A passagem do meia Beto pelo Napoli

Fotos: Sky Sports

Beto usou a camisa 10 de Maradona quando defendeu o Napoli

Joubert Araújo Martins, mais conhecido como Beto, que está completando 45 anos neste 7 de janeiro de 2020, foi um meia que atuou no futebol brasileiro entre os anos 90 e 2000, que era conhecido por ser talentoso, mas problemático, chegando a ser conhecido como "Beto Cachaça" em alguns momentos da carreira. Porém, quando estava bem, jogava muito, chegou a ir para a Seleção Brasileira e, por causa de boas atuações, foi contratado pelo Napoli, em 1996.

Nascido em Cuiabá, Beto, quando jovem, alternava os treinos no Dom Bosco, time da capital do Mato Grosso, com as vendas de picolé nas ruas de sua cidade natal. Em 1993, o seu time participou de um torneio no Rio de Janeiro e o jogador, na época com 18 anos, foi bem e chamou a atenção no Botafogo, que o contratou.

Em 1994 foi alçado aos profissionais da Estrela Solitária, mas tinha poucas chances. A situação mudou com a chegada de Paulo Autuori, que o fez virar titular e dono da camisa 10 da equipe que foi campeã brasileira em 1995. Em 1996, ele acabou disputando o Pré-Olímpico com a Seleção Brasileira Sub-23, fazendo o gol decisivo no empate contra a Argentina, que deu o título ao Brasil. Ele não foi para os Jogos Olímpicos, em Atlanta, porque estava contundido.

Ainda em 1996, o Fogão conquistou a Taça Cidade Maravilhosa e, mesmo não tendo uma boa participação na Libertadores, as atuações de Beto foram boas e isto chamou a atenção de vários clubes europeus, entre eles o Napoli, que acabou o contratando.

Porém, o Napoli vinha de olho no meia desde o ano anterior. Representantes do clube italiano vieram ao Brasil para avaliar novas promessas e indicaram à Comissão Técnica dois meias: um meia do Grêmio de 15 anos, que arrebentava na base, mas ainda nem sonhava em chegar ao profissional e um outro do Botafogo, de 20 anos, mas que já havia sido convocado para jogar a Copa América de 1995. É claro que escolheram o mais pronto, que tinha até passagem pela Seleção Brasileira, Beto. Mas o outro era, simplesmente, Ronaldinho Gaúcho.

Ao chegar no Napoli, Beto foi comparado, pelo presidente do clube, a Roberto Baggio, meia italiano que era uma das grandes estrelas do futebol mundial, rivalizando com Romário o posto de melhor do mundo. E ainda tinha mais, o brasileiro foi inscrito com a camisa 10 da Gli Azzurri. Sim, isto mesmo! A camisa 10 usada por Diego Armando Maradona.

No clube, Beto encontrou os brasileiros André Cruz, que já havia se estabilizado no futebol europeu, e Caio, que não foi bem na Internazionale e acabou emprestado ao Napoli. E o meia começou bem, marcando um golaço contra o Genoa, fora de casa, que garantiu ao time três pontos na terceira rodada da Série A Italiana. E foi assim até a parada rápida para as festas de fim de ano. Beto estava sendo bem visto na "terra da bota".

Beto, com André Cruz e Caio

Porém, como acontecia com alguns brasileiros em dias de folga ou feriados, Beto atrasou o seu retorno depois da pausa para o réveillon. Em janeiro de 1997, Beto chegou dois dias depois do combinado para a reapresentação do elenco pós-pausa natalina e, sincero, nem tentou inventar qualquer tipo de desculpa. Só disse que queria passar mais tempo com a família e com a namorada.

Beto, que era titular absoluto do time que vinha como vice-líder do Italiano, viu perder espaço no time principal e ainda a equipe começou a cair de rendimento no campeonato. Na Copa da Itália, ele até foi decisivo na semifinal contra a Internazionale, fazendo um gol por debaixo das pernas de Pagliuca, mas ficou no banco nos dois jogos finais contra o Vicenza, que acabou ficando com o título.

O final da temporada foi ruim para os napolitanos e poucos escaparam da fúria dos torcedores. Um deles foi Beto, que mesmo não sendo titular, fazia gols importantes quando entrava. Porém, não se sentiu valorizado e acabou forçando a volta ao Brasil, onde foi para o Grêmio. No Tricolor, não teve boa passagem e voltou a recuperar o bom futebol no Flamengo, onde chegou a ser novamente convocado para a Seleção Brasileira.

Depois, teve passagens por São Paulo, Fluminense, Consadole Sapporo do Japão, Vasco, Sanfrecce Hiroshima, também do Japão, Itumbiara, Brasiliense, Mixto, Confiança e CFZ Imbituba, onde encerrou a carreira em 2009.
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