Diego Milito - O príncipe que soube virar rei

Por Lucas Paes

Milito foi ídolo por onde passou

Depois de passar por Genoa, Zaragoza e, principalmente, Internazionale e Racing, Diego Milito deixou o futebol na tarde deste sábado, aos 36 anos, com direito a um gol e uma grande festa de uma torcida que o tem como ídolo: o Racing. Milito é um símbolo de glórias e de respeito e dedicação a camisa de La Academia.

Durante a madrugada anterior à sua aposentadoria, ele havia sido pai mais uma vez, já que nasceu Morena. O dia 21 de maio é véspera do aniversário de 6 anos do que foi, provavelmente a maior atuação de sua carreira, quando ele decidiu com dois gols a final da Liga dos Campeões pela Inter, levando o time azul e preto à uma glória há muito esperada e este futuro jornalista que escreve às lágrimas.

Milito terminou a carreira sendo protagonista, com dois gols do Racing na vitória de 2 a 0 sobre o Temperley. No primeiro, bateu pênalti de forma magistral para abrir o placar e, no segundo, o goleiro até defendeu a má cobrança de Diego, mas Romero (paraguaio irmão gêmeo do atacante Corintiano) pegou o rebote e mandou para as redes. Já sem chances de título, o Racing fez pelo menos uma festa de despedida digna para “o príncipe”.

Foi importantíssimo na Internazionale

Tomado por 50 mil pessoas, o Cilindro de Avellaneda aplaudiu e festejou antes, durante e depois dos 90 minutos. Aos 22 do primeiro tempo, número com qual Milito se consagrou, sinalizadores, barulho e papéis picados marcaram uma homenagem. O centroavante disse em entrevista que se despediu da forma que queria com a camiseta que ama, que queria abraçar um por um dos torcedores presentes no Cilindro.

O Racing homenageou ele com um titulo vitalício de sócio e uma placa, Milito “homenageou” o Racing sendo uma bandeira de liderança e ganhando dois títulos argentinos, em 2001 e em 2014, os dois últimos do clube de Avellaneda que passou perto da falência no começo dos anos 2000. A Libertadores tão sonhada por ele acabou não vindo. Ano passado, o Guarani do Paraguai tirou o Racing nas quartas de final e este ano foi a vez do Atlético Mineiro eliminá-los nas oitavas de final.

Não vou contar aqui a história completa de Diego Milito, você pode conferir ela com poucos instantes de pesquisa no Google: Racing, Genoa, Zaragoza, Genoa, Inter, Racing, Seleção Argentina, etc. O jogo completo e a despedida inteira de Diego estão disponíveis no canal “Futbol para todos” do Youtube. Quero fazer um relato pessoal do porque tenho este sujeito como provavelmente meu maior ídolo no futebol.

Milito na passagem pelo Genoa

Como a maioria de minha geração, também gosto de algum time europeu além do meu no Brasil e, apesar de admirar também de Liverpool e Real Madrid, a Internazionale é o meu time europeu favorito. Foi por ela que Milito venceu os principais títulos de sua carreira e teve as melhores atuações de sua vida. Na época, em uma comunidade do finado Orkut, eu lembro de minhas palavras quando soube que ele iria vir para o lugar de Zlatan Ibrahimovic. “É sério que trouxemos um jogador do Genoa para substituir o melhor jogador do mundo (sim, eu achava isso, delírios dos 15 anos.)”.

Minha língua foi devidamente incinerada a cada gol de Milito, a cada atuação decisiva, a cada partida vencida por aquele time com alguma contribuição dele. Como esquecer os 4 a 0 diante do Milan, com atuação magistral do príncipe naquele mágico 2010. Ou da tripleta contra o mesmo Milan em 2012, mas acima de tudo pelos gols decisivos marcados por ele nos três títulos ganhos pela Inter em 2010, todos eles ganhos graças a gols de Milito.

De contestado, ele virou ídolo. Alcançou o status de um dos maiores jogadores da história da Internazionale. Poderia ter tido números maiores, mas foi atrapalhado por lesões. A gratidão da torcida da Inter com ele nunca acabou e sua despedida em 2014 foi em uma bonita festa no Giuseppe Meazza.

A passagem do argentino pelo Zaragoza

Milito é um gigante, uma lenda e acima de tudo um homem grato a quem lhe deu chance e fiel a seu time de origem, à primeira camisa que vestiu. Voltou para sua gente, voltou para o Racing para fazer história. Em tempos de cifras astronômicas no futebol, em tempos que a maioria dos jogadores brasileiros pouco se importa com os times que lhes deram a primeira chance, ele fez como diversos jogadores argentinos e voltou para o Racing para ser campeão e para terminar sua história vestindo a camisa que ele mais ama.

A atitude de Milito só fez com que eu o admirasse ainda mais. Pouco tempo antes de sua volta ao Racing, Robinho recusou o Santos que estava fazendo loucuras para trazer o “Rei das pedaladas” de volta. Ele que nunca chegou nem perto de fazer em algum clube europeu o que Milito fez pela Inter, o príncipe decidiu virar lenda: recusou o Palmeiras, que oferecia muito mais dinheiro e não ouviu a proposta do mundo árabe. Ele queria o Racing, ele queria ser campeão argentino de novo, ele pediu um salário menor, quase simbólico, para que o clube pudesse montar um time competitivo.

Primeiro gol na despedida

Eu falo de Robinho e Milito, pois o menino das pedaladas sempre foi meu maior ídolo no futebol, tirou o Santos do ostracismo e sempre que voltava para cá, vinha ganhar mais, mesmo sempre pedindo salário astronômico, voltando quando perdia visibilidade na seleção, ele vinha para o Santos e voltava a vestir a amarelinha e com ele o Peixe vencia títulos, era uma troca justa. Mas, quando o Santos precisava mais dele ele preferiu a China e o Atlético Mineiro, preferiu jogar fora a lealdade de uma torcida que o amava, preferiu desgastar uma das relações mais bonitas do futebol brasileiro.

Pois então há Diego Alberto Milito, a China nunca o tiraria do Racing, nenhum time argentino o tiraria de La Academia, ele escolheu terminar sua carreira vestindo a camisa azul e branca de Avellaneda e nada poderia mudar isso. Neste sábado ele encerrou sua trajetória da forma como sempre sonhou. Que ele sirva de lição, que hajam mais Militos, porque ainda temos esperança de que dentro do campo, vestindo nossas cores, esteja alguém que sinta o que sentimos e que sangre como sangremos por nosso clube.

O segundo tento de Milito no jogo

Por isso tudo gostaria de apenas agradecer à ele por tudo, por todos os gols comemorados na Inter, pela “doppieta” contra o Bayern e pelo gol da tranquilidade contra o Barcelona em 2010, pelos gols e pela atuação decisiva contra a Juventus em 2012, por todos os momentos mágicos e pelos gols que comemorei dele e também por ter se mostrado um gigante, por ter voltado ao clube que ama e ter se mostrado decisivo como era na campanha do título argentino de 2014, Obrigado por tudo Diego Alberto Milito! 

E Facci um gol, E facci um gol, Diego Milito facci um gol, sei de la Nord que ló chiede, Diego Milto facci um gol!
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