Pablo Escobar, Eurico Miranda e a Libertadores de 1990

Capitães de Vasco e Atlético Nacional antes da partida (foto: arquivo Conmebol)

Com o sucesso da série Narcos no Netflix, estrelada pelo ator Wagner Moura e dirigida por José Padilha, algumas histórias do traficante colombiano Pablo Emilio Escobar Gaviria, que comandava com mãos de ferro e fogo (literalmente) o Cartel de Medellin, vieram à tona. E entre várias dessas histórias, o futebol está envolvido.

O Cartel de Medellin comandava o principal time da cidade, o Atlético Nacional. Os outros cartéis colombianos bancavam as equipes de suas respectivas cidades. Como o tráfico de Medellin era o mais forte do país, os investimentos no Atlético Nacional eram maiores e o clube dominava o cenário local.

Isso refletiu também em âmbito continental. O Atlético Nacional começou a se destacar nas competições internacionais e conquistou a Copa Libertadores de 1989, com um time que tinha os melhores jogadores colombianos que não tinham ido para o exterior. Porém, a conquista veio com várias suspeitas de tentativas de suborno e intimidação de árbitros que iam apitar na Colômbia.

Disputa de bola no meio de campo

Em 1990, o Atlético Nacional defenderia o seu título e iria encarar o Vasco nas quartas-de-final da Libertadores. E é aí que as histórias de Pablo Escobar e do folclórico cartola vascaíno, Eurico Miranda, se cruzariam.

A primeira partida do confronto foi realizada em 22 de agosto de 1990, no Maracanã. Em um jogo de poucas emoções, Vasco e Atlético Nacional ficaram no 0 a 0 e uma vitória simples de qualquer uma das equipes no segundo duelo definiria um dos semifinalistas da competição.

Em 6 de setembro, o Atlético Nacional recebia o Vasco em sua casa, em Medellin. "Já no aquecimento em campo deu para sentir a pressão, com policiais com cachorros ao nosso lado", disse o ex-lateral Luiz Carlos Winck, que jogou naquela noite, em entrevista ao UOL. Os colombianos ganharam a partida por 2 a 0 e iriam para a semifinal. Porém, a história não acabou.

Colombiano tentando atrair a torcida chilena

Sabendo de conversas de bastidores, Eurico Miranda, então vice-presidente de futebol vascaíno, começou a insinuar que Pablo Escobar teria comprado o árbitro da partida, o uruguaio Juan Daniel Cordellino, e fez tudo para que a partida fosse remarcada. A Conmebol ouviu Cordellino, que disse que foi procurado, mas não tinha aceitado suborno. Porém, admitiu que apitou pressionado.

"Não houve um lance capital com influência dele, mas ele estava alterado, vinha para cima da gente sempre. Dava para perceber a pressão pelo resultado favorável ao Nacional", explicou Winck, na mesma entrevista. Com todas as informações na mão, a Conmebol puniu o Atlético Nacional e remarcou a partida para Santiago do Chile.

O jogo em Santiago

No dia 13 de setembro, Atlético Nacional e Vasco entravam novamente em campo, desta vez no Estádio Santa Laura, na Capital Chilena. Quem esperava um Vasco empolgado com a nova chance, se enganou. O Atlético Nacional venceu novamente, desta vez por 1 a 0, gol de Arboleda, e o time da cruz de malta dava adeus à Libertadores de 1990.

O Atlético Nacional teve que jogar a semifinal, contra o Olimpia, também em Santiago, e acabou derrotado por 2 a 1. Em Assunção, os colombianos venceram por 3 a 2 e a decisão foi para os pênaltis, onde os paraguaios foram mais eficientes e conseguiram a vaga na final e, depois, seriam os campeões continentais.

* A ideia deste artigo veio em uma conversa que tive no último domingo, antes do jogo Portuguesa e Tombense, com o grande amigo Mario Gonçalves.
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