Em 10 de dezembro de 1995, o Santos levou o termo "time da virada" a outro nível

Por Lucas Paes
Foto: Acervo/GazetaPress

Giovanni foi o grande destaque daquela vitória

Apesar do apelido "Time da Virada" ser na verdade associado inicialmente ao Vasco, o Santos tem todo o direito de se considerar um time de revertidas históricas a seu favor. O Peixe já teve diversas histórias de reversão de placares desfavoráveis, em várias eras de suas gloriosas páginas. Em 1995, mais precisamente num 10 de dezembro como hoje, porém, o Alvinegro Praiano levou este termo a um outro patamar, quando na semifinal daquele Brasileirão, em um Pacaembu abarrotado, reverteu um 4 a 1 sofrido para o Fluminense no Maracanã em um 5 a 2 histórico e sempre lembrado pela torcida.

Versa uma das músicas mais incríveis da torcida santista que "Em 1995 eu não desisti" e esse trecho se refere diretamente à este jogo. O duelo é uma das histórias mais marcantes do futebol brasileiro e faz com que se lembre que nem sempre as histórias englobam apenas os campeões. Nem a derrota naquela final foi capaz de apagar o feito de Giovanni e seus companheiros naquela noite, pra sempre engatilhada dentro do memorial santista.


Naquele ano, o campeonato tinha um regulamento bem inortodoxo, por assim dizer. Os 22 clubes, divididos em duas chaves se enfrentavam num "primeiro turno" dentro da chave e num segundo turno contra os times fora dela, classificando-se as semifinais os líderes de cada chave nos turnos. O Alvinegro Praiano fez boa campanha no primeiro turno, mas não se classificou, sendo porém avassalador na segunda etapa da competição e terminando com a melhor campanha da fase inicial, o que o credenciou a enfrentar o Tricolor Carioca nas semifinais. Porém, o jogo do Maracanã foi um pesadelo e o time veio para o Pacaembu com uma desvantagem de 4 a 1 nas costas e dois jogadores expulsos.

O clima, porém, era de virada desde o início do jogo. A torcida veio focada em apoiar durante os 90 minutos e o time praiano partiu para cima desde os primeiros minutos do jogo. Porém, foi só aos 25', depois de inclusive tomar um susto num belo ataque de Renato Gaúcho, que o time da casa pulou na frente, quando Camanducaia sofreu pênalti e Giovanni, com cabelos de fogo, que incedeavam o próprio da municipalidade paulistana, abriu o placar. O "Messias" não bateu bem, Wellerson quase chegou, mas a bola entrou. Quatro minutos depois, mal deu tempo dos cariocas respirarem e em boa jogada de Carlinhos, Giovanni recebeu e bateu da entrada da área, ampliando o marcador. Apesar da pressão alvinegra, o terceiro gol não saiu no primeiro tempo, com duas bolas ainda batendo na trave. Então tivemos uma das cenais mais marcantes da história santista.


Com um gol ainda a ser buscado, os jogadores do Alvinegro Praiano decidiram por ficar em campo e ouvir o calor das arquibancadas. O Pacaembu então explodiu em cantos, dando as energias necessárias para os jogadores no segundo tempo e na etapa final o terceiro gol veio logo, com Macedo, logo no sexto minuto. Porém, no lance seguinte, Rogerinho diminuiu e a vaga voltou a ser carioca. Um balde de água gelada que nada serviu para apagar o pandemônio santista. Ainda havia tempo, muito tempo de jogo.

O relógio marcava 16 minutos quando Marquinhos Capixaba tentou um lançamento despretencioso em que Alê tomou tranquilamente vantagem, só que o lateral tricolor pareceu não entender que era necessário outra rotação naquele dia e quando conseguiu assimilar o que ocorria, Giovanni já havia lhe tomado a redonda, o camisa 10 se enroscou com Wellerson, a bola sobrou e Camanducaia mandou para as redes. Se o resultado já era suficiente, virou ainda maior com a genialidade de Giovanni e um toque de um "Menino da Vila": o "G10", cercado por jogadores tricolores, tocou de calcanhar e Marcelo Passos ajeitou e soltou um lindo chute, um belíssimo gol que explodiu a festa santista, que não pode ser parada nem pelo segundo gol de Rogerinho. A vaga e a festa eram alvinegras.


Todos desejam na vida que pudessem ter uma máquina do tempo, que pudessem voltar para corrigir algo, que conseguissem experimentar algo que não tinham idade ou não eram nascidos quando ocorreu ou que pudessem viver de novo algo que nunca viveram. Todo torcedor santista, seja os que viveram aquele 10 de dezembro, seja os que sequer tem idade para estarem vivos naquele dia, seja os que eram muito criança para viverem aquela euforia (como o caso deste que vos escreve) se pudessem ter em suas mãos essa tecnologia, provavelmente escolheriam quase que em unamidade este dia. O futebol, além de taças, além de títulos é feito de histórias e a vitória do Santos sobre o Fluminense na semifinal de 1995 é uma dessas lindas, marcantes e eternas grandes histórias.
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