O não recurso do São Paulo e a derrota do futebol

Por Mario Gochi
Foto: Kely Pereira / AGIF

Lance polêmico aconteceu na partida do São Paulo contra o Ceará

No futebol de hoje, a paixão do torcedor é o que menos importa. Futebol é um negócio absurdamente lucrativo, todos sabem disso. O recuo da direção do São Paulo em não recorrer no caso do VAR no jogo contra o Ceará, tem a razão aparente, aquela que consta da nota oficial, e a razão do mercado, oculta. De certo foram "orientados" pelos patrocinadores (contratos de milhões), porque recorrer reclamando um gol em impedimento (que a totalidade da mídia esportiva, parte dela demagógica, se apressou em dizer que havia impedimento na jogada anterior) não faria bem à marca São Paulo FC, e, óbvio, aos que nela anunciam. Marketing apenas, nada com a paixão. O São Paulo é grande, muito grande, ele não irá perder com isso, apenas não ganhando. Será que me entendem?

Repito, o São Paulo é grande, muito grande, sou São Paulino há mais de 50 anos, mas digo, o futebol é maior que o clube. Isso é lógico, não houvesse futebol, não haveria SPFC.

O São Paulo não irá perder, a marca não será arranhada, os patrocinadores ficarão satisfeitos, mas o futebol, ah!!! o futebol já perdeu. E por que perdeu? Porque a partir do momento em que aqueles que o dirigem, afastam, ora aqui, ora ali, as regras que lhe dão estabilidade, transformam o esporte num jogo de interesses pontuais, que irá variar de acordo com a força de clamores fabricados.

Voltar atrás numa decisão após o reinício do jogo, como foi amplamente dito, é desobedecer uma regra de eficácia da decisão, como se operasse ali a preclusão. São essas regras as principais responsáveis pela estabilidade do esporte. São elas que garantem a efetividade do que é decidido. Ora, amanhã, volta-se atrás num gol mal anulado na semana passada, e se caça o título de quem se sagrara lá campeão, por conta da validação do gol antes anulado. Mas como? Podem me perguntar, mas estava impedido (não acho que estava, digo depois) é correto ganhar uma partida com um gol em lance de impedimento, isso também é uma regra? Ou não é?


Respondo, como foi falado exaustivamente pelos "juízes" da mídia, a marcação de impedimento, de toque com as mãos na bola, de faltas com aplicação de cartões, é interpretativa, pode-se errar ou acertar na interpretação do lance. Isso gera polêmica, sempre gerou, e irá continuar gerando. O erro de direito é muito mais grave, porque ele gera insegurança jurídica, enfraquece a credibilidade da instituição do futebol, desestabiliza a estrutura normativa. Ora, desculpem, nem nas peladas de rua voltava-se atrás nas regras que haviam sido combinadas, terminava na porrada, todo moleque sabe disso. Portanto, o futebol perdeu com o não recurso do São Paulo, o São Paulo não perdeu, perdendo. 

Sobre o lance do gol anulado, como é interpretativo, também tenho a minha interpretação. O lance em que o Pablo assinala o gol não acontece como desdobramento natural do lance anterior, no qual estaria ele impedido. Quando ele estava impedido a bola foi cortada, rebatida pela defesa, voltou para fora da área, ele não tirou proveito direto dessa situação de impedimento. A bola foi rebatida para fora da área, recuperada pelo ataque do São Paulo, e a partir daí é um novo lance, que em condição regular, sem estar impedido, ele assinala o gol.

O futebol com o não recurso perde como esporte de regras estáveis e confiáveis.
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