Vicente Farache - cartola e treinador decacampeão do ABC

Vicente Farache

Advogado, ex-juiz municipal, adjunto de promotor público, jogador, cartola e treinador. Todas estas profissões foram realizadas por apenas uma pessoa: Vicente Farache Neto. Mas Farache não foi um técnico comum, ele comandou o ABC de Natal nos dez títulos do decacampeonato estadual de 1932 a 1941. Acredite se quiser.

Vicente Farache Neto nasceu em Natal em 19 de outubro de 1902. Quatro anos antes, seu pai, José Farache, veio da Paraíba para a capital portiguar, para mudar de vida. Além de Vicente, José foi pai de Carlos, Antônio (Tonho Farache, também ligado ao futebol), Ernani e Adalberto.

O filho mais velho logo conheceu o futebol e teve sua primeira paixão: o ABC Futebol Clube. Vicente Farache chegou a atuar como ponta direita do time, mas abandonou os gramados, quando foi para o Rio de Janeiro estudar direito. Foi nesta época em que conheceu e casou com a chilena Maria Lamas e voltou para Natal em 1929.

Dr. Farache e o elenco campeão de 1941

Apesar de apaixonado por sua esposa, na volta à capital potiguar, "Doutor Farache", como era conhecido por amigos, jogadores e torcedores, pôde se dedicar à sua outra paixão, o ABC, a ponto de gastar grande parte do que ganhava como advogado estabelecido e juiz municipal, além de um estabelecimento comercial (sapataria) situado à rua dr. Barata, com o futebol. Só para se ter uma ideia, os empregados, eram todos jogadores do ABC.

O período mais brilhante do dr. Farache foi de 1932 a 1941, quando o clube sagrou-se decacampeão de futebol de Natal justamente tendo Farache como diretor técnico e treinador. Outra faceta do eclético Vicente Farache foi o jornalismo esportivo, que exerceu no jornal "A Ordem", órgão católico, sendo o enviado da TRIBUNA DO NORTE para o Campeonato Mundial disputado no Brasil, enviando muitas matérias para o jornal. Vicente Farache ainda teve sete filhos de uma união com uma segunda companheira, também de nome Maria. 

No começo dos anos 50 o ABC construiu um pequeno estádio entre as ruas Seridó e Potengi, em Petrópolis, terreno conseguido justamente com o esforço de Farache, denominando-o estádio Maria Lamas Farache. Abalado com a morte da esposa, dr. Farache afastou-se do clube, depois de quase 20 anos sendo uma espécie de dirigente faz tudo, de diretor de futebol a treinador ao mesmo tempo, secretário e diretor técnico da Liga Norte-rio-grandense de Desportos, presidente do Conselho Regional de Desportos de 61 a 66, treinador de algumas seleções de futebol do RN.

O grande benfeitor

Sua paixão pelo ABC chegava ao extremo de acumular inimizades, principalmente entre os americanos. Seu grande rival durante anos foi Humberto Nesi, com quem travou discussões memoráveis. Já aposentado das atividades do futebol, Humberto Nesi disse que perdoava as constantes decisões de Farache sempre contra o América, por compreender sua paixão desmedida ao ABC.

Vicente Farache Neto acabou falecendo em 1967, aos 65 anos, dia 16 de agosto. A homenagem do ABC a seu maior benfeitor em todos os tempos foi denominar de Vila Olímpica Vicente Farache a sede esportiva na Reta do Sol.
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