narrações e quando a Rede Bandeirantes resolveu usar as noites das segundas-feira para transmitir o Campeonato Carioca para todo o Brasil, contratou o trio de transmissão da TVE: Gerson, o Canhotinha de Ouro, nos comentários, Addison Coutinho nas reportagens e Januário de Oliveira na locução.

Januário ficou famoso com frases como "tá lá um corpo estendido no chão", utilizada quando um jogador se machucava e ficava deitado no gramado, "Cruel, muito cruel...", que servia para elogiar um artilheiro e "Sinistro, muito sinistro...", quando algum jogador ou árbitro cometia alguma falha.

Januário foi responsável também por dar apelidos a muitos jogadores, entre eles Ézio, o "Super Ézio", o centroavante Charles (Bahia e Flamengo), o "Príncipe Charles", Sávio, o "Anjo Loiro da Gávea", "Tá, Té, Tí, Tó, Túlio..." e o volante e lateral Charles do Flamengo, o "Charles Guerreiro" e Valdeir (ex-Botafogo) que ganhou a alcunha de "The Flash".

Tricolor de coração, como diz o hino, Januário de Oliveira estava um dia em uma churrascaria no Rio conversando com amigos, quando um deles falou que o centroavante do Fluminense Ézio era um herói por conseguir fazer gols jogando com companheiros de time tão fracos. Januário de Oliveira respondeu: "herói não. É um super-herói".

Dias depois, Ézio marca para o Fluminense no Maracanã e Januário de Oliveira, das cabines de imprensa do Estádio Mário Filho, solta: "e o gol! Goooool do Fluminense. Ézio, o Super Ézio". O centroavante adorou o apelido e sempre foi grato ao narrador. Tanto que a sua camisa do último jogo da carreira, pelo Atlético Mineiro, ele deu para Januário de Oliveira.

Pela história contada acima, Januário de Oliveira, que morou nos últimos anos em Natal-RN, encerrou a carreira de narrador em 1998, transmitindo a Copa do Mundo pela Rede Manchete. Ele já não estava enxergando bem por decorrência da diabetes. Januário de Oliveira não marcou apenas para os ouvintes do rádio ou telespectadores. Marcou também para os jogadores que tiveram seu nome narrado por ele.

Em 2019, ele foi homenageado no Esporte Espetacular, da Rede Globo. Mesmo não tendo trabalhado na emissora, ela usou o Maracanã e levou alguns dos jogadores por ele apelidados. Além disso, colocou seus bordões no sistema de som do estádio.


Conheça alguns bordões que o locutor eternizou:

  • "Taí o que você queria, bola rolando…" - quando o juiz apitava o início da partida ou do segundo tempo.
  • "Tá lá um corpo estendido no chão" - para o jogador que caía machucado no gramado.
  • "Lá vem Geraldo e Enéas para mais um carreto da tarde", quando os maqueiros do Maracanã, Geraldo e Enéas, entravam em campo para retirar um jogador machucado.
  • "Vai sair o primeiro carreto da noite" - quando um jogador contundido era levado pela maca para fora do campo.
  • "Sinistro, muito sinistro…" - para falha grave de jogador ou árbitro.
  • "Cruel, muito cruel…" - para elogiar o jogador após o gol ou um lance bonito.
  • "É disso (Fulano), é disso que o povo gosta" - para o jogador (Fulano) que acabara de estufar as redes, marcando o gol.
  • "Olhos nos olhos, se passar fica na boa…" - quando o jogador com a posse da bola ficava frente a frente com um defensor.
  • "Pintou em cores vivas" - quando uma chance clara de gol era perdida.
  • "Tá na área, é agora, bateu..." - quando o jogador tinha uma chance de finalizar em gol.
  • "Tem cartão? Tem cartão? Não! Cartão de crédito para o jogador (Fulano)…" - quando um jogador cometia uma falta dura e o árbitro não lhe aplicava nenhuma punição.
  • "O(a) primeiro(a) só serviu como ensaio!" - quando ocorria a repetição de um lance (chute, cruzamento ou cobrança de falta) em sequência. Exemplo: escanteios cobrados consecutivamente; uma bola alçada na área duas ou mais vezes seguidas.
  • "Pega, não larga mais, não dá rebote pra ninguém!" - quando o goleiro fazia uma defesa firme, segura, sem rebote.
  • "Escancarou, escancarou legal (Fulano)..." - quando o jogador tinha um feito um gol.
  • "Eu vi, eu vi…" - para algum lance que ninguém viu, somente ele.
  • "Acabou o milho, acabou a pipoca, fim de papo." - quando o juiz apitava o fim do jogo.
  • "riririkakakaka, o Juiz despirocou…" - para um lance em que o juiz marcou algo de outro mundo.
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