Nei Bala relembra volta do Marília para a elite em 2002

Por Ruben Fontes Neto/FPF
Foto: divulgação Marília AC

O time do Marília campeão da Série A2 de 2002

Neste sábado (2 de novembro), o Marília vai até Jundiaí para a disputa do jogo final da Segunda Divisão Sub-23 do Campeonato Paulista, às 16h. Após empate na ida, a equipe precisará vencer o Paulista para se sagrar campeã, algo que não acontece desde 2002. Naquele ano, o time conquistou a Série A2, sacramentando a volta para a elite paulista. Artilheiro da equipe na campanha e autor do último gol, o atacante Nei Bala relembra a conquista.

Frequentador assíduo da elite paulista entre 1972 e 1993 – ficou de fora apenas entre 1986 e 1990 -, o Marília viveu uma década de 90 complicada. Com a reformulação das divisões, foi colocado na Série A2 em 1994. Rebaixado, disputou a Série A3 em 1995 e 1996. Em 1997, o time estava na Série B1 – atual Segunda Divisão – de onde saiu apenas em 1999. Em 2001, terminou a Série A3 em quinto, mas com a criação do Rio-São Paulo foi beneficiado e conseguiu voltar para a Série A2.

O torneio de 2002 oferecia só uma vaga direta de acesso aos 16 participantes. O vice, ainda disputava uma repescagem contra o penúltimo colocado da Série A1. Para chegar forte na disputa, o Marília se reforçou com jogadores como o zagueiro Andrei e os meias Palhinha (campeão mundial pelo São Paulo) e Luiz Fernando (ex-Cruzeiro, Inter e Real Madrid). “Na época, os times da A2 eram muito fortes. Se não mesclassem jogadores da divisão com mais experientes, era complicado. Nosso time se reforçou com jogadores que tinham disputado o Paulistão, com o Palhinha que era campeão do mundo. Foi válido, pois esses atletas chegaram para agregar a experiência de títulos”, conta Nei.

A primeira fase foi disputada em turno único. Nas primeiras seis rodadas, o Marília fez a campanha que muitos consideram ideal: venceu os jogos em casa (São Bento, Araçatuba e Comercial) e empatou os que atuou fora (Bragantino, Flamengo e São José). Na sétima rodada, venceu a primeira fora contra o Paraguaçuense. Na sequência, porém, perdeu em casa para o Rio Preto, dando início a uma sequência negativa que ainda teve outra derrota para o Mirassol, fora, e empate contra o Bandeirante, em casa. “Tomamos um susto, mas depois, no decorrer dos jogos, vimos a qualidade do grupo. Não era só os 11, depois vieram mais alguns e o grupo se firmou”, disse.

A recuperação veio com quatro vitórias em sequência: Atlético Sorocaba e Sãocarlense (fora) e Nacional e Francana (em casa), dando a classificação antecipada. Na última rodada, a derrota para o Olímpia deixou o time em segundo lugar, algo que foi determinando para a sequência do torneio. “No jogo contra o Olímpia fomos com o time completo, não poupamos ninguém e acabamos perdendo por 4 a 1. Depois desse jogo fomos cobrados bastante para conquistar o acesso”, revela.

Na semifinal, o adversário foi o São José. O Marília venceu por 3 a 0 no Vale do Paraíba, tendo uma de suas melhores atuações no torneio. “Até por conta do último jogo, entramos pilhados e falando que tínhamos que passar em cima. O São José estava bem, estádio lotado, mas quando eles viram, já tínhamos atropelado”, lembra Nei Bala. Na volta, o Marília ainda venceu novamente, por 2 a 1.

O título da competição e a vaga no Paulistão foram disputados contra a Francana. O primeiro jogo, em Franca, terminou com vitória para o time da casa por 2 a 0. O regulamento da época previa como critério de desempate o saldo de gols e logo na sequência os cartões vermelhos e amarelos. Com um expulso na ida, a desvantagem do Marília era ainda maior.

“Na semana entre os jogos estávamos preocupados, porque não esperávamos o resultado na ida. Esperamos até voltar com um empate, ou no máximo 1 a 0. Muita gente de fora já começou a falar que não dava mais. O time deles era muito forte, tinha o artilheiro que era o Tico Mineiro. Na concentração conversamos e pensamos que ia ter pouca gente no estádio, mas quando chegamos e vimos a loucura que o povo estava, acreditando na gente, falamos que teríamos que correr para buscar os três gols de qualquer forma”, relembra Nei Bala.

Com o estádio Bento de Abreu recebendo mais de 15 mil pessoas, o Marília dominou o primeiro tempo. Aos 24 minutos, Edu abriu o placar para o time da casa. O zagueiro Andrei, conhecido por bater faltas com força, usou sua especialidade para empatar o placar agregado aos 36 minutos. O gol do título saiu aos seis minutos. Palhinha recebeu na área e conseguiu a finalização. O goleiro da Francana defendeu, mas a bola sobrou para Nei Bala. “Cheguei a marcar um gol que foi anulado, mas depois tive a felicidade de fazer o terceiro gol. Eu sou destro, mas o chute foi de esquerda. Os caras falam que a bola bateu na canela, mas eu digo que bateu na veia”, conta divertidamente.

Aquele não foi o único acesso do Marília no ano. Na Série C do Campeonato Brasileiro, o clube ficou com o vice-campeonato – o Brasiliense foi o campeão - e também subiu no torneio nacional.

Reencontro e torcida - Residente em Ribeirão Preto, Nei Bala organizou um encontro com os campeões de 2002 em jogo beneficente que também contou com a participação de outros ídolos históricos do clube. Aposentado, mas com a experiência de muitos anos e títulos no futebol, Nei Bala reconhece a dificuldade do jogo de domingo, mas passa força ao elenco. “Para Deus, nada é impossível. Isso eu levo na minha vida sempre. É lógico que dentro de campo ele não vai resolver, mas tem que ter fé. Eles já chegaram onde vários clubes ficaram para trás. Com essa missão de ganhar eles têm que acreditar neles, no grupo. Tem que focar, no último jogo tem que descansar, se alimentar bem e sempre pensar em conquistar o título”, diz.

Assim como em 2002, Nei Bala acredita que o time tem que fazer o melhor jogo do campeonato. “A final é outro campeonato. Tem que tentar pegar tudo de melhor que já foi feito e colocar em jogo. O comandante também tem que mostrar o tanto de pessoas que tão torcendo por eles, familiares e amigos”, falou. 

Após o título de 2002, o Marília viveu anos dourados no futebol. A equipe chegou próximo do acesso para a elite nacional em 2003 – perdeu a vaga para Palmeiras e Botafogo – e 2007, quando perdeu seis pontos no SJTD. Nei acredita que o clube possa estar recomeçando. “Eles viram como é bom chegar onde chegou, Paulistão, Série B, e como é ruim estar onde está agora. A cidade Tem que abraçar. Torcida, comércio, poder público. A cidade é muito boa, o clube muito bom. Se todos pensarem em um algo só, o Marília consegue retornar”, finalizou.
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