Presidente do Barcelona Capela comenta sobre o atual cenário do futebol paulista

Por Victor de Andrade
Foto: Rodrigo Hoschett / Goal Brasil

O presidente do Barcelona Capela, Paulo Sérgio Moura

A quarentena por conta da pandemia de coronavírus fez com que todas as competições esportivas fossem paralisadas, por conta do problema de saúde. Com o futebol é diferente e a Segunda Divisão Paulista, que iria começar no dia 18 de abril, teve o seu início adiado para uma data a ainda ser estipulada. Porém, a Federação do estado realizou nesta semana uma série de reuniões com os clubes da competição para discutir ideias e passar como está o atual panorama da situação.

Um dos clubes que participou da videoconferência foi o Barcelona Esportivo Capela, da cidade de São Paulo, sendo representado pelo presidente Paulo Sérgio Moura. O Curioso do Futebol bateu um papo com o mandatário do clube, que falou como foi a reunião e conversou também sobre como o futebol paulista está lidando com a séria situação e as atitudes que estão sendo tomadas pelo Elefante da capital

O Curioso do Futebol - A FPF realizou reuniões virtuais com os clubes da Segunda Divisão. Qual é o balanço que o Barcelona Capela faz da videoconferência que participou?

Paulo Sérgio Moura - A Federação nos mostrou uma preocupação, que não é só dela, é global, com a saúde e o bem-estar dos atletas e também com a questão financeira de todos os envolvidos. Esta foi a preocupação que a entidade explanou para os clubes. Também discutimos o momento, as possibilidades e probabilidades de como poder disputar um campeonato que nos atenda, até mesmo para cumprir os compromissos que as agremiações já assumiram. Acredita-se que lá para o mês de setembro a pandemia já esteja em um estágio controlado, oxalá até acabada. Então, inicialmente, a programação ficou, a princípio, de voltar os treinos em agosto e os jogos em setembro, fazendo um campeonato curto, de 90 dias.

O Curioso do Futebol - A Federação deu garantias de que a competição será realizada?

Paulo Sérgio Moura - A Federação praticamente garantiu a realização do campeonato. Porém, isto depende também da vigilância sanitária. Não é a FPF que decide, não é o presidente da República ou os ministros. Quem decide isto é, infelizmente, o um novo comandante mundial: a Covid-19. E é o vírus que acaba influenciando nas tomadas de decisões. Então, esperamos que até lá a Covid-19 esteja suprimida e assim que ele começar a "baixar a guarda", começa a voltar quase a vida normal, pois o mundo não será mais o mesmo depois desta doença.

O Curioso do Futebol - Houve alguma sinalização sobre o protocolo de procedimento por conta do coronavírus?

Paulo Sérgio Moura - Os protocolos discutidos em reunião foram temas como o distanciamento e o não alojamento. O presidente da FPF pediu encarecidamente que os clubes tentem, neste momento, extinguir os alojamentos para que não houvesse aglomeração e também por conta do fato dos clubes poderem ser responsabilizados se acontecer alguma transmissão do vírus no local. Então, não seria muito conveniente, no momento em que estamos vivendo, permitir que pessoas, menores ou maiores de idade, fiquem alojados, pois seria muita responsabilidade. Então, a Federação nos indicou que isto pode dar problemas e pediu para nos posicionarmos sobre isto.

O Curioso do Futebol - Qual a posição do Barcelona Capela diante do que foi passado na reunião?

Paulo Sérgio Moura - Nossa posição foi bem clara, objetiva e acredito que bem aceita, já que foi tema de discussão na reunião. A sugestão do Barcelona foi que na possibilidade de haver uma competição, que ela seja curta, no estilo de Copa do Mundo, com chaves pequenas, com três ou quatro jogos por equipe, no sistema classificatório, e quem passasse iria para o chamado mata-mata, ida e volta, ou apenas um jogo, dando vantagem ao time de melhor campanha de jogar em casa, com prorrogação e pênalti em caso de empate e, assim, o campeonato não estendesse muito. Como os jogos não terão público, aumentando o prejuízo, já que não terá renda, quando mais rápido o torneio for, menos riscos e gastos para os clubes. Também solicitamos tirar a exigência da contratação da Polícia Militar para o jogos, podendo contratar segurança particular, até pelo fato de não ter público, e também pedimos a diminuição de algumas exigências, como três médicos no campo, ambulância UTI. Em resumo, tudo que gera custos altos na realização da partida, solicitamos que houvesse um repensamento e readequação nestes itens e os clubes gostaram de nossas sugestões.


O Curioso do Futebol - Falando no clube, quais são as ações que estão fazendo durante este período de quarentena?

Paulo Sérgio Moura - O Barcelona se adaptou aos problemas de saúde tem se preparando da forma possível. Nosso treinador e também o preparador físico estão em constante contato com os atletas e eles têm um cronograma a cumprir diariamente, apresentando os exercícios, em vídeos, e enviam via aplicativos. Então, eles estão, de várias formas, se exercitando para manter a forma física. É claro que não é o mesmo de treinar com o grupo, na estrutura do clube, mas acredito que os atletas estão com 60% ou mais na forma física e isto deve facilitar na volta. É claro que falta o treino tático e coletivo, mas isto será afinado no retorno das atividades.

O Curioso do Futebol - A Federação acenou com alguma ajuda financeira, por conta desse período, além da cota de participação na competição?

Paulo Sérgio Moura - Sobre a questão de ajuda financeira, a Federação 'bateu na tecla' que não tem muita possibilidade de algum aporte. Era algo de se esperar, apesar dos clubes participantes da competição estarem 'com a corda apertando'. Um ou outro com maior facilidade, com a cidade melhor que a outra, tendo o apoio da municipalidade ou empresarial. Porém, a grande maioria está passando esta necessidade. Eu também levantei esta bandeira na reunião, falei que todos estão em um declínio financeiro, beirando ao crash. Mas a Federação não mostrou nenhum número palpável que possa dizer "olha, será a mesma coisa" ou "vai aumentar ou melhorar". Foi então que insisti que, já que a Federação não tem como aumentar os valores de repasse, que não cobre tantas exigências. Outra questão também falada foi a do uso de jogadores amadores no campeonato. Nós temos um limite máximo na competição e solicitei que, para efeito de economia, neste ano que é atípico, tirasse a obrigatoriedade do uso de profissionais, deixando livre para o clube decidir, pois aliviaria a folha de pagamento e transtornos trabalhistas.

O Curioso do Futebol - O Barcelona já estava fazendo avaliações com atletas para montagem dos elencos Sub-23 e base. Como estão as conversas com estes atletas?

Paulo Sérgio Moura - Nós tínhamos uma equipe praticamente formada, desde o começo de janeiro. Não digo que o elenco já estava fechado, mas estávamos próximo do ideal. Sei que é difícil dizer, pois o campeonato ainda não aconteceu, mas era um ano em que o Barcelona apostava muito nos atletas que tinha e nas parcerias que fez. Acreditava-se que o Barcelona, em 2020, iria estourar, brigando 'nas cabeças', passando de fase e, quem sabe até, brigando pelo acesso. Mas, por conta de todos estes problemas, nosso projeto está sendo reformulado, se adaptando à nova realidade. A maior parte dos jogadores ainda está conosco, sendo que um ou outro se desligou por efeito de contrato.


O Curioso do Futebol - Você está conversando com os dirigentes dos outros clubes? Eles estão propensos a disputar a competição ou há agremiações pensando em desistir?

Paulo Sérgio Moura - Temos um grupo em um aplicativo com representantes dos 42 clubes da competição e estamos sempre em contato. A grande maioria tem intenção sim de disputar o campeonato, mas também estão com dificuldades financeiras. Então, tudo vai depender dos temas que abordei, como tempo de competição, diminuição das exigências e gastos. Se as agremiações não tiverem recursos e patrocinadores, acredito eu que, infelizmente, alguns clubes irão desistir. Mas, reafirmo: a grande maioria está fechada e focada em disputar.

O Curioso do Futebol - Aproveitando, o que a FPF passa para os clubes sobre as categorias de base?

Paulo Sérgio Moura - A realização dos campeonatos das categorias de base é a que corre mais riscos. Pois não há um cronograma, não existe um pensamento sobre a questão. A única ideia que foi citada foi a utilização de mais amadores no Sub-23. Eu acredito que as competições de base, neste ano, não existirão.

O Curioso do Futebol - Deixe sua mensagem para os fãs de futebol e os torcedores e simpatizantes do Barcelona.

Paulo Sérgio Moura - Agradeço ao site O Curioso do Futebol pela oportunidade de falar sobre o cenário do futebol e também às pessoas que nos acompanham, amantes do futebol, do esporte e, é claro, do Barcelona Esportivo Capela. Esperamos que, mesmo com todos os problemas, neste ano nós consigamos dar continuidade ao trabalho, mas que, acima de tudo, a saúde, o respeito ao próximo e a sobrevivência sejam colocados sempre adiante. O esporte é bonito, é apaixonante, mas não pode ser superior à sobrevivência humana. Os jogos esportivos vão voltar, seja lá o tempo que tenha que se esperar, mas a vida não. Se perder, não tem volta. Este é o recado do Barcelona. Um grande abraço, que todo mundo se cuide e esperamos sair dessa o mais rápido possível.
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