Zizinho, o mestre

Mestre Ziza, o Zizinho

Talento ímpar, inteligência e uma elegância dentro de campo que poucos tiveram. Todos esses predicados o fizeram ganhar o apelido de Mestre por quem acompanhou o futebol das décadas de 40 e 50. Estamos falando de Zizinho, o Mestre Ziza, ídolo no Flamengo, Bangu e São Paulo.

Zizinho nasceu em 14 de setembro de 1921, em São Gonçalo, na Grande Rio de Janeiro. Foi registrado como Tomás Soares da Silva. Ainda criança, seus pais mudaram para Niterói, onde ele começou a jogar futebol no clube Byron. Atuando pela agremiação, chamou a atenção dos membros do futebol do Flamengo que o levaram em 1939.

Zizinho com Leônidas pelo Flamengo

Chegando no Rubro Negro, Zizinho logo mostrou todo o seu talento. Aos 19 anos, foi alçado ao elenco principal da equipe e logo virou titular em um time que os dois maiores craques brasileiros da época: o zagueiro Domingos da Guia e o centroavante Leônidas da Silva. Além do dom natural, Zizinho aprendeu muito vendo as duas feras jogando ao lado dele.

Em 1942, com apenas 21 anos, Zizinho estreou pela Seleção Brasileira no Sulamericano daquele ano. No dia 18 de janeiro, ele entrou no lugar de Servílio, na derrota para a Argentina por 2 a 1. Já na partida seguinte, contra o Peru, Mestre Ziza foi titular e não saiu mais da equipe. Seu primeiro gol com a então camisa branca do Brasil foi na goleada contra o Equador por 5 a 1, 13 dias depois de sua estreia.

Um dos maiores da história do Flamengo

Se tivessem sido realizadas as Copas de 1942 e 1946, que foram canceladas por causa da II Guerra Mundial, Zizinho com certeza estaria nelas defendendo a Seleção Brasileira. Porém, devido a este problema, sua estreia em Mundiais foi apenas em 1950, na primeira vez em que o evento foi realizado por estas terras. Mas antes da Copa, houve um acontecimento que mudou as cores da camisa que o jogador vestia.

O Flamengo vendeu o seu passe ao Bangu Atlético Clube por uma fortuna (segundo registros 800 mil cruzeiros), sem sequer ser consultado. Um dirigente do Bangu, Guilherme da Silveira, confirmou a negociação e Zizinho assinou o contrato sem sequer ler. Segundo se conta, ele só fez um comentário: "se o Senhor pagou tanto pelo meu passe é porque reconhece o meu futebol". Foi a maior transação do futebol brasileiro até então.

Mesmo com a derrota, Zizinho foi o melhor jogador da Copa de 1950

No livro "Nação Rubro-Negra", de Edilberto Coutinho, Zizinho desabafou: "difícil dizer o que me magoou mais, se a perda da Copa de 50 ou a minha saída do Flamengo...acho que foi a saída do Flamengo, a maneira como os homens que dirigiam o Flamengo fizeram a transação me machucou muito...nunca aceitei". Na sua primeira partida contra o ex clube deixou clara a sua mágoa, onde o Bangu goleou por 6 a 0, com atuação magistral de Mestre Ziza.

Na Copa do Mundo, Zizinho teve boas atuações e liderou o Brasil na competição. E, apesar da derrota para o Uruguai, por 2 a 1, na decisão, Zizinho foi considerado o craque da Copa. E além disso, foi quando ganhou o apelido Mestre Ziza do jornalista italiano Giordano Fatori, da Gazzetta dello Sport, que escreveu: "o futebol de Zizinho me faz lembrar Da Vinci pintando alguma obra rara".

Defendendo o Bangu

Após o Mundial, seguiu carreira no Bangu, onde foi vice-campeão carioca em 1951 e artilheiro da equipe no ano seguinte. É o quinto maior goleador da história do Bangu com 122 gols e ficou no clube até 1957, quando foi negociado com o São Paulo.

Chegou no Tricolor Paulista com 35 anos. Se atualmente um atleta desta idade já é considerado veterano, imagine naquela época. Porém, com muito talento, Zizinho liderou o São Paulo no título Paulista daquele ano. Suas boas atuações na década de 50 o fizeram a voltar para a Seleção, onde fez o seu último jogo contra o mesmo adversário, Argentina, e torneio, Campeonato Sulamericano, da estreia. O jogo foi realizado no dia 3 de abril de 1957 e o Brasil foi derrotado por 3 a 0.

Pelo São Paulo, campeão paulista em 1957

Em 1958, o São Paulo perdeu o título paulista para o Santos. Porém, por causa das boas atuações, Zizinho chegou a até ser cogitado para ir a Copa pelo técnico Vicente Feola, que o preteriu, levando Dida, do Flamengo, e Pelé, do Peixe.

Após sua passagem pelo São Paulo, Zizinho chegou a fazer uma partida pelo Uberlândia, ficou parado um tempo e ainda defendeu o Audax Italiano do Chile. Os companheiros de time o chamavam de doutor e professor.

Com Pelé, antes de um SanSão em 1958

Zizinho, após encerrar a carreira, chegou a ser treinador do Bangu e também da Seleção Brasileira, nos Jogos Panamericanos de 1975. Foi responsável por revelar uma dos maiores meias do futebol brasileiro: Gerson. Amigo do pai do Canhotinha de Ouro, Mestre Ziza sempre aconselhava o atleta, que se tornou um cracaço de bola.

O ex-jogador também atuou como comentarista nas rádios e televisões cariocas e trabalhou como fiscal de renda do Estado do Rio de Janeiro. Mestre Ziza faleceu em 8 de fevereiro de 2002, quando tinha 80 anos, com problemas no coração. Mas o grande craque deixou sua marca para sempre na história do futebol brasileiro.
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