14 de abril de 1912 - O nascimento do Santos FC

Com informações do Santos FC
Foto: Arquivo Santos FC

Um dos primeiros times da história do Santos FC

Em 14 de abril de 1912, nascia na cidade de Santos, no litoral paulista, um clube que passaria a fazer parte dos grandes do futebol brasileiro. Aliás, seria o que teria mais glórias fora de um capital estadual. Sim, estamos falando do Santos Futebol Clube, que está completando 108 anos de fundação.

Havia quase 10 anos que Henrique Porchat de Assis, o Dick Martins, tinha trazido duas bolas de São Paulo e o primeiro jogo de futebol em Santos se realizara na praia da Barra, atual praia do Embaré, em 1º de novembro de 1902. No ano seguinte surgiram o Clube Atlético Internacional e o Sport Clube Americano e o futebol cresceu na cidade. Mas, no começo de 1912, a situação era desanimadora e um grupo de jovens estudantes e comerciários resolveu criar um novo clube de futebol em Santos.

Os líderes Raymundo Marques, Mário Ferraz e Argemiro de Souza Junior percorreram o comércio convidando cerca de 200 jovens para o evento de fundação do novo clube, marcado para um domingo, 14 de abril de 1912, às 14 horas, na sede do Club Concórdia, à Rua do Rosário, 18, atual João Pessoa, 10 (o prédio, de dois andares, existe até hoje e abriga uma loja Proplastic. O salão do Club Concórdia ficava na sobreloja).


Trinta e nove jovens compareceram à reunião. Após as explanações iniciais de Raymundo Marques, procedeu-se à escolha do nome da nova agremiação. As denominações “África”, “Brasil” e “Concórdia” foram rejeitadas, mas quando Edmundo Jorge de Araújo sugeriu “Santos Foot Ball Club”, em homenagem à cidade, todos aprovaram entusiasticamente e uma salva de palmas saudou o novo time de futebol que nascia.

Como era Santos em 1912 - Quando o Santos foi fundado o prefeito da cidade era Belmiro Ribeiro de Moraes e Silva, do Partido Republicano Paulista (PRP). Nascido em Santos, Belmiro era um empresário e político empenhado em acabar com os cortiços da cidade. A Vila Operária, cujas terras pertenciam a ele, receberia o nome de Vila Belmiro em sua homenagem.

Santos se urbanizava. Fundada pelo fidalgo português Brás Cubas, a cidade crescia rápido desde a inauguração da Estrada de Ferro São Paulo Railway, em 1867. O toque decisivo do progresso veio em 1892, quando se iniciou a exportação pelo porto. Um censo de 1912 constatou que Santos possuía exatos 88.967 habitantes e era uma das cidades mais populosas do Brasil.


Desde 1910, com a construção dos hotéis Internacional e Parque Balneário, a cidade se tornou um ponto turístico obrigatório. E para pôr fim ao crônico problema de saneamento básico, prosseguia a construção dos canais projetados pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito. Dos sete previstos, os dois primeiros já tinham sido entregues.

Muitas personalidades já tinham deixado seu nome na história da cidade, como o cientista Bartolomeu de Gusmão, o “Padre Voador”; seu irmão Alexandre de Gusmão, autor da Carta Geográfica do Brasil; João de Menezes e Souza, o barão de Paranapiacaba; os poetas Vicente de Carvalho, Rui Ribeiro Couto, Xavier da Silveira e Martins Fontes; e os ilustres irmãos Andrada, com destaque para o “Patriarca da Independência”, José Bonifácio de Andrada e Silva.

Santos já nasceu predestinado - Quantos clubes do mundo podem dizer que entre seus fundadores já havia dois adolescentes que, dois anos depois, seriam titulares da primeira seleção de seu país? Pois é. O ponta-direita Adolpho Millon, com 16 anos, e o ponta-esquerda Arnaldo Silveira, com 17, fundaram o Santos em abril de 1912 e em setembro de 1914 jogaram as duas primeiras partidas oficiais da Seleção Brasileira, contra a Argentina, conquistando a Copa Roca, o primeiro troféu do futebol brasileiro.


Em Santos, o time não tinha adversários, e no Campeonato Santista de 1913 goleou os outros três adversários nos dois turnos: a Escolástica Rosa por 5 a 1 e 5 a 0; o América por 5 a 2 e 7 a 1, e o Atlético Santista por 6 a 3 e 7 a 0.

Ainda em 1913, sem passar por barragens – ao contrário de outros clubes oriundos da várzea paulistana – o Santos entrou direto na divisão principal da Liga Paulista de Futebol, na sua primeira participação em um Campeonato Paulista.

Só que todos os jogos foram na capital, e sem dinheiro para as passagens de trem e os lanches da equipe, contando apenas com o entusiasmo dos jogadores e do técnico-jogador Urbano Caldeira, o clube acabou desistindo da competição. Mas sua única vitória revelou-se profética: goleou o Corinthians por 6 a 3, naquele que entrou para a história como o primeiro clássico paulista.
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